Edward Murrow
O cartaz do filme com a frase de Murrow: "Nos nao viveremos com medo um dos outros."
O senador e seus filhotes
Toró nr. 63. Rémire-Guiana Francesa, 26 de fevereiro de 2010.
O jornalismo que resgata.
Nos anos 50, o senador norte-americano Josehp McCarthy comandou uma caça às bruxas nos Estados Unidos "levando à fogueira" suspeitos ou simpatizantes do comunismo.
Eram comuns as delações provocadas pelo clima de histeria causado por McCarthy e sua turminha, os macartistas.
Pessoas da mídia, do cinema, do governo e do exército foram acusadas de espionagem sem provas.
Muitas pessoas tiveram suas vidas destruídas pelos macartistas, inclusive com muitos casos de suicídio entre jornalistas e artistas.
Por isso, esse periodo da historia dos EUA ficou conhecido como o "Terror vermelho" (Red Scare) , Macartismo ou ainda "Caça às Bruxas", numa alusão aos simulacros de processos que sofreram as mulheres acusadas de bruxaria durante a Idade Média e parte da Idade moderna.
O termo "Macartismo" é desde então sinônimo de atividades governamentais antidemocráticas, visando a reduzir significativamente a expressão de opiniões políticas ou sociais julgadas desfavoráveis, limitando para isso os direitos civis sob pretexto de "segurança nacional".
Essa politica do terror instaurada por este senador teria consequencias sinistras em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Em 1953, o jornalista norte-americano Edward Murrow decide tomar partido contra o terror instaurado pelo senador e cria o jornalismo editorial. Murrow e sua equipe produzem uma série de reportagens para a CBS que levam o senador Joseph McCarthy à decadência, assim como a reversão de parte das perseguições políticas que o senador provocou sem provas.
Mas nao foi so isso!
Edward Murrow foi o primeiro jornalista a produzir reportagens sobre o cigarro e o câncer (e morreria em 1965, aos 57 anos, de câncer no pulmao provocado pelos 65 cigarros que ele fumava diariamente).
Num discurso em 1958, Murrow sugere que a tv norte americana troque programas de entretenimento por analise sobre a educaçao e a politica dos EUA no Oriente Médio!!!!!!!!
Que visao!
Em 2004, essa historia foi retratada em preto e branco com uma fotografia belissima e falas inteligentes no filme "Boa Noite, Boa Sorte", do ator-diretor-sexysimbol George Clooney (ahhhhhhhhhh!!!! hahahahaha).
Alias, as falas do filme sao transcriçoes exatas dos programas "See it now", de Edward Murrow.
O genial diretor George Clooney espera que o flme possa inspirar as novas geraçoes de jornalistas mundo afora.
Curiosidade: 20% dos norte-americanos da platéia de teste do filme nao sabiam quem era o senador McCarthy!
Assustador...
Bom, se o filme nao é recente porque escrevo sobre ele?
Porque é aula de jornalismo das boas e inspiraçao para jornalistas que perderam a paixao pela profissao. Assista e me escreva!
Abaixo, a transcriçao exata do discurso (mais atual do que nunca) de Edward Murrow, em 1958, sobre o futuro da televisao! Um profeta!
"O que vou dizer agora nao deve agradar a ninguem.
No fim, algumas pessoas talvez acusem este reporter de cuspir no proprio prato e a organizaçao talvez seja acusada de acolher idéias hereges, perigosas.
Mas a complexa estrutura das redes de tv, publicidade e patrocinadoras nao sera abalada ou alterada.é meu dever usar de certa franqueza para falar com voces, mensageiros, sobre O QUE ESTA ACONTECENDO NO RADIO E NA TELEVISAO.
A nossa historia é resultado de nossos atos.
Se houver historiadores daqui 50 ou 100 anos que tenham interesse em analisar o material produzido pelas três emissoras atuais, havera provas em preto e branco e e cores, da dacadência, alienaçao e falta de cobertura da realidade que vivemos.
Atualmente, somos ricos, gordos, seguros e complacentes.
Somos inclinados a evitar informaçoes desagradaveis e perturbadoras.
A nossa midia reflete essa atitude.
Mas, é tempo de reconhecer que a televisao esta sendo usada para distrair, enganar, entreter e nos isolar.
Se continuarmos como esta a Historia se vingara e nos fara pagar.
Exaltemos a importancia das idéias e da informaçao.
Vamos sonhar com a possibilidade de, num domingo, no horario ocupado por Ed Sullivan (um Faustao norte-americano) se faça um estudo clinico da educaçao.
E que, uma semana depois, o horario usado por Steve Allen (o Caldeirao do Huck norte-americano) sirva para uma analise da politica norte-americana no Oriente Médio (dito em 1958, nao se esqueçam!!!!)
Sera que a imagem dos nossos patrocinadores sairia arranhada?
Sera que os acionistas ficariam revoltados e reclamariam?
O que aconteceria se alguns milhoes de pessoas tivessem acesso às informaçoes sobre os assuntos que determinam o futuro do pais, e portanto, o futuro das corporaçoes?
Aqueles que dizem que a massa nao se interessa, que é complacente, indiferente e alienada respondo que, na minha opiniao de reporter, ha provas concretas de que essa informaçao é incorreta.
Mas se estiverem certos e os nossos veiculos so servirem para divertir e alienar, a televisao esta em perigo e logo veremos que nossa luta foi em vão.
A televisao pode ensinar, esclarecer a até mesmo inspirar.
Mas so podera faze-lo se as pessoas estiverem determinadas a utilizarem a TV com esse objetivo.
Senao, a televisao sera apenas um monte de cabos e luzes dentro de uma caixa.
Boa noite e boa sorte"
Edward Murrow, 1958
"O filme "Boa noite, boa sorte", 2004, é absolutamente atual, troque “comunista” por “terrorista” e pronto, a História (infelizmente) se repete. As liberdades civis ameaçadas, gente sendo condenada sem provas e secretamente, a idéia absurda de que quem não concorda com a política do governo é traidor. O discurso de Murrow alertando para o futuro da televisão, o empobrecimento da programação que só leva em consideração a diversão e não se preocupa em informar e educar. Mudaram as pessoas, os equipamentos são mais modernos, mas as questões ainda são as mesmas." (do blog "Colagem")
Em tempos de Decreto 7.037, "Boa Noite e Boa sorte" é para ser visto, refletido e debatido nas aulas de jornalismo!
E que Murrow e Clooney possam inspirar muitas e muitas geraçoes...
* Patrícia Nascimento Delorme, 38, mãe do Luka, jornalista, fotografa e terapeuta de reiki. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
O jornalismo que resgata.
Nos anos 50, o senador norte-americano Josehp McCarthy comandou uma caça às bruxas nos Estados Unidos "levando à fogueira" suspeitos ou simpatizantes do comunismo.
Eram comuns as delações provocadas pelo clima de histeria causado por McCarthy e sua turminha, os macartistas.
Pessoas da mídia, do cinema, do governo e do exército foram acusadas de espionagem sem provas.
Muitas pessoas tiveram suas vidas destruídas pelos macartistas, inclusive com muitos casos de suicídio entre jornalistas e artistas.
Por isso, esse periodo da historia dos EUA ficou conhecido como o "Terror vermelho" (Red Scare) , Macartismo ou ainda "Caça às Bruxas", numa alusão aos simulacros de processos que sofreram as mulheres acusadas de bruxaria durante a Idade Média e parte da Idade moderna.
O termo "Macartismo" é desde então sinônimo de atividades governamentais antidemocráticas, visando a reduzir significativamente a expressão de opiniões políticas ou sociais julgadas desfavoráveis, limitando para isso os direitos civis sob pretexto de "segurança nacional".
Essa politica do terror instaurada por este senador teria consequencias sinistras em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Em 1953, o jornalista norte-americano Edward Murrow decide tomar partido contra o terror instaurado pelo senador e cria o jornalismo editorial. Murrow e sua equipe produzem uma série de reportagens para a CBS que levam o senador Joseph McCarthy à decadência, assim como a reversão de parte das perseguições políticas que o senador provocou sem provas.
Mas nao foi so isso!
Edward Murrow foi o primeiro jornalista a produzir reportagens sobre o cigarro e o câncer (e morreria em 1965, aos 57 anos, de câncer no pulmao provocado pelos 65 cigarros que ele fumava diariamente).
Num discurso em 1958, Murrow sugere que a tv norte americana troque programas de entretenimento por analise sobre a educaçao e a politica dos EUA no Oriente Médio!!!!!!!!
Que visao!
Em 2004, essa historia foi retratada em preto e branco com uma fotografia belissima e falas inteligentes no filme "Boa Noite, Boa Sorte", do ator-diretor-sexysimbol George Clooney (ahhhhhhhhhh!!!! hahahahaha).
Alias, as falas do filme sao transcriçoes exatas dos programas "See it now", de Edward Murrow.
O genial diretor George Clooney espera que o flme possa inspirar as novas geraçoes de jornalistas mundo afora.
Curiosidade: 20% dos norte-americanos da platéia de teste do filme nao sabiam quem era o senador McCarthy!
Assustador...
Bom, se o filme nao é recente porque escrevo sobre ele?
Porque é aula de jornalismo das boas e inspiraçao para jornalistas que perderam a paixao pela profissao. Assista e me escreva!
Abaixo, a transcriçao exata do discurso (mais atual do que nunca) de Edward Murrow, em 1958, sobre o futuro da televisao! Um profeta!
"O que vou dizer agora nao deve agradar a ninguem.
No fim, algumas pessoas talvez acusem este reporter de cuspir no proprio prato e a organizaçao talvez seja acusada de acolher idéias hereges, perigosas.
Mas a complexa estrutura das redes de tv, publicidade e patrocinadoras nao sera abalada ou alterada.é meu dever usar de certa franqueza para falar com voces, mensageiros, sobre O QUE ESTA ACONTECENDO NO RADIO E NA TELEVISAO.
A nossa historia é resultado de nossos atos.
Se houver historiadores daqui 50 ou 100 anos que tenham interesse em analisar o material produzido pelas três emissoras atuais, havera provas em preto e branco e e cores, da dacadência, alienaçao e falta de cobertura da realidade que vivemos.
Atualmente, somos ricos, gordos, seguros e complacentes.
Somos inclinados a evitar informaçoes desagradaveis e perturbadoras.
A nossa midia reflete essa atitude.
Mas, é tempo de reconhecer que a televisao esta sendo usada para distrair, enganar, entreter e nos isolar.
Se continuarmos como esta a Historia se vingara e nos fara pagar.
Exaltemos a importancia das idéias e da informaçao.
Vamos sonhar com a possibilidade de, num domingo, no horario ocupado por Ed Sullivan (um Faustao norte-americano) se faça um estudo clinico da educaçao.
E que, uma semana depois, o horario usado por Steve Allen (o Caldeirao do Huck norte-americano) sirva para uma analise da politica norte-americana no Oriente Médio (dito em 1958, nao se esqueçam!!!!)
Sera que a imagem dos nossos patrocinadores sairia arranhada?
Sera que os acionistas ficariam revoltados e reclamariam?
O que aconteceria se alguns milhoes de pessoas tivessem acesso às informaçoes sobre os assuntos que determinam o futuro do pais, e portanto, o futuro das corporaçoes?
Aqueles que dizem que a massa nao se interessa, que é complacente, indiferente e alienada respondo que, na minha opiniao de reporter, ha provas concretas de que essa informaçao é incorreta.
Mas se estiverem certos e os nossos veiculos so servirem para divertir e alienar, a televisao esta em perigo e logo veremos que nossa luta foi em vão.
A televisao pode ensinar, esclarecer a até mesmo inspirar.
Mas so podera faze-lo se as pessoas estiverem determinadas a utilizarem a TV com esse objetivo.
Senao, a televisao sera apenas um monte de cabos e luzes dentro de uma caixa.
Boa noite e boa sorte"
Edward Murrow, 1958
"O filme "Boa noite, boa sorte", 2004, é absolutamente atual, troque “comunista” por “terrorista” e pronto, a História (infelizmente) se repete. As liberdades civis ameaçadas, gente sendo condenada sem provas e secretamente, a idéia absurda de que quem não concorda com a política do governo é traidor. O discurso de Murrow alertando para o futuro da televisão, o empobrecimento da programação que só leva em consideração a diversão e não se preocupa em informar e educar. Mudaram as pessoas, os equipamentos são mais modernos, mas as questões ainda são as mesmas." (do blog "Colagem")
Em tempos de Decreto 7.037, "Boa Noite e Boa sorte" é para ser visto, refletido e debatido nas aulas de jornalismo!
E que Murrow e Clooney possam inspirar muitas e muitas geraçoes...
* Patrícia Nascimento Delorme, 38, mãe do Luka, jornalista, fotografa e terapeuta de reiki. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
a vida imita a arte. A arte, espelho da vida. E o bom jornalismo nunca vai perder espaço.
ResponderExcluirmaravilhoso seu texto. sugiro que vc não fique na clausura do blog, leve seus textos pras rede sociais...
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