quinta-feira, julho 17, 2008

Toró de Parpite nr. 10A. Rita Lee e as árvores.




Toró nr. 10A. Zurique, 25 de abril de 2001. Primavera Frio!! Chuva!! Quarta-feira


APRENDIZAGEM - André Forastieri, diretor da Conrad Editora, aprendeu com Paulo Freire que, educação tem que ser feita em cima da vida, dos interesses, sonhos e necessidades de cada um; que ninguém ensina nada, a gente é que aprende ou não; e que educação é uma ferramenta para você descobrir qual é o seu lugar no mundo; descobrir quem está te ferrando e reagir.“

Amei! E acrescentaria: não importa o quanto você se esforce para ser humano, sempre vai aparecer um outro que te interpretará mal e te fará se sentir o pior dos micróbios. Não dê importância. Se você realmente estiver no caminho para se tornar um ser humano legal, vai compreender que perder a cabeça é descer no nível de quem te sacaneou. E perder de 1x0 é mal, mas empatar o jogo, neste caso, é pior ainda...

AINDA NO TEMA APRENDIZAGEM - Rita Lee ataca de cronista em Londres. Olha a pérola: „Eu cá com os meus botões existenciais ando pensando muito sobre felicidade, afinal não seria a própria que buscamos atingir com mais frequência nesta vida? Pois é, desconfio que há algo de „gauche“ nela, como se a humanidade não tivesse sido programada direito para gozá-la.
Freud explica que nós não obtemos realmente FELICIDADE no prazer e sim na ausência de sofrimento, que damos um duro danado para que o mundo exterior não nos ameace; que o simples fato de poder se abrigar do frio geraria uma felicidade muito mais consistente do que tomar sorvete! Algumas religiões explicam que quanto menos desejos tivermos mais felizes seremos, que a vida material é mera ilusão, que bacana mesmo é depois da morte.
Outras afirmam que o sofrimento da matéria é necessário para o engrandecimento do espírito, ou seja, se quisermos chegar ao famoso nirvana tratemos de engolir o sofrimento feito néctar dos deuses.
Encontrei um pensamento bastante interessante de Heine sobre a dificuldade que existe em praticar o „Amarás o teu próximo como a ti mesmo“ como estratégia para alcançar a FELICIDADE superior. Para ele o certo mesmo seria „Amarás o teu próximo como o próximo te ama“ e explica porque: „Minha disposição é a mais pacífica. Os meus desejos são uma humilde cabana com um teto de palha, mas boa cama, boa comida, flores em minha janela e algumasbelas árvores em frente de minha porta, e se Deus quiser tornar completa minha felicidade, me concederá a alegria de ver seis ou sete de meus inimigos enforcados nessas árvores. Antes da morte deles, eu, tocado em meu coração, lhes perdoarei todo o mal que em vida me fizeram. Deve-se, é verdade, perdoar os inimigos...mas não antes de terem sido enforcados.“

Apesar de achar o texto e-n-g-r-a-ç-a-d-í-s-s-i-m-o, eu cá com os meus parpites prefiro acreditar que Deus premia àqueles que aprenderam o valor do perdão com a exterminação do cordão umbilical-emocional-mental- que nos ata às personas non gratas (eu que o diga!). Afinal de contas, a gente faz um baita esforço pra esquecer as pendengas que fizemos e nos fizeram e fica tudo por isso mesmo? Não, não. Eu prefiro acreditar que existe mesmo uma libertação emocional. O I-Ching descreve essa lição dolorida com uma figura: pra se fazer comida nova é preciso limpar a vasilha.

MUDANDO DE ASSUNTO PARA CONTINUAR NO MESMO:

1. Que tipo de felicidade você busca?
2. Sua felicidade está mais para se abrigar do frio ou para curtir o sorvete?
3. Felicidade é não ter desejos, é saciá-los, é domá-los, é o quê?

Eu tenho os meus parpites e os escrevi neste mesmo blog no Toró 10B.

TOSTINES - Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece? Ou será que o mestre DESAPARECE quando o discípulo esta pronto?

TERRA À VISTA - Esta é uma tentativa de passar dicas úteis e inúteis a quem está de malas prontas. Começo „colando“ um texto do publicitário Ricardo Freire, que diz tudo o que eu sempre quis e nunca tive coragem. hehehe.

“Quanto você paga para não ficar num hotel cheio de brasileiros em Nova York?
Sim, esta é uma matéria elitista. Sim, esta é uma matéria politicamente incorreta. Mas quem viajou ao exterior e nunca se sentiu incomodado com a presença de compatriotas ao seu redor, que atire a primeira bagagem de mão. Quem nunca baixou o tom de voz ao ouvir alguém falando português, pode virar a página. Quem nunca fingiu ser sueco, saudita ou zulu ao passar por um grupo carregando bolsas brancas com o logotipo de agências de turismo brazucas, que se candidate a vereador nas próximas eleições.
Estamos agindo certo? Claro que não: nossos grupos de turistas não são melhores nem piores do que grupos de turistas de nenhuma outra nacionalidade, sejam eles japoneses, alemães ou americanos. Vamos mudar? Dificilmente -- pelo menos enquanto "o povo brasileiro" for uma figura de retórica sempre usada para descrever os "outros" brasileiros, e nunca "nós".
Somos assim por vários motivos. Porque sofremos de complexo de inferioridade nacional, e sentimos vergonha alheia (antes mesmo que alguém faça alguma coisa que possa nos envergonhar) . Porque viajar, até há pouco, era um símbolo de status, um privilégio de meia-dúzia de abonados, e a democratização do turismo incomoda. E porque, ora bolas, conviver com brasileiros de manhã, à tarde e à noite realmente corta o barato de quem quer se sentir verdadeiramente no "estrangeiro".

hahaha. Ele não é ótimo? Não perca: no próximo Toró, o veneno, digo, as dicas que eu mesma testei na pele e na raça.

MEMÓRIAS - Dia desses perguntei a um brasileiro que está indo para o nosso país: - Quanto tempo voce vai ficar no Brasil? E ele respondeu firme: "- Eu????? Vou passar o resto da minha vida"!!!!!! hahahaha.

LEIA - O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Zimler. Deu pra ter uma noçãozinha básica do que o pessoal que sujou a barra do cristianismo fez com os judeus que viviam em Portugal e Espanha em 1492. De quebra, deu pra entender um pouquinho a cabeça dos judeus. Segundo Ziemler, talvez os judeus devam ter sempre preparada, pelo menos, uma mala. Acho que minhas memórias judaicas de outras vidas ainda falam muito alto...

O personagem principal, o cabalista, arremata: „Poderá a perfeita concordância das íntimas partes de um casal tornar-se um símbolo do acordo espriritual? Olhei para ela e pensei: É esta a mulher a quem me vou entregar. E assim foi. Mais que os meus manuscritos, mais que os meus estudos da Cabala, considero que a plenitude da minha vida foi o que lhe dei, a ela e aos meus filhos. Nem sempre foi bom, nem sequer o bastante, mas ofereci o que tinha sem qualquer máscara.“

AAAAAAAAHHHHHH! Que lindo!!!!!! Quero poder dizer isso aos 60 anos de idade ao homem que conviver comigo até lá.


ANTES DOS FINALMENTE - inspirada na viagem à Espanha, onde (re)vi o espataculoso Alhambra e a "zen-mesquita" em Cordoba, descolei um texto árabe de autor desconhecido por mim.










„... um dia um homem bateu à porta do Bem Amado (Deus). Ele, lá de dentro lhe perguntou: - Quem bate à minha porta? Prontamente o homem respondeu: - Sou eu meu Bem Amado. E o Bem Amado respondeu: - Vai embora que não é hora de entrar. O homem viajou por desertos escaldantes onde foi queimado pelo fogo do tempo. Depois de sofrer com essa viagem o homem voltou e bateu novamente à porta do Bem Amado. Ele, lá de dentro perguntou:- Quem bate à minha porta? E o homem respondeu: - És tu! E o Bem Amado lhe disse: - Então entra, pois que já me encontrastes dentro de ti.“


MÚSICA DA VEZ - Hora do Clarão - Almir Sater/Renato Teixeira

Se esse mundo é nosso Pai
O tempo é a magia que nos mostra a direção sem medo nem poesia
Viver é nossa alegria
Seguir é nossa missão
E tudo se resume estar aqui um dia
Noutro dia não
Ana Raio e Zé Trovão
Mulher e valentia
Um conhece a direção
A outra a estrela guia
Um caminha pela luz
A outra de alumia
São as cores do destino que os diferencia
Pensar só nos traz alegria
Saber já é outra questão
SOMENTE QUANDO SONHA O HOMEM VAI AO CÉU
E O RESTO É PELO CHÃO

Ana Raia e Zé Trovão

Por hoje é só pessoal!
Um graaaande abraço e inté!

Patie
* Patricia Nascimento Delorme, tinha 29 anos quando escreveu este texto, ja era jornalista e acreditava que ia passar o resto da vida no Brasil. Seu e-mail: patienascimento@hotmail.com

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