quarta-feira, outubro 10, 2012

Mochileira

"Abraçaram-se em silêncio.
 Ele queria raízes. Ela, o mundo.

 E o mundo a levou.

Viu maravilhas, sentiu tristezas, amou muito.

Com os anos, sua mochila foi ficando pesada.
Não pelo acúmulo da caminhada, mas porque a bagagem que trouxera de casa era muito maior do que imaginava.

 Num domingo azul, apareceu no desembarque.
Estava grisalha, o rosto marcado por mil povos e a alma em paz.

 Ele a esperava, de mãos dadas com o filho e a esposa.
De presente, trazia o mesmo sorriso do dia em que se conheceram.

 E, em silêncio, abraçaram-se."

(Leonardo Sakamoto)


Minha revêrencia à todos aqueles que deixei na busca de mim mesma.
Minha gratidão a todos que nao guardaram magoas.
Meu amor verdadeiro a todos que, porventura, ainda tenham alguma dor pela partida.







* Patrícia Nascimento Delorme, 40, deitando por terra a bagagem da mochila pesada que trouxe de casa e sempre maravilhada com os ciclos e os circulos da vida.

O poder da palavra de Marina Silva

Essa mulher, com a sua firmeza no amor, me leva às lagrimas.

Quero viver pra ver Marina Silva liderando a consciência brasileira de uma nova forma de fazer politica que a levara à presidência do Brasil.
Esta nação merece ter Marina administrando as potencialidades deste pais.

"Eu sou uma pessoa completamente apaixonada pela palavra. A força da palavra, o poder transformador do VERBO que entrava em ação naquele momento de cantoria. Eu nao sou o fruto daquilo que o passado fez comigo. Eu sou fruto DAQUILO QUE EU FIZ DO MEU PASSADO. Nos temos que aprender a fazer algo bom do nosso passado."

"Quando a gente nao tem quem mandar, a gente manda qualquer um. Qualquer um pode fazer muitas coisas. Basta assumirmos a posiçao de arcos e flechas. Buscai o melhor de mim e tereis o melhor de mim."

Marina Silva


Patricia Nascimento Delorme, 40, buscando o equilibrio entre ser arco e ser flecha. 



sábado, agosto 18, 2012

De perto ninguém é normal.

Lans en Vercors - França, 18/08/2012. Verao. 15:40. Dia de sol, céu azul. 35°C.





O Patiework de hoje é sobre o filmaço "CLOSER - Perto Demais", catarse na certa pra quem tem medo de amar e se entregar, meu assunto preferido nos estudos do Pathwork. "Uma visão do diretor Mike Nichols sobre quatro estranhos com uma coisa em comum: eles mesmos."

Pra ver o filme na integra e dublado, clique aqui.

O filme narra a história de dois casais que vivem atolados em falsas imagens de amor e estabelecem a forma mais comum de relacionamento: através do ego, com muitas expectativas, correntes de emoções como orgulho, medo, obstinação, que misturadas à corrente de Eros forma a lambança e o clima ideal para recriar feridas e confirmar as imagens falsas sobre amor que cada um carrega no inconsciente.

Enfim, quem nunca viveu um romance que iniciou com borboletas na barriga, uma enorme alegria, expectativas de que fosse durar "pra sempre" e terminou com acusaçoes mutuas, tédio e tristeza, atire a primeira rede de caçar borboletas. :)

Quanto a mim, nao conheço nenhuma dor mais eficaz pra lidar com as ilusoes do ego do que uma boa e aguda dor de cotovelo! :) :) :)

E o que é a dor de cotovelo senão uma dose cavalar de expectativa e desejo de manter a permanência do  impermanente?

Segundo alguns sabios da humanidade, existem apenas três coisas das quais decididamente sao imprecindiveis à nossa existência (pelo menos neste planeta): ar, agua e pão - e nesta ordem! Eu incluiria na lista, o amor. Mas não aquele "grande amor" que você achou que fosse durar pra sempre. O Amor como energia que tudo constroi e move. E da qual raramente temos consciência...

O filme tem varias cenas com dialogos muito inteligentes e profundos que enfiam o dedo na ferida.

Fique atenta(o)! :)))

"Closer" começa com a leveza que acompanha Eros. A personagem Jane Rachel Jones/Alice Ayres (Natalie Portman) é confiante, segura, cheia de  si e de vida. Esta chegando em Londres porque abandonou uma relação nos Estados Unidos. Dan Woolf (Jude Law)  é um jornalista fracassado,  afundado na estagnação que imerge aqueles que tem medo de amar e de se entregar ao fluxo da vida. A fotografa Anna Cameron (Julia Roberts) também tem medo da entrega. Casa-se com o dermatologista Larry Gray (Clive Owen),  manipulador e controlador, mas vive um romance paralelo com o jornalista Dan Woolf  (Jude Law). Depois, quando Anna assume a relaçao com o jornalista, torna-se amante do marido. Como semelhante atrai semelhante, Anna e Dan, que temem a entrega, sentem-se atraidos um pelo outro.  Dan e Anna sao a metafora da falsa entrega que o Guia descreve na palestra 169. Esse padrao de comportamento é tipico do pessoal que não se conhece, so consegue se entregar parcialmente e enquanto Eros durar... 

O maior estandarte da confusão entre Eros e Amor é o poeta Vinicius de Moraes, com nove casamentos na biografia e seu "Soneto da Fidelidade": "Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure." E os casais distraidos que adoram recitar este poema em cerimônias de casamento... :))))))) Argh!

O que o poeta nao descobriu - e nem a maioria de nos - é que, enquanto ficarmos correndo atras de Eros, com sua leveza e poesia, nunca saberemos o que é realmente o amor: um estado permanente da alma. o amor é cultivado. Eros, nao.

‎"O amor só pode existir se o seu alicerce for preparado por meio do desenvolvimento e da purificação. O amor não vai e vem ao acaso, Eros sim. Eros atinge com força súbita. muias vezes pegando a pessoa desprevinida e até mesmo não predisposta a passar pela experiência." Palestra Pathwork nr. 44

Ou, como explica o Mestre Eckhart Tolle: "O amor é um estado do Ser. Não está do lado de fora, está bem lá dentro de nós. Não temos como perdê-lo e ele não consegue nos deixar. Não depende de um outro corpo, de nenhuma forma externa. Na serenidade do estado de Presença, podemos sentir a nossa própria realidade sem forma e sem tempo, que é a vida não-manifesta que dá vitalidade à nossa forma física. Conseguimos, então, sentir essa mesma vida lá no fundo de outro ser humano, de cada criatura. Conseguimos enxergar além do véu opaco da forma e da desunião. Essa é a realização da unidade. Isso é amor. O amor não é seletivo, assim como a luz do sol não é seletiva. Não torna ninguém especial. Não é exclusivo. A exclusividade não tem a ver com o amor de Deus, mas com o “amor” do ego. Entretanto, a intensidade do amor pode variar. Pode haver uma pessoa que atue como um espelho do amor que você dirige a ela e que o devolva de modo mais claro e mais intenso do que outras e, se essa pessoa sente o mesmo em relação a você, pode-se dizer que as duas têm um relacionamento amoroso." (O Poder do Agora) 

Ainda temos chão, hein!

Trailler:




A personagem de Alice, a stripper, é um classico de estudo para a palestra 229 do Pathwork. 

Alice era poderosa, segura, vivaz, alegre quando conheceu Dan. Aos poucos, foi se tornando uma palida sombra de si mesma, até se tornar uma menina chorosa, encolhida no sofa. 

Que tipo de distorçao, negatividade e falsa imagem Alice carregava em seu coração para ter se anulado numa relação que ela acreditava ser "amorosa"?

Vamos analisar o caso à luz do Guia: "A nova mulher sabe que amar e entregar-se aos seus próprios sentimentos em relação a um homem aumenta a sua força. Para a mulher da Nova Era não existe conflito entre ser um membro produtivo, criativo e participativo da sociedade e ser uma companheira amorosa. Na realidade o verdadeiro amor não é possível para uma pessoa para quem uma outra se faz de escrava para evitar a responsabilidade consigo mesma. O velho conto de fadas de que a carreira de uma mulher a tornará menos mulher, menos aberta aos sentimentos, menos amorosa, menos equipada para ser uma parceira que dá de si nunca teve qualquer substância.Ao contrário daquele conto de fadas que diz que a feminilidade só desabrocha quando a mulher é apenas uma serva do homem, os sentimentos, na verdade, desabrocham apenas quando a mulher é livre, autônoma, independente no melhor sentido da palavra. A realização depende totalmente de um verdadeiro estado de igualdade. No momento em que um se sente superior ao outro, diminui o respeito e os sentimentos se fecham. No momento em que um se sente inferior ao outro, o ressentimento, o medo, a inveja tornam-se inescapáveis e isso, também, fecha o coração. A nova mulher não é uma escrava do homem, nem tampouco sua adversária. Ela pode amar, portanto, e o seu amor não diminuirá a sua auto-expressão, antes vai aumentá-la, exatamente como a sua contribuição criativa para a vida vai aumentar a sua capacidade de amor. Essa é a nova mulher. O homem, na Nova Era, não mais precisará de uma parceira mais fraca para negar a sua própria fraqueza. Ele encontra a sua própria fraqueza, encara-a e assim ganha a sua verdadeira força. Ele se dá conta de que a sua fraqueza sempre vem da culpa e que a sua autorejeição é sempre uma negação da integridade do seu Self Superior, de uma forma ou de outra. Assim, já não existe nele a necessidade de uma escrava. O homem então não é ameaçado por um igual. Ele não requer um parceiro inferior para se convencer da sua aceitabilidade, a qual, naturalmente, é ilusória." Palestra 229.

Mas o problema nao é somente a distorçao interna!!!! Eckhart Tolle, no livro "O Poder do Agora" fala sobre o corpo de dor individual e coletivo formado pelas emoçoes que nao foram dissolvidas. E esclarece que, quando nos casamos, casamos também com o corpo de dor do outro. Alice parece ter entrado em contato com o corpo de dor de Dan (medroso e chorão) e ter entregue pra ele a energia segura e vivaz que o ajudou a escrever um livro. No filme, a metafora dessa troca é explicita! Dan escreveu um livro sobre a vida de Alice! :))
Mas se Jane/Alice aceitou o corpo de dor de Dan, Anna saltou fora rapidinho! Qual a diferença entre elas? A distorçao e os conflitos internos que cada uma carrega no bau é que faz a diferença. Jane/Alice nao cai na manipulaçao do Larry...  Entao, "conhece-te a ti mesmo" vale mais do que nunca nestes casos...

A cena da despedida de Dan e Alice tem taaaaaaaantos ensinamentos do Pathwork que deveria ser usado em seminarios! :) :) :) :

Alice pergunta por que Dan quer deixa-la pra ficar com Anna:
- "é porque ela é uma mulher de sucesso?"
-Nao. é porque ela nao PRECISA de mim.
- Vc ainda me ama? 
- Sim. (da pra ver no rosto de Dan que ele esta mentindo e se sente mal por mentir).
- Vc esta mentindo. Eu ja estive no seu lugar. 
- Eu odeio te machucar.
- Entao, por que vc me machuca?
- Porque eu sou egoista. E porque eu acho que vou ser feliz com ela. 
- Nao, você nao vai. Vc vai sentir minha falta. Vc nunca vai encontrar ninguem que te ame como eu te amei. Porque o amor nao é o suficiente? Eu sou a pessoa que deve partir. 

Leia as palestras que sugeri e me conte o que vc acha! :) :)

De cara, ja posso adiantar algumas impressoes:
Alice esta afogada em expectativas, distorçoes do amor e da força feminina. Dan sente essas distorçoes e quer se livrar de ser o foco desse amor distorcido se jogando em outra relaçao com uma mulher que nao tem ESSE TIPO de distorçao, e portanto, é independente (ela NAO PRECISA de mim). Neste caso o "amor nao é o suficiente" porque nao é amor. Amor liberta e fortalece (os dois). O restante é ego ferido ("Eu sou a pessoa que deve partir").

Nao encontrei o trecho legendado em portugues. Se vc nao compreende ingles, procure este trecho no link com o filme na integra que postei acima. 





Numa outra cena do filme, Larry, o dermatologista, diz a sua esposa Anna: "Vc esta me deixando porque vc acredita que nao merece a felicidade. Mas vc merece Anna!" Um caso classico do pessoal que boicota a possibilidade de ser feliz e cai na compulsao de recriar feridas (Palestra 73). Ou sera que Anna teve a infalivel intuiçao feminina de que estava casada com o Barba Azul manipulador e que deveria cair fora? Em qualquer dos dois casos, o que esta agindo aqui é a sombra na psique de Anna, a força antagônica que nao a deixa se conectar com seu EU Real e tomar decisões baseadas no amor. Se atira numa relaçao com Dan, que nao é seguro e manipulador como Larry, e depois retorna para o marido porque nao suportou a distorçao do amante (um chorão - como ela o descreve para o marido, mais tarde).

Mais à frente, Larry confessa para um Dan atônito que manipulou a necessidade da esposa de fazer sexo com culpa para conquista-la de volta.

O dialogo entre o marido e o amante de Anna é de uma crueldade e veracidade surpreendente!

Larry - Ela (Anna)  nao quer ser feliz. As pessoas querem ser infelizes pra confirmar sua depressão. Se elas forem felizes vao ter que cair no mundo e viver, o que pode ser deprimente.
Dan - Voce a ama como o dono ama seu cachorro.
L - E o cachorro o ama de volta por cuidar dele.
D - Seu casamento é uma piada.
L - Mas é uma boa piada. Eu transei com ela pra detonar com vc. Uma boa guerra nunca é limpa. E ela adorou, vc sabe como ela adora um sexo culpado...Anna me disse que vc acordava chorando por causa da sua mãe, seu garoto mimado. Vc nao sabe nada sobre amor porque vc nao sabe o que é compromisso.
Dan chora.
Larry entrega o endereço de Alice para Dan numa estratégia manipuladora para afasta-lo de Anna. E depois, enterra a possibilidade dos dois se relacionarem contando que transou com ela.  "Eu nao sou bom o suficiente pra te perdoar, garoto", diz um Larry vitorioso! kkkkkkkkkkkk

No reencontro dos dois, a tentativa de dar certo, mas o "garoto" nao cresceu e deixa o fantasma de Larry entre eles.
Neste dialogo, Alice (Jane) sabe que nao podera construir uma relaçao com um menino, que é incapaz de viver o AQUI E AGORA sem se perder em ilusões e imagens.

Dan -Foi o momento da minha vida.
Alice-Esse é o momento da sua vida.
D -Vc era perfeita.
A -Ainda sou.
D -Vc nao confia em mim. So quero saber.
...
A - Eu nao te amo mais. E nao quero mentir. Eu nao te amo mais. (Alice)
D - Eu te amo.
A -Eu nao ia te contar porque você nao iria me perdoar.
D -Eu te amo.
A - Onde? Onde esta o amor? Mostre-me onde esta este amor. Eu nao posso ver, nao posso tocar, sentir. Eu posso ouvir algumas palavras. Mas nao posso fazer nada com suas palavras faceis. O que quer que você diga, é tarde demais.
D -Fala quem é você.
A -Eu nao sou ninguém.

Apesar da consciência de Alice (seu amor sao palavras faceis), ela também não fez a entrega que cobra de Dan. O que ela chama de entrega foi uma distorçao, uma falsa entrega. Ela acha que deu tudo à Dan. Contou toda a sua vida pra ele, que escreveu um livro. Mas a metafora de que foi uma falsa entrega se revela de forma supreendente no filme: ela nunca disse o nome verdadeiro para o namorado. A unica vez em que ela revela seu nome verdadeiro é enquanto faz streeptease para Larry, na boate (61 minutos do filme). E ele não acredita. Jane (Alice) sente-se segura no clichê mental de mulher fatal e num local onde ninguém pode toca-la.

Larry - Penetrei a sua armadura. Por que você esta usando o nome Jane?
Jane/Alice - Este é o meu nome.
- Vocês mentem sobre o nome pra proteger as identidades. Vai me dizer o seu nome?
- Meu nome, de verdade, é Jane Jones.
- Seu nome é Alice. Nos conhecemos no ano passado.
-Nao era eu.
Larry chora e tenta a manipulaçao, o padrao de comportamento dele.
- Eu te amo. Eu amo tudo que doi em você. Vamos pra casa.
- Eu nao sou a sua transa vingativa.
- Me abraça.
 - Nao podemos nos tocar.
- Deixa eu cuidar de você.
 - Eu nao preciso de cuidados.
- Muitos homens vem aqui pra chorar?
- Riscos da profissao.
- Acaba com meu sofrimento. Vc me deseja porque fui sincero sobre meus sentimentos.
- Seus sentimentos?
- Que seja.
- Nao , eu nao te desejo.
- Obrigada pela sua sinceridade.Alice, me conta alguma verdade.
- Mentir é a maior diversao que uma garota pode ter sem tirar a roupa, mas é melhor se você tirar.

Ela fala o nome verdadeiro porque sabe que ele nao vai acreditar? Ou porque esta tao segura de si no clichê de mulher fatal com que sua mente se identifica que nao teme dizer a verdade?  O nome ficticio que ela escolheu para viver em Londres? Alice Ayres, a garota que morreu salvando crianças em um incêndio. Um sinal explicito de que daria a vida de Alice para o garoto Dan Woolf. ah, os labirintos da psique humana... :))

A verdadeira entrega é aquela que fazemos quando vamos fundo dentro de nos mesmos para dissolver qualquer limitaçao que esteja boicotando a relaçao. Essa entrega, pouquissimas pessoas fazem. Trocar de parceiro(a) é tao mais facil! E seguimos em frente, recitando o poetinha "que seja eterno enquanto dure", com mais uma camada de distorçao cobrindo o coraçao...






Na cena final todos retornam pra suas vidas, usando suas mascaras. Anna repetindo o padrao de infelicidade no aqui e agora; Larry, no mundo onde ele se sente seguro através do controle, manipulando a esposa; Dan, pra sua vida solitaria e frustrada que tinha antes de conhecer Alice; e, finalmente Jane (Alice): belissima,  poderosa, atraindo todos os olhares pra si com a sua persona de mulher fatal, segue seu caminho vivenciando a distorção da feminilidade com uma enorme dor na alma que salta pelos olhos.

Cada um, da sua forma, confirmou as crenças negativas sobre o Amor, boicotou a propria entrega e perdeu o portal que Eros apresentou para vivenciar a plenitude em si mesmo e compartilhar com o outro. 

"Se vc não se conectar com a sua força interna, vivera na confusão, na dor e se tornara um problema pra você, para os outros e para o planeta." (Eckhart Tolle)

Chico Xavier dizia sabiamente que "quem vive desilusões é porque vive de ilusões."

Como a maioria de nos ja deve ter vivido na pele, Eros pode ser um portal poderoso para vivenciar o amor, mas pode ser também uma graaaaande dor de cotovelo. Vai depender da nossa capacidade de viver o AQUI E AGORA sem apegos e expectativas. Vai tentar de novo?

Para acompanhar as reflexoes do Patiework de hoje, sugiro as palestras:

044 As forças do Amor, Eros e Sexo
058 O Desejo pela Felicidade e o Desejos pela Infelicidade
072 A Respeito do Medo de Amar
073 Compulsão para Recriar e Superar as Feridas da Infância
123 Liberação e Paz pela Superação do Medo do Desconhecido
207 O Simbolismo Espiritual e o Significado da Sexualidade

Para baixar as palestras, clique aqui. Ou para nadar em aguas mais profundas, sugiro a leitura do livro "Criando União" e o livro "O Poder do Agora".


 * Patrícia Nascimento Delorme, 40,quebrando as imagens falsas de amor, aprendendo um tanto sobre compromisso e  totalmente recuperada da catarse que teve com este filme em 2007. Nao é Karen Lacerda?  kkkkkkkkkkkkkkk

quarta-feira, julho 18, 2012

A Entrega

Lans en Vercors, França. Verão. Sol, céu azul. Uns 25°C. 11 da manha.

O PatieWork de hoje é sobre a ENTREGA. Aquele momento da vida em que você ja fez tudo o que era possivel ser feito e nao ha mais nada a fazer a nao ser acreditar que o Universo vai trazer uma solução para a confusão que você criou ou se meteu por ignorância das leis da VIDA. Aquele momento preciso da vida em que conseguimos transmutar a negatividade em positividade e nos abrimos para o nosso EU SUPERIOR, para recebermos a intervenção do Espirito Santo, o embaixador de Deus na nossa consciência.

As palestras do Pathwork sobre este assunto sao as de numero:
254 - A Entrega
114 - A luta saudavel e doentia
125 - A transiçao da corrente do não para a corrente do sim
048 - A força vital
Para baixar as palestras, clique aqui.

E o filme pra ajudar na reflexão é CAST AWAY (O Naufrago), do diretor Robert Zemeckis, com Tom Hanks e Helen Hunt.




O filme conta a história de Chuck Noland,um homem workaholic (adicto em trabalhar), completamente identificado com o tempo do relogio (O Poder do Agora, pagina 32). Noland esta sempre ocupado demais para prestar atenção em si mesmo. Um general eficiente do mundo globalizado onde o   lucro e à eficiência competitiva estão em primeiro lugar, em detrimento das relações. Noland não tem tempo para a familia, a noiva, ou mesmo para ir ao dentista. Na noite de Natal, ele viaja a trabalho, mas o avião da companhia cai no mar e ele é o único sobrevivente. Isolado em uma ilha, onde permanece por quatro anos, Noland entra em contato com o que ha de mais aterrorizante: a solidão, o tempo psicologico (representado pelo retrato da noiva), o tempo do relogio (representado pelo relogio que ela lhe deu de presente de Natal) e o seu mundo interior.

Todo o filme é permeado por simbologias poderosas. "Quem tiver olhos de ver...", como diria Jesus. Abaixo, as reflexões que o filme desencadeou em mim.

Cast Away é uma bela metáfora desta nossa pequena e frágil lição chamada VIDA. E sobre a vida contemporânea, sempre tão repleta de distrações... E entre tantas distrações, perdemos o nosso foco: o nosso centro, a qualidade das relações, a amizade e o amor que permeia todas as relaçoões. "O que se leva desta vida, coração, é o amor que a gente tem pra dar", como cantava Elba Ramalho. Nesta cena brilhante, a noiva de Noland lhe da de presente um relogio com sua fotografia: um simbolo significativo do tempo do relogio e o tempo psicologico. Segundo Eckhart Tolle, o tempo psicologico é a identificação com o passado e a projeção compulsiva e continua no futuro, de modo que, nunca estamos PRESENTES no AGORA, marcado pelo tempo do relogio. (O Poder do Agora, Eckhart Tolle, pagina 32).



Esta cena fantastica do acidente do avião é uma representação impactante sobre o momento preciso em que descobrimos uma situaçao terrivel em nossa vida e tudo o que podemos fazer é respirar e tentar acalmar a mente que esta gritando "COMO ISSO PODE ACONTECER COMIGO?" Pode ser uma separaçao, uma morte, uma perda, uma doença, a noticia de que alguém que você ama é adicto em drogas, aquele projeto que você investiu toda a sua energia foi por agua abaixo, uma mudança pra outro pais contra a sua vontade... Enfim, um momento chave que a vida nos impõe para que aprendamos algo importante para a nossa alma. Se vamos conseguir sobreviver vai depender da nossa capacidade de respirar e nos acalmarmos para recolher os cacos e vivenciar o que precisa ser vivenciado NA PAZ!




A ilha, onde Noland chega depois de sobreviver à situaçao critica, tem varios significados. Encontre o seu. Mas para mim, ela significa aquele segundo momento depois que o pior passou.  Quando ja conseguimos respirar e precisamos agora colar os cacos, acolher o que se apresenta e traçar estratégias de ação. é um momento importante porque vai definir como você vai lidar com o AGORA. E se você decidir pela alienação ou agir pautada pela obstinaçao, vai se machucar!
O personagem do filme tenta sair da ilha remando desesperadamnete e as ondas o jogam de volta nos recifes de onde ele sai todo rasgado, entendeu?
Quando a ilha é uma situação, muitas vezes nos deixamos ficar na zona de conforto, por medo ou comodismo, imaginando que seja um porto seguro. O preço é altissimo. Começa com uma tristeza, um desânimo e pode chegar à depressao e ao "Cansaço do Mundo", palestra Guia Pathwork nr. 004.
A ilha também pode ser nosso espaço interior. Cada um de nós é uma ilha e, na maior parte do tempo, proibimos ou dificultamos que as pessoas que julgamos amar adentrem este espaço. Prato cheio para a palestra  nr. 072 - A Respeito do Medo de Amar. 


Sobre obstinação, aprendi bastante nesses 40 anos... :)))) Esta cena de Noland se atirando ao mar com uma motivação obstinada para sair da ilha é primorosa! No momento em que ele vê a grande onda, ele sabe que nao pode fura-la, mas tenta mesmo assim e se machuca. Perceberam o quanto nos gastamos energia e nos machucamos ao tentar vencer as "ondas", em vez de conhecê-las e encara-las como portais para o nosso crescimento? Depois do grande "caldo" daquela imensa onda, Noland desiste de lutar deseperadamente gastando energia e se machucando e decide aceitar sua realidade como ela se apresenta. Encontra um lugar seguro pra viver e aproveita cada utensilio que o Universo, através do mar, traz pra ele. Passa a estudar o mar e o movimento das ondas, o vento, as chuvas, para poder sair da ilha.



Um dia, o Universo envia pelo mar um pedaço do aviao. Noland fica meditando e encontra a resposta para sair da ilha. Este trecho também tem uma mensagem importante: "Deus manda o frio conforme o cobertor", conhece? No inicio do filme, a camera "passeia" pela casa de Noland e da pra ver nas fotos e nos prêmios que o cara é campeão de veleiro e sabe muito de navegação. Ou seja, Deus te testa onde você pode ser testado. Este momento do filme é um exemplo perfeito da palestra Pathwork nr. 169. A utilizaçao da ativação e da receptividade, o trabalho aliado à confiança de que vai dar certo. Noland se prepara para sair da ilha.Faz calculos, conhece o movimento do mar, pois passou quatro anos observando. Sabe a melhor época para sair.Constroi uma jangada, faz reserva de agua doce da chuva. Quando chega a hora de agir, se atira no mar. Mas agora nao existe a motivaçao obstinada, nem a duvida, como na primeira tentativa. Noland esta totalmente CONSCIENTE E PRESENTE. E quando ele ultrapassa a grande onda é o momento apice da nossa vida quando conseguimos, finalmente, sair de uma situação que nos sugava as forças, a alegria. Quando percebemos que estivemos todo este tempo numa ilha. Uma ilha tão pequena que nos custa a acreditar porque demoramos tanto pra descobrir que não era um porto seguro...





No filme, Noland nao aguenta a solidão e cria um amigo imaginario. Desenha olhos e boca numa bola e o batiza de "Wilson" (a marca da bola). Uma simbologia poderosa da nossa necessidade de amigos, ainda que sejam imaginários, pra ajudar a gente a suportar as tempestades. Uma das cenas mais tocantes é quando Noland tem que escolher entre a propria vida ou resgatar Wilson (o amigo imaginario) no mar. E ele chora e pede perdao ao amigo por nao poder ir busca-lo. Nao chora pela bola, mas pela significado de amizade profunda que ele construiu. Chora, talvez, pela perda de todas as relações que ele deixou de construir. Chora por todos os anos que não chorou...


                                         

Uma outra cena poderosa é quando Noland, cansado de lutar, deposita os remos no mar e deita-se na jangada, numa atitude de imensa entrega e confiança de uma pessoa que fez tudo que podia para alcançar o objetivo mas, percebe e assume a sua fragilidade perante a grandeza do mar-vida. Nada mais pode ser feito. Seu gesto de depositar os remos no mar é uma completa entrega da sua vida nas mãos da Vida. Uma entrega do ego para o EU SUPERIOR. O momento em que percebemos os limites e nos voltamos para Deus, Jesus, Buda, Oxalá, Maomé, Tupã, Jeová. Quando entendemos que os caminhos da VIDA, às vezes, são diferentes dos projetos do pequeno eu. Como ensina o Guia na palestra nr. 254: "a entrega significa liberar-se do ego, das idéias, metas, desejos e opiniões por tanto tempo acalentados - tudo pelo bem da verdade. Pois Deus é a verdade. Você também precisa render-se aos seus próprio sentimentos. Se você não fizer isso, irá sempre empobrecer-se e cortar sua natureza de sentimentos. Você se tornará um autômato."

Para viver A ENTREGA é preciso compreender o verdadeiro sentindo da resignação e aceitar o que a Vida tem para nos ofertar. Uma compreensão absoluta do principio feminino da entrega confiante, descrito na palestra nr 169 - Os Princípios Masculino e Feminino no Processo Criativo". Esta pequena meditaçao-prece que escrevi em 2001 me ajuda muito nos momentos em que estou com dificuldades de vivenciar a entrega: "Eu deposito os meus remos no mar-Vida neste instante. Vou para onde a Vida me acolher. Para onde as ondas do Amor me levar. Porque será feita sempre a vontade do Pai/Eu Superior em minha vida, e nunca a vontade do Filho/Ego. Assim será. Os remos já foram abandonados. Que assim seja."

Infelizmente, nao encontrei a cena na internet, mas neste trecho, Noland é seguido por uma baleia que lhe aparece varias vezes. Outra simbologia marcante no filme sobre morte do ego, renascimento, e forças do insconsciente guiando Noland até a salvação e o resgate. A cena da baleia jogando agua para que ele acorde e veja o barco passando é maravilhosa!!!!!!!!!!!!
"Durante muito tempo considerada um peixe, a baleia é um mamífero que pelo seu tamanho e forma foi considerada uma deusa do mar. Enquanto divindade, a baleia é um símbolo de renascimento associada ao fato de ser também um suporte do mundo. Em muitas tradições, existe um mito iniciático de passagem pelo ventre da baleia como uma espécie de renovação espiritual ou metafísica. O episódio bíblico da baleia que engoliu Jonas é um dos mais difundidos da cultura ocidental, já que o peixe é o símbolo por excelência do cristianismo e nesta época acreditava-se que a baleia era um peixe. Jonas sobreviveu três dias dentro da baleia, o mesmo período de tempo que decorreu entre a morte e a ressurreição de Cristo. Por isso se crê que Jonas sofreu uma morte iniciática e a sua saída do ventre da baleia é uma ressurreição simbólica. Nesta história, é clara a representação do ritual de iniciação do mito da reencarnação. Na Babilonia, a baleia era uma deusa marinha, mãe mítica da rainha Semiramis, e aquela que tinha engolido e regurgitado o rei Oannes, dando-lhe vida. Existe uma história semelhante na Escandinávia de um herói engolido por um peixe gigantesco, que era na verdade o ventre de uma bruxa, antes de renascer de novo. O mesmo mito pode ser encontrado na Polinésia, em que um herói conseguiu sobreviver depois de ter estado no ventre de um monstro marinho. No Vietnam, a baleia é um animal sagrado, que protege os pescadores dos naufrágios e os guia a bom porto, sendo também responsável, junto dos povos das montanhas do Vietnam, por trazer no seu ventre uma criança salvadora do mundo. Na Islão, a baleia é mencionada no Alcorão num episódio de uma viagem de Moisés e também como fazendo parte da mitologia do cosmos. Nessa simbologia, a Terra estava segura por um anjo que se apoiava sobre um rochedo que estava pousado em cima de um touro que por sua vez repousava em cima de uma baleia chamada Nun, que estava nas águas. Segundo a tradição, Nun é tentada pelo demonio a libertar-se de todo este peso, e quando tal acontece surgem os tremores de terra, que não são mais do que as sacudidelas da baleia. A passagem pelo ventre da baleia é considerada uma espécie de passagem pelo inferno, como castigo ou purificação. A baleia simboliza também o desconhecido e o tesouro escondido, tal como os mitos da caverna." http://www.infopedia.pt/$baleia-(mitologia)

Depois do resgate, o retorno ao mundo e o reencontro com o passado. Este deve ter sido o trecho do filme que mais chorei depois que ele sai da ilha. :)))) Noland reencontra a amada que já está trilhando um outro caminho e exige dele a lição mais dolorida de uma encarnação: a renúncia. Renunciar não é só abrir mão de um sonho ou desejo. Renunciar é enfrentar o buraco, o vazio, o escuro, o mar da dúvida à nossa frente. É nos rasgarmos para que a dúvida seja digerida, compreendida e, acima de tudo ACEITA. É nos abrirmos em novas dúvidas para que a claridade volte a reinar. Mas nem tudo são dores. Renunciar é acatar o caminho que se apresenta e acabar com a divisão interna. O ensinamento budista de que você esta exatamente onde deveria estar" me ajuda a acalmar a ansiedade ao pensar "e se eu tivesse escolhido de outra forma?" Mas uma coisa é certa, se esta pesado, a gente esta no lugar errado. Como diz a Helena Tannure, ‎"o centro da vontade de Deus é um lugar de luta e confronto, mas é um lugar de paz. Flua. E deixe fluir o rio de Deus na sua vida, na sua critividade, em nome de Jesus (o EU CRISTICO)." Para fluir é necessario prestar atenção ao coração, que "precisa de paz pra sorrir", como canta Renato Teixeira. E a paz vem de estarmos alinhados com o nosso centro. Por fim, renunciar a um caminho é fazer novas escolhas entre os muitos caminhos que surgirão nas encruzilhadas da Vida. E aí um círculo estará completo para se iniciar um outro. Assim é a vida. De círculo em círculo, de ilha em ilha, de caminho em caminho até a perfeição da consciência cristica.



Acredito que nós contruímos nossa vida a cada decisão tomada – ou não tomada, se for o caso. E assim como a personagem, que não ficou esperando o barco vir salvá-la, acredito que somos responsáveis pela nossa felicidade ou infelicidade na medida em que ouvimos (ou não ouvimos) os sinais que a vida nos dá. A cena de Noland deixando a ilha foi motivo de lágrimas, muitas lágrimas (quem ja foi comigo ao cinema sabe do chororo que isso representa! kkkkkkkkkkkkk). Revendo o filme, percebi como minha vida tem sido um infindavel entra e sai de ilhas porque nao tive a sabedoria de encerrar ciclos pra iniciar um outro. Faço comida nova com panela suja, como ja me alertou o I-Ching 15 anos atras...
No filme, Noland retorna pra casa (seu centro) e redescobre a humanidade em si mesmo. O amor pelas pessoas. O respeito pelas relações. Olha nos olhos do companheiro de trabalho e diz: "eu sinto muito que eu nao estava ao seu lado quando sua esposa faleceu" ou "algo me dizia que eu ia conseguir sair daquela ilha, e agora, eu estou aqui com você. Eu tenho gelo no meu copo." Um profundo encantamento pelo momento presente.
 Leonardo Boff costuma dizer que não há ressurreição sem a sexta-feira da paixão. Assino embaixo. Do alto dos meus 40 anos e quatro anos de Pathwork, a unica certeza que trago é de que a não aceitação do presente te leva pra zona de arrebentaçao de ondas e da-lhe caldo! kkkkkkkkkkkkkkk
E o contrario, a aceitaçao do momento presente, acalma. A serenidade te conecta com o seu centro. E no seu centro estão todas as soluções criativas e perspectivas infinitas para viver o AGORA alegremente. Pra escolher novamente mas, desta vez, consciente. Sem medo de amar e sem negatividade!



Pra nadar em aguas mais progundas, indico os livros:
"Entrega ao Deus Interior", Eva Pierrakos e Donovan Thesenga
"O Efeito Sombra", D. Ford, D. Choopra, M. Williamson
"O Poder do Agora", Eckhart Tolle


Boa meditação!

  * Patrícia Nascimento Delorme, 40, integrando a liçao da entrega confiante.

terça-feira, julho 03, 2012

A distorção dos principios feminino e masculino

O Patiework de hoje é sobre a distorçao dos principios feminino e masculino ao longo da historia da humanidade e a participaçao ativa (e na maior parte das vezes, inconsciente) da mulher no seu processo de dependência e escravizaçao.

Para refletir sobre este tema proponho as palestras Pathwork de numeros 229 e 251 (baixar aqui) ou, para aqueles que preferem nadar em aguas mais profundas, o livro "Criando Uniao", da Fundaçao Pathwork.

Para ilustrar essas palestras, convido você a (re)ver o filme LIGAÇÕES PERIGOSAS (1988), do diretor Stephen Frears. No elenco, Glenn Close (Marquesa Isabelle de Merteuil), John Malkovich (Visconde Sébastien de Valmont), Michelle Pfeiffer (Madame Marie de Tourvel), Uma Thurman (Cécile de Volanges), Keanu Reeves (Cavaleiro Raphaël Danceny).




Baseado no livro "Les Liaisons Dangereuses", do escritor francês Choderlos de Laclos, o filme "Ligações Perigosas" é um classico do cinema e nos brinda com personagens que ilustram de maneira criteriosa o nascimento das mascaras para sobreviver à frustraçao, para exercitar o poder ou para, simplesmente, viver em sociedade e ser aceita(o).

O roteiro é a história de duas pessoas que, engessadas pelas mascaras da época, agem através da distorçao dos principios masculino e feminino e gastam suas energias destruindo a propria vida e a felicidade de outras pessoas. Assim, a trama gira em torno das três principais desvirtudes humanas, segundo o Guia do Pathwork: o orgulho, a obstinaçao e o medo. A partir dai, começa muito sofrimento desnecessario num caldo com manipulação, intrigas, luxuria, mentiras e mortes - com um figurino fantastico, fotografia impecavel, musica vibrante e encenaçoes de Glenn Close e Malkovich que farão parte da historia do cinema eternamente.

Estamos na França de 1788, portanto, um ano antes da Revolução Francesa que vem para desmontar, entre outras coisas, o universo dessa nobreza retratada no filme. O romance narra a historia da aposta feita entre dois aristocratas, o Visconde Sébastien de Valmont e a Marquesa Isabelle de Merteuil, ex-amante do Visconde. Os dois personagens sao o estereotipo da crueldade e da distorçao do masculino e feminino. Valmont, um grande sedutor de mulheres, valentão e egoista, incapaz de honrar alguém do sexo oposto. Madame Merteuil, num primeiro momento, nos parece uma feminista avançadissima para sua época. Mas esta mascara nao resiste a uma relfexao mais profunda. Apesar do seu discurso de "vingadora do sexo feminino", Isabelle Merteuil é uma mulher ressentida com sua condiçao de fêmea na sociedade. Ela utiliza a manipulaçao para exercitar o poder, que inveja no sexo masculino, e nao vacila em destruir a vida de outras mulheres neste jogo sedutor. Marquesa de Merteuil é movida pelo orgulho e deseja se vingar de um outro ex-amante, Bastide, que vai se casar com a dama recatada Cécile de Volanges, educada em um convento de freiras.  Isabelle quer que o Visconde de Valmont seduza Cécile. Ele responde que tem um desafio maior: Madame Marie de Tourvel, uma dama casada e com firmes convicções éticas, morais e religiosas. Para convence-lo a aceitar a aposta, a Marquesa lhe promete, então, uma noite inesquecível. O Visconde tem sucesso e volta para cobrar a promessa de Isabelle. Esta, enciumada por ver o Visconde sob o efeito de Eros e completamente apaixonado por Madame de Tourvel, explode (e implode kkkkkkk) de orgulho e recusa-se a pagar a aposta. Tem inicio uma gerra  com uma simples palavrinha, “War” (guerra), que, na boca da Glenn Close, adquire contornos épicos de guerra mundial. Cena que meu eu inferior nao se cansa de aplaudir... :)))

 Há muitos diálogos relevantes no filme tocante às palestras do Pathwork que escolhi para este estudo. 


Um deles é a cena em que a Marquesa de Merteuil confessa para o Visconde como desenvolveu as mascaras para sobreviver à frustraçao de ser uma mulher numa sociedade em que o homem tem poder de vida e morte sobre as fêmeas. Infelizmente, nao consegui encontrar a cena na internet com legendas em português, mas a conversa no video postado abaixo é o seguinte: 


Valmont: - Sempre fico imaginando como você fez pra inventar a si mesma. 
Merteuil : Bem, eu não tive escolha, tive? Sou mulher. Mulheres são obrigadas a desenvolverem mais  recursos que os homens. Vocês podem arruinar nossa reputação e nossas vidas com algumas poucas palavras bem escolhidas. Portanto, é claro que eu tive de inventar não apenas eu mesma, mas também formas de fuga que ninguém pensou antes. E eu fui bem-sucedida porque sempre soube que nasci pra dominar o sexo masculino e vingar o sexo feminino.
Valmont: - Sim, mas o que perguntei foi, como? 
Merteuil: - Quando debutei na sociedade com 15 anos, compreendi que tinha que ficar calada e fazer o que me mandavam . Isso me deu a oportunidade de ouvir e observar. Nao no que as pessoas diziam, porque isso nao me interessava. Mas no que elas estavam tentando esconder. Eu pratiquei a indiferença. Tornei-me um prodigio na arte do fingimento. Eu aprendi a parecer feliz quando embaixo da mesa eu enfiava um garfo na palma da mao. Consultei moralistas rigorosos para saber como deveria me comportar. Filosofos, para saber o que deveria pensar. E novelistas, para saber do que eu poderia escapar. E no final, cheguei a um principio maravilhosamente simples: vencer ou morrer . 
Valmont: - Entao, você é infalivel? 
Merteuil: - Se eu quero um homem, eu o tenho. E se ele quiser falar de mim, nao pode. 
Valmont: - E qual foi a nossa historia? 
Merteuil: - Eu o desejei antes mesmo de conhece-lo. Minha autoestima exigia. Foi a unica vez em que fui controlada pelo meu desejo.






http://youtu.be/z6PJBv7HT1M



Reparem bem na frase "Minha autoestima exigia". Nada poderia estar mais longe do amor. E, no entanto, Merteuil acreditava que amava Valmont. Erro classico repetido aos montes pelos quatro cantos do mundo por bilhoes de casais...

Eu também, assim como a Marquesa, quando debutei na sociedade aos 15 anos, encontrei um mundo adulto de pessoas repletas de mascaras. Desenvolvi as minhas pra ser aceita e receber aquilo que eu acreditava ser amor. Tudo o que consegui foi dor e abuso psicologico, emocional e fisico até me tornar uma mulher, tola e com um egão que ameaçava: "decifra-me ou devoro-te." Passei anos acreditando que podia brincar com a manipulaçao sem me queimar. Meu ego me fazia acreditar que eu era poderosa como a Marquesa com o meu corpinho de bailarina e meu batom carmim. Que patinha! Nao passava de uma marionete, como a dama Cécile de Volanges, nas mãos de pessoas com egos tao inflados quanto o meu...


Felizmente, escolhi o caminho oposto da Marquesa, ainda que tateando no escuro... 


Num outro momento, Valmont confessa: "Quero ter a emoçao de ver Marie de Tourvel traindo tudo aquilo em que acredita", ou ainda, "Por que sera que sentimos prazer em perseguir as mulheres que nos fogem?" Prato cheio para a palestra do "Pathwork 140 - Ligaçao ao Prazer Negativo como Origem da Dor."

Bem, no final do filme, Isabelle de Merteuil é punida pela sociedade, tao hipocrita quanto ela mesma. A velha maxima dos eventos exteriores trazendo à tona o nosso mundo interior... E o casal Valmont e Madame de Tourvel "morrem por amor", um blablabla basico da interpretaçao descuidada do comportamento humano infestando a literatura, cinema, musicas e pinturas e responsavel pela manutençao da imagem distorcida do amor. Amor nao mata, liberta!

Ao olharmos por tras da imagem do clichê de "morrer por amor", percebe-se claramente outras motivaçoes inconscientes no casal apaixonado do filme, o Visconde Valmont e a Marquesa de Tourvel. Ele, agindo através da obstinaçao, traça um plano para vencer e destruir a reputaçao da Marquesa de Merteuil: atira-se sobre a espada do Cavaleiro Danceny e entrega as cartas que tornarão publico o carater de Isabelle de Meurteil. Uma vez morto, nao sofre os julgamentos da sociedade, nao precisa encarar o deboche de todos, o que torna a vingança mais certeira. Assim, ele se utiliza do "princípio maravilhosamente simples" da Marquesa: vencer ou morrer. Ou seria, vencer E morrer? Mas que surpresa o Vinconde de Valmont nao deve ter tido ao se deparar com a propria consciência e constatar que tudo nao passou de vaidades e oportunidades desperdiçadas... E Madame de Tourvel, morre de angustia por ter descoberto que sua mascara de mulher fiel e religiosa sucumbiu aos galanteios de um sedutor sem escrupulos e vaidoso. Que canto escuro da sua psique a teria levado a se apaixonar por um homem que vibrava o oposto das suas convicçoes aparentes? Marie de Tourvel pagou o preço de ter um eu idealizado que a levou a acreditar que poderia evangelizar e salvar a alma daquele que ela considerava amar. E talvez, tenha morrido mesmo é de medo que todo mundo descubra seu pecado, que para ela foi imperdoavel.

Ah, os labirintos da psique humana... E, no entanto, todos acham que agiram por... amor!!!!!!!!!!!!!

Elementar, mas o escritor francês Choderlos de Laclos era um grande conhecedor da natureza humana. Amor é um sentimento puro demais para que almas neste nivel de ilusao possam sentir...

A palestra 44 do Pathwork ("As forças de Eros, Amor e Sexualidade) é muito elucidativa sobre esta afirmação. Vejamos: "A força erótica (Eros) é uma das mais potentes forças existentes e é dotada de um impulso e de um impacto tremendos. Sua função é servir como a ponte entre o sexo e o amor; porém ela raramente o faz. Em uma pessoa de grande desenvolvimento espiritual a força erótica transporta a entidade da experiência erótica, que em si mesma é de curta duração, para o estado permanente de amor puro. No entanto, mesmo o forte impulso da força erótica só leva a alma até aí, e não mais. Ela está destinada a dissolver-se caso a personalidade não aprenda a amar, cultivando todas as qualidades e requisitos necessários para o verdadeiro amor. A fagulha da força erótica só pode permanecer viva quando se aprende a amar. Sozinha, sem o amor, a força erótica se consome em seu próprio fogo. É esse, naturalmente, o problema com o casamento. Como, a maioria das pessoas, são incapazes de experimentar o amor puro, são também incapazes de alcançar o casamento ideal. Eros é semelhante ao amor em muitos aspectos. Ele revela impulsos que um ser humano não teria de outra maneira: impulsos de altruísmo e afeição dos quais ele talvez fosse antes incapaz. Eis porque ele é tão freqüentemente confundido com o amor. Mas eros é com a mesma freqüência confundido com o instinto sexual que à sua semelhança, também se manifesta como um grande desejo. Eros é a coisa mais próxima do amor que o espírito não desenvolvido pode experimentar. Ele retira a alma da apatia, do simples conformismo e do estado vegetal. Faz com que a alma se revolva e saia de si mesma. Quando essa força chega, mesmo as pessoas menos desenvolvidas tornam-se capazes de superar-se. Mesmo um criminoso sentirá temporariamente, pelo menos por uma pessoa, uma bondade que nunca havia antes conhecido. A pessoa completamente egoísta terá, enquanto durar esse sentimento, impulsos altruístas. Pessoas preguiçosas sairão de sua inércia. A pessoa presa à rotina livrar-se-á, naturalmente e sem esforço, de hábitos estáticos. A força erótica retirará uma pessoa do seu estado de separação, ainda que só por pouco tempo. Eros oferta a alma um gosto prévio da unidade e ensina à psique temerosa o anseio por ela. Quanto mais fortemente tenha experimentado eros, menos contentamento encontrará a alma na pseudo-segurança do isolamento. Mesmo uma pessoa totalmente auto-centrada pode ser capaz de fazer um sacrifício durante a experiência de eros. Como vêem, meus amigos, eros capacita as pessoas a fazer coisas a que elas não se sentem inclinadas em sua ausência; coisas que estão intimamente ligadas ao amor. É fácil ver porque Eros é tão comumente confundido com o amor.
A DIFERENÇA ENTRE EROS E O AMOR
Qual a diferença, então, entre Eros e o Amor ? O amor é um estado permanente na alma; eros não. O amor só pode existir se o seu alicerce é preparado através do desenvolvimento e da purificação. O amor não vem e vai a esmo; é assim com eros. Eros atinge com força repentina e até mesmo quando encontra a pessoa não disposta a atravessar a experiência. Eros só será a ponte para o amor que se manifesta entre um homem e uma mulher se a alma estiver preparada para amar e tiver construído a fundação para o amor." (Guia Pathwork, palestra 44)


Se o Visconde tivesse utilizado o portal de Eros para desenvolver o Amor, teria mandado  Merteuil e sua reputaçao de conquistador às favas e sido feliz com sua amada. Em vez disso tratou Tourvel com crueldade tipica daqueles que so vislumbraram Eros por uma fresta. Simples assim! Como diria a Marquesa de Merteuil neste dialogo primoroso: "A minha vitoria nao foi sobre Madame de Tourvel mas, sobre você (Visconde de Valmont), que nao suportou a vaga possibilidade de escarnio, o que prova a minha teoria de que VAIDADE E AMOR SAO INCOMPATIVEIS! Uma pérola de frase para o Facebook! :)))) 




Para mim, o filme ilustra muitissimo bem como a humanidade construiu, ao longo dos séculos, as mascaras das quais tentamos nos livrar até hoje. E como a mulher, salvo poucas exceções, participou ativamente e inconscientemente desta construçao, com uma maioria sonhando ardentemente com um casamento que a protegesse do mundo, de si mesma e promovesse o falso conforto da dependência.

Quantas de nos ainda nao vive, nas gavetas do insconsciente, este conflito interior, enquanto vestimos mascaras de mulheres independentes do século XXI?

O resultado desse conflito interior é simples e pode ser constatado o tempo todo, em nos e a nossa volta: o principio feminino (a entrega e a receptividade) e masculino (ativaçao) em desequilibrio. Em consequência, seres humanos com dificuldade de vivenciar a feminilidade e masculinidade sem distorçoes. 

A primeira vez que li a palestra 229, tive um ataque de colera diante da afirmaçao do Guia de que: "... o homem manifestava e revelava medo em relação aos que eram fisicamente mais fortes do que ele. E quanto mais medo existia em relação aos que eram mais fortes, maior se tornava o impulso de subjugar as pessoas mais fracas. Esse é um traço humano da pessoa não iluminada que vocês conhecem bem por causa de seus próprios processos interiores. É um fenômeno de compensação. Essa atitude existe na consciência da humanidade até hoje. Está presente também na mulher, pois se vocês olharem bem no fundo de si mesmas, encontrarão atitudes semelhantes arraigadas na consciência. Uma parte da mulher contribuiu para a situação na era que terminou há pouco. Por que a mulher foi subjugada e teve negado seu direito de autoexpressão,
de igualdade mental, emocional e espiritual com o homem por muito tempo depois que a força física deixou de ser o maior valor de uma pessoa? A mulher não podia ser apenas uma vítima do desejo egoísta do homem de sentir-se superior e mais forte, de possuir a mulher como um objeto. A mulher também contribuiu para isso."

Meu ataque foi um sinal tipico de negação. Afinal, a raiva nunca é a emoçao primaria, mas a emoção que utilizamos para esconder aquilo que não queremos ver.
Passada a histeria, fui obrigada a rever calmamente que, como humanidade, nos nos desenvolvemos desta forma. E agora, temos o privilégio de sermos as gerações que podem iluminar este canto escuro da psique coletiva  e mudar esta forma doentia de funcionamento. Nao repetindo os erros passados: um gênero tentando dominar o outro, mas, homens e mulheres se perdoando mutuamente pelos erros e excessos feitos coletivamente. E se libertando para sermos individuos com as forças masculina e feminina integradas e equilibradas.

Ao aconselhar a dama de Volanges, Isabelle diz outra frase de impacto: "Vergonha e dor só se sente uma unica vez." O que ela deve ter descoberto, ao receber a noticia da morte do Visconde e quebrar todo o quarto, que nao é verdade. A cena final, prodigiosa, mostra a Marquesa de  Merteuil retornando pra casa depois da vaia na Opera e retirando a maquiagem. Ou seria a mascara? 




  

Um ano depois, toda a sociedade aristocratica parisiense, que condenou  Merteuil à obscuridade, seria induzida também a retirar suas mascaras, porém, num evento mais determinante e doloroso: a Revolução Francesa.

Como diz o ditado popular espirita atribuido a Chico Xavier: "Se não vai por amor, vai pela dor."

‎A frase de Stephen King, "Monstros e fantasmas são reais. Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem", ganha aqui uma veracidade inquestionavel.
Quais sao os fantasmas ou as mascaras que você precisa enfrentar para encontrar a si mesma(o)? 





Minhas sugestoes de palestras Pathwork que complementam esta meditaçao sao as de numeros:

169 Os principios masculino e feminino no processo de criaçao
044 As forças do Amor, Eros e Sexo
058 O Desejo pela Felicidade e o Desejos pela Infelicidade
072 A Respeito do Medo de Amar
229 A Mulher na Nova Era
251 A Evolução e Significado Espiritual do Casamento - O Casamento na Nova Era
Ou, o livro "Criando União", da Fundaçao Pathwork.

Para baixar as palestras, va em Pathwork Brasil .

Boa meditação!


  * Patrícia Nascimento Delorme, 40, integrando as forças feminina e masculina na alma antes que uma guilhotina me seja apresentada.


O blog "Escreva Lola, Escreva" faz uma analise deliciosa do filme:
http://escrevalolaescreva.blogspot.fr/2010/09/classicos-duvidosos-ligacoes-perigosas.html
http://escrevalolaescreva.blogspot.fr/2010/09/e-marquesa-e-punida-faz-parte-do.html?showComment=1341305458139

terça-feira, junho 26, 2012

O desejo e o medo da proximidade.

Lans-en-Vercors, França. Verão. 22°C. Céu azul, azul...

 Acabei de ver o filme "Hemingway e Gellhorn".





O roteiro é sobre o relacionamento da jornalista e correspondente de guerra Martha Gellhorn com o escritor Ernest Hemingway. Nas palavras do marido, "Martha amava a humanidade mas nao podia conviver com as pessoas". De fato, ambos deram uma contribuiçao grandiosa à humanidade com suas obras mas, nao conseguiram vencer as proprias limitaçoes para se relacionarem com amor e entrega verdadeira. Separaram-se depois de cinco anos de casamento e guerra, aonde na maior parte do tempo, Martha estava em algum lugar do planeta cobrindo um conflito armado e Hemingway, em casa, dando andamento ao seu roteiro autodestrutivo. O escritor suicidou-se em 1961 com um tiro e, Gellhorn fez o mesmo, em 1998, com uma overdose de medicamentos para o câncer, doença que a deixou quase cega.

O filme, acompanhado da palestra Pathwork nr. 138, é uma excelente meditaçao sobre o desejo e o medo da proximidade, um dos meus maiores fantasmas.

Colher de cha da palestra: " A maior luta dos seres humanos é entre o seu desejo de superar o isolamento e a solidão, e o seu medo simultâneo de contato próximo, íntimo com outro ser. Freqüentemente o desejo e o medo são igualmente fortes, de modo que as pessoas são puxadas e empurradas em direções opostas. Isto causa uma tremenda pressão. A dor do isolamento sempre empurra as pessoas no sentido de tentarem escapar dele. Quando essas tentativas parecem estar sendo bem sucedidas, o medo da proximidade induz as pessoas a recuarem outra vez e a afastar o outro. Assim, o ciclo continua, com os seres humanos primeiro construindo e depois destruindo barreiras entre eles mesmos e os outros.

Certa vez, ouvi alguém da minha familia dizer: "você luta pelos direitos das crianças, mas nao quer cuidar do seu sobrinho", ou, "a Patricia so consegue carregar a mochila dela". Talvez seja por isso que me identifiquei tanto com a jornalista Martha Gellhorn. Partir nunca foi meu problema. Tenho P.h.D. em partir. Meu grande desafio é ficar. O Pathwork tem sido o farol pra que eu faça o Patiework e compreenda de uma vez por todas porque é tao dificil ficar...

Qual é o seu desafio?

Boa meditaçao!

* Patrícia Nascimento Delorme, 40, mãe do Luka, e que por amor à cria, esta tendo a coragem de enfrentar o medo de ficar. 

Pra ver o filme online, clique aqui.

quinta-feira, junho 14, 2012

Ecologia Emocional


PRÍNCIPIOS DA ECOLOGIA EMOCIONAL

1- Autonomia – ajude-se primeiro e verá que os outros também o ajudarão.

 2- Independência – não faça pelos outros aquilo que eles podem fazer por eles mesmos.

 3- Moralidade Natural – não faça aos outros o que não quer que eles lhe façam.

 4- Efeito Boomerang – o que fizer aos outros voltará para si.

 5- Respeito – não espere que todos desejem o mesmo que você.

 6- Auto Aplicação – é impossível doar o que você não pode dar a si mesmo.

 7- Limpeza Emocional – livre-se das relações que o(a) impedem de crescer.




segunda-feira, junho 11, 2012

A SUSTENTAVEL LEVEZA DO SER

Brasilia-Brasil, 05 de junho de 2012. Outono. Céu escancaradamente azul como na cançao do Djavan. Temperaturas entre 25°C e 28°C. Dilicia!

A lua e o ipê se enamoraram...





Sentar ao lado de Marina Silva no Encontro foi um presente do Universo para festejar os meus 40 anos.
A mesa das quatro palestrantes com discurso costurado pela sincronicidade. Mesa 02 – “Desenhando Novos Modelos”

“Ecologia Profunda e Cultura de Paz” - Regina Fittipaldi -Arquiteta e Urbanista – DF.
 “Reencantando a Vida, os Ensinamentos das Comunidades e Povos tradicionais” - Maria Cácia Cortêz - Jornalista, Educadora Popular e Consultora para Comunicação e Metodologia de Processos Participativos – DF.

“A Sustentável Leveza do Ser - Patrícia Nascimento Delorme” – ONG Art In All of Us, França.

“Cultura e Sustentabilidade do Sujeito Contemporâneo” - Márcia Portela - Doutora em Psicologia – DF.


 (Este é um resumo da minha palestra no Encontro Latino Americano de Mulheres em Brasilia, evento que teve como objetivo produzir a Carta de Brasilia para a Rio+20, Conferência da ONU sobre a sustentabilidade no mundo.)

"Atribui-se a Martin Luther King uma frase de valor inquestionável: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Ao longo da história da humanidade, temos visto o orgulho, o medo e a obstinação vencerem. Afinal, o que leva os bons a se calarem diante da arrogância dos maus?

 “Bem aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, porque eles possuirão a Terra” é um ensinamento bíblico poderoso, porém, quando mal compreendido pode levar ao silêncio diante de crueldades, do preconceito, da corrupção. Ao confundir brandura e pacifismo com a não-ação, corre-se o risco de se tornar submisso, apático e condescendente. É preciso termos claro que o amor real nos leva a encontrar interiormente uma força vigorosa que é capaz de confrontar com criatividade, e sem violência, o grito dos maus.

 Nas palavras do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, “A natureza humana é capaz de um mal infinito. Hoje, como nunca antes, é importante que os seres humanos não subestimem o perigo representado pelo mal que espreita dentro deles. Ele é, infelizmente, bastante real, e é por essa razão que a psicologia deve insistir na realidade do mal e deve rejeitar qualquer definição que o considere insignificante ou na verdade inexistente.” Jung escreveu isso quando os nazistas ascendiam ao poder na Alemanha...

 Na mesma época, a escritora judia austríaca, Eva Pierrakos, fundadora da Fundação Pathwork, fugiu para a Suíça para escapar do Nazismo. No livro “Não Temas o Mal”, ela nos oferece uma chave poderosa para esta caixa de pandora aberta pelo psiquiatra Carl Jung: “Quando o mal é compreendido como um fluxo de energia divina momentaneamente distorcido devido a ideias errôneas, a conceitos e imperfeições específicos, então, ele não é mais rejeitado na sua essência.”

 O que este “fluxo de energia divina momentaneamente distorcido” quer dizer? E o que isso tem a ver com a RIO+20, com a economia verde e com este encontro latino-americano de mulheres? Tudo. Quando temos crenças errôneas, agimos a partir de energias distorcidas que nos levam a cometer desde as pequenas injustiças do dia a dia como, por exemplo, a falta de respeito no trânsito, até as mais cruéis das ações. A partir daí tudo é possível, até mesmo o inimaginável, como a hidrelétrica de Belo Monte, o novo Código Florestal ou o modelo socioeconômico no qual a humanidade está imersa.

 Na filosofia chinesa existe o símbolo do Yin e Yang como a representação do princípio da dualidade. Segundo este princípio, duas forças complementares compõem tudo que existe, e do equilíbrio dinâmico entre elas surge todo movimento e mutação. Reparem bem! O movimento e a mutação não surgem da eliminação de forças opostas, mas do seu equilíbrio. Essas forças são: Yang, diurno, luminoso, quente, céu, inconsciente, intelecto, deslocamento, movimento exterior, ação criativa ou, ainda, princípio da ativação. Yin: noturno, escuro, frio, terra, consciente, intuição, repouso, movimento interior, tranquilidade contemplativa ou o princípio da receptividade. Os opostos complementam-se, positivo não é bom ou mau, é apenas o oposto complementar de negativo. Mas como este princípio funciona na nossa vida?

 Segundo Eva Pierrakos, nos seres humanos existem três atributos ou fluxos de energia: O Amor, o Poder e a Serenidade. Na personalidade saudável, esses três princípios trabalham lado a lado, entrelaçados em perfeita harmonia. Dessa forma, uma pessoa emocionalmente saudável, consegue expressar amor, poder e serenidade sem conflitos. Contudo, na personalidade desequilibrada pelo orgulho, medo ou obstinação, esses três “fluxos estão momentaneamente distorcidos”, sendo expressos como os seus opostos complementares. Dessa forma, o amor torna-se submissão ou dependência. O poder, ou autoafirmação, torna-se agressividade. E a serenidade torna-se indiferença. A pessoa emocionalmente em conflito veste a máscara desses atributos para resolver as situações na sua vida gerando o caos. O noticiário está cheio de exemplos de pessoas que agem na distorção dos atributos divinos, ou seja, a submissão, a agressividade e a indiferença.

 Ao estudar sobre os mecanismos de defesa denominados “máscaras” é possível compreender porque muitos de nós temos grandes ideias e projetos para um mundo sustentável, mas na prática, continuamos desperdiçando água com banhos de uma hora, comprando mais e mais sapatos, que raramente serão usados, outro carro, outro iPOD, iPAD, e todos os “aiais” que não precisamos, apenas porque estão na moda ou porque são símbolos de status. Ou ainda pior: apoiamos políticos que criam leis ou votam em propostas que incentivam a insustentabilidade em suas incontáveis manifestações.

 O grande educador Paulo Freire teria dito: “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, até que num dado momento, a tua fala seja a tua prática.” E com esta frase de Paulo Freire eu entro no campo do que Eva Pierrakos denomina de o EU REAL e a AUTOIMAGEM IDEALIZADA. Para nos proteger da dor de ainda não sermos aquilo que gostaríamos de ser, criamos o eu idealizado, cheio de qualidades que gostaríamos de ter, mas que não queremos pagar o preço para tê-las, então, inventamos uma persona que achamos que somos e começamos um processo de autoengano e submisso à ditadura do Eu Idealizado. É a distância entre o que se diz e o que se faz aumentando. E é esse eu idealizado que está na raiz da “insustentável leveza do ser”, como brilhantemente escreveu o escritor tcheco Milan Kundera. 

Quem vive sob a ditadura do eu idealizado cai num círculo vicioso de raivas, vergonha, frustração, desprezo e ódio de si mesmo. Primeiro, pela negação do Eu Real, pela indignidade de não se expressar como em realidade se é. Em segundo lugar, porque é impossível viver de acordo com as imposições do Eu Idealizado. E então, criamos as máscaras do amor, do poder e da serenidade que dão luz a centenas de outras máscaras. A máscara do amor é aquela voz que choraminga assim: “Se ao menos eu pudesse ser amada e protegida, não seria frustrada, e tudo estaria bem. Então, estaria segura e a salvo.” A máscara do poder é aquela vozinha que martela: "Se ao menos eu pudesse me afirmar, afirmar o meu poder, a minha invulnerabilidade e a minha independência. Então, estaria segura e a salvo.” A máscara da serenidade é aquela vozinha que sussurra: “Se ao menos eu pudesse me manter distante, desapegada e afastada, não seria afetada pelos problemas e conflitos da vida. Então, estaria segura e a salvo”.

A máscara adora estereótipos porque é confortável. É na generalização que os contornos ficam menos nítidos e é mais fácil comprar gato por lebre. Quer ver um estereótipo que está muito na moda? “A mulher é acolhedora, sensível, amorosa, receptiva, intuitiva... Sua força vai transformar o mundo.”

Para refletir sobre esse clichê, peço licença para citar um trecho do artigo da jornalista Eliane Brum, publicado no site da revista Época, em setembro de 2011: “A mesma presidente que enalteceu as vantagens da liderança feminina na ONU não recebeu as mulheres do Xingu que, com grande esforço, viajaram até Brasília para levar a sua voz e as suas reivindicações. Em seu discurso histórico na ONU, Dilma Rousseff afirmou: “Junto minha voz às vozes das mulheres que ousaram lutar, que ousaram participar da vida política e da vida profissional, e conquistaram o espaço de poder que me permite estar aqui hoje”. Vozes das mulheres do Xingu, cuja vida, cultura e futuro dos filhos estão ameaçados pela política para a Amazônia da “mãe do PAC”. Gostaria que a primeira mulher presidente botasse em prática no Brasil o que disse nos Estados Unidos: “Quem gera a vida não aceita a violência como meio de solução de conflitos”. Não por ser mulher, mas porque dignidade não depende de gênero. Reconheço o valor de Dilma Rousseff ser a primeira mulher na presidência do Brasil e a primeira mulher a abrir a Assembleia Geral das Nações Unidas como líder de uma nação. Mas este fato só ganha densidade se o discurso abandonar os velhos chavões sobre o feminino – e a prática se afastar do autoritarismo no país que essa mulher governa. Na cultura colaborativa que está nascendo, quando as empresas e também os governos têm o desafio de se horizontalizar, valorizar os aspectos autoritários de uma liderança, seja ela um homem ou uma mulher, é manter o debate em marcha a ré”.

Neste inicio de milênio nós, mulheres, temos um desafio extraordinário: ocupar espaços sem reproduzir os padrões do principio masculino distorcido que perpetuam relações autoritárias e centralizadoras. Então, o que fazer para sermos mulheres empoderadas e receptivas, intuitivas, amorosas, mas também objetivas e independentes?

Além da distorção dos três atributos já citados, quero trazer para a nossa reflexão, a distorção dos principios feminino e masculino. Eva Pierrakos, nos livros “Criando União” e “Não Temas o Mal”, nos fornece pistas valiosas para compreender como funciona a força criativa no universo através dos princípios feminino e masculino.
Como ensina a filosofia chinesa: “Duas forças complementares compõem o que existe, e do equilíbrio dinâmico entre elas surge todo movimento e mutação”. Segundo Eva Pierrakos, estas forças são a ativação, ou principio masculino, e a recepção, ou principio feminino. Ou, “o cálice e a espada”, como nos lembra a escritora Riane Eisler; ou, ainda, Yin e Yang, na filosofia chinesa. Porém, assim como Yin contém Yang, Yang contém Yin, tanto o homem quanto a mulher contém em si os princípios da ativação e da recepção.
 A ativação ou princípio masculino é esforço, empenho, conduta ativa, reivindicação, determinar ou usar deliberadamente as próprias forças ou as forças da natureza com uma determinada finalidade eliminando todos os obstáculos possíveis.
A recepção ou princípio feminino é a atitude de entrega. De espera paciente e confiante para permitir que um processo de amadurecimento chegue à plenitude; é a atitude de submeter-se a uma força posta em movimento pelo princípio ativo. A recepção também é movimento, mas é um movimento interior, enquanto que, a ativação é um movimento em direçao ao exterior. Esses dois princípios, ativação (masculino) e recepção (feminino), regulam todo tipo de criação no universo e se complementam; quer se crie uma empresa, um relacionamento entre duas pessoas, um modelo socioeconômico, o próprio destino ou todo um universo, tudo depende da compreensão e do uso harmônico desses dois princípios. Quando esses princípios criativos são distorcidos através do orgulho, medo ou obstinação, e usados de forma errônea, cria-se confusão, desarmonia, resultando, por exemplo, numa cultura de patriarcado, cujo modelo de sociedade é a dominação, a supremacia do homem sobre a mulher - e sobre todas as demais espécies vivas - ou a criação de um modelo socioeconômico insustentável, resultando numa crise sem precedentes na humanidade.
Assim, o homem pleno deve incorporar o princípio receptivo ou feminino. Caso ele expresse apenas o princípio masculino ele se torna uma caricatura de um homem: valentão, tirano, machista.
Da mesma forma, uma mulher deve desenvolver o princípio ativo ou masculino. Se ela expressar apenas o princípio receptivo ela será, então, uma caricatura de uma mulher: torna-se uma criança que se apoia nos outros, que nega a sua própria autonomia e se torna dependente do homem.
Esse perfeito equilíbrio não pode ocorrer a partir de uma decisão intelectual, mas somente por meio do ato interno de amor; através do ato interior de libertar o sexo oposto das amarras do ódio, da desconfiança e da culpa, ainda que estas amarras sejam inconscientes. A verdadeira comunhão do feminino e masculino não deve acontecer somente entre os sexos, mas internamente e individualmente, para que homens e mulheres, plenos e em união interna, possam vivenciar verdadeiramente a parceria criativa. E, finalmente, eu me considero otimista em relação ao futuro.
Como diz a sempre inspirada e inspiradora Marina Silva, ‎"a queixa é sempre estagnante. A mudança virá pela qualidade do nosso compromisso." Então, por amor ou pela dor vamos construir um mundo sustentável a partir da revolução interna que já está se processando de maneira cada vez mais acentuada na humanidade. Os exemplos práticos dessa construção existem aos milhares pelo mundo.

Nós não os encontraremos com facilidade na mídia, que ainda está muito poluída pelas correntes negativas e insiste em evidenciar a sombra no mundo. Mas podemos encontrá-los em outras fontes. Na internet, nos livros do jornalista André Trigueiro, Mundo Sustentável 1 e 2, e assim por diante...
Paulo Freire ensinava que: “Não basta saber ler que “Eva viu a uva”. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho. Ninguém liberta ninguém. As pessoas se libertam em comunhão.” E nós, mulheres e homens, que tendo consciência e ativando a energia feminina e masculina INTERNAMENTE E EXTERNAMENTE, podemos exercer um papel determinante nessa comunhão, na criação da sustentável leveza do SER e na sustentável leveza DE SER, em vez de ter.

Gosto muito da história em que uma garota estava desenhando e a professora perguntou o que era aquilo. E ela respondeu que era o rosto de Deus. A professora, que não ativou a sua energia receptiva, criativa, retrucou que ninguém conhece o rosto de Deus. E a garota respondeu: “- Vão conhecer num minuto”. 

Penso que seja isso que alguns de nós estamos fazendo agora, neste quadragésimo de segundo, diante de cinco bilhões de anos, desenhando o rosto de Deus com o lápis que traçará linhas que levem à capacitação de pessoas para fazerem escolhas sustentáveis; à economia sustentável e ao fortalecimento da governança institucional para o desenvolvimento sustentável. Estamos sonhando, planejando e dando à luz uma nova terra, que justos e pacíficos herdarão. Muito obrigada pela receptividade.

 Luz, paz, amor."

 * Patrícia Nascimento Delorme, 40, mãe do Luka, jornalista, bailarina, fotografa, terapeuta de Reiki e, acima de tudo, uma buscadora de si mesma na batalha entre o ser e o ter.


PS: Sobre o dia do evento, os astrologos escreveram:

"O encontro de VÊNUS com o SOL: 22:10 HS DE 05/06

 Anote este grau em qualquer mapa astrológico: 15º 45’ GÊMEOS. É onde acontece o encontro de VÊNUS (o amor/arte) com o SOL (a individualidade/identidade). Uma das cinco pontas da estrela do pentagrama de Vênus - mostrado no vídeo abaixo - acontecerá neste grau zodiacal no dia 05 de Junho. Até a próxima ponta dessa estrela ser estabelecida em Janeiro de 2014 em Capricórnio, o influxo do amor e da arte no mundo vai refletir a jovialidade, versatilidade, pluralidade e a consciência da dualidade geminiana definida em 2012 no grau zodiacal exatamente na metade do signo de Gêmeos. Entre as 5 pontas do pentagrama de Vênus, Gêmeos é a ponta da estrela do amor onde mora a fonte da juventude. A fonte da juventude vem da leveza, da curiosidade, da adaptabilidade que sustenta a amistosidade e a amabilidade, do discurso ritmado, harmônico, equilibrado, do dom da convivência espirituosa, vivaz e em constante evolução porque está permanentemente atualizada e antenada com as mais novas tendências e caminhos. O outro lado da moeda- ou o lado b - dessa energia geminiana expressa por Vênus é a indecisão diante de tantas encruzilhadas que norteiam a cultura afetiva da humanidade desde sempre. A Vênus em Gêmeos talvez seja a que mais no fundo sente que a lei da atração amorosa não é respeitada nas culturas monogâmicas. Ela sabe que isso não segue o instinto natural do ser humano. Por isso ela sabe no fundo que a instituição do casamento criou simultaneamente a instituição da prostituição. Não é só o fato de atrás do altar matrimonial da igreja de uma cidade do interior sempre existir um prostíbulo. É mais ainda a prostituição interna, dentro do próprio casamento, quando o instinto natural é engessado e aprisionado por patrimônio, filhos e status. E os efeitos colaterais se manifestam como aparências falsas, mentiras, culpas, sofrimento, fixação e vício perseguindo e torturando os românticos condenados. E a Vênus em Gêmeos tem em si o arquétipo da tentação: o encanto da vedete, a sedução do beija-flor de flor em flor, feito a vizinha sorridente de saia esvoaçante que quando passa deixa acanhado o sério professor, enlouquece o adolescente e faz o cafetão vislumbrar o lucro. A Vênus em Gêmeos atiça a propaganda, a publicidade e o comércio do amor e da sedução, lota os salões de beleza e as prateleiras de bijuterias baratas ou de diamantes para quem pode. Porque a Vênus em Gêmeos tem de estar na moda, seja alta ou baixa costura, seja brega ou chique, ela quer estar atraente e atual. Quanto tempo folheando revistas de moda, de fofocas amorosas, de folhetins de TV, de romances de entretenimento e, nos dias de hoje, de redes sociais e sites de encontros bombando, bombando, bombando...e como o mau gosto e a baixaria reinam nessa cultura de massa, coitada da Vênus em Gêmeos transformada em arte genérica, repetitiva e descartável. Gêmeos é o signo do espírito da adolescência e da juventude e essa Vênus não quer envelhecer nuunncaa! E aí está o precipício da Vênus em Gêmeos: a propensão de procurar a beleza nos outros e no mundo exterior e a dificuldade de achá-la dentro de si mesma.
 Namastê, Rasiko Swami"