segunda-feira, abril 23, 2012

Equilibrada ou equilibrista?



Lans en Vercors. Primavera, mas da minha janela, vejo a neve caindo. Temperaturas entre 3°C e 12°C.

Quem me conhece pessoalmente sabe que a minha trajetória tem semelhanças com a do jornalista mineiro Lauro Henriques Jr que escreveu o livro "Palavras de Poder".  Nas várias linhas e tradições de vivências espirituais com as quais entrei em contato ao longo dos anos, cada uma delas, à sua maneira, gerou transformações positivas em minha vida.
Como boa brasileira mergulhada no sincretismo, na infância, ia às missas católicas com meu avô no domingo de manhã; à Igreja Evangélica com minha avó; e, à Umbanda com meu pai, em plena floresta Amazônica de Porto Velho dos anos 70. Depois, passei a seguir minha mãe em sua busca espiritual. Frequentei esotéricos de todo tipo (alguns charlatões) e as filosofias japonesas Seicho-no-Ie e Perfeita Liberdade até chegar, aos 19 anos, na companhia de Angela Dettoni, na Federaçao Espirita do MS, na rua Maracaju, em Campo Grande, onde meu espirito experimentou pela primeira vez a emoçao de “retorno ao lar”.
Para sobreviver às dores emocionais, meu ser, dividido, estava à beira da esquizofrenia. Foi no Centro Espirita, entre passes, aguas fluidificadas e lendo as obras de Kardec, que fui me refazendo, me reconstruindo, me dando a chance de sair do porão onde tinha me enfiado por ignorância, descuido, obstinaçao, orgulho, e medo.
Mas, meu espirito inquieto não encontrava sossego. Foi então que, aos 28 anos, vivenciei, na União do Vegetal (UDV), uma experiência profunda e pedagógica. Fui ao encontro da minha própria Luz e Sombra. Nunca mais conseguiria perceber meus pensamentos, emoções e palavras da mesma forma. Porém, não encontrava, nem no movimento espirita brasileiro, tampouco na própria UDV, respostas para o que estava vivenciando de forma tão penetrante. Me afastei de ambas as instituiçoes e fiquei como que nau à deriva. Paguei o preço por procurar respostas fora de mim mesma.
Ao estudar as técnicas Apométricas com o médium Almir Magalhães, senti uma fresta de luz entrar no quarto escuro em que me encontrava. Maaaaaaas, Deus que nao desampara nenhuma de suas crias me enviou para Brasilia. Segui espernaneando como criança cega e mimada. Sem compreender como lidar com o que sentia, aumentava a energia da resistência, construindo um muro cada vez denso, compacto e desolador entre mim e aqueles que me amam.
Brasilia me recebeu com ternura. Em três anos que la estive, fui acolhida com cuidado e recebi amor de diversas formas. Dei à Luz ao meu filho Luka, a experiência mais significativa da minha história. Fiz as iniciações de Reiki e Magnified Healing com os terapeutas Joacir dos Santos e Maria Tereza Cunha. Estas técnicas foram minha pequena jangada em meio ao oceano do inconsciente que percebia como ameaçador. Através da Apometria e da Constelação Familiar, com os terapeutas Assis Pereira e Adriana Tosta, iniciei uma limpeza profunda do psiquismo e das imagens arraigadas que não me davam paz. E na Comunhão Espirita, com Jefferson Bellomo, estudei um Espiritismo à Luz da Razão, para além dos espiritos obsessores, exaustivamente difundidos pelo movimento espirita brasileiro. E, nao menos importante, a aulas com a instrutora de Pilates, Juliana Tavares, que me guiou na conscientização em relação ao meu próprio corpo, uma das formas pelas quais a espiritualidade pode se manifestar em nossa vida. Foi nas aulas de Pilates que pude perceber o quanto estava desconectada do meu corpo e iniciei o processo de unir céu e terra, o mundo fisico ao mundo etéreo.
Em meio a este clarão, Deus utilizou a Lei da Sincronicidade para que eu me deparasse, no escritório de casa, com a palestra do Pathwork de numero 138: “O Dilema Humano de Desejar e Temer a Proximidade”. Na época, a amiga-irmã Elisa Dettoni vivia conosco e estudava a obra do Pathwork com a terapeuta Angela Maria Paiva, em Brasilia. As palavras do Guia tiveram um impacto intenso e decisivo no meu Ser. Ali, em dez paginas, eu tinha o resumo e possiveis soluções do conflito que me parecia, até então, eterno. O verbo edificante que ouvira em todas as instituiçoes abençoadas por onde passara desde a infância fazia-se carne no meu Ser através do Pathwork. Li a palestra 138 um mês antes de deixar o Brasil para viver na Guiana Francesa com minha familia. Levei comigo a maior parte dos livros do Pathwork e o restante da bibliografia, a Elisa me enviou pelo correio mais tarde.
Estudei, sozinha, grande parte da obra do Guia e Eva Pierrakos tendo como cenario a floresta amazônica e as chuvas torrenciais dos trópicos. Sempre que uma incerteza surgia, fazia uma prece e escolhia “ao acaso” umas das 258 palestras do Guia, e la estava a resposta para a pergunta que tinha elaborado. Entretanto, o conhecimento ainda era mental. Apesar de sentir sua Verdade, ainda não conseguia conecta-lo à minha vida. Havia uma distância entre o que sentia e o que pensava que ainda me era incompreensivel.
Tres anos depois, partimos da Guiana para a França e a Lei da Sincronicidade me apresentou, apenas duas semanas depois de desembarcar na velha europa, os terapeutas belgas Richard Verboomen e sua esposa Ingrid. Os dois acolheram minha criança interior com um amor e respeito profundamente transformador num workshop de quatro dias. Percebi a distância entre o que pensava e sentia, finalmente, diminuir. Comecei a fazer as conexões entre os ensinamentos do Guia e a pratica no meu cotidiano.
Com a liçao de aceitação do AQUI E AGORA compreendida, recebi os livros “O Poder do Agora”, “Despertar de uma Nova Consciência” (Eckhart Tolle ); e, “Efeito Sombra” (Deepack Chopra, Debbie Ford e Marianne Williamson) que finalmente me esclareceram as experiências vivenciadas na UDV dez anos antes.
Um mês depois do workshop com o casal Verboomen, a Sincronicidade entrou novamente em ação: encontrei o terapeuta do Pathwork Gustavo Monteiro no Facebook e iniciamos o meu Trabalho do Caminho que tem sido um farol em minha vida. Ja nao expulso minha sombra com medo, mas a convido para me contar o que necessita. A raiva ainda é uma emoção presente mais tempo do que eu gostaria, mas agora sei que ela vem pra esconder a minha dor. Então, em vez de nega-la ou deitar e rolar na colera, cavo mais fundo pra saber o que esta emoçao esta escondendo. Foi assim que (re)encontrei o Ho’oponopono, técnica de limpeza das emoçoes enviadas pelo amigo Luiz Alberto quatro anos antes. As meditaçoes de Al McAllister têm me guiado para a aceitaçao da energia da abundância e prosperidade em minha vida.
Minha gratidão a Deus/Universo/Vida/Cristo/Eu Superior/Guia/Eva Pierrakos por me enviarem TODAS as repostas que meu espirito (ainda) inquieto necessita. Minha gratidão aos terapeutas Verboomen e Gustavo por me acolherem e me apoiarem na caminhada de aceitação de que minhas luzes e sombras sao parte do meu EU INTEGRAL. E que entre a sombra e a luz, permanecer em equilibrio constante ainda esta muito distante. Por enquanto, vou seguindo a poesia "...a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar" e compreendendo que tudo, tudo messssmo é uma "questao de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coraçao tranquilo."

 “O que quer que este novo dia me traga, vou fazer o meu melhor, de forma amorosa, atenta, a mim e ao outro. E, se eu me desviar, vou rapidamente retornar ao meu melhor, que é o sagrado em mim”.
Monja Coen

Sou grata, sou grata, sou grata. 

 * Patrícia Nascimento Delorme, 40, aprendendo a respirar e a aceitar o aqui e o agora.