Este blog é fruto da minha necessidade de compartilhar com você o caminho exterior-horizontal paralelo ao interior-vertical que tenho percorrido no meu destino de peregrina. "Vâmo chega, a casa é sua, pode entrar, meus braços vao te abraçar, ha tanto pra plantar por aqui." (Renato Teixeira)
Sou filha de nordestino emigrante, o baiano José Rodrigues de Souza, caminhoneiro que cruzou a Amazônia nas estradas que a sangraram nos anos 70. Morei em Rondônia entre 1976 e 1980. Brinquei com crianças indigenas nativas, crianças caboclas e japonesas, filhos e filhas dos nordestinos e japoneses que, assim como meus pais, entraram na floresta atraidos pelas promessas governamentais de trabalho e riqueza. Vi a mata sendo derrubada e queimada ao meu redor. Cantava o hino brasileiro em posiçao de sentido na escola, em frente à bandeira nacional e nao fazia nenhuma idéia de que participava, naquele momento da minha vida, do processo de colonizaçao da amazônia brasileira promovido pela ditadura militar. Ao votar no PT desde 1989, eu, a filha de um caminhoneiro nordestino que votava no Collor, acreditava que estava rompendo com uma visao desenvolvimentista, colonialista e atrasada da qual fiz parte na infância. E agora, o PT, no poder, nos remete à mesma visao ultrapassada e torpe de desenvolvimento da naçao. Que tristeza ver o passado vencer!
No video abaixo, seu Sebastião Pereira, agricultor nordestino de Arapiraca, que emigrou para Volta Grande do Xingu, relata a expulsao à força de sua terra pela Norte Energia, empresa construtora da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. "Me sinto um homem perdido. Um homem sem valor".
Entrevistas imperdiveis sobre Belo Monte:
O procurador da República Felício Pontes Jr., juntamente com um grupo de procuradores no Pará, já entrou com 11 ações contra a hidrelétrica. Felício costuma escrever seus argumentos durante as madrugadas, tempo de silêncio em que a escrita, assim como a indignação, fluem melhor. E parece estar perturbando a Norte Energia S.A. (NESA), o consórcio responsável pela construção da usina, que em maio pediu seu afastamento ao Conselho Nacional do Ministério Público, por causa do seu blog Belo Monte de Violências. Em vez de responder às dúvidas e críticas expostas no blog, que vale a pena ser lido, o consórcio preferiu calar seu autor. Não conseguiu.
Antonia Melo é uma mulher forte, reta. O Brasil não sabe, porque ela vive bem longe do poder central, mas todos nós temos uma dívida histórica com Antonia que há décadas luta pelos direitos humanos e pelo desenvolvimento sustentável em uma das regiões mais conflagradas da Amazônia. Hoje, Antonia é uma das principais vozes contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte – a maior e mais controversa obra do PAC. É neste ponto que a história de Antonia Melo cruza com a de Dilma Rousseff, que mesmo antes de ser presidente era chamada por Lula de “mãe do PAC”. http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2011/09/devemos-ter-medo-de-dilma-dinamite.html
Este video nos mostra de forma divertida o despreparo das escolas no mundo para educar as pessoas para os novos desafios da humanidade e como essas instituiçoes castram o espirito criativo num sistema que foi pensado para atender as necessidades da revoluçao industrial. O video "Changing Education Paradigms" foi criado pela empresa inglesa RSA Animate sobre a palestra do escritor especializado em educaçao Ken Robinson. (Legendado em portugues.)
Encontrei este video na internet procurando informaçoes sobre TDA (Transtorno Deficit de Atençao) porque a professora do Luka me disse que eu devo procurar um profissional para tratar meu filho desse transtorno. O Luka, a minha versao do Calvin (a tirinha do desenhista norte-americano Bill Watterson), é um garoto extremamente criativo, alegre e amoroso que tem uma "certa" dificuldade em se concentrar em assuntos que sao expostos de maneira enfadonha.
Pra ver um resumo em português da palestra, caso você nao entenda inglês, a revista Trip fez uns slides bem legais que retratam claramente o tema.
O que mais me chama a atençao na palestra do sr. Robinson é que ele defende que nao existe uma epidemia de TDA nas escolas, mas que as escolas estao anestesiando as crianças para que se adaptem a um sistema educacional ultrapassado e criado para atender as necessidades da revoluçao industrial!!!!
E mais! Que as escolas matam o espirito criativo de nossos filhos!
Nao somente de nossos filhos! Mas a de qualquer ser humano que se aventure a retornar aos estudos na idade madura.
Estou tendo aulas do mestrado aqui na França com uma professora de Portugal que parece ter saido do sarcófago pra preparar as nossas aulas. Ela consegue aplicar item por item do que o sr. Robinson defende ser inceitavel no sistema educativo: a castraçao da genialidade e da individualidade de um estudante!!!
Segundo o dicionario Houaiss, sarcófago é "um túmulo feito de uma variedade de pedra que se supunha ter a propriedade de consumir as carnes, e onde os antigos colocavam os cadáveres que não queriam incinerar." Dai, a minha suposiçao de que a minha atual professora saiu de um sarcófago, onde teve a sua criatividade devorada la dentro e quer fazer o mesmo com seus alunos.
Depois de espernear, prefiro bater em retirada a me deixar castrar em um silêncio conformado!
O que me preocupa agora é como ajudar o meu filho a passar por este sarcófago obrigatório sem ter sua criatividade e curiosidade suprimidas, anuladas, caladas...
As liçoes estarao a minha volta e a Lei da Sincronicidade me ajudara a educar o meu filho para compreender e interagir com a 4a. dimensao, mesmo frequentando escolas que ainda estejam com a visao de 3a. dimensao.
Encontrei aqui alguns videos que estao me inspirando para guiar meu filho. Educaçao Proibida esta legendado.
Este texto da sempre tao lucida jornalista Eliane Brum sobre a responsabilidade dos pais para escutar e compreender verdadeiramente o que o filho ou filha esta dizendo. Brum escreve sabiamente: "Se a dor é inerente à vida, ela necessariamente não é algo ruim, mas algo que nos impele a buscar um jeito de viver que faça mais sentido para nós. Se a confusão pode ser infernal no cotidiano, com todas as dúvidas que ela traz, não há co...mo achar algo ou a si mesmo sem ela, para em seguida nos perdermos de novo, porque é assim que alcançamos outros mundos também dentro de nós. A angústia não deve ser silenciada, mas ouvida, porque está nos dizendo algo que nos diz respeito. E, se você for pai ou mãe, é sua a responsabilidade de lidar com as questões trazidas por seus filhos, sejam em forma de palavras, de gestos ou de comportamento. É sua – e não dos médicos – desde que você escolheu ser pai ou mãe – e até que suas crianças progressivamente assumam a responsabilidade pelos rumos da própria vida. E, acredite, a melhor forma de lidar ainda começa por escutar. Escutar de verdade."
Como diz Bruna Lombardi, 59 anos, maravilhosamente bela e criativa, "escola deve ser inspiradora, estimular a imaginação, a criatividade e não a repetição, os testes de memória. Educação é amor, amor que se estende a tudo, não só a teu filho ou família. A vida é uma longa lição de humanidade, e a descoberta do amor faz parte disso."
E pra finalizar, um depoimento do jornalista Gilberto Dimestein que vai me inspirar a buscar formas de educar o Luka pra que ele nunca perca a capacidade de fazer perguntas: “... o que realmente importa é o que vale desde sempre: ter conversas de qualidade... é alcançar realmente o outro. O melhor dessa história toda é uma coisa muito brega, de um ‘filósofo’ chamado Odair José, compositor popular brasileiro: ‘O importante é o verdadeiro amor’. O importante é contar uma história que toque o coração do outro. E aí começamos a interagir. Pode ser pelo Facebook, por meio de um videozinho, filme de 5 ou de 500 milhões de dólares, tudo bem. Mas também pode ser uma conversa.”
“... O que a pessoa leva para o resto de sua vida é o que lhe toca o coração... Se conseguirmos deixar as pessoas motivadas, num estado de paixão, de prazer com o que elas estão fazendo, o tempo fica muito mais gostoso.”
“... você encontra sentido não só na diversão, mas naquilo que emociona por ter aberto uma possibilidade. Seus aprendizados são motivados pelas emoções. Por isso talvez a educação seja difícil hoje: se não conseguir emocionar de alguma maneira a pessoa, não há aprendizado. Porque a palavra emoção, no latim, significa mover, é o que move”.
Assim, inspiradissima, espero mover-me sempre dentro da mistica "dos olhos abertos e das maos operosas", como escreveu Leonardo Boff, para ser um canal do Universo na boa educaçao do meu filho e de quem mais eu puder contribuir.
* Patrícia Nascimento Delorme, 39, sem identidade no momento e fazendo reflexoes sobre o estrago que a educaçao escolar fez na minha criatividade e capacidade de criar com arte.
Lans-en-Vercors/França, 28 de agosto de 2011. Verao. Céu azul, claro, clarissimo. 24 °C.
Ja aprendi, beirando os 40 anos, que quando vejo ou leio algo e as lagrimas brotam é porque estou diante de uma grandeza que meu inconsciente ja compreende, mas o consciente, nao. Ao ver a entrevista da historiadora Riane Eisler, as lagrimas rolaram...
"Considerado por Ashley Montagu, antropólogo da Universidade de Princeton, como o livro mais importante desde A Origem das Espécies de Darwin, "O Cálice e a Espada" junta descobertas arqueológicas recentes com testemunhos oriundos da arte, da antropologia, da sociologia, da política e da economia para fazer revelações espantosas sobre o passado da humanidade - com implicações que podem revelar-se cruciais para o nosso futuro.
"Alguns livros são como revelaçõe: eles abrem o espírito a possibilidades inimagináveis. O Cálice e a Espada é um desses magníficos livros-chave dotados da capacidade de nos transformar e desencadear mudanças fundamentais no mundo. Com a mais apaixonada eloquência, Riane Eisler prova que o sonho da paz não é uma utopia impossível". Isabel Allende, autora de A Casa dos Espíritos."
Os livros "O Calice e a Espada", "O Poder do Agora", "O Efeito Sombra" e as palestras do Pathwork abriram o meu espirito para essas possibilidades inimagináveis. Uma das coisas que a historiadora Riane Eisler diz no video que é extremamente importante e que me diz respeito diretamente:
"o mundo nao da valor às pessoas que cuidam de alguém."
Quando eu era jornalista e trabalhava na tv campo grande fazendo um jornaleco de meia tigela e nao tinha nem metade da consciência que tenho hoje, minha familia e amigos me olhavam com olhos de respeito. Agora, que estou em casa cuidando do Luka, nao percebo o mesmo respeito daquela época por parte da maioria, inclusive de mim mesma!
Todos à minha volta me perguntam, logo depois do nome, se eu ja encontrei um trabalho na França. Antes, fazia voltas pra responder. Tentava encontrar razoes. Agora, sou curta e grossa: "tenho muito trabalho em casa. nao preciso arrumar mais trabalho fora."
é assim... por isso, nos, mulheres, estamos em crise.
Porque também acreditamos que cuidar de alguém e contribuir decisivamente na construçao de um ser humano é muito pouco. Somente o trabalho fora de casa vale à pena.
Esses valores sao internalizados, arraigados, numa gaveta profunda do inconsciente que faz com que seguer nos permitamos sentir a realizaçao por estar "apenas" cuidando de filho.
Deus permita que eu possa desenvolver plenamente a minha dimensao "Calice" com o espirito em paz para cuidar, nutrir, absorver, receber...
Com esperanças de encontrar a integridade em todo tipo de trabalho e de que minhas lagrimas fecundem muito chao pela estrada.
* Patrícia Nascimento Delorme, 39, mãe do Luka, terapeuta de reiki e jornalista. Seu e-mail: patienascimento@hotmail.com
