quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Toró de Parpite nr 46. Carão da Rede Globo.

Toró nr 46. Matoury-Guiana Francesa, 19 de novembro de 2009. Sol!




Haahahaaha
estou amando a Globo passar por este carão!!!!!!!!!!!!!!!!
vamos levantar nossas vozes e pedir a cabeça do bossal diretor de jornalismo Ali Kamel!!!!!!!!!
Estou exagerando? ok... entao a cabeça do redator-chefe. Quem é ele mesmo?
Tambem nao da? Pô, entao, demite o estagiario. hahahahaha

Por favor, senhores e senhoras professores dos cursos de comunicaçao, não percam esta chance de debater a irresponsabilidade e parcialidade da midia brasileira!
E como escreve o professor doutor de Ciência da Comunicação, na USP, Manuel Chaparro:
"A Ética, vinculada a valores e princípios civilizatórios (o principal deles, para nós, jornalistas, é o direito à informação), funciona no processo como fonte de razões e critérios para o agir jornalístico; a Técnica, como garantia do rigor e da veracidade dos conteúdos, qualidades das quais dependem a competência e a eficácia do relato jornalístico; e a Estética se manifesta em combinações criativas de forma-conteúdo, definindo e dando vigor convincente às marcas constantes do “belo” jornalístico: o caráter asseverativo da linguagem e a vitalidade transformadora dos conflitos. Embora cada uma das três vertentes possa ser explicada ou desconstruída isoladamente, o que existe, na fundamentação do jornalismo, é essa tríade de colunas mestras, amarradas pela energia da interdependência e da honestidade. Sem as razões da Ética, fundidas às Técnicas do “fazer”, será impossível alcançar o “belo” do jornalismo – a Estética do relato verdadeiro das ações humanas. Se o que se noticia não é verdadeiro, o que existe não é a notícia, mas a fraude da notícia. E no “caso Paula Oliveira”, caro Paul, e minha amiga Safira, o que aconteceu foi uma gigantesca fraude. Fraude em todos os momentos do processo. "
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Título original "A barriga da Globo quase compromete o Brasil"
Reproduzido do Direto da Redação
Por Rui Martins, de Berna (Suíça) em 13/2/2009

Abro parênteses. Vale ressaltar que Rui Martins é brasileiro, jornalista, vive na Suiça e é criador do Movimento dos Brasileiros Apátridas que fez o Brasil restituir a nacionalidade brasileira aos filhos de brasileiros nascidos no Exterior. (pra saber mais: http://www.brasileirinhosapatridas.org/ ). Fecho parênteses.

"A moça brasileira tinha seus problemas e provavelmente se autoflagelou. É triste.
Mais triste é o quadro da nossa imprensa irresponsável que mobilizou o país, levou o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim a criticar um país amigo e o presidente Lula a quase criar um caso diplomático. É hora de denunciar a nossa grande imprensa sem deontologia, sem investigação, que afirma e desafirma sem qualquer cuidado e sem checar as notícias.
A agressão racista contra Paula Oliveira não foi um noticiário iniciado em Zurique, local da suposta agressão. Estourou no Brasil, detonada por um pai – e isso é muito compreensível – preocupado com sua filha distante. E a maior rede de televisão do Brasil, a Globo, vista por mais de uma centena de milhões de brasileiros, não teve dúvidas em transformar o caso na grande manchete do dia, fazendo com que outros milhões de brasileiros, no exterior, já acuados pela Diretiva do Retorno, se solidarizassem e imaginassem passeatas e manifestações.
Essa é a maior "barriga" da história do nosso jornalismo, que revela o descalabro a que chegamos em termos de informação ou desinformação. Equivale ao conto do vigário de Bernard Madoff, ou das subprimes do mercado imobiliário americano. Só que o Madoff está preso, mesmo sendo prisão domiciliar e vivemos uma crise econômica, em consequência dos desmandos dos bancos americanos. Mas o que vai acontecer com a TV Globo e todos quantos foram atrás ? Nada, vai ficar por isso mesmo.
Nacionalismo ofendido
Como um órgão de imprensa de tanta penetração pode se permitir divulgar com estardalhaço um noticiário de muitos minutos, reproduzido online, repicado por jornais, rádios e copiado por outras televisões sem primeiro checar no local? Que jornalismo é esse que se faz sem qualquer investigação, sem se ouvir as partes envolvidas? Sem deslocar antes um repórter para Zurique e entrevistar também o policial responsável pela ocorrência? Sem ouvir a própria envolvida, fiando-se apenas no relato de um pai desesperado? Sem pedir a opinião de um especialista em ferimentos e escoriações?
Quem vai pagar o dano moral causado a essa jovem, que sem querer se tornou primeira página nos jornais? Quem vai desfazer o ridículo ao que se submeteu o nosso ministro Celso Amorim, que, baseado num noticiário de "foca" em jornalismo, sem ouvir acusação e acusado, ofendeu um país amigo exigindo que prestasse contas em Brasília por um noticiário tipo cheque sem fundo? Quem assume o fato de quase levar nosso presidente a ficar vermelho de vergonha por se basear em noticiário sem crédito, com o mesmo valor de uma ação do banco Lehmann?
E mais – o dano sofrido pela Suíça, em termos de imagem, justamente quando seu povo tinha justamente votado em favor dos imigrantes, quem vai reparar?
Essa "barriga" da Globo, secundada pela grande imprensa, é prova do se vem dizendo há algum tempo – não há credibilidade nessa mídia. Publica-se, transmite-se qualquer coisa, e quanto mais sensacionalista melhor. Não há responsabilidade no caso de erros, de noticiário mentiroso: vale tudo, o papel aceita tudo, a televisão transmite qualquer coisa, desde que dê Ibope – e existe melhor coisa que nacionalismo ofendido? É o que os franceses chamam de presse de boulevard, mentirosa, tendenciosa, com a opinião ao sabor das publicidades que se publicam. Sem jornalismo investigativo, sem confirmar as fontes, sem ouvir as opiniões divergentes.
Para a história
Vão pedir a cabeça do redator-chefe? Não, assim que se recuperarem da "barriga", da irresponsabilidade cometida, da vergonha diante dos colegas, vão jogar tudo em cima da pobre jovem, que deve ter seus problemas e que a nós não compete saber, isso é vida privada, não é Big Brother.
É essa mesma imprensa marrom, que induz nossos dirigentes ao erro, que também publica qualquer coisa contra o que chamam de "assassino desalmado" Cesare Battisti. A irresponsabilidade de imprensa é o pior inimigo da liberdade de imprensa, porque pode provocar reações legislativas limitando os descalabros cometidos.
Escrever num jornal, falar numa rádio ou numa televisão e mesmo manter um blog constitui uma responsabilidade social. Não se pode valer dessa posição para se difundir boatos, nem inverdades, nem ouvir-dizer; é preciso ir checar, levantar o fato, mencionar ou desfazer as dúvidas e suspeitas existentes. É também preciso se garantir o direito de ser mencionada a versão da parte acusada para evitar a notícia tendenciosa.
A "barriga" da Globo vai ficar na história do nosso jornalismo, será sempre lembrada nos cursos de comunicações, tornou-se antológica, e nela estão entalhadas, por autoflagelação, as palavras que a norteiam – sensacionalismo, irresponsabilidade e abuso do seu poder.
Existem, sim, problemas contra nossos emigrantes em diversos países, principalmente depois da criação da Diretiva do Retorno pelo italiano Silvio Berlusconi. Diariamente brasileiros são presos e mandados de volta na Espanha, mas isso não mobiliza a nossa imprensa, não dá Ibope. "
Publicada em:18/02/2009


A ELITE BRANCA: RICA E INTOCÁVEL
Berna (Suiça) - Vocês podem me contar quantas mulheres negras, mulatas, mestiças, pobres (são palavras quase sinônimas) são assassinadas por ano no Brasil ? Quantas mulheres brasileiras voluntariamente ou enganadas deixam o Brasil para viverem da prostituição no estrangeiro, sofrendo violências e mesmo sendo assassinadas por cafetões, fechadas sem documentos em bordéis, sujeitas a todas as humilhações ?

E quantas mulheres brasileiras estão, neste momento, fechadas num aeroporto europeu, Madri, Lisboa, Roma, por exemplo, impedidas de desembarcar mesmo se cumpriram com as exigências legais, mas consideradas pelos policiais como possíveis prostitutas ? Ou quantas mulheres brasileiras, indocumentadas, emigrantes clandestinas grávidas ou com bebês vivem um pesadêlo inimaginável neste rigoroso inverno europeu ?

Quantas mulheres emigrantes no Japão, despedidas de seus empregos nestas últimas semanas com seus maridos, estão comendo uma sopa por dia num dos refugios criados por entidades assistenciais geralmente religiosas, depois de terem deixado tudo que possuíam num apartamento que não podem mais pagar ?

Quantas meninas ainda nem moças satisfazem o turismo sexual em muitas áreas turísticas brasileiras ?

Alguém se lembra delas quando aparecem mortas no Bois de Boulogne em Paris, enforcadas ou apunhaladas num bordel do Ticino na Suíça ou drogadas e jogadas numa rua de Roma ? Será que só o fotógrafo Sebastião Salgado vê que, no Brasil, em meio à indiferença geral existe uma outra população pobre, negra, mulata, mestiça ?

Já imaginaram se a imprensa e povo sul-africanos, durante o apartheid, se revoltassem se uma branca da melhor sociedade boer fosse agredida numa rua de Londres ? Se isso ocorresse, seria um caso da chamada Síndrome de Estocolmo, quando o sequestrado chega até a se apaixonar por seu sequestrador.

Teria sido a Síndrome de Estocolmo que levou nossa população mestiça a se inflamar contra a Suíça, sem perceber a farsa da pobre menina rica, como diria Celso Lyra, que não é negra e nem mulata ?

Por que ato racista se ela tem tudo de uma branca européia ? Porque ela falava português ? Ora, o português é uma das línguas da União Européia. A mentira era grande demais, mas foi aceita e a maior televisão brasileira, a Globo, com o apoio de um blogueiro irresponsável levou o delírio adiante.

Nossa sociedade de apartheid econômico e social chegou a essa perfeição – ignora as humilhações de que são vítimas a grande maioria da população e se levanta de dedo em riste quando uma representante da elite branca e rica alega ter sofrido uma agressão. E o ministro dos Direitos Humanos fala até em holocausto ! Mas vamos com calma, o Brasil, mesmo se melhorou nestes últimos anos, vive ainda o holocausto. Não temos o maior número de assassinatos por ano quase igual ao dos mortos no Iraque ?

E o ministo Celso Amorim, que viveu tantos anos em Genebra, conhecedor da Suíça entra no show da Globo e arrasta consigo o presidente, na farsa que virou o fiasco do ano ? Nós emigrantes esperávamos uma tal reação em Lisboa, na Espanha, na Itália. Não veio e nem virá. A munição foi gasta e mal gasta para defender a farsa das intocáveis, que têm pai rico, pai influente, amigo de blogueiro, amigo de políticos. É isso que vale.

E como se não bastasse vem aquela afirmação de que o Brasil dará tratamento de VIP e apoio jurídico à brasileira Paula Oliveira se for necessário. E para as outras, que não mentiram, mas que sofrem e são humilhadas, só que são pé de chinelo ? Nada ? Que vergonha!

Ricardo Noblat pediu desculpas ? A Globo fez seu mea culpa ?

O que eu posso fazer ? Onde está a esquerda ? O que fizeram dos nossos sonhos ? Ficaram todos cegos, se acostumaram com nosso apartheid, mudaram de campo, mudaram de time ?


http://www.diretodaredacao.com/


* Patrícia Nascimento Delorme, 37, jornalista e mãe do Luka, ainda em estado de delicia com o carão da Rede Globo e em choque com a falta de responsabilidade da midia brasileira em geral .Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com