Em tempos de ativismo autoral e social, manifestações pelas ruas do mundo e gas lacrimogênio, recebi o link do filme V de Vingança (V for Vendetta), lançado em 2006, mas que nao tinha atraido minha atençao até hoje.
A máscara do protagonista do filme tornou-se um símbolo para os ativistas contrários aos regimes autoritários em todo o mundo, como o grupo hacker Anonymous, Para saber mais: veja o documentario aqui. Isto nao é necessario para o nosso Pathwork de hoje. É somente um adicional para quem tiver tempo ou curiosidade.
Entao, no dia 20 de junho de 2013, impossibilitada de participar das manifestações no Brasil, ja que vivo na França, assisti o filme "V de Vingança" para me conectar com a energia que esta na mensagem e que vem tocando milhares e milhares de consciências no Brasil e mundo afora.
O “Patiework” nao pretende analisar o filme do ponto de vista técnico ou estético. Tampouco politicamente. Isso você pode encontrar em sites de cinema ou de politica, com gente mais especializada no assunto.
Meu objetivo é utilizar o cinema como ferramenta para a Pratica do Caminho ou o nosso Pathwork inspirada na fala de V, personagem do filme: "Os artistas usam a mentira para revelar a verdade, enquanto os políticos usam a mentira para escondê-la."
O Guia do Pathwork explica na palestra 131 que, "é necessario permitir livremente que venha à tona o que tiver de vir, e em seguida, reconhecer que o material que surge se enquadra nesta ou naquela palestra."
Então, esta é a minha proposta. Assista o filme e dê-se liberdade para que suas emoções venham à tona com as imagens e os dialogos. A porta de entrada para o trabalho deve ser os sentimentos que estão bloqueados pelo excesso de racionalismo ou medo de sofrimento. "Sentimento é pensamento que ainda não esta consciente" (Palestra 14).
Em seguida, analise as emoções que o filme trouxe à tona a partir da leitura das palestras que proponho ao longo do texto. Você também pode ler outras palestras que nao recomendei conforme a sua necessidade. Cada um podera mergulhar dentro de si, separar o joio do trigo internamente e queimar o joio em rituais de purificação que você escolher. Eu gosto muito do mantra Ho'oponopono para limpar os sentimentos, pensamentos e crenças que precisam partir.
Mas vamos por partes.
O filme tem varias leituras. A minha é de que, se o mundo exterior é a materialização do mundo interior, segundo os ensinamentos do Guia Pathwork, então, a minha proposta é de que analizemos todas as personagens e situações do filme como forças internas numa mesma pessoa, numa mesma psique constituindo o seu Eu Real, eu inferior, ego, a criança interior, as mascaras, o observador, etc.
V de Vingança (V for Vendetta) sao historias em quadrinhos publicadas entre 1982 e 1983 por Alan Moore e David Lloyd. O filme foi baseado nos quadrinhos, roteirizado pelos irmãos Wachowski, da trilogia Matrix.
O trabalho foi criado num momento histórico no qual a primeira ministra inglesa, Margaret Thatcher, estava implementando o sistema capitalista neoliberal. Ao mesmo tempo o "Socialismo Real" da extinta U.R.S.S. (atual Rússia), estava em total descrédito devido aos horrores do Stalinismo.
Tudo isso analisado à luz das palestras do Guia Pathwork da um caldo maravilhoso!
Vamos la, então.
Comecemos pelas personagens:
1. Evey (Natalie Portman), uma jovem timida, tomada pelo medo e com um passado violento é, no inicio do filme, a nossa criança interior ferida e amedrontada que, ao mergulhar no abismo da ilusão do medo renasce e se torna uma mulher com as forças feminina e masculina integradas numa psique saudavel, a “Loba ou Mulher Selvagem” que vive em harmonia com a intuição (Clarissa Pinkola, no livro "Mulheres que Correm com os Lobos"). Evey, unificada com seu Eu Real concretiza o plano de V no final do filme.
2. V (Hugo Weaving), um anarquista carismático, inteligente, culto, extremamente habilidoso que não teme as forças da construção e da destruição para inspirar as pessoas a lutarem contra a tirania e opressão de seus governantes. Em alguns momentos, V encarna as forças do Eu Real (o Self, Eu Superior ou nossa verdadeira identidade abaixo das mascaras). Em outros, a força masculina (presente na psique de homens e mulheres) simbolizada pela ativação, disciplina, auto-afirmação e autonomia. Você tem duvidas de que o Eu Real utiliza as forças da destruição para o seu desenvolvimento? Pense em cada vez que você vivenciou na sua vida o caos, o aniquilamento e a eliminação de tudo aquilo a que você estava agarrada(o). “A conciência real abomina qualquer espécie de auto-engano. Ela é implacavel quando alguém tenta trapacear a vida usando a consciência artificial e as regras pré-fabricadas como escudo contra o compromisso total” (palestra 116).
3. O Chanceler Adam Sutler (John Hurt) é um personagem que representa as forças de destruição na nossa psique, o predador natural, um misto de eu inferior (palestra 14), a destrutividade do subconsciente imaturo, o carrasco da consciência artificial (palestra 50) e a parede interior (palestra 47). O Guia explica que "A parede interior separa consciente do incosciente e é construida com a substância espiritual, ou seja, o resultado daquilo que pensamos, sentimos e somos. A parede deve ser derrubada para que possa acontecer o renascimento espiritual. Existe o perigo da pessoa ficar na metade do caminho se escondendo atras de uma verdade e ai, fica caminhando em circulos. O subconsciente vai tentar todo tipo de estrategema para impedir o nosso trabalho de penetrar mais fundo na alma e eliminar toda a estagnação."
4. O Inspetor da Polícia Eric Finch (Stephen Rea) dos quadrinhos é muito mais perturbado, menos decidido. O filme também não mostra que sua compreensão sobre V aparece durante uma visão que teve, durante uma viagem de LSD, com a consciência expandida. Podemos interpretar o Inspetor como o nosso ego consciente que esta buscando a Verdade, tateando no escuro, em meio a névoa, tentando integrar as informações que vai descobrindo e fazendo o papel de dialogar com o subconsciente, inconsciente e as forças destrutivas (palestras 132 e 182).
5. Dietrich, chefe de Evey na TV, representa as nossas mascaras. Para ser aceito pela sociedade, o apresentador de um programa na TV esconde que é homossexual. Dietrich diz a frase "Você usa tanto uma mascara que, acaba se esquecendo de quem você é." (palestra 14).
Na minha opinião, o filme tem alguns pontos-chaves para o nosso estudo de hoje:
Primeiro: A rebelião X obediência às autoridades. Como você lida com autoridades interna e externa? Ou com as restrições que sua propria psique lhe impõe ou que outras pessoas impõem a você? Na palestra 46, o Guia revela dois extremos do comportamento humano: a rebelião rigida contra as limitações, de um lado; e a obediência total por medo de ser desprezado, nao pertencer ou nao ser protegido, do outro lado. E entre os dois extremos, as varias gradações.
A personalidade obediente gira em torno do pensamento "se eu obedecer, estarei segura." Quanto mais uma pessoa teme esse seu lado legalista, mais severa ela é consigo quando tenta quebrar as regras, ou com o outro que compreende como vândalo ou rebelde. Seria por isso que a cientista Delia Surridge (Sinéad Cusack) foi tao severa e passou a odiar as pessoas no campo de concentraçao que nao se rebelavam? :)
Seria por isso que as autoridades, em geral, tem dificuldade em compreender a furia daqueles que insiste em nomear de vândalos?
Seria por isso que parte dos jornalistas tornaram-se porta-vozes das forças legalistas que querem manter a ordem de um sistema que ja nao se mantêm às custas da promessa de proteção em detrimento da integridade?
Descubra qual é a sua atitude em relaçao à autoridade (interna e externa) e como ela pode ter influência na sua relaçao com seu Eu Superior, com os outros e com Deus. Você utiliza pseudo-soluções como a agressividade, a submissão ou a indiferença para escapar das limitações impostas por autoridades? Em que oportunidades você se rebela e quando obedece por medo? Que tipos de medos te levam a boicotar a voz do Eu Superior para seguir regras pré-fabricadas da sociedade?
O Guia da a dica: correntes de obstinação estao na psique da pessoa tipo transgressora; correntes do medo, na pessoa tipo legalista; e orgulho, em ambos.
Segundo ponto-chave: A dependência das opiniões alheias (palestra 51 e 57), que nos leva a violentar a alma e a propria consciência para sermos protegidos, aceitos ou vivenciarmos o sentimento de pertencencimento a algo ou a alguém.
A libertação dessa dependência nos leva a interdependência, ou seja, a vivência da autonomia de forma saudavel que inclui o relacionamento com o outro baseado no Amor Real sem a submissão.
Terceiro: O resgate da intuição como cura da psique ferida e portal para o renascimento espiritual; a transição da corrente do não (a separatividade, o odio), para a corrente do sim (a união, a integridade da alma, o amor). Uma vez que alguém esta unido internamente, a união com os outros é consequência.
Na paisagem futurista de uma Inglaterra totalitária, Evey, uma garota aterrorizada por um passado violento, é resgatada de uma situação de vida e morte por um homem mascarado, conhecido apenas como “V”. V leva Evey para seu esconderijo subterrâneo numa alusão à mitologia grega do rapto de Perséfone por Hades.
Nas duas historias, esta explicita a simbologia das principais forças: a riqueza do subsolo (inconsciente) que fornece os alimentos para a nossa transformaçao e faz brotar de seu âmago as sementes (todas as possibilidades que se apresentam, o renascimento, a vida em abundância) para se expressarem no solo (o consciente).
Da primeira vez, Evey é recebida com carinho pelo anfitrião (seu Eu Real), que lhe prepara café da manhã e apresenta obras de arte, musica e cinema para ela. Mas Evey ainda nao esta pronta para abandonar o medo e foge. Vai viver com seu chefe, com quem trabalhava na TV (sua mascara). Vive escondida, apavorada.
Evey é o nosso adulto preso na dor da ferida da infância, no abismo da ilusão (palestra 60).
Porém, essa situação não pode durar. O medo imaginario faz com que a gente atraia situações repetitivas em nossa vida na tentativa de dissolver a imagem/crença central à qual estamos presos. Tudo o que esta petrificado deve ser trazido à tona.
As forças da destrutividade atacam novamente e matam o chefe de Evey numa situação semelhante à morte da sua mãe, reativando, assim, as dores da infância. “Aquilo a que voces viraram as costas precisa ser encarado, sentido, experimentado, entendido, aceito e assimilado para que o que é doentio e irrealista seja eliminado; o que é imaturo, amadureça; as forças saudaveis, mas reprimidas, sejam colocadas nos canais certos para trabalharem a favor de voces (palestra 100).
Clarissa Pinkola, no livro “Mulheres que Correm com os Lobos”, afirma que “parece ser melhor ir (resgatar a intuição) quando se é chamada (ou empurrada), quando se tem alguma impressão de ser capaz de ter agilidade e elasticidade, do que hesitar, resistir, contemporizar, até que as forças psíquicas venham agarrá-la e arrastá-la, ferida e sangrando, por todo o processo de qualquer jeito. Às vezes, não se tem a opção de manter o equilíbrio; mas, quando ela existe, consome menos energia aceitá-la.”
Como Evey resistiu a esta unificação com o Eu Real no primeiro encontro, se apegando à consciência artificial, agora, ela é arrastada pelas forças psiquicas até o fundo de si mesma, onde ha escuridão, dor e ranger de dentes. A primeira coisa que acontece é ver seus cabelos serem cortados, um arquétipo poderoso das raizes, dos condicionamentos, de todas as crenças a que ela se agarrava pra se defender do medo.
As vezes, recebia algumas palavras do seu Eu Real, através das cartas de Valerie, que iam guiando-na rumo à integridade. “A liberdade e a mudança são inseparáveis. A escravidão e a rigidez são igualmente inseparáveis” (palestra Pathwork 227).
Na galeria das sombras de si mesma, do deserto espiritual, Evey faz seu mergulho até o abismo do medo, revive as feridas da infância até se libertar delas. Vence o medo da morte - e portanto, da vida - e renasce. Quando ja nao teme mais a morte e a vida, a ilusão da prisão termina. “Você ja não tem mais medo? Então esta completamente livre”, diz seu torturador.
A parede exterior é dissolvida. Evey pode sair da sua prisão. Mas, ainda falta o teste final para dissolver a parede interior que fez com que a prisão se materializasse: o perdão de si mesma por ter causado tanto sofrimento desnecessario apegada à uma ilusão de defesa, apegada ao medo e todas as suas negatividades. Ainda falta passar pelo portal do renascimento espiritual: a aceitação da imperfeição de si mesma, do proximo e do mundo. Somos perfeitamente imperfeitos. E somente a aceitação dessa Verdade sem distorções e auto-engano pode trazer a paz e a integridade da alma.
(1:22:03) Evey esta com odio. Odio de V ou odio de si mesma? Esse dialogo entre os dois é uma das cenas mais belas que ja vi no cinema sobre a transição da corrente do odio para a corrente do amor.
“Você disse que queria viver sem medo. Gostaria que houvesse um jeito mais facil, mas não havia. Todos os dias eu queria parar, mas cada vez que você se recusava a ceder, eu sabia que nao podia parar. Nao fuja dos seus sentimentos, Evey. Tem fugido a vida toda. Talvez este seja o momento mais importante da sua vida. Entregue-se a ele. Você pensou que a vida era a coisa mais importante mas, descobriu que tinha algo mais importante naquela cela. Tente sentir o que era.”
V a conduz pela grande onda das emoções que Evey precisa deixar para tras, juntamente com as feridas da infância, no momento mais emocionante do filme, na minha opinião. Evey revive a integridade da alma que ja tinha encontrado na cela anteriormente. Integridade que esta acima da vida e da morte. “Se eu quiser falar com Deus tenho que aceitar a dor, tenho que comer o pão que o diabo amassou, tenho que virar um cão, tenho que lamber o chão dos palácios, dos castelos suntuosos do meu sonho, tenho que me ver tristonho, tenho que me achar medonho, e apesar de um mal tamanho, alegrar meu coração”, canta o poeta Gilberto Gil.
Evey consegue passar a onda do odio e descobre a integridade da alma. Os dois sobem até o teto do esconderijo (o consciente) e ela recebe o batismo da agua da chuva, a purificação, a unidade, a integração de todas as partes da sua personalidade.
Se para V o batismo aconteceu com fogo (simbolo da energia masculina), para Evey, o batismo se deu através da agua (simbolo do feminino). Da integração de ambos nasce a força criativa que preenche Evey de coragem para deixar os subterrâneos. “Deus esta na chuva”, ela diz. E eu acrescentaria, “Deus esta na cabeleira da arvores que dançam com o vento.”
Não basta descer até as profundezas de si mesma. É preciso retornar para o cotidiano, o momento presente, e viver melhor cumprindo com o que o psicanalista Carl Jung chamou de "obrigação moral” de sobreviver e de exprimir o que foi aprendido na descida ou na subida até o Self selvagem (V e os subterrâneos). “Isso significa viver aquilo que percebemos. Nossa função é a de mostrar que recebemos esse sopro - demonstrá-lo, divulgá-lo, cantá-lo, vivenciar no mundo aqui em cima o que recebemos através de percepções repentinas. Dispor da semente significa ter o acesso à vida. Conhecer os ciclos da semente significa dançar com a vida, dançar com a morte, dançar de volta à vida.” (Clarissa Pinkola)
Uma historia judia nos conta que numa noite, quatro rabinos receberam a visita de um anjo que os acordou e os levou para a Sétima Abóbada do Sétimo Céu. Ali eles contemplaram a sagrada Roda de Ezequiel. Em algum ponto da descida do Pardes, Paraíso, para a Terra, um rabino,depois de ver tanto esplendor, enlouqueceu e passou a perambular espumando de raiva até o final dos seus dias. O segundo rabino teve uma atitude extremamente cínica. "Ah, eu só sonhei com a Roda de Ezequiel, só isso. Nada aconteceu de verdade!' O terceiro rabino falava incessantemente no que havia visto, demonstrando sua total obsessão. Ele pregava e não parava de falar no projeto da Roda e no que tudo aquilo significava... e dessa forma ele se perdeu e traiu sua fé. O quarto rabino, que era poeta, pegou um papel e uma flauta, sentou-se junto à janela e começou a compor uma canção atrás da outra elogiando a pomba do anoitecer, sua filha no berço e todas as estrelas do céu. E daí em diante ele passou a viver melhor.
As pessoas que estão indo às ruas inspiradas por este renascimento espiritual e pela obrigação moral de viver o que ja percebem podem compreender o universalismo do personagem V. Nao se trata mais de termos um heroi ou lider que va nos salvar. O personagem “defende a necessidade (e não é somente um detalhe) da ação das massas nas transformações. V pretende explodir prédios, mas também incitar o povo a se rebelar contra o governo tirano (interno e externo). Segundo ele, explodir um prédio como o Parlamento é algo simbólico, mas “um símbolo não vale nada se não tiver o povo na rua”. Mesmo que sua principal tática seja essa, por diversas vezes V mostra que a ação isolada é insuficiente. Assim, o atentado proposto por V se diferencia, por exemplo, dos atentados do 11 de setembro de 2001 que, mesmo acertando um importante símbolo do imperialismo não levou a uma mobilização dos trabalhadores e deu mais fôlego a Bush e Blair.” (V de Vingança: Uma Bomba no Sistema)
O personalismo e o individualismo se dissolve por completo na multiplicação das máscaras pela multidão e pela fala de V: "você pode matar um homem, mas não um ideal". Porém, se o individualismo se dissolve na multiplicação das mascaras, torna-se o seu oposto, a individualização, logo em seguida, quando as pessoas começam a retirar as mascaras.
O individualismo é uma corrente egoista que nos leva à separatividade e a nos agarrarmos a algo ou alguém quando seria melhor nos afastarmos. A individualidade é a corrente que fortalece a autorresponsabilidade e a interdependência e nos leva à vidas criativas, a relacionamentos significativos e profundos, à libertação das forças predatorias.
Eis aqui a mensagem poderosa do filme que se torna uma realidade nas ruas do mundo atualmente: SOMOS TODOS UM MAS, SOMOS UNICOS NA NOSSA INDIVIDUALIDADE. "Ele era Edmont Dantes, era meu pai, minha mãe, meu irmão, meu amigo. Ele era eu, era você, era todos nós”, diz Evey no final do filme enquanto as pessoas retiram as mascaras durante os fogos de artificio, uma representaçao da energia do amor que implode a torre com o relogio (representação do tempo) e o prédio do parlamento, palavra que tem raiz em "parlar" (representação do espaço e do pensamento compulsivo, o falatorio da mente).
Estamos em 2013, as pessoas estão nas ruas, cada um com seus motivos, e algumas delas pra afirmar que não aceitam mais governos totalitarios em troca de proteção, num sinal explicito de que preferem fazer parte das decisões e arcar com as consequências disso. “Quando uma entidade (individual ou o planeta) está pronta para uma alternância, quando o seu desenvolvimento se aproxima do ponto de mudança, existem sempre novas e fortes energias liberadas no planeta a partir de esferas superiores. Isso se manifesta no plano interior como um poderoso movimento...” (palestra Pathwork 225)
“O planeta Terra chegou a uma etapa do desenvolvimento em que a velha estrutura já não pode ser mantida. O planeta não pode suportar as tensões e restrições da velha e limitada consciência. É preciso adquirir uma nova visão na qual tudo é um, na qual o eu e os outros são percebidos como um só. Precisam procurar essa nova visão por baixo da visão limitada à qual a consciência imediata está tão acostumada. ...Se houver disposição em renunciar à atitude velha, obsoleta, e adotar uma atitude nova, mais apropriada, a crise dolorosa e a destruição são desnecessárias. A mudança ocorre da maneira mais natural, harmoniosa e bonita... Esta mudança acontecerá, 1º, pela compreensão de que suas velhas respostas são um reflexo condicionado criado para servir a um modo menor de funcionamento na vida; 2º, pelo questionamento desse reflexo e do significado por trás dele; e finalmente, mas igualmente importante (e este é o tema básico da palestra desta noite), pela escolha do amor, em lugar da separatividade, como sua forma de estar no mundo” (palestra Pathwork 202).
"... se uma única pessoa se desenvolve, se realmente faz tudo que está a seu alcance, ela não está apenas ajudando a si mesma, mas contribui com o mais valioso poder cósmico para um grande reservatório que acabará tendo um efeito decisivo e se espalhará consideravelmente, mesmo que a própria pessoa em questão não chegue nem a observar uma parte desse efeito. Talvez ela veja alguma coisa em seu ambiente imediato: como, por causa de repente, também seus semelhantes começam a mudar um pouquinho. Mas a pessoa não vai saber, enquanto estiver na terra, como é imenso o efeito do menor dos esforços nessa direção. Nenhum esforço desses é em vão, meus amigos! É como se vocês jogassem uma pedra num lago de águas calmas. Formam-se anéis e mais anéis, que vão tão longe que os olhos não podem acompanhar – mas eles estão lá. Se uma pessoa supera uma única fraqueza, isso constitui a melhor ajuda nesse grande plano de salvação" (palestra Pathwork 021).
"Nao é carnaval, é uma causa social."
No dia 22 de junho, participei de uma manifestação, em Lyon, na França, para apoiar as manifestações brasileiras e o Movimento do Passe Livre. Manifestantes brasileiros descontentes com o rotulo brasileiro de "samba-futebol-mulher pelada" aqui na Europa, receberam um grupo de percussão que foram dar sua contribuiçao para a manifestação aos brados de "nao é carnaval, é uma causa social." Houve um certo impasse, ninguém sabia muito bem o que fazer. O grupo de percussao tocou durante uns 10 minutos e a manif começou realmente a ficar com cara de carnaval. Manifestantes bateram em retirada para o outro lado da praça com a palavra de ordem "Nao é carnaval, é uma causa social." Percussionistas compreenderam a mensagem e retornaram para a festa do vinho, onde estavam trabalhando. Penso que a rejeição dos manifestantes ao sambão nao é um sinal de intolerância e rigidez mas, estava relacionado com uma tentativa de libertação do rotulo de que "o Brasil nao é um pais sério." Estamos cansados de não sermos levados a sério. O pais do carnaval tem uma mensagem politica clara e quer ser ouvido para além da percussão. Video:
Entretanto, como diz o personagem V, "uma revolução que não tem dança não é uma revolução que valha à pena." Eu sai da manifestação com uma ponta de vazio causada pela energia da separatividade e da exclusão. Ali, naquela manifestaçao, ficou claro que são poucas as pessoas que querem transcender os muros de si mesma e do mundo para o dialogo interno e externo. Avancemos na Paz!
Enfim, somos muitos, somos diferentes e cada um da o que tem...
Leituras indicadas:
Palestras Pathwork, aqui.
Mulheres que Correm com os Lobos, aqui.
Ho’oponopono, aqui.
Audio/reflexão "Pensador Compulsivo" sugerida (imperdivel) aqui.
Pra nadar em aguas mais profundas sobre o tema:
"Nao Temas o Mal", Eva Pierrakos, Fundação Pathwork.
* Patrícia Nascimento Delorme, 41 anos, aprendendo a dar espaço e a acolher todos os meus eus (e os eus dos outros) e em plena transição da corrente do não para a corrente do sim.