terça-feira, novembro 04, 2008

Toró nr 45. Consciência que Liberta

Toró nr 45. Matoury-Guiana Francesa, 03 de novembro de 2008.

Entrevista publicada na Revista O Ponto de Junho de 2006


Robert Happé: Consciência que Liberta

Ele nasceu em Amsterdã, Holanda, debaixo de um bombardeio. O pai havia sido preso por soldados alemães e a família de mulher e três crianças foge para uma cidade menor e mais segura. O irmão e a irmã mais velhos brincam na rua, enquanto a mãe tenta dar de comer para o mais novo. Aviões sobrevoam o lugarejo. Nova explosão e a rua inteira está em ruínas. Da casa só resta a cozinha. Da família só ficam a mãe e o garoto. A mulher desaparece e uma família pega o menino para criar. Pouco mais de um ano após o fim da guerra, um homem aparece e diz: “Eu sou seu pai.” O menino se agarra ao destino. O pai encontra a mãe em um hospital psiquiátrico e a família volta para Amsterdã para recomeçar a vida e continuar o drama. Uma nova criança nasce, dando força â família do pós guerra. Mas a mulher adoece de câncer e tempos depois morre. O garoto continua vendo a mãe, que aparece para dizer que “tudo está” bem. Com seus 16 anos, ele coloca uma mochila nas costas e parte para a grande aventura de descobrir o mundo e seus mistérios. “Por que a vida é assim?” Por que todo mundo mata todo mundo?” Por que tanto sofrimento?” Ele estuda psicologia, mas não encontra respostas ali. É tempo de servir o Exército, mas o jovem não quer aprender a matar pessoas. Fica preso por desobediência, lava latrinas e trabalha na cozinha, até que o Exército se livra do soldado fracassado. Sem dinheiro e com muito pouco a perder, o rapaz viaja pela Europa de carona. Na Suíça, trabalha na cozinha de um restaurante. Depois, de garçom em bares da Espanha. Conhece o submundo dos clubes de jogos na Inglaterra, onde trabalha nas mesas de pôquer. As antigas perguntas permanecem na cabeça e ele segue para o Líbano atrás das respostas. Depois passa cinco anos estudando Filosofia Oriental na Índia. Não foi suficiente e ele continua viajando pelo país. Depois vai para o Nepal, Tibet e, finalmente, Camboja, onde, aos 31 anos, termina a busca e começa a missão de dividir com o mundo seus conhecimentos sobre o significado da vida.
Hoje, aos 65 anos, o filósofo Robert Happé é um desses seres humanos raros, que abraçam e beijam todo mundo. Nesses mais de 30 anos de peregrinação, tem encantado platéias por onde passa, não apenas por suas idéias, mas pela maneira simples com que fala delas. Autor do livro Consciência é a Resposta (lançado em 1997 pela editora Talento), atualmente divide seu tempo entre a convivência com a família - ele é pai de um garoto de 14 anos -, a produção de um segundo livro e os seminários na Europa, Estados Unidos, Argentina e Brasil, país que ele define como “a última esperança”.

O PONTO - Você nasce na guerra, perde seus irmãos e mais tarde sua mãe. Certamente essas experiências marcaram sua infância e juventude. Foi nestas circunstâncias que você desperta para a busca do conhecimento sobre o significado da vida?
ROBERT - Eu sempre senti que não era desse planeta, que todos eram muito diferentes de mim e que precisava buscar a verdade sobre a vida e sobre mim mesmo. Minha mãe aparecia para mim e eu me perguntava: “Sou louco? Onde está minha mãe? O que ela faz lá? Por que fala comigo?”. Queria entender por que todo mundo mata todo mundo, por que há tanto sofrimento e por que a vida é assim. Então, eu já caminhava para a busca de respostas, mas a consciência disso veio bem depois.

O PONTO - Na busca por essas respostas, você percorre vários países e se aprofunda na cultura oriental, mantendo contato com Vedanta, Budismo, Taoísmo... Como foi essa experiência e que lições você tirou disso?
ROBERT - Na Índia eu descobri que a vida continua depois da morte. Mas nestas viagens eu também descobri que todas as religiões falam as mesmas coisas, mas de formas diferentes e umas contra as outras. Percebi que as pessoas não estudam para encontrar a verdade, mas para adorar suas religiões. Quando você adora sua religião, você não questiona e acaba virando as costas para a verdade. E eu sempre questiono.

O PONTO - Então você queria mais.
ROBERT - Sentia que não era só aquilo e que precisava de mais experiência de vida, por isso continuei viajando, vivendo no Nepal, Tibet e no Camboja, e estudando com os gurus. Mas também não fiquei satisfeito.

O PONTO - Mas foi no Camboja que você viveu sua maior experiência mística.
ROBERT - No Camboja, as pessoas são muito amáveis, mas, como no Nepal e no Tibet, há muita ignorância. Eles não vivem a consciência do coração, vivem através dos dogmas. Por exemplo, os monges cambojanos têm tudo nos templos para plantar e comer, mas saem para as ruas para pedir comida, esmolas. Eu pensava que aquilo estava errado, que eles deveriam fazer o contrário, levar comida e ensinamentos do templo para as pessoas que estavam do lado de fora. Então eu deixei a comunidade com um sentimento de que era o fim da rua para mim. Estava muito triste, parei e fiquei meditando. Então decidi ir para a floresta. Na floresta, passei a me alimentar do que a natureza me oferecia. Com o tempo, comecei a perceber coisas, luzes que iam ganhando formas. Eu vi os espíritos da Natureza. Esses seres vinham me visitar e uma vez eles pediram para que eu os seguisse. Não sei quanto tempo, mas depois de goras, dias, eu chego num lugar no meio da floresta e eles afastam a vegetação e então eu vejo uma grande rocha e e nela a figura do Buda esculpida. Eu fiquei perplexo. Eles não falavam comigo, mas faziam gestos para que eu tocasse na imagem. No momento exato em que coloco as mãos na pedra, foi como se abrisse uma tela na minha mente. Eu vi uma grande cidade e no centro dela um templo. Dentro do templo havia três budas e um deles tinha o meu rosto.

O PONTO - Foi neste momento que você encontra as respostas que estava procurando?
ROBERT - Neste momento eu me conecto com a Akasha, que é a grande biblioteca do universo, onde estão arquivados todos os conhecimentos sobre a humanidade. A partir daí eu comecei a aprender o que estamos fazendo aqui neste planeta. Eu passei a fazer perguntas para a Akasha sobre meu passado, a nossa história, quem nós somos e por que estamos aqui.

O PONTO - Você já sabe quem você é?
ROBERT - Não tudo. Todos nós somos muito mais do que sabemos.

O PONTO - Quanto tempo você ficou na floresta e como voltou para a civilização?
ROBERT - Eu vivi na floresta por três anos e passava meus dias acessando a Akasha e estudando. Aquele passou a ser o meu mundo e eu não queria sair de lá. Mas soldados norte-americanos me encontraram, me colocaram num helicóptero e me largaram em Bangkok (Tailândia). Era a guerra do Vietnã. Eles estavam tirando as pessoas dos vilarejos porque não queriam que ninguém soubesse o que estava acontecendo. Aldeões falaram que havia um estrangeiro na floresta e os soldados foram atrás de mim.

O PONTO - De volta à civilização, você começa a divulgar seus conhecimentos?
ROBERT - Eu estudei Taoísmo, ensinei filosofia na Inglaterra por quatro anos e, finalmente, passei a viajar pela Europa, fazendo seminários para dividir meus conhecimentos com outras pessoas.

O PONTO - A humanidade segue sua trajetória evolutiva e agora, na Era de Aquário, você diz que as pessoas estão começando a valorizar o conhecimento da razão pela qual estamos no mundo. Você pode apontar sinais ou fatos que demonstram que a “Era da busca da compreensão do significado da vida” começou?
ROBERT - As energias de Peixes e Aquário são diferentes. Antes, na Era de Peixes, havia segredo. Agora, tudo está aberto. Todos que têm algum conhecimento querem falar. Uma coisa que é prova dessa mudança é que muita gente começa a ver como é desonesto e corrupto nosso sistema. Quando as pessoas começam a ver que são como ratos em caixas, elas começam a sair das caixas. Com essa liberdade, as pessoas começam a buscar uma forma diferente de viver.

O PONTO - A história da humanidade é marcada pela busca do poder. O poder do homem sobre a natureza, do homem sobre o homem, de uma ideologia sobre a outra, de uma nação sobre as demais. Essa busca pelo poder tem contribuído para a manutenção de uma mundo cheio de medos, conflitos e incertezas, fazendo com que as pessoas passem suas vidas correndo atrás de pequenos poderes que lhes permitam não sentir medo, nem viver conflitos e incertezas. Essa corrida, no entanto, não premiou as pessoas com o que elas esperavam, a felicidade. Gostaria que você comentasse sobre isso.
ROBERT - É preciso entender que todos nós somos programados para pensar de uma determinada forma. O governo parece nosso amigo, os professores parecem nossos amigos, mas eles não falam o que é bom para nós, eles não ensinam sobre nossos valores, nossas qualidades, eles não lembram que somos seres criadores. Eles ensinam a copiar. Por esse motivo, poucas crianças gostam da escola, porque elas sentem que alguma coisa está errada. Os jovens não são convidados a questionar e a melhorar as coisas, apenas a repetir. Nesse modelo somos tratados como números, fazemos provas a todo o tempo e quando a criança faz vem a prova ela é um bom robô. Crianças criativas escrevem as coisas que elas pensam e, por isso, são maus robôs. Com essa manipulação, tira-se a identidade da pessoa. Então, nós precisamos informar as pessoas que não somos robôs, somos seres criadores. Todos nós valorizamos os conhecimentos acadêmicos, mas nós precisamos lembrar quem nós somos. Esse é o conhecimento que devemos levar daqui.

O PONTO - Por que há tanta fome no mundo, tantos conflitos entre nações, etnias e dogmas religiosos?
ROBERT - Porque nós não aprendemos a amar os outros. Nós aprendemos a cuidar da nossa família e a pensar que o resto do mundo não é importante. Você ama a sua cultura e a outra cultura não presta. A pessoa não vê que o ser humano é uma só família.

O PONTO - Qual a relação entre poder, dinheiro e felicidade?
ROBERT - Poder, aqui no nosso planeta, é visto no dinheiro. Quanto mais dinheiro, mais poder. Isso é ilusão. Porque um dia, quando todo o sistema entrar em colapso, as pessoas que têm apenas dinheiro vão ficar sem nada, de uma hora para outra. O verdadeiro poder é o amor. O seu poder é o seu amor. Amor é espírito e espírito é sabedoria. Nosso espírito nos guia através da nossa intuição para fazermos a coisa certa. Não é importante o que você sabe aqui (na cabeça), mas o que você sabe aqui no coração. O importante é que você tenha um canal aberto com a sua intuição, para que a intuição o leve às coisas certas. Quando você usa a intuição, você tem confiança em si mesmo. Ops, pouca gente tem! Quando você tem confiança no seu poder, no seu coração e na sua ligação com o espírito, você tem a resposta para tudo e automaticamente conecta e expressa a sua verdade. Essa conexão com o coração, com o espírito, faz com que toda a prosperidade venha ao seu encontro, porque você está sendo criador da sua vida. Se você é o criador, você não vive na pobreza.

O PONTO - O que você recomendaria para quem está interessado em buscar esse saber?
ROBERT - As pessoas precisam entender um pouquinho das leis do universo. Por exemplo, a lei do carma. O que você atrai para sua vida é conseqüência da sua criação. Quando você encontra uma pessoa que é má para você, não brigue mais. Pense: “O que eu preciso mudar na minha consciência para não atrair mais essa experiência?”. Quando a gente pensa desse jeito, a gente começa a mudar para uma consciência mais tolerante e amorosa.

O PONTO - No nosso dia-a-dia vivemos situações que revelam nossa maneira “ultrapassada” de ser e lidar com a realidade e que são oportunidades de mudança, portanto, merecedoras de nossa atenção. Qual o papel da intensificação dos nossos problemas e dos conflitos no mundo no despertar da nossa consciência e no encontro com o nosso poder interior?
ROBERT - A intensificação está acontecendo porque não fizemos nada no passado para melhorar. Quando você olha o mundo e todo esse caos, isso é o reflexo do nosso desinteresse no passado da nossa vida, é o espelho da falta do amor. Esse espelho fica mais forte para estimular as pessoas a mudar. É um empurrão para a humanidade. Tudo que está acontecendo para você é o seu passado. O que é bom no passado é bom agora, o que é ruim no passado é ruim agora. Você deve mudar, e essas experiências são uma nova chance para isso. Todo encontro é um encontro com você. Quando você encontra alguma coisa que você não gosta, esse é o momento de se perguntar por que você não gosta. O que você vê de dificuldade em outras pessoas é o espelho das suas inabilidades, da falta do conhecimento de si mesmo. Quando você entende isso, você responde de um forma diferente. Isso requer atenção e treino. Precisamos estimular as pessoas a reconhecer o que é verdadeiro e o que não é. Precisamos viver com mais responsabilidade e honestidade, para com o próximo e para com nós mesmo. Precisamos descobrir que somos divinos.

O PONTO - É possível que, ao lerem seu livro ou ao ouvirem você nos seus seminários, as pessoas se sintam animadas diante da possibilidade de descobrir uma forma mais feliz de viver. Mas é possível, também, que se sintam angustiadas diante da dificuldade de colocar em prática essa nova forma de viver.
ROBERT - O único obstáculo que impede que as pessoas consigam isso é o medo. Quando você é criança, você escuta a mesma coisa. Você tem que fazer o que os outros dizem, mas você quer fazer outra coisa, então é punido. Então, adquire todos os medos, medo da morte, da solidão, do futuro e não sabe mais como criar, ficando totalmente controlado por dogmas e pensamentos que não são verdadeiros. Quando você tem medo, você nunca expressa o seu verdadeiro ser, você expressa o seu medo. Você deve se perguntar quais são seus medos. Depois, um por um, você deve ir eliminando.

O PONTO - Você fala que estamos num mundo tridimensional no qual nossa missão é recordar quem realmente somos e expressar nossa sabedoria, através da compreensão e aceitação das polaridades, do conhecimento sobre nós mesmos, e da conquista da liberdade diante das possibilidades. Para que outros mundos nos levará esse conhecimento?
ROBERT - Nós estamos no mundo que nós merecemos. Nossa consciência nos leva para níveis onde nos sentimos confortáveis. Pessoas amorosas, com habilidade para reconhecer as outras pessoas como parte da sua família, são diferentes de pessoas que olham as outras pessoas para usar e ganhar mais dinheiro. Nosso mundo vai se dividir em dois, ficando uma parte na terceira dimensão e outra, espiritual, vai para níveis mais elevados de amor e luz.

O PONTO - “Os eventos do mundo externo são reflexo do mundo interno.” Como podemos mudar o mundo à nossa volta?
ROBERT - A única coisa que você pode mudar é a si mesmo. Quando você tem outra atitude, outro jeito, você é um exemplo para as outras pessoas. Então, você muda o mundo através da sua atitude.

O PONTO - Fala-se que o Brasil é o “celeiro do mundo” e que também é a “Pátria do Evangelho”. Como o senhor vê o Brasil?
ROBERT - O Brasil é a última esperança. Aqui, a maioria das pessoas tem muita conexão com os sentimentos. As pessoas são muito mais conectadas com o lado espiritual. Além disso, temos muito cristal no Brasil, que atrai luz. No futuro, muita gente vem para cá, porque teremos abundância em comida e abundância em amor.

O PONTO - O que não pode deixar de ser dito para um grande empresário?
ROBERT - Sirva às pessoas. Nós precisamos fazer negócios para servir às pessoas e ajudá-las a viver bem.

O PONTO - Para um operário que volta para casa depois de um dia de trabalho?
ROBERT - Acredite em si mesmo. A pobreza está dentro da consciência. Quando ele encontrar a riqueza interior, ele deixará de ser pobre. É preciso aprender que todo trabalho é um servir. Quando todos entenderem isso, não teremos mais problemas.

O PONTO - Para um governante?
ROBERT - Se ele é um governante é porque tem habilidades para liderar, portanto ele deve liderar as pessoas para chegarem à paz, com elas mesmas e com os outros. Deve usar de criatividade e trabalhar não para ganhar, mas porque adora trabalhar.

O PONTO - E para os jovens?
ROBERT - Os jovens precisam entender que são criadores e que chegam aqui para criar um mundo melhor. Se eles fazem a mesma coisa que fizeram no passado, eles não vão melhorar nada. Devem observar com novos olhos e perguntar: “Eu quero fazer isso?” Devem fazer suas escolhas e sentir mais confiança em si mesmos, expressando o que eles pensam para melhorar.


Redação O Ponto


* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, me sentindo da tribo do filosofo Robert Happé .Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

terça-feira, outubro 21, 2008

Toró de Parpite nr. 44. Té mais vê, Mineiro.




Toró nr 44. Matoury-Guiana Francesa, 21 de outubro de 2008.

Abri minha caixa de e-mails e la estava a mensagem que me deixou atordoada:

lamento ter que te dizer que o Guilherme fez sua grande e ultima viagem esta manha…
Tia Rose"

Assim.... sem me despedir!


Guilherme Calabria foi uma daquelas grandes paixoes que a gente têm na vida. Mas como nos dois tinhamos medo de compromisso, casamento e outras coisas ligadas, a paixao se transmutou numa grande amizade.
Esse mineiro me deu muita força em terras suiças, além de ombro e ouvido nas horas infelizes, carona nos dias de neve pra qualquer lugar, jantares no "Commercio" e trabalho nas épocas das vacas muito magras. Minha vida na Suiça deve muito ao Guilherme.
Morreu de câncer fulminante em apenas alguns meses depois de diagnosticada a doença, na minha opiniao, originada por um medo grandioso de se permitir ser amado, sua maior sombra - quem nao as têm?

Ele nao suportava agradecimentos, parabéns pra você e outras demonstraçoes de carinho.
Foi amigo de tudo que é brasileiro na Suiça, desde artistas, passando pelas comunidades espiritas e evangelicas às meninas da rua Langstrasse com a mesma tranquilidade mineira e desapego.

Quando fiquei sabendo da doença um mês atras liguei pra ele, que me recebeu com a voz sempre calma e falando da situaçao como se fosse uma gripe.
Disse que estava confiante no tratamento e que a doença dava sinais de regredir.
E eu acreditei e nao voltei a lhe telefonar! Esperava reencontra-lo na proxima primavera pra rirmos juntos de tudo isso.
Conhecendo o Guilherme como eu conheço, como pude acreditar??
Eu deveria ter suspeitado que essa era so mais uma estrategia do Mineiro pra nao preocupar os amigos, pra nao receber demonstraçoes de carinho, pra se preservar.

Morreu pouco mais de um mês depois. Ai que dor!

Queria tanto so mais uma vez nesta vida dar um abraço bem forte desafiando as leis que nos separam fisicamente e manter essa sensaçao até o dia em que poderemos nos rever.

De acordo com a minha e a crença do Guilherme, certamente a lei da sincronicidade nos colocara frente a frente novamente como ja o fez na Suiça um dia, mas é triste saber, é tao triste saber que nao vou mais escuta-lo falando italiano com os garçons do restaurante "Commercio"; nem me revelar segredos partilhados apenas entre grandes amigos ou ouvi-lo abaixando a voz como quem vai iniciar um assunto muito sério: "ô mandioqueira,..."

Meu amigo, meu irmao, queria ter estado ao seu lado, segurando a sua mao no momento da sua transiçao, queria ter cuidado de você, limpado a sua casa e lavado a sua roupa, ter lido livros lindos e escutado musicas ao seu lado pra te acalmar nos momentos de dor.

Que bom que tive a chance de te dizer um mês atras o quanto de luz você doou aos amigos e filhos. Que essa luz retorne toda pra você como um farol no mar, uma brisa mansa numa manha de maio pantaneira, um amanhecer azulado na linha do mar e... até um dia.

Momentos de alegria ao lado do Guilherme.

No escritorio
Ida para a India. Festa de despedida. Guilherme, Sandro e Jeferson da direita para a esquerda.


No Centro Espirita Maria de Magdala, na Suiça. Reencontro.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Toró de Parpite nr. 43. Na pele dos chineses.

Toró nr 43. Matoury-Guiana Francesa, 24 de agosto de 2008. Encerramento das Olimpíadas de Pequim - parte I.

Pra fechar a minha vigília pelo Tibete tentei fazer um exercicio de me colocar verdadeiramente na pele do povo chinês. Porque do governo chinês, não da nem com boa vontade...

Algumas "curiosidades" sobre a China da atualidade inspiradas em reportagem da revista Superinteressante.

1. A cada feriado do Ano-novo chinês, mais de 300 milhões de pessoas viajam pela China, para visitar parente, sendo o maior movimento migratório do planeta. Como não conseguem ir ao banheiro nos trens superlotados, muitos viajantes usam fraldas para adultos.
2. A polícia não tem armas. Aliás, ninguém carrega armas, e o crime praticamente não existe entre os civis. Também pudera, aquela clássica história do criminoso ser executado e a bala ser cobrada da família assusta qualquer um. A China é o país que mais executa prisioneiros no mundo.
3. Após décadas do mais puro regime comunista, os chineses ignoram o que é privacidade. Bisbilhotar e tomar conta da vida alheia é quase obrigação, sendo muito comum xeretar conversa alheia ou olhar o cartão de ponto do colega para denunciar atrasos.
4. Os símbolos chineses são tão ornados e complicados de desenhar, que se você resolve sentar num banco e escrever algo num papel comum, vai atrair uma multidão de curiosos apontando para você. Vai entender?
5. São calmos até demais. Não se ouvem buzinas nos engarrafamentos. Não se vê chinês com cara de estressado.
6. O que nós chamamos de boa educação e higiene não se aplica na China. Os banheiros são apertados, fedidos e com apenas um buraco no chão. As pessoas urinam no meio da rua. Soltar puns em público é com else mesmos.O que chama mais atenção é o hábito de cuspir: Chineses cospem em qualquer lugar, e se você der mole, pode levar uma cusparada acidental, pois a medicina tradicional chinesa acredita que seja danoso engolir a saliva. E fuma-se até em aviões na China.
7. Os chineses recusam gorjetas. Um viajante relatou que ao oferecer uma gorjeta a uma garçonete, ela empurrou a mão dele e saiu correndo, corada de vergonha. Quando você deixa a gorjeta na mesa, o funcionário corre atrás de você para devolver o dinheiro.
8. Essa é muito esquisita. Funcionários chineses riem da sua cara quando você reclama de algo. Parece que estão de sacanagem, ninguém consegue entender, mas deve ser algo cultural. Eu, hein?
9. Os bebês chineses andam com a bunda de fora. Sim, as roupas têm buracos no bumbum do bebê. E em último caso, vai na rua mesmo. As fábricas de fraldas devem adorar isso.
10. Das 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 são chinesas.
11. O território chinês abrange 4 fusos horários, mas o governo não quer nem saber, e todo o país adota a hora de Pequim. O que faz o Sol nascer às 4 da manhã no leste do país, e no oeste, às 9 da manhã.
12. Os chineses são muito supersticiosos. Os andares 4, 14 e 24 de muitos prédios não existem, porque o ideograma do 4 é parecido com o da morte. Celulares terminados em 4 ou com muitos 4 são bem mais baratos, e muito utilizados por estrangeiros.Já o número 8 tem o ideograma que lembra o da prosperidade. Não é à toa que os jogos olímpicos começarão no dia 8 de agosto de 2008, às 8:08 da noite.
13. Os lamas tibetanos estão desde o ano passado, proibidos de ressuscitar sem autorização do governo.
14. Segundo tradição do interior do país, homens que morrem solteiros têm a linhagem comprometida na próxima vida. Para evitar isto, os familiares tentam arrumar o chamado minghun, ou casamento após a morte, enterrando uma noiva-fantasma ao lado do solteirão. Quanto mais nova a moça, melhor, e o preço pode chegar a US$ 2000,00.
15. Fruto da política do filho único e da preferência das famílias por homens, existem 18 milhões de homens a mais que mulheres na China. Saber o sexo da criança antes do nascimento é proibido, porque se for mulher, o casal pode decidir abortar. Apesar disto, o aborto é legal na China, mesmo no final da gravidez.Por conta disto, a China é o país mais avançado em pesquisas com células-tronco, além que quase nenhuma chinesa tomar anticoncepcional. (Pra quem acha que aborto é solução, tai prova clara de açao e reaçao...)
16. A inovação mais recente que o governo quer implantar na legislação trabalhista são férias anuais de 15 dias. O salário de um operário é mais ou menos R$ 80,00/mês.
17. A gastronomia chinesa é, digamos, exótica. O banquete do ano-novo chinês entre os mais ricos inclui iguarias como ovos podres cozidos e sopa de ninho de andorinha. Nas províncias do sul, come-se de tudo: gafanhotos, escorpiões, ratos selvagens, gatos, cachorros, estrelas-do- mar, cobras e até casulos de bicho-da-seda.Há um restaurante em Pequim cuja especialidade é pênis. Isso mesmo, lá se tem pratos com o membro de 9 animais : touro, jumento, cão, cobra, cervo, carneiro, búfalo, foca e cavalo, e como o povo acredita que o prato é afrodisíaco, não faltam clientes.Ah, e se estiver numa mesa com chineses, jamais deixe os palitinhos fincados no arroz, pois isso representa desejar a morte das pessoas ali presentes. E também procure deixar comida no prato, pois um prato vazio para os chineses não significa que você gostou da comida, mas que o anfitrião foi ineficiente ao te servir.
18. As transmissões de redes internacionais de TV apresentam 9 segundos de atraso. É o tempo suficiente para que o censor tire a rede do ar caso constate que a notícia é ofensiva aos interesses chineses.
19. 77% dos chineses não sabe que a Aids pode ser evitada com o uso da camisinha.
20. Ver filme erótico pode dar cadeia (se você for pego, claro). Gays também são perseguidos por lá. Anúncios, passeatas ou personagens gays na TV são proibidos. Fonte: http://www.tonachina2008.blogspot.com/ [Publicado por Mauricio Garcia, flamenguista ortodoxo, toca bateria e ama cerveja e mulher (nessa ordem). Nas horas vagas, é médico.

Piadas à parte, eu sugiro a leitura dos livros "Cisnes Selvagens: Três Filhas da China", de Jung Chang e "As Boas Mulheres da China: Vozes Ocultas", da jornalista chinesa Xinran pra compreender a China.

O primeiro livro relata dos costumes ancestrais às violentas mudanças provocadas pela instauração do comunismo, Chang refaz a história de três gerações de mulheres de uma família que tenta preservar sua humanidade em meio à vertigem e ao horror da trajetória da China no século XX.

O segundo, é uma coletânea de entrevistas feitas pela jornalista entre 1989 e 1997, com mulheres de varias idades e condições sociais, a fim de compreender a condição feminina na China moderna. "Xinran dirigia o programa de rádio "Palavras na Brisa Noturna" que discutia questões sobre as quais poucos ousavam falar, como vida íntima, violência familiar, opressão e homossexualismo. De forma cautelosa e paciente, Xinran colheu inúmeros relatos de mulheres em que predomina a memória da humilhação e do abandono: estupros, casamentos forçados, desilusões amorosas, miséria e preconceito. São histórias como as de Hongxue, que descobriu o afeto ao ser acariciada não por mãos humanas, mas pelas patas de uma mosca; de Hua'er, violentada em nome da ''reeducação'' promovida pela Revolução Cultural; da catadora de lixo que impôs a si mesma um ostracismo voluntário para não envergonhar o filho, um político bem-sucedido; ou ainda a de uma menina que perdeu a razão em conseqüência de uma humilhação intensa. Nos relatos do livro, a autora possibilita a vozes antes silenciadas revelar provações, medos e uma capacidade de resistência que as permitiu se reerguer e sonhar em meio ao sofrimento extremo. O olhar objetivo de Xinran dá ao tema um tratamento firme e delicado, trazendo à tona as esperanças e os desejos escondidos nessas difíceis vidas secretas. "
Sinopse: Revista Epoca.

Pois bem, esses dois livros deram rostos e nomes a uma massa que para mim representava a violência contra o Tibete. Mais que isso, me fizeram compreender porque o Dalai Lama chama o povo chinês de irmãos e irmãs.

Sabe-se la porque vim morar num departamento da França onde vivem muitos chineses que sequer falam o francês... Essas "coincidências" da vida que eu amo!

E ca estou aprendendendo a conhecer o povo chinês que quer paz pra trabalhar e criar seus filhos tanto qualquer outro povo.

Prometo fotos em breve.

Luz, Paz, Amor para chineses, tibetanos, brasileiros, gregos e baianos.

* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, espera aplicar Reiki nos chineses da Guiana Francesa, terapia de origem tibetana e disseminada para o Ocidente pelos "rivais" dos chineses, os japoneses. Conseguirei? Aguarde os proximos capitulos. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

Toró de Parpite nr. 44. Spielberg e os Jogos Olímpicos de Pequim.

Toró nr 44. Matoury-Guiana Francesa, 24 de agosto de 2008. Encerramento das Olimpíadas de Pequim - parte II.


Spielberg boicota oficialmente as Olimpíadas de Pequim (Foto: Reuters)

Caiu como uma bomba em Pequim a notícia de que o diretor Steven Spielberg estava se retirando da consultoria sobre a direção dos espetáculos de abertura e encerramento das Olimpíadas (e que serão efetivamente dirigidos pelos cineasta Zhang Yimou dos maravilhosos "Clã das Adagas Voadoras" e " Lanternas Vermelhas"!). Num comunicado seco, o Comitê Organizador das Olimpíadas disse que a relação que a China mantém com o cruel regime do Sudão é super pró-ativa e que as tentativas de misturar política com jogos eram totalmente contraditórias ao espírito olímpico.
O porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Liu Jianchao, afirmou que existem "motivos subliminares" por trás da decisão de algumas pessoas de ligar Sudão às Olimpíadas, sem elaborar o seu raciocínio. Há dois dias, Spielberg se afastou do espetáculo olímpico alegando problemas de consciência e disse que, dado o poder de influência do governo chinês sobre o governo do país africano, acusado de efetuar um genocídio de minorias/dissidentes, Pequim deveria pressionar pelo fim da matança em Darfur. Não há a menor chance. A África é um continente que vem ficando cada vez mais sob a influência do governo chinês, que vê ali fontes alternativas e seguras de energia para seu crescimento assombroso.
Mas é bom deixar claro que a China não é o único país a cometer a cretinice de bancar, financiar ou apoiar politicamente um país tirano pensando somente em seus interesses. Inglaterra, Rússia e até os EUA fazem há anos isso, com muito mais inteligência, diga-se de passagem. E o mundo inteiro tapa os olhos para a maneira totalitária com que China conduz seu milagre econômico porque a emergência econômica do país no cenário internacional atende aos interesses de um monte de gente - empresas principalmente e Brasil inclusive. ahfalei.com.br
Para quem lê em inglês, Rosemary Righter faz uma concisa e perfeita análise da situação no Times.
Fonte: Gilberto Scofield, correspondente do Jornal O Globo na China.

Ante as críticas, o porta-voz chinês do ministério das Relações Exteriores denunciou a politizacão do evento esportivo e advertiu sobre possíveis novas pressões.
"Não queremos que um acontecimento esperado pelo mundo inteiro se veja perturbado por problemas políticos. É contrário ao espírito olímpico", afirmou Liu.
Os vínculos políticos entre Pequim e Cartum são considerados um freio aos esforços internacionais para pressionar as autoridades sobre a necessidade de resolver a crise de Darfur, que já deixou cerca de 200 mil mortos e 2 milhões de refugiados nos últimos quatro anos, segundo a ONU.
Liu defendeu a política chinesa na província sudanesa ao detalhar seu papel na resolução do conflito, assim como sua contribuição econômica na região.
Uma porta-voz do comitê organizador dos Jogos Olímpicos (Bocog) estimou que a situação no Sudão não deve ser vinculada a este evento.
"Isso não vai ajudar a resolver o problema", afirmou Zhu Jing, pedindo para que se separe o esporte da política."
Fonte: Reuters

OBS da blogueira: Não, senhor Zhu Jing. Não dá mais pra separar esporte da política. Assim como não dá mais pra separar política de absolutamente nada! Pois é a Política com P maiusculo que, se bem executada pode trazer justiça a esse mundinho. E é por falta de uma política descente de esportes, por exemplo, que o Brasil sempre traz a mesma quantidade magrinha de medalhas das Olimpíadas (com todo o respeito aos esportistas brasileiros que fazem milagres pra trazerem até mesmo essa quantidade magrinha...). Vê como esporte e política são e devem ser compatíveis?

Não, senhor Zhu Jing. Tambem não dá mais evitar a politização de eventos como as Olimpíadas pois se este é o instrumento para pressionar qualquer país para o respeito pelos Direitos Humanos, entre outras coisas, então usemos cada vez mais esse instrumento de pressão e pouco me importa em qual país é sediada a Olimpíada.


Alias, "motivos subliminares" é a desculpa que o Brasil tambem utiliza pra encarar manifestações internacionais pro-amazônia. Se pra salvar a Amazônia o Brasil tiver que passar carão mundial em abertura de Olimpíada, participarei da politização com prazer. E não me venha o auto escalão do Ministério da Agricultura brasileiro com o discurso de que isso é pressão das ONGs e multinacionais estrangeiras que não querem o desenvolvimento do Brasil. Isso me dá vontade de vomitar!

Segundo agências de noticias, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, o diplomata sul-coreano Ban Ki-Moon, teria afirmado inacreditavelmente que "a capital chinesa vai sediar a melhor Olimpíada da história e que os Jogos Olímpicos são o lugar onde todos os atletas e povos do mundo promovem a compreensão recíproca, a harmonia, a reconciliação e a amizade por meio das competições."
Bla, bla, bla, bla, bla, bla...
Como cantam os Engenheiros do Hawai, "Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada,Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada,Toda forma de conduta se transforma numa luta armada...uma cruzada...
A história se repete mas a força deixa a história mal contada... muito mal contada..."
Qual seria o "motivo subliminar" do secretário-geral da Organização das Nações Unidas afirmar que "a capital chinesa vai sediar a melhor Olimpíada da história"?

Desde quando destruir recursos naturais sem planejamento e fiscalizaçao é sinal de desenvolvimento? Isso é sinal de cegueira estratégica, isso sim! Das 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 são chinesas. Isso deveria dizer algo, nao?
Sabe quem mais explora ilegalmente o ouro da amazônia francesa? Os mesmos brasileiros que exploram ilegalmente a amazônia brasileira!!!!!!!!!!!!!

"A amazônia é nossa!" - gritam os nacionalistas medíocres.
Nossa o quê, cara pálida? Eu não tenho nenhum pedaço da amazônia. Não exploro ouro, madeira, minerios, índios, mão-de-obra barata de gente faminta. Não tenho gado por lá. E acredito que a maior parte dos nacionalistas medíocres também não. Então, não entendo porque gritar a Amazônia é nossa. A Amazônia é de quem nasceu e tenta sobreviver naquelas terras sem condições, esquecidos por muitos governos incompetentes deste país que não consegue ter um plano sério de desenvolvimento sustentavel. A Amazônia é também dos gaiatos que se aproveitam da incompetencia e corrupçao endêmica deste país pra ganharem dinheiro, muito dinheiro enquanto nacionalistas medíocres gritam "a Amazônia é nossa!"

Que pena que tão poucas pessoas no mundo seguiram os passos do cineasta Steven Spielberg. Mas é um começo! Aguardemos a proxima Olimpíada para vermos qual será a bandeira levantada pelos que não estao contentes nem com a direita, nem com a esquerda, nem centro isso ou aquilo, mas que quer simplesmente um mundo mais justo onde se possa criar seus filhos. Aos nacionalistas e ao Ministério da Agricultura brasileiro, eu digo: mal posso esperar pela proxima Olimpíada, quando teremos muitos Spielbergs.

* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, espera apresentar um mundo melhorzinho para seu filho. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

terça-feira, agosto 26, 2008

Toró de Parpite nr. 42. Aqui na Guiana Francesa...

Toró nr 42. Matoury-Guiana Francesa, 23 de agosto de 2008. 16° dia das Olimpíadas de Pekim.






A manifestação pelo Tibete na Guiana Francesa foi, como diriam meus amigos musicos quando as palmas eram escassas apos o termino de uma canção: "poucas, mas sinceras!" hahahaha.

Eramos quatro na Praça Les Amandiers no centro de Caiena: eu, meu filho Luka, a amiga Tereza e sua filha Dyanka.

Enquanto acendiamos as velinhas, alguns brasileiros se aproximaram e perguntaram se a gente estava fazendo macumba. hahahahah

Respondi que era uma manifestação pelo Tibete e eles fizeram um "ahhh" que soou entre "entendo" e "do que esta mulher esta falando?"

Depois vieram dois senhores idosos perguntar se era "simpatia". Respondi a mesma coisa e eles retrucaram: "ah, sim. vi na tv. Que bom que alguem aqui se importa com eles! parabéns!" e se afastaram...

Bom, o caminho ainda é longo...

Alguem ai acendeu uma velinha pelo Tibete no dia 23 de agosto?

* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, que prefere nem endurecer, nem perder a ternura. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
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sexta-feira, agosto 22, 2008

Toró de Parpite nr. 41. Acenda uma vela pelo Tibete!

Toró nr 41. Matoury-Guiana Francesa, 22 de agosto de 2008. 15° dia das Olimpíadas de Pekim.



No dia 23 de Agosto de 2008, às 21 horas (hora local) O TIBETE NÃO SERÁ ESQUECIDO.

VELA pelo TIBETE

O que é um PROTESTO DE LUZ?

Um protesto de luz une milhões de pessoas à volta do mundo.
Um protesto de luz convida as pessoas a atuar num momento específico no tempo por um só fim/intenção/objetivo.
Um protesto de luz é um novo modo global que releva o poder de cada pessoa em manifestar a sua opinião.
Um protesto de luz luta sempre por uma causa como direitos humanos, liberdade de escolha, pensamento, credo e assim sucessivamente.
Um protesto de luz é sempre não-comercial e pacífico!
Lembre-se que um protesto de luz depende de cada um de nós manifestar a sua opinião no mesmo momento/dia, e convidar pessoas e amigos a juntar-se.
Junte-se a nós pelos Direitos Humanos no Tibete!

Para encontrar o endereço das Embaixadas da China pelo mundo:
http://www.candle4tibet.org/pt/august23



Para acompanhar o movimento:
http://www.candle4tibet.org/pt/beginning






* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

Toró de Parpite nr. 40. Mobilização inteligente.

Toró nr 40. Matoury-Guiana Francesa, 21 de agosto de 2008. 14° dia das Olimpíadas de Pekim.



Eu não me canso de admirar o Secretário geral da organização Repórteres sem Fronteiras, Robert Ménard, nas várias entrevistas que assisto nas TVs francesas.
Com o passaporte carimbado pelo governo chinês como "persona non grata", Robert Ménard está proibido de entrar na China e se tornou incánsavel na luta pelos direitos de jornalistas presos e, consequentemente, pela causa tibetana, especialmente agora durante as Olimpíadas.
De um bom senso e clareza de pensamento e ação, Ménard tem estado frente as mobilizações mais criativas da organização.

Leiam esta:

"A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) tornou-se acionária de multinacionais patrocinadoras dos Jogos Olímpicos da China, com o objetivo de pressioná-las sobre a questão dos direitos humanos no país que está prestes a sediar as Olimpiadas de 2008..Entre as empresas escolhidas como alvo, estão Coca-Cola, Adidas, Swatch e McDonald's. Desde fevereiro deste ano, a RSF compôs um portfolio com ações das quatro patrocinadoras dos Jogos Olímpicos, para sensibilizar os acionistas, dirigentes e consumidores, porque acredita que as empresas tem um papel a desempenhar na defesa do espírito olímpico.A primeira intervenção ocorreu no dia 16 de abril, na assembléia anual dos acionistas da Coca-Cola, em Wilmington, no estado de Delaware, Estados Unidos. Um integrante da RSF leu um documento, enquanto vários outros membros da organização exibiam cartazes do lado de fora, ao lado de militantes da Anistia Internacional."

Genial, não?

Cerca de 30 jornalistas e 50 usuarios de Internet estão presos na China (esses numeros devem estar desatualizados. Penso que sejam bem maiores, infelizmente...). Alguns desde os anos 80. O governo bloqueia o acesso a milhares de novos websites.
Ainda que sob pressão, as regras para os jornalistas estrangeiros se tornaram mais flexlveis, mas continua impossivel contratar um jornalista chinês ou se movimentar livremente pelo Tibete e Xinjiang.
Depois que Beijing foi escolhida para sediar os jogos, Harry Wu, exilado politico chinês que passou 19 anos na prisão, disse estar verdadeiramente triste por nao ver os Jogos acontecerem numa China democrática.
O exilado russo Vladimir Bukovsky comentou sobre Moscou ser a sede dos Jogos Olímpicos em 1980: “Politicamente, um erro grave; humanamente, um ato desprezivel; legalmente, um crime” - pelo jeito, a frase continua válida para 2008.

Fonte: http://www.rsf.org/rubrique.php3?id_rubrique=174



* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, fã escancarada do jornalista francês Robert Ménard. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

quarta-feira, agosto 20, 2008

Toró de Parpite nr. 39. Acerca do Dalai Lama.

Toró nr 39. Matoury-Guiana Francesa, 20 de agosto de 2008. 13° dia das Olimpíadas de Pekim.



Esta foi a primeira foto do Dalai Lama que vi na vida. 1989. Uma pequena nota na revista "Veja" anunciando o vencedor do Prêmio Nobel da Paz daquele ano. Não sabia nada sobre o Dalai Lama e nem o Tibete. Mas o meu coração vibrou ao ver a sua imagem nas montanhas ao norte da India.
Dez anos depois, fui morar nessas montanhas e me tornei um coração solidário à causa tibetana.
As voltas que o mundo dá...


Acerca do Dalai Lama

"As vezes turistas vêm cá e trazem fotografias do Dalai Lama. Eu digo-lhes para não trazer tais imagens. Não é porque não quero ver sua santidade, porque nós o temos nos nossos corações. Eu digo aos turistas, se vocês querem mesmo fazer algo, ajudem-nos a preservar a nossa herança espiritual." Autor desconhecido

O Dalai Lama, sendo o único religioso como também o líder sécular dos tibetanos, goza de uma grande popularidade no mundo inteiro, devido à sua vasta sabedoria e à sua atitude exemplar em relação ao confrontamento da fatalidade do seu país, que ele espera resolver através de um diálogo constructivo com as autoridades chinesas, baseado no respeito pelos direitos humanos e o princípio gandhiano da não-violência.
Apesar desta atitude positiva, as autoridades chinesas têm recusado durante anos de entrar em diálogo com o Dalai Lama, a quem eles chamam obstinadamente, o "cabecilha dos separatistas" e um "inimigo da China".



O golpe em direção a uma política que coloca todas as cartas, desacreditando o líder do Tibete cujo país foi invadido, surgiu no final dos anos oitenta, quando a China viu-se a si própria, levada a suprimir os movimentos pro-independência no Tibete a seguir a um breve período revivalista dos assuntos religiosos. É verdade que a personalidade do Dalai Lama representa um símbolo unificador para o povo tibetano, e as autoridades chinesas encararam este facto como uma boa razão para tentar retirá-lo dos corações, e substituí-lo por uma lealdade forçada à unificada terra-mãe chinesa.
O Dalai Lama é receado pelo governo chinês por causa da sua habilidade para "internacionalizar" o assunto tibetano, o qual a China vê como um assunto doméstico. Em cada uma das suas viagens fora da Índia, o governo chinês mantém o olho posto na sua agenda, e expressa a sua desaprovação cada vez que o pode.
Até um período de liberalização que começou no fim dos anos 70, a autoridade do Dalai Lama era mais ou menos aceite até ao terceiro fórum, no qual o Dalai Lama foi acusado de violar a doutrina budista, e de usar a religião para encorajar tensões sociais. O Dalai Lama, assim, tornou-se no culpado de qualquer recusa ou distúrbio incitado pelas políticas chinesas dentro do Tibete, retratando-o ao Ocidente como o líder das actividades anti-chinesas. Os grupos de suporte do Tibete costumam ser referidos pelos oficiais chineses como a "clique do Dalai".
Mas o Dalai Lama é mais do que um líder religioso ou secular para os tibetanos ou os seguidores do budismo tibetano. Segundo o budismo tibetano, as reincarnações do Dalai Lama são consideradas as encarnações de Avalokiteshvara, o Buda da compaixão. Este buda é venerado por budistas sem número do mundo inteiro, não apenas por budistas tibetanos, mas também por Mongois e nas repúblicas russas. Nas suas práticas espirituais, os budistas tibetanos estabelecem uma relação muito próxima, muito pessoal com o Buda da compaixão e o seu principal professor que, para muito deles, é o Dalai Lama. Assim, é muito natural, para muitos practicantes do budismo tibetano, de seguir os comentários eruditos do Dalai Lama sobre os tratados budistas, e de estudar os seus escritos a fim de obter concelho espiritual, e para obter uma maior visão interior sobre os complexos assuntos da filosofia budista.
O principal objectivo do partido parece ser de diminuir o papel do Dalai Lama e por consequência, o de qualquer alto lama religioso. E existem planos para um controle sistemático futuro sobre todas as reincarnações importantes dentro do budismo tibetano: O governador da TAR (Tibetan Autonomous Region - Região Autónoma Tibetana), Qiangba Puncog, anunciou que Beijing escolherá o próximo Dalai Lama, um exemplo crítico da interferência flagrante com crenças e práticas religiosas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Dado o papel chave do Dalai Lama e de outros lamas de alto nível, tem sido difícil para as autoridades chinesas, de ganhar o coração do povo tibetano. A fim de assegurar a legitimidade do domínio chinês no Tibete, foram adoptadas medidas para mudar as mentalidades das pessoas, que incluem a proibição da posse de fotografias do Dalai Lama, e da bandeira nacional tibetana na qual, referindo ao Dalai Lama, se lê: "O líder do Tibete, o país das neves, o grande protector, tesouro de tudo, possa-ele viver até ao fim do universo."
A polícia confisca todo o material impresso, audio e vídeo contendo ensinamentos do Dalai Lama, e os que possuem tal material, às vezes encaram tratamento abusivo, incluindo pancada e detenção. Não somente as fotografias do Dalai Lama são proibidas na RAT, como noutras regiões, mas também as festividades muito populares do seu aniversário, no dia 6 de Junho, têm sido alvo de constrangimento há anos, argumentando que as celebrações do aniversário do Dalai Lama são essencialmente uma ferramenta política do Dalai Lama, e que as festividades poderiam afetar a estabilidade social.
Provas de como perigoso pode ser para os tibetanos de trazer consigo algumas fotografias e livros do Dalai Lama para uso pessoal, foram dadas em vários relatos de refugiados. Em 2005, o TCHRD recebeu um relato de Jigme Gyantso, um jovem monge tibetano, originário do mosteiro de Bhashing, em Amdo. Após uma estadia para estudos no mosteiro de Sera no Sul da Índia, ele quis voltar com o seu irmão, um monge, para a sua aldeia natal no Tibete. Eles tinham toda a documentação necessária incluindo visas para várias entradas no Tibete. Depois de Dram, na fronteira tibeto-nepalesa, eles decidiram viajar num veículo alugado, juntamente com outro monge de Chamdo, Ten Nam, que também estava de volta para o Tibete."Depois de uma paragem para gasolina, os nossos papéis foram inspecionados e encontrados em ordem. Mas parece que o condutor do carro, informou os oficiais da PSB que eles eram exilados de regresso. No espaço de minutos, tivemos que parar e ficamos cercados por cinco PSB de pistola. Enquanto revistavam as nossas bagagens, encontraram várias fotografias do Dalai Lama e livros por ele escritos, que foram confiscados. Em Julho de 2001, fomos os três mantidos num quarto durante três dias, e electrocutados com vários ustensilos eléctricos, para o gado até ficarmos inconscientes. Fomos espancados com cintos e placas de madeira, enquanto os oficiais nos interrogavam sobre a razão de possuirmos esses livros, e sobre a organização que estava por detrás. Os três monges foram acusados de incitar elementos contra o estado, entre as massas, e outros crimes que não comunicaram. No centro de detenção, foram torturados e alimentados com restos de comida. Eles receberam diferentes tempos de cadeia, que eles tiveram de cumprir na prisão de Drapchi, em Lhasa, famosa pelos seus particularmente crueis métodos de tortura. A memorização dos livros do partido sobre política e história tornou-se vital para a sobrevivência dos monges: Ali, foram-nos dados livros sobre educação patriótica que tínhamos de memorizar. Se falhássemos em memorizar os livros, não nos dariam comida. A dieta era pobre e o inverno muito frio, o que causou severos problemas de úlceras. Como remédio deram-nos medicamentos fora de prazo. Jigme Gyamtso e o seu irmão Tsedor foram libertados no dia 3 de Julho de 2005 e Ten Nam a 18 de Julho. Jigme Gyantso não foi autorizado a voltar para o mosteiro e está proibido de entrar em instituições e organizações governamentais. Depois de ter ficado na sua vila e ter estudado inglês durante quatro meses, ele conseguiu fugir para a Índia e planeja entrar num mosteiro no exílio.

Conclusão
Uma avaliação da situação do direito da liberdade de culto no Tibete, no ano 2005, forçosamente leva à conclusão, de que o nível de repressão religiosa atingiu um patamar sutil de manipulação, que coloca em perigo a continuação da essência das tradições tibetanas. Numa entrevista em Dezembro de 2005 com a Reuters, o Dalai Lama salientou que o Panchen Lama apontado pelos chineses, "obviamente tem de dizer o que os seus superiores querem", indicando que, em contradição com as declarações do Panchen Lama chinês sobre uma cultura religiosa livre no Tibete, os abusos dos direitos humanos são ainda uma norma no Tibete.
O prêmio Nobel da Paz disse que estava triste pelos relatos de que monges eram mortos e torturados pelas autoridades chinesas, por recusarem denunciá-lo como um "separatista" empenhado em causar danos à China, e também salientando a repercursão traumática da forçada campanha de "reeducação patriótica":"Eu tinha salientado que se eles tinham que me denunciar, então que por favor, me denunciassem, não há problema nenhum. A segurança deles é mais importante. Por favor, denunciem-me."
Falando em termos similares na inauguração do mosteiro Dolma Ling para monjas em Dharamshala, o Dalai Lama deu ênfase à importância da religião, exprimindo a esperança que o assunto tibetano pudesse ser resolvido, com base na não-violência, que é um princípio professado pelo Budismo tibetano e outras religiões do mundo.O número de pessoas que aderem ao Budismo e ao Cristianismo na China e na Rússia, que durante décadas forçaram as pessoas a pensar que a religião era um veneno, está a aumentar.
O Budismo pode realmente ajudar-nos a desenvolver um sentido de não violência e de mente de compaixão, tornando-nos ainda mais capaz de resolver a nossa situação amigavelmente.

Fonte: "Anual Report 2005", the Tibetan Centre for Human Rights and Democracy.
http://asianuxx.blogspot.com/2007/07/acerca-do-dalai-lama.html

* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

terça-feira, agosto 19, 2008

Toró de Parpite nr. 38. Roda de preces.

Toró nr 38. Matoury-Guiana Francesa, 19 de agosto de 2008. 12° dia das Olimpíadas de Pekim.



“Desde o dia 10 de março – aniversário do revolta tibetana contra os chineses, quando milhares de tibetanos foram massacrados em 1959 – já rezamos 2 milhões de mantras aqui em Katmandu. Mandamos esses números para Dharamsala, sede do governo tibetano em exílio, na Índia.” Quando pergunto a Ngawang se apenas as rezas podem resolver essa situação política complexa, ela responde: “Talvez não possamos ver resultados tangíveis, mas a base do budismo é acumular méritos e buscar a felicidade para todos os seres, incluindo o povo chinês. Rezamos também para que nossos irmãos e irmãs no Tibete sofram menos.”

O som dos mantras é intenso. Dentro do salão, a ala do fundo está repleta de monjas. Algumas mais idosas, além de pronunciar as frases, também fazem girar suas rodas de preces. Dentro delas, existem milhares de orações escritas em papel. Segundo os budistas, cada vez que a roda dá uma volta completa uma prece é executada.

Texto e foto:
Haroldo Castro
http://www.viajologia.globolog.com.br/archive_2008_04_05_32.html

* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

Toró de Parpite nr. 37. Ore pelo Tibete!

Toró nr 37. Matoury-Guiana Francesa, 18 de agosto de 2008. 11° dia das Olimpíadas de Pekim.


Foto: Manuel Bauer

ORE PELO TIBETE! AJA PELO TIBETE!


* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

domingo, agosto 17, 2008

Toró de Parpite nr. 36. Controle chinês pós-natal.

Toró nr 36. Matoury-Guiana Francesa, 17 de agosto de 2008. 10° dia das Olimpíadas de Pekim.

A China está trocando os seus velhos métodos de execução por fusilamento, a famosa bala na nuca, por algo mais "civilizado e mais limpo", a morte por injeção. Com a intenção de melhorar a sua imagem internacional politicamente e empresarialmente, e a fim de evitar ferir sensibilidades no mundo dos negócios, a China se propôs a mudar a sua maneira de matar os seus condenados à morte. Num esforço para mudar a sua reputação de desrespeitadora dos direitos humanos e civis dos seus cidadões, optou pela injeção letal em furgões especialmente preparados e transformados em salas de execução.

A execução por fuzilamento faz-se com o preso colocado de joelhos, as mãos atadas nas costas, e abatido de uma bala na nuca (paga pela familia do condenado), às vezes, em locais públicos que podem albergar um grande número de espectadores, como estádios, de maneira a dar o exemplo e criar terror nas mentalidades populares.





Os furgões são ônibus de 24 lugares convertidos, sendo a câmara de execução na parte de trás, onde o preso está amarrado a uma cama de metal e onde recebe um coctail de drogas letais, que não leva mais de 60 segundos a produzir o seu efeito mortífero.








Receia-se que as execuções por injeção sejam também uma maneira de alimentar o conhecido negócio implementado, mas sempre negado por parte de Pequim, do tráfico de órgãos humanos, que chegou de forma subterrânea a muitos países ricos, inclusive os Estados Unidos.

Quem morou por lá me garante que as execuções são também um controle pós-natal. A China tem 1,3 bilhão de habitantes pra alimentar, vestir, empregar... Assassinar quem "pisa no tomate" diminui um pouco esse contingente. Assim, mata-se literalmente dois coelhos com uma cajadada: diminui a população carcerária e consequentemente, a população chinesa. "Engenhoso" como o método de "transformar" homossexuais masculinos em hetero. Trancam-se as criaturas em um quartel com profissionais do sexo feminino que vão ajuda-los a voltar o normal. "Mas, infelizmente, não estava dando certo... " E isso foi dito seriamente aos agentes da organizaço Médicos Sem Fronteira!!!!!!!!!!!!!! hahahahaha. Cômico se não fosse trágico!
No mesmo dia em que os furgões chegaram à província do Yunnan, segundo atesta o jornal Beijing Today, dois agricultores de 21 e 25 anos, culpados de tráfico de drogas, foram executados com injeções letais. Apesar da rapidez do julgamento, o presidente do Tribunal Superior Provincial do Yunnan, Zhao Shijie, elogiou o "novo" sistema e declarou: "O uso de injeções letais mostra que o sistema de pena de morte chinês está mais civilizado e humano".


Matar mosca com bomba nuclear... Esperemos, pelo menos, que os jovens não sejam inocentes, rezo aqui do outro lado do mundo...

A campanha "Golpear Duro".
Em 1983, a China iniciou uma campanha de repressão contra a criminalidade, intitulada "Golpear Duro" (Strike Hard), o que levou a um aumento significativo do número de execuções que, em tempos normais, poderiam se ter traduzidas em penas mais leves de prisão. A partir dessa data, a campanha foi retomada várias vezes a fim de reduzir o crime.
As campanhas são lançadas durante vários meses a fio e depois suspensas. Podem dirigir-se contra o crime, a corrupção administrativa, para manter a estabilidade e a ordem, como também para reprimir excessos independentistas, como acontece no Xinjiang e no Tibete.
A China possui o recorde do maior número de execuções capitais, e segundo a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, foram levadas a cabo sob ordens e directivas oficiais. Quase 100 por cento dos acusados de por o estado em perigo, foram dissidentes, pessoas que pediam mais liberdade, direitos individuais e democracia. Nesses casos, a pessoa é julgada e acusada de pôr a segurança nacional em perigo, sem que esses conceitos sejam desenvolvidos, por medo de entrar em contradições, como é muito provavel que aconteça, e também sem grande precisão no que diz respeito ao quando e como "a estabilidade e segurança nacional" foram postas em questão. Os julgamentos que se inserem nessa categoria, são geralmente feitos a portas fechadas, sem que haja alguma transparência, e ao acusado é-lhe negado qualquer representação legal. Uma vez acabado o julgamento, o condenado é rapidamente executado.
As sucessivas campanhas do "Golpear Duro" foram também usadas contra minorias étnicas sob a desculpa de manter a ordem pública, sem que nenhum verdadeiro crime de sangue tivesse sido cometido, sendo muitas das vezes, dirigidas contra manifestações de carater pacífico. O Tibete foi atingido duramente, em 1996, pela campanha enquanto no Xingjiang foi no ano de 2001. O último relançamento foi em Agosto de 2006 em Lhasa, durante o 40º aniversário da Região Autonoma do Tibete.



A campanha "Golpear Duro" ganhou uma notória fama de ser desumana e brutal. Características da campanha são detenção prolongada, tortura, confessões forçadas e maus tratos em custódia, julgamentos rápidos e execuções rápidas. As vezes, execuções sumárias foram levadas a cabo, e exitem inúmeros casos de mortes extra-judiciais. A Anistia Internacional afirma que a atual estimativa de execuções ultrapassou as oficiais de estado. A China não fornece números atuais por considerar a pena de morte um segredo de estado.
O escritor médico, Kurt Samson testemunhou:
"Prisioneiros na China que são acusados de crimes que dificilmente teriam sentenças de prisão no Ocidente, são executados a fim que os órgãos, córneas e pele sejam colhidos e vendidos para um mercado lucrativo de tranplante. O sub-Comitê das Relações Internacionais e Direito Humanos ouviu relatos na primeira pessoa, de órgãos e pele sendo retirada, às vezes enquanto os prisioneiros ainda mostravam sinais de vida, e vendidos para o benefício de militares e de alguma elite chinesa.
Algumas das execuções foram retransmitidas pela televisão. As autoridades chinesas descreveram-nas como um meio para impedir as pessoas de cometer crimes no futuro. Em muitos dos casos era compulsório para grandes números de pessoas de se reunir e assistir às execuções. As autoridades referiam às execuções de prisioneiros em frente a grandes agrupamentos de pessoas como "matar galinhas para assustar os macacos". A Anistia Internacional registou uma execução que foi assistida por 1.800.000 espectadores.

Fonte : "Death Penalty in China", Tibetan Centre for Human Rights and Democracy
http://asianuxx.blogspot.com/2007/07/os-forges-de-execuo.html

Para saber mais sobre pena de morte e China :
« …Ao contrário da China, que testou seus protocolos de execução por injeção letal em seres humanos e agora dispõem de furgões tripulados por especialistas ultra-eficientes em execuções, que viajam pelas províncias do país executando sentenças de morte, o governo federal dos Estados Unidos nunca estabeleceu um painel para estudar os aspectos práticos da execução de sentenciados a morte. Como resultado, a questão termina sempre encaminhada aos tribunais. »
Fonte : The New York Times Magazine (Na integra) : http://noticias.terra.com.br/interna/0,,OI1401031-EI8248,00.html




* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, tentando compreender os irmãos chineses, como ensina o Dalai Lama. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

sábado, agosto 16, 2008

Toró de Parpite nr. 35. Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia.


Toró nr 35. Matoury-Guiana Francesa, 16 de agosto de 2008. 9° dia das Olimpíadas de Pekim.

Relatório Anual do Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia TCHRD - 2005


Pico Iyer, celebrado viajante escritor escreve: " o Tibete vive principalmente em cantos e sombras hoje em dia, abaixo da sua magnitude e temos de o procurar. Presentemente o Tibete está de certa maneira melhor em termos de abastecimentos do que antigamente, mesmo assim parece-se cada vez menos consigo próprio. O Tibete, hoje em dia, é essencialmente dois países diferentes vivendo em cima, à volta e mesmo dentro um do outro: um amuleto de usar tibetano dentro de uma caixa chinesa de gosto duvidoso".

Contrariamente aos sinais, declarações e demonstrações de progresso, o Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia (Tibetan Centre for Human Rights and Democracy - TCHRD) está alarmado com o aumento de queixas de violações de direitos humanos no Tibete em 2005. Tibetanos no Tibete testemunharam o aumento de medidas restritivas sobre religião, segurança e controle ideológico, limites sobre liberdade de expressão, opinião e consciência e falta de poder de lei. Uma "cultura do medo" e um "palpável sensação de medo e de censura de si próprio" prevalesce no Tibete. Existe um bem assente e largamente divulgado nível de tolerância zero para com todas as actividades ou pontos de vista que são suspeitos de desafiar o controle do Partido Comunista sobre aspectos da sociedade que ele considera crucial. Em Dezembro 2005, estimaram-se 2.524 refugiados tibetanos de terem fugido do Tibete através dos Himalayas e para a Índia, queixando-se de repressão e procurando liberdade no exílio. De acordo com informação recebida e pesquisada pelo TCHRD em 2005, ficou claro que repressão severa nas regiões do Leste do Tibete como a província do Sichuan nos últimos anos deslocou-se outra vez para áreas dentro da TAR (Tibetan Autonomous Region - Região Autónoma Tibetana).

liberdades civis e políticas
As autoridades chinesas consideram o "extremismo religioso" como uma das "três forças malignas" juntamente com o "separatismo" e o "terrorismo" na Região Autónoma Uighur do Xinjiang e no Tibete, disse a Anistia Internacional no seu primeiro relatório sobre a China que focou especialmente sobre defensores dos direitos humanos.
Campanhas anti-separatistas como a campanha "verão ataca duro" e as campanhas "reeducação patriótica" foram elaboradas a fim de purgar atividades dissidentes e para impingir ideologia "apropriada", e lealdade para com o "separatista" Dalai Lama sob qualquer forma tornou-se o principal alvo da repressão.
As ambíguas acusações de "pôr em perigo a segurança do estado" e previsões anti-terroristas na Lei de Procedimento Criminal da China são largamente utilizadas para criminalisar actividades "separatistas" nas regiões políticamente desobedientes como o Tibete ou o Xinjiang.
Em 2005, o CTDHD registou 20 casos confirmados e conhecidos de tibetanos que foram detidos pelos suas opiniões políticas e posse de artigos denominados "reacionários" pelos chineses com a fotografia do Dalai Lama, a bandeira nacional banida do Tibete e literaturas do exílio. Acerca de Dezembro de 2005, o CTDHD registou 132 prisioneiros políticos esquecidos em várias prisões e centros de detenções do Tibete.
Existe também um crescente mal uso de detenção administrativa, falta de julgamentos justos, tortura e maltratamento de prisioneiros, e de confessões forçadas. O Relatório Especial sobre a Tortura da ONU sublinhou o sistema existente de "reeducação pelo trabalho" como séria violação dos direitos humanos que precisa de abolição.

informação
Controle, censura e vigilância das midias e da livre circulação de informação são práticas correntes no Tibete. Devido a preocupações sobre regiões sensíveis como o Tibete e o Xinjiang, condicionado pelas preocupações de Pequim pela estabilidade e a imagem internacional, o fluxo de informação para dentro e para fora do Tibete tem sido severamente condicionado. Considerando a tremenda falta de transparência e caráter secreto no qual as autoridades chinesas trabalham, monotorizar e e avaliar as violações de direitos humanos no Tibete continuou a ser um desafio.
O governo chinês espera dos websites e internet cafés a limitaçao do que os clientes vêem e fazem "online". Empresas americanas que proporcionam sites na web para os chineses não são isentas. A Yahoo por exemplo, filtra os seus resultados de procura de tal maneira que para uma pesquisa para "Free Tibet" en chinês apresenta zero páginas. Google não censura as suas pesquisas, mas o sistema do governo chinês bloqueia muitos dos sites aos quais Google faz o "link". A Microsoft para os usuários de procurar por palavras como democracia, liberdade, direitos humanos ou demonstrações. A China também baniu um jogo de computador chamado "Soccer Manager 2005" porque qualifica Taiwan, Hong Kong, Macau e o Tibete como países.
As midias chinesas são posse do governo e estritamente controlados por ele, resultando daí na negação do direito público de saber e o direito das midias de fornecer informação sobre acontecimentos atuais dentro e fora da China. As emissões de radio como a "Voice of Tibet" (VOT), "Voice of America" (VOA), e "Radio Free America" (RFA) foram a maior parte do tempo bloquedas e "parasitadas".

religião
De todas as violações dos direitos humanos sobre tibetanos, o aumento dramático de repressão religiosa foi o mais preocupante em 2005. Como no passado, a suspição de ligação entre o budismo tibetano e o nacionalismo tibetano levou à políticas mais duras e mais estritas sobre a religião. As novas regulamentações chinesas sobre os Assuntos Religiosos, que se tornaram efectivas em Maio de 2005, e os subsequentes encontros sobre religião só ajudaram a limitar e amputar a liberdade religiosa no Tibete. Numa tentativa de adaptar a religião ao estilo de vida socialista e a fim de exercer controle de estado, as autoridades de Beijing recorreram à intensivas campanhas de "reeducação patrióticas", campanhas anti-Dalai Lama, controle imposto sobre currículo monástico, prática e estudo do budismo tibetano e persecutaram figuras religiosas populares levando à contínua degredação da essência do budismo tibetano. O mosteiro de Drepung esteve em foco em 2005 devido a uma morte, várias expulsões e protestos "sentados" (sit-in) de monges acerca da denunciação do Dalai Lama sob a bandeira da campanha da "reeducação patriótica".
2005 foi o décimo ano do aniversário do desaparecimento de Gedhun Choeky Nyima, o XIº Panchen Lama do Tibete, a ausência total de informação adicional sobre o seu paradeiro e saúde é uma causa de grande preocupação. Entretanto, Beijing não deixa de promover vigorosamente Gyaltsen Norbu, o "falso Panchen", como sendo o verdadeiro Panchen. O serviço de notícias Xinhuanet relatou a volta através de dúzias de regiões do Tibete e citado dizendo como "ele levaria para a frente as tradições patrióticas vindas dos seus predecessores e que faria do seu melhor para promover a reunificação do país, a unidade dos vários grupos étnicos, e o desenvolvimento social e econômico."
O enviado especial do Dalai Lama Lodi Gyari disse, "Não se trata de jovem rapaz, um jovem prisioneiro, mas sim do assunto da reincarnação. Quando um bom comunista diz que quer ter a última palavra em reincarnação, isto é um assunto do qual um bom comunista deveria ficar de fora."

desenvolvimento
O tema recorrente no discurso de Pequim sobre o Tibete foi o seu papel "desenvolvedor" e "benéfico" no Tibete. A RPC deu ênfase ao "direito de viver e desenvolver" como o pedido "mais urgente do povo chinês", e mais à frente considera o "direito à subsistência como o mais importante de todos os direitos humanos, sem o qual outros direitos estão fora de questão.
Contrastando com os relatórios oficiais de rápido crescimento económico e de subsistência melhorada, de direitos de desenvolvimento e de investimentos estatais, a condição actual dos tibetanos conta uma história diferente, ficando o Tibete a unidade administrativa mais pobre da China. Qualquer que seja a medida, os tibetanos são pobre, com baixos níveis de Índex de Desenvolvimento Humano, com evidências de sistemáticas exclusões, deprivações, discrimainação e marginalisação em todas as áreas da vida. 80 por cento da população tibetana são nómadas e camponeses residindo em áreas rurais, e por isso marginalisados do crescimento económico. As Nações Unidas avisaram, que a crescente diferença de riquezas entre áreas rurais e urbanas na China, que está entre as mais altas do mundo, poderia ameaçar a estabilidade da nação comunista apesar do seu governo se esforçar para travar a maré crescente.
Apesar da China ter sido capaz de tirar 250 milhões de pessoas da pobreza durante os últimos 25 anos, a inegualidade no rendimento duplicou, de acordo com um relatório publicado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP). Isto foi ainda salientado pelo presidente do Banco Mundial, que afirmou em 18 de Outubro de 2005 que a China tem 150 milhões de pessoas a viver em extrema pobreza apesar do seu impressionante crescimento económico nas duas décadas passadas.

educação
Baseado em relatórios e testemunhas surgidos do Tibete, o TCHRD (Tibetan Centre for Human Rights and Democracy) encontrou nenhuma prova de melhoramentos e progresso no campo da educação. A situação não é igual em todas as regiões devido a diferenças em "saberes locais". Como foi o padrão para os muitos anos passados, a educação no Tibete não ajudou no sentido de mais livre e mais fundo desenvolvimento das crianças. Apesar de Pequim informar aumento de investimentos na educação no Tibete, a qualidade e acessibilidade a educação alargada ainda permanece um sonho distante na maioria das áreas rurais do Tibete.
O conteúdo ideológico do aspecto educacional foi reforçado em 2005 como o prova a decisão do Departamneto de Educação de "reforçar e melhorar a ideologia e a educação étnica para estudantes de escolas primárias e secundária, e ideologia e educação política para estudantes universitários. O uso extensivo e quase exclusivo da língua chinesa no comércio e administração relegou o tibetano para uma língua de segundo nível. Mais flagrante ainda, representações distorcidas da história, propinas exorbitantes e falta de pessoal qualificado em áreas rurais para transmitir saber são ainda fatores de preocupação.

preocupações internacionais
A falta, ou mesmo, a ausência de direitos humanos e de liberdade democrática da China figurou predominantemente em relatórios e declarações de muitos governos, representantes da ONU e organizações de direitos humanos. A Human Rights Watch descreveu a situação dos direitos humanos da China como "calamitosa" e "miserável". A China foi severamente condenada no relatório do Departamento de Estado dos EUA intitulado "Supporting Human Rights and Democracy" editado em Março de 2005.
O Alto Comissário para os Direitos Humanos das NU levantou o problema do desaparecimento do Panchen Lama e apelou para a ratificação do Acordo Internacional sobre Direitos Civis e Políticos durante a sua visita à China.
O Comentador Especial sobre Tortura, o Sr. Manfred Nowak, depois da sua investigação de duas semanas de prisões chinesas e estabelecimentos de detenção em 2005, notou algum progresso na redução de violência contra prisioneiros, desde que a China assinou a Convenção Contra a Tortura (CAT) em 1988. No entanto, o investigador das NU condenou o uso alargado de tortura, de "obter confissões" e de lutar contra "comportamentos desviantes" de serem os objectivos centrais do sistema de justiça criminal. Ele sofreu várias tentativas de "obstrução ou restrição" da sua investigação. A China negou mais tarde relatórios sobre tortura e disse que o critério da visita foi inteiramente respeitado.
Durante a examinação de um relatório sobre a China, o presidente do Comitê das Naçoes Unidas sobre os Direitos da Criança, Jacob Egbert Doek, apelou para que uma pessoa independente verificasse o paradeiro de Gedhun Choekyi Nyima, XIº Panchen Lama do Tibete. Enquanto o embaixador de Pequim para as NU em Geneva, Sha Zhukhang, disse ao comitê que a criança e a sua família "não desejava ser incomodada por visitantes estrangeiros porque poderia ter efeitos negativos". Gedhun era uma criança tibetana como qualquer outra, que estava numa escola secúndaria e que obtinha bons resultados, disse a delegação chinesa.

conclusão
A violação dos direitos humanos dos tibetanos em direitos civis ou políticos assim como em direitos econômicos, sociais e culturais está directamente ligada à negação do direito à auto-determinação dos tibetanos dentro do Tibete e à falta de implementação e abuso de lei. Através das suas políticas e propaganda, garantias constitucionais e cláusulas legais internacionais às quais se comprometeu, Pequim afirma prover todos os direitos e liberdades aos seus cidadões.
Apelos incessantes para direitos humanos e liberdade por parte de bravos tibetanos na brumas de uma atmosfera repressiva, relatórios desassossegados de abusos de direitos humanos em todos os sectores da vida, e o êxodo de refugiados tibetanos todos os anos claramente confirma a ausência de autonomia significativa gozada pelos tibetanos no Tibete.
O Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia (Tibetan Centre for Human Rights and Democracy - TCHRD) acredita que um resultado positivo em termos de auto-governo genuino ou de autonomia significativa surgido dos contactos das pre-negociações entre Dharamshala e Pequim poderiam significar mais direitos fundamentais e liberdade para o povo do Tibete.
O CTDHD também sublinha a importância de abertura, transparência, reponsabilidade, liberdade e respeito para a aplicação da lei. Em caso contrário, nenhuma quantidade de mudança cosmética, nenhum uso de slogans vazios, nenhum imposição de lei e formulação de políticas trará algum progresso real na situação dos direitos humanos na China. Com a ameaça da perda da identidade tibetana, é tempo que o governo de Pequim percebe que o Dalai Lama "não é o problema, mas a chave para a resolução dos problemas do Tibete" assim como a concretização da estabilidade do Tibete a longo termo.

Fonte : "Relatório Anual do Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia TCHRD - 2005" : http://asianuxx.blogspot.com/2007/07/12-aniversrio-do-desparecimento-do-xi.html


* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

sexta-feira, agosto 15, 2008

Toró de Parpite nr. 34. Onde está o Panchen-Lama?

Toró nr 34. Matoury-Guiana Francesa, 15 de agosto de 2008. 8° dia das Olimpíadas de Pekim.



Este garotinho fofinho da foto é considerado o prisioneiro político mais jovem do mundo. Em 1995, quando o Dalai Lama o reconheceu como a 11ª reencarnação do Panchen-Lama, a segunda maior autoridade espiritual do Tibete, o governo chinês o prendeu e há 13 anos nao se tem noticias dele.

Esta é a única fotografia existente tirada aos seis anos de idade. Em abril de 2008, se ele estiver vivo, terá completado 19 anos. Mas ninguém sabe onde ele está ou se ao menos está vivo!

Para se ter uma idéia da importância do 11º Panchen-Lama dentro da religiosidade tibetana, ele é um dos responsáveis pelo reconhecimento do próximo Dalai Lama quando este morrer! Ter esse menino sob controle e dentro de uma educação de lavagem cerebral pelo governo chinês pode comprometer a continuidade dessa cultura que há 600 anos tem o Dalai Lama como o centro de tudo.

Participe das campanhas pela libertação do Panchen-Lama:
http://www.freepanchenlama.org/
http://www.rangzen.org/new/campaign.php



Abaixo, o texto do jornalista brasileiro Haroldo Castro que retratou o drama tibetano com altíssima qualidade de textos e fotos para a revista Época! Parabéns Haroldo Castro. Parabéns Revista Época!

Onde está o Panchen-Lama?
Haroldo Castro, de Lhasa

Época - Edição nº 504
"O monastério de Shigatse, que alberga dezenas de moradias e templos, assemelha-se a um vilarejo fortificado. Fiéis tibetanos e visitantes chineses fazem fila para entrar em uma das inúmeras capelas do monastério Tashilhunpo, ... antiga morada do Panchen Lama, a segunda autoridade espiritual do Tibete, depois do Dalai-Lama.
Em março de 1959, o atual 14º Dalai-Lama, prevendo que poderia cair nas mãos dos chineses, foi para a Índia, onde vive em exílio até hoje em Dharamsala.
A partir de 1959, o 10º Panchen-Lama, que anteriormente era simpatizante do regime chinês, resolveu ter uma atitude mais firme em prol da liberdade tibetana. Em 1964 foi preso e permaneceu 14 anos encarcerado. Faleceu - alguns alegam por envenenamento - em 1989.
Um novo Panchen-Lama precisava ser encontrado. Em maio de 1995, o Dalai-Lama reconheceu o menino de 6 anos, Gedun Choekyi Nyima, como a 11ª reencarnação do Panchen-Lama. O governo de Pequim não aceitou (o menino sumiu) e obrigou os monges de Tashilhunpo a encontrar um outro Panchen-Lama. Os chineses escolheram como novo Panchen-Lama, o filho de um membro tibetano do Partido Comunista, Gyaltsen Norbu. Hoje, esse jovem de 18 anos estuda na capital chinesa e está sob controle do governo.

Várias perguntas continuam sem respostas.

Onde estará o 11º Panchen-Lama reconhecido inicialmente pelo Dalai Lama?
Deverá o Panchen-Lama escolhido pela China agir como uma marionete do regime?
Segundo a tradição tibetana, o Panchen-Lama participa da escolha do próximo Dalai-Lama, quando o atual - um baluarte dos direitos humanos - falecer. Escolherá ele um Dalai-Lama também pró-China? "

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81073-5856-504,00.html

Conheça o blog do Haroldo Castro:
http://www.viajologia.globolog.com.br/archive_2008_04_05_32.html


* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

quinta-feira, agosto 14, 2008

Toró de Parpite nr. 33. Minha amada Suíça e o Tibete.

Toró nr 33. Matoury-Guiana Francesa, 14 de agosto de 2008. 7° dia das Olimpíadas de Pekim.


Montanhas suiças onde vivem os tibetanos em exílio . Ao fundo, o monastério tibetano de Rikon. Fotos: Manuel Bauer.


Cavalo de vento (Lung Ta) ou bandeira de prece é o nome dado a uma bandeira com preces. Não apresentam imagens, apenas textos tibetanos. Acima, os cavalos de vento nos bosques suíços.

Mais de 3 MIL TIBETANOS NA SUÍÇA

Minha amadíssima (apesar do histórico de lavar dinheiro sujo de republiquetas corruptas e do narcotráfico)segunda pátria, a Suíça, estava entre os primeiros países a reconhecer a República Popular da China. Pra compensar o estrago, numa boa política do morde-assopra, foi também a primeira a acolher refugiados desde o início da diáspora tibetana em 1959/1960.
A comunidade em exílio na Suíça, com mais de 3 mil pessoas atualmente foi, durante muito tempo, a maior fora do continente asiático. Os tibetanos encontraram na Suíça condições para se integrarem e, ao mesmo tempo, preservarem suas tradições. Eles vivem essencialmente na Suíça alemã, em Winterthur e arredores.


Aniversário do Dalai Lama no monastério. Bandeira tibetana e suíça juntinhas.

O monastério de Rikon é um Instituto de Altos Estudos Tibetanos e tem uma biblioteca e cursos de filosofia e de religião com alta reputação.
Abaixo, a análise da jornalista francesa Claude Levenson, autora de vários livros sobre o Tibete, inclusive a biografia do Dalai Lama http://www.claudelevenson.net/ . Levenson apóia a causa tibetana há muitos anos, e, assim como eu, acredita que a palavra tem poder e a utiliza como arma pra lutar pelo Tibete e seu povo.


Claude Levenson com o Dalai Lama.

« Quando o Tibete desafia o regime chinês
A ocupação de Lhassa pelas forças chinesas faz ressurgir as lembranças da Praça Tien'an-men. Como num cenário ruim, os mestres da Cidade Proibida são confrontados ao que eles sem dúvida mais temiam, o desafio tibetano. A reação à expressão de uma frustração profunda, que eles mesmo alimentaram durante decênios de ocupação, atesta, aos olhos do mundo, a fragilidade da reinvindicação sobre um país vizinho ocupado pela força das armas faz meio século.
De fato, o significado dos movimentos de protesto, inicialmente pacíficos e que degeneraram em razão da brutalidade da repressão - reação de medo e de insegurança - é a ilegitimidade da presença chinesa no Tibete.
Nem a ocupação militar, nem o consumismo intensivo lançado no início do século pelo "programa de desenvolvimento do Oeste" bastaram para apagar o sentimento nacional dos tibetanos nem o gosto pela liberdade.
Essa afirmação identitária, notadamente pela presença visível de bandeiras tibetanas - proibidas e objeto de severas penas de prisão a seus portadores - demonstra que os tibetanos querem preservar sua alteridade sobre seu solo ancestral frente à ameaça real de sinização acelerada imposta por uma política deliberada.
Para as autoridades chinesas, a questão é importante. Ao afirmarem que a ocupação é destinada a levar "a civilização a um povo atrasado e bárbaro", elas revelam uma atitude colonialista que pareciam fora de moda.

Urânio, madeira, petróleo....
Sem falar que o afluxo descontrolado de colonos provoca uma exploração das riquezas naturais - elas são valiosas nos planaltos tibetanos, da água ao urânio passando pela madeira e pelo petróleo - em benefício de uma metrópole distante e sedenta de alimentar sua máquina econômica aquecida.
Ao ver agora a ocupação militar em Lhassa e em localidades habitualmente bem tranqüilas e fora da região dita autônoma, as lembranças de Tien'an-men ressurgem fatalmente, embassando assim a bela vitrina que o regime tenta limpar para sua grande glória.
De repente, os atletas se questionam e os governos democráticos estão visivelmente embaraçados: apelar gentilmente pela "moderação" um regime ditatorial não é entrar no jogo ao invés de defender dignamente seus próprios princípios?
Claro, ouve-se a réplica imediata: "e os interesses econômicos?". Justamente, os laços econômicos nada têm a ganhar do respeito dos direitos fundamentais daqueles que são vítimas do "milagre" chinês?

O Dalaï-Lama é contra o boicote
Se a idéia de um boicote é novamente abordada - houve precedentes como os JO de Moscou, devido a invasão do Afeganistão, e os JO de Atlanta - isso não é obrigatoriamente a solução de um problema negligenciado durante muito tempo.
O Dalaï-Lama é contra o boicote. Segundo ele, é importante verificar se os compromissos de respeitar os direitos humanos assumidos pelos dirigentes chineses serão respeitados.
Ao solicitar uma enquete independente sobre o que ocorre no Tibete, doravante fechado e proibido aos estrangeiros, especialmente aos jornalistas, o líder tibetano exilado demonstra à comunidade internacional sua vontade persistente de diálogo.

Berlim 1936
Não ouvi-lo traria lembranças ainda mais sinistras que os de Moscou ou Atlanta: os de Berlim em 1936. Ora, se a história tem alguma coisa a ensinar, é justamente que ao querer fazer onda que se provoca o naufrágio do navio.
O destino dos tibetanos e de seu país é menos exótico e mais terra-a-terra do que alguns têm tendência a crer: depois dos JO, o assunto não é somente da esfera de Pequim, mas interessa o resto do mundo no qual não existe mais um país totalmente independente. »
Fonte: Swissinfo, Claude B. Levenson
http://www.swissinfo.org/por/capa/Quando_o_Tibete_desafia_o_regime_chines.html?siteSect=105&sid=8876866&cKey=1211788065000&ty=st

Para saber mais sobre a Suíça e os tibetanos :
http://www.swissinfo.org/por/capa/Das_montanhas_do_Himalaia_ao_altiplano_helvetico.html?siteSect=105&sid=5972635&cKey=1124120168000&ty=st

Para ver as fotos do monastério tibetano na Suíça.
http://www.manuelbauer.ch/index.php/imagecatalogue/image/list/218/0/

Website do Instituto Tibetano em Rikon, Suíça:
http://www.tibet-institut.ch/


* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, crê na reencarnação e acredita já ter sido tibetana e suíça em outras passagens pelo planeta Terra. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com