domingo, fevereiro 28, 2010

Liberdade de Imprensa x Libertinagem de Imprensa.

Toró de Parpite nr. 64 . Rémire-Guiana Francesa, 28 de fevereiro de 2010.

Liberdade de Imprensa x Libertinagem de Imprensa


O jornalista norte-americano Edward Murrow criou o que hoje nos conhecemos como editorial pra se posicionar contra o que ele acreditava ser uma ameaça aos direitos humanos, no caso, as açoes terroristas do senador Joseph McCarthy.

O que as corporaçoes brasileiras de midia fazem atualmente é muito diferente e perverso. Colocam escancaradamente e sem pudor na boca "da sociedade" as causas que essas mesmas corporaçoes defendem. Prestam um desserviço à população, pois excluem informações importantes para a compreensão de temas relevantes à democracia e à sociedade braileira.

Ora, pra ser a favor ou contra algo é precio conhecer, ter informaçoes imparciais e a partir dai, tomar a sua decisao pessoal.

A materia que vi na tv sobre o polêmico Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-III) e o Decreto 7.037 (que agora me foge o canal e o telejornal) entrevistou um jurista totalmente contrario ao Plano e ninguem mais.

Sou jornalista e como todo profissional de audiovisual sei da importancia da ediçao das imagens.
Na matéria em questao, enquanto o "jornalista" narra no off o texto sobre "fazendas improdutivas", as imagens mostram trabalhadores colhendo alface numa horta e depois um trator num campo...

Isso nao é nem editorial e nem reportagem; é falta de vergonha na cara pra fazer um jornalismo sério.

Liberdade de imprensa nao pode ser confundido com libertinagem de imprensa.

A imprensa brasileira, com raras exceçoes, vivencia hoje a libertinagem de imprensa num clima de Vale Tudo!

Nao se trata aqui de defender o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-III) e suas possiveis censuras à liberdade de imprensa, até porque nem tenho informaçoes suficientes para ser contra ou a favor.

Defendo o meu DIREITO de ter informaçoes imparciais para tomar a minha decisao de ser contra ou a favor!

O exemplo de Edward Murrow precisa mesmo inspirar as novas geraçoes de profissionais da midia brasileira ou a Historia nos cobrara um preço muito alto!

Leia abaixo pequena analise feito pelo Observatrio da Imprensa sobre a cobertura da midia no caso do Decreto 7.037. Pra dar uma ideia do que estou falando...


DIREITOS HUMANOS
TVs fazem antijornalismo


Por Gibran Lachowski em 26/1/2010

A cobertura das emissoras de TV Globo, Record, Bandeirantes e SBT sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-III) é falha por não ouvir o "outro lado" e não informar à sociedade qual foi o processo de elaboração do referido documento. É o que se constatou em acompanhamento noticioso entre os dias 12 e 15 de janeiro deste ano.

Tais pressupostos deveriam ser elementares na prática profissional, como garante, por exemplo, o Código de Ética do Jornalista (do artigo 1º ao 5º, referentes ao direito à informação; do 7º e do 9º, relativos à conduta profissional do jornalista). O código pode ser visto aqui.

As TVs deram espaço para a Abra (Associação Brasileira de Radiodifusores), Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), integrante da OAB (Ordem dos Advogados) de São Paulo, jurista, políticos do DEM e alguns parlamentares do governo, todos contrários ao plano.

Trataram o documento como obra exclusiva da atual gestão do governo federal, omitindo que o decreto 7.037, de 21 de dezembro de 2009, referente aos Direitos Humanos, é resultado de um processo de discussão de dois anos. Os debates envolveram a sociedade civil organizada, os poderes executivo e legislativo, totalizando a participação direta de 14 mil pessoas em vários estados do país.

A base do documento são as resoluções da 11ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos, realizada no fim do ano passado, e propostas aprovadas nas mais de 50 conferências nacionais temáticas promovidas desde 2003. Entre elas, a de Educação, Saúde, Habitação, Igualdade Racial, Direitos da Mulher, Juventude, Crianças e Adolescentes, Pessoas com Deficiência.


Entidades não ouvidas

Para cada matéria veiculada, portanto, não bastaria tentar ouvir o executivo (que preferiu não falar, na maioria das vezes). O correto, para escutar o outro lado, seria entrevistar integrantes das entidades que participaram da construção do plano. Aí, as emissoras poderiam explicar à sociedade os argumentos favoráveis à criação de mecanismos de controle social da mídia, à garantia de direitos trabalhistas às prostitutas e à discriminalização do aborto.

Também teriam condições de compreender e apresentar os motivos da defesa da criação da Comissão da Verdade (para apurar crimes cometidos contra os direitos humanos na ditadura) e de comissões de diálogo para resolver ocupações de terra antes que tais situações sejam encaminhadas ao judiciário. Isso para ficar nos temas evidenciados pela mídia comercial em relação ao documento, que possui centenas de proposições. Acesse o texto completo aqui.

Por que as emissoras não ouviram entidades como o Movimento Nacional de Direitos Humanos, MST, Movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros, Associação Nacional das ONGs, Conselho Federal de Psicologia, Associação dos Magistrados Brasileiros, Organização de Mulheres Negras? Essas e dezenas de outras participaram da elaboração do documento.

Clique aqui e veja os posicionamentos de entidades da sociedade civil que não tiveram espaço nas emissoras.



Sem profissionalismo e ética

Além da presidência da República, 28 ministérios assinaram o decreto, demonstrando concordância com seu conteúdo, mas por que as emissoras informaram apenas as posições contrárias de dois (Defesa e Agricultura)? Registra-se ainda que a Secretaria Especial de Direitos Humanos contestou a postura do Ministério da Agricultura, expondo que o órgão não poderia ser contra o plano, pois participou de sua elaboração. Isso também não repercutiu nas emissoras. Veja aqui a notícia omitida.

A cobertura das emissoras foi um exemplo de antijornalismo. Supervalorizou as vozes contrárias ao plano e omitiu as favoráveis. Isso evitou o debate democrático e provocou um desserviço à população, pois excluiu informações importantes para a compreensão do tema. Sem profissionalismo e ética, as TVs fizeram o pior neste caso: roubaram da população o direito de conhecer o assunto de forma ampla, para daí escolher o que pensar ou formar uma posição crítica.


http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=574CID004
http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5519&Itemid=1
http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5499&Itemid=1



* Patrícia Nascimento Delorme, 38, mãe do Luka, jornalista, fotografa e terapeuta de Reiki. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário