domingo, agosto 17, 2008

Toró de Parpite nr. 36. Controle chinês pós-natal.

Toró nr 36. Matoury-Guiana Francesa, 17 de agosto de 2008. 10° dia das Olimpíadas de Pekim.

A China está trocando os seus velhos métodos de execução por fusilamento, a famosa bala na nuca, por algo mais "civilizado e mais limpo", a morte por injeção. Com a intenção de melhorar a sua imagem internacional politicamente e empresarialmente, e a fim de evitar ferir sensibilidades no mundo dos negócios, a China se propôs a mudar a sua maneira de matar os seus condenados à morte. Num esforço para mudar a sua reputação de desrespeitadora dos direitos humanos e civis dos seus cidadões, optou pela injeção letal em furgões especialmente preparados e transformados em salas de execução.

A execução por fuzilamento faz-se com o preso colocado de joelhos, as mãos atadas nas costas, e abatido de uma bala na nuca (paga pela familia do condenado), às vezes, em locais públicos que podem albergar um grande número de espectadores, como estádios, de maneira a dar o exemplo e criar terror nas mentalidades populares.





Os furgões são ônibus de 24 lugares convertidos, sendo a câmara de execução na parte de trás, onde o preso está amarrado a uma cama de metal e onde recebe um coctail de drogas letais, que não leva mais de 60 segundos a produzir o seu efeito mortífero.








Receia-se que as execuções por injeção sejam também uma maneira de alimentar o conhecido negócio implementado, mas sempre negado por parte de Pequim, do tráfico de órgãos humanos, que chegou de forma subterrânea a muitos países ricos, inclusive os Estados Unidos.

Quem morou por lá me garante que as execuções são também um controle pós-natal. A China tem 1,3 bilhão de habitantes pra alimentar, vestir, empregar... Assassinar quem "pisa no tomate" diminui um pouco esse contingente. Assim, mata-se literalmente dois coelhos com uma cajadada: diminui a população carcerária e consequentemente, a população chinesa. "Engenhoso" como o método de "transformar" homossexuais masculinos em hetero. Trancam-se as criaturas em um quartel com profissionais do sexo feminino que vão ajuda-los a voltar o normal. "Mas, infelizmente, não estava dando certo... " E isso foi dito seriamente aos agentes da organizaço Médicos Sem Fronteira!!!!!!!!!!!!!! hahahahaha. Cômico se não fosse trágico!
No mesmo dia em que os furgões chegaram à província do Yunnan, segundo atesta o jornal Beijing Today, dois agricultores de 21 e 25 anos, culpados de tráfico de drogas, foram executados com injeções letais. Apesar da rapidez do julgamento, o presidente do Tribunal Superior Provincial do Yunnan, Zhao Shijie, elogiou o "novo" sistema e declarou: "O uso de injeções letais mostra que o sistema de pena de morte chinês está mais civilizado e humano".


Matar mosca com bomba nuclear... Esperemos, pelo menos, que os jovens não sejam inocentes, rezo aqui do outro lado do mundo...

A campanha "Golpear Duro".
Em 1983, a China iniciou uma campanha de repressão contra a criminalidade, intitulada "Golpear Duro" (Strike Hard), o que levou a um aumento significativo do número de execuções que, em tempos normais, poderiam se ter traduzidas em penas mais leves de prisão. A partir dessa data, a campanha foi retomada várias vezes a fim de reduzir o crime.
As campanhas são lançadas durante vários meses a fio e depois suspensas. Podem dirigir-se contra o crime, a corrupção administrativa, para manter a estabilidade e a ordem, como também para reprimir excessos independentistas, como acontece no Xinjiang e no Tibete.
A China possui o recorde do maior número de execuções capitais, e segundo a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, foram levadas a cabo sob ordens e directivas oficiais. Quase 100 por cento dos acusados de por o estado em perigo, foram dissidentes, pessoas que pediam mais liberdade, direitos individuais e democracia. Nesses casos, a pessoa é julgada e acusada de pôr a segurança nacional em perigo, sem que esses conceitos sejam desenvolvidos, por medo de entrar em contradições, como é muito provavel que aconteça, e também sem grande precisão no que diz respeito ao quando e como "a estabilidade e segurança nacional" foram postas em questão. Os julgamentos que se inserem nessa categoria, são geralmente feitos a portas fechadas, sem que haja alguma transparência, e ao acusado é-lhe negado qualquer representação legal. Uma vez acabado o julgamento, o condenado é rapidamente executado.
As sucessivas campanhas do "Golpear Duro" foram também usadas contra minorias étnicas sob a desculpa de manter a ordem pública, sem que nenhum verdadeiro crime de sangue tivesse sido cometido, sendo muitas das vezes, dirigidas contra manifestações de carater pacífico. O Tibete foi atingido duramente, em 1996, pela campanha enquanto no Xingjiang foi no ano de 2001. O último relançamento foi em Agosto de 2006 em Lhasa, durante o 40º aniversário da Região Autonoma do Tibete.



A campanha "Golpear Duro" ganhou uma notória fama de ser desumana e brutal. Características da campanha são detenção prolongada, tortura, confessões forçadas e maus tratos em custódia, julgamentos rápidos e execuções rápidas. As vezes, execuções sumárias foram levadas a cabo, e exitem inúmeros casos de mortes extra-judiciais. A Anistia Internacional afirma que a atual estimativa de execuções ultrapassou as oficiais de estado. A China não fornece números atuais por considerar a pena de morte um segredo de estado.
O escritor médico, Kurt Samson testemunhou:
"Prisioneiros na China que são acusados de crimes que dificilmente teriam sentenças de prisão no Ocidente, são executados a fim que os órgãos, córneas e pele sejam colhidos e vendidos para um mercado lucrativo de tranplante. O sub-Comitê das Relações Internacionais e Direito Humanos ouviu relatos na primeira pessoa, de órgãos e pele sendo retirada, às vezes enquanto os prisioneiros ainda mostravam sinais de vida, e vendidos para o benefício de militares e de alguma elite chinesa.
Algumas das execuções foram retransmitidas pela televisão. As autoridades chinesas descreveram-nas como um meio para impedir as pessoas de cometer crimes no futuro. Em muitos dos casos era compulsório para grandes números de pessoas de se reunir e assistir às execuções. As autoridades referiam às execuções de prisioneiros em frente a grandes agrupamentos de pessoas como "matar galinhas para assustar os macacos". A Anistia Internacional registou uma execução que foi assistida por 1.800.000 espectadores.

Fonte : "Death Penalty in China", Tibetan Centre for Human Rights and Democracy
http://asianuxx.blogspot.com/2007/07/os-forges-de-execuo.html

Para saber mais sobre pena de morte e China :
« …Ao contrário da China, que testou seus protocolos de execução por injeção letal em seres humanos e agora dispõem de furgões tripulados por especialistas ultra-eficientes em execuções, que viajam pelas províncias do país executando sentenças de morte, o governo federal dos Estados Unidos nunca estabeleceu um painel para estudar os aspectos práticos da execução de sentenciados a morte. Como resultado, a questão termina sempre encaminhada aos tribunais. »
Fonte : The New York Times Magazine (Na integra) : http://noticias.terra.com.br/interna/0,,OI1401031-EI8248,00.html




* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, tentando compreender os irmãos chineses, como ensina o Dalai Lama. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

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