Toró nr 42. Matoury-Guiana Francesa, 23 de agosto de 2008. 16° dia das Olimpíadas de Pekim.
A manifestação pelo Tibete na Guiana Francesa foi, como diriam meus amigos musicos quando as palmas eram escassas apos o termino de uma canção: "poucas, mas sinceras!" hahahaha.
Eramos quatro na Praça Les Amandiers no centro de Caiena: eu, meu filho Luka, a amiga Tereza e sua filha Dyanka.
Enquanto acendiamos as velinhas, alguns brasileiros se aproximaram e perguntaram se a gente estava fazendo macumba. hahahahah
Respondi que era uma manifestação pelo Tibete e eles fizeram um "ahhh" que soou entre "entendo" e "do que esta mulher esta falando?"
Depois vieram dois senhores idosos perguntar se era "simpatia". Respondi a mesma coisa e eles retrucaram: "ah, sim. vi na tv. Que bom que alguem aqui se importa com eles! parabéns!" e se afastaram...
Bom, o caminho ainda é longo...
Alguem ai acendeu uma velinha pelo Tibete no dia 23 de agosto?
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, que prefere nem endurecer, nem perder a ternura. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
Este blog é fruto da minha necessidade de compartilhar com você o caminho exterior-horizontal paralelo ao interior-vertical que tenho percorrido no meu destino de peregrina. "Vâmo chega, a casa é sua, pode entrar, meus braços vao te abraçar, ha tanto pra plantar por aqui." (Renato Teixeira)
terça-feira, agosto 26, 2008
sexta-feira, agosto 22, 2008
Toró de Parpite nr. 41. Acenda uma vela pelo Tibete!
Toró nr 41. Matoury-Guiana Francesa, 22 de agosto de 2008. 15° dia das Olimpíadas de Pekim.
No dia 23 de Agosto de 2008, às 21 horas (hora local) O TIBETE NÃO SERÁ ESQUECIDO.
VELA pelo TIBETE
O que é um PROTESTO DE LUZ?
Um protesto de luz une milhões de pessoas à volta do mundo.
Um protesto de luz convida as pessoas a atuar num momento específico no tempo por um só fim/intenção/objetivo.
Um protesto de luz é um novo modo global que releva o poder de cada pessoa em manifestar a sua opinião.
Um protesto de luz luta sempre por uma causa como direitos humanos, liberdade de escolha, pensamento, credo e assim sucessivamente.
Um protesto de luz é sempre não-comercial e pacífico!
Lembre-se que um protesto de luz depende de cada um de nós manifestar a sua opinião no mesmo momento/dia, e convidar pessoas e amigos a juntar-se.
Junte-se a nós pelos Direitos Humanos no Tibete!
Para encontrar o endereço das Embaixadas da China pelo mundo:
http://www.candle4tibet.org/pt/august23
Para acompanhar o movimento:
http://www.candle4tibet.org/pt/beginning
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
No dia 23 de Agosto de 2008, às 21 horas (hora local) O TIBETE NÃO SERÁ ESQUECIDO.
VELA pelo TIBETE
O que é um PROTESTO DE LUZ?
Um protesto de luz une milhões de pessoas à volta do mundo.
Um protesto de luz convida as pessoas a atuar num momento específico no tempo por um só fim/intenção/objetivo.
Um protesto de luz é um novo modo global que releva o poder de cada pessoa em manifestar a sua opinião.
Um protesto de luz luta sempre por uma causa como direitos humanos, liberdade de escolha, pensamento, credo e assim sucessivamente.
Um protesto de luz é sempre não-comercial e pacífico!
Lembre-se que um protesto de luz depende de cada um de nós manifestar a sua opinião no mesmo momento/dia, e convidar pessoas e amigos a juntar-se.
Junte-se a nós pelos Direitos Humanos no Tibete!
Para encontrar o endereço das Embaixadas da China pelo mundo:
http://www.candle4tibet.org/pt/august23
Para acompanhar o movimento:
http://www.candle4tibet.org/pt/beginning
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
Toró de Parpite nr. 40. Mobilização inteligente.
Toró nr 40. Matoury-Guiana Francesa, 21 de agosto de 2008. 14° dia das Olimpíadas de Pekim.
Eu não me canso de admirar o Secretário geral da organização Repórteres sem Fronteiras, Robert Ménard, nas várias entrevistas que assisto nas TVs francesas.
Com o passaporte carimbado pelo governo chinês como "persona non grata", Robert Ménard está proibido de entrar na China e se tornou incánsavel na luta pelos direitos de jornalistas presos e, consequentemente, pela causa tibetana, especialmente agora durante as Olimpíadas.
De um bom senso e clareza de pensamento e ação, Ménard tem estado frente as mobilizações mais criativas da organização.
Leiam esta:
"A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) tornou-se acionária de multinacionais patrocinadoras dos Jogos Olímpicos da China, com o objetivo de pressioná-las sobre a questão dos direitos humanos no país que está prestes a sediar as Olimpiadas de 2008..Entre as empresas escolhidas como alvo, estão Coca-Cola, Adidas, Swatch e McDonald's. Desde fevereiro deste ano, a RSF compôs um portfolio com ações das quatro patrocinadoras dos Jogos Olímpicos, para sensibilizar os acionistas, dirigentes e consumidores, porque acredita que as empresas tem um papel a desempenhar na defesa do espírito olímpico.A primeira intervenção ocorreu no dia 16 de abril, na assembléia anual dos acionistas da Coca-Cola, em Wilmington, no estado de Delaware, Estados Unidos. Um integrante da RSF leu um documento, enquanto vários outros membros da organização exibiam cartazes do lado de fora, ao lado de militantes da Anistia Internacional."
Genial, não?
Cerca de 30 jornalistas e 50 usuarios de Internet estão presos na China (esses numeros devem estar desatualizados. Penso que sejam bem maiores, infelizmente...). Alguns desde os anos 80. O governo bloqueia o acesso a milhares de novos websites.
Ainda que sob pressão, as regras para os jornalistas estrangeiros se tornaram mais flexlveis, mas continua impossivel contratar um jornalista chinês ou se movimentar livremente pelo Tibete e Xinjiang.
Depois que Beijing foi escolhida para sediar os jogos, Harry Wu, exilado politico chinês que passou 19 anos na prisão, disse estar verdadeiramente triste por nao ver os Jogos acontecerem numa China democrática.
O exilado russo Vladimir Bukovsky comentou sobre Moscou ser a sede dos Jogos Olímpicos em 1980: “Politicamente, um erro grave; humanamente, um ato desprezivel; legalmente, um crime” - pelo jeito, a frase continua válida para 2008.
Fonte: http://www.rsf.org/rubrique.php3?id_rubrique=174
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, fã escancarada do jornalista francês Robert Ménard. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
quarta-feira, agosto 20, 2008
Toró de Parpite nr. 39. Acerca do Dalai Lama.
Toró nr 39. Matoury-Guiana Francesa, 20 de agosto de 2008. 13° dia das Olimpíadas de Pekim.
Esta foi a primeira foto do Dalai Lama que vi na vida. 1989. Uma pequena nota na revista "Veja" anunciando o vencedor do Prêmio Nobel da Paz daquele ano. Não sabia nada sobre o Dalai Lama e nem o Tibete. Mas o meu coração vibrou ao ver a sua imagem nas montanhas ao norte da India.
Dez anos depois, fui morar nessas montanhas e me tornei um coração solidário à causa tibetana.
As voltas que o mundo dá...
Acerca do Dalai Lama
"As vezes turistas vêm cá e trazem fotografias do Dalai Lama. Eu digo-lhes para não trazer tais imagens. Não é porque não quero ver sua santidade, porque nós o temos nos nossos corações. Eu digo aos turistas, se vocês querem mesmo fazer algo, ajudem-nos a preservar a nossa herança espiritual." Autor desconhecido
O Dalai Lama, sendo o único religioso como também o líder sécular dos tibetanos, goza de uma grande popularidade no mundo inteiro, devido à sua vasta sabedoria e à sua atitude exemplar em relação ao confrontamento da fatalidade do seu país, que ele espera resolver através de um diálogo constructivo com as autoridades chinesas, baseado no respeito pelos direitos humanos e o princípio gandhiano da não-violência.
Apesar desta atitude positiva, as autoridades chinesas têm recusado durante anos de entrar em diálogo com o Dalai Lama, a quem eles chamam obstinadamente, o "cabecilha dos separatistas" e um "inimigo da China".
O golpe em direção a uma política que coloca todas as cartas, desacreditando o líder do Tibete cujo país foi invadido, surgiu no final dos anos oitenta, quando a China viu-se a si própria, levada a suprimir os movimentos pro-independência no Tibete a seguir a um breve período revivalista dos assuntos religiosos. É verdade que a personalidade do Dalai Lama representa um símbolo unificador para o povo tibetano, e as autoridades chinesas encararam este facto como uma boa razão para tentar retirá-lo dos corações, e substituí-lo por uma lealdade forçada à unificada terra-mãe chinesa.
O Dalai Lama é receado pelo governo chinês por causa da sua habilidade para "internacionalizar" o assunto tibetano, o qual a China vê como um assunto doméstico. Em cada uma das suas viagens fora da Índia, o governo chinês mantém o olho posto na sua agenda, e expressa a sua desaprovação cada vez que o pode.
Até um período de liberalização que começou no fim dos anos 70, a autoridade do Dalai Lama era mais ou menos aceite até ao terceiro fórum, no qual o Dalai Lama foi acusado de violar a doutrina budista, e de usar a religião para encorajar tensões sociais. O Dalai Lama, assim, tornou-se no culpado de qualquer recusa ou distúrbio incitado pelas políticas chinesas dentro do Tibete, retratando-o ao Ocidente como o líder das actividades anti-chinesas. Os grupos de suporte do Tibete costumam ser referidos pelos oficiais chineses como a "clique do Dalai".
Mas o Dalai Lama é mais do que um líder religioso ou secular para os tibetanos ou os seguidores do budismo tibetano. Segundo o budismo tibetano, as reincarnações do Dalai Lama são consideradas as encarnações de Avalokiteshvara, o Buda da compaixão. Este buda é venerado por budistas sem número do mundo inteiro, não apenas por budistas tibetanos, mas também por Mongois e nas repúblicas russas. Nas suas práticas espirituais, os budistas tibetanos estabelecem uma relação muito próxima, muito pessoal com o Buda da compaixão e o seu principal professor que, para muito deles, é o Dalai Lama. Assim, é muito natural, para muitos practicantes do budismo tibetano, de seguir os comentários eruditos do Dalai Lama sobre os tratados budistas, e de estudar os seus escritos a fim de obter concelho espiritual, e para obter uma maior visão interior sobre os complexos assuntos da filosofia budista.
O principal objectivo do partido parece ser de diminuir o papel do Dalai Lama e por consequência, o de qualquer alto lama religioso. E existem planos para um controle sistemático futuro sobre todas as reincarnações importantes dentro do budismo tibetano: O governador da TAR (Tibetan Autonomous Region - Região Autónoma Tibetana), Qiangba Puncog, anunciou que Beijing escolherá o próximo Dalai Lama, um exemplo crítico da interferência flagrante com crenças e práticas religiosas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Dado o papel chave do Dalai Lama e de outros lamas de alto nível, tem sido difícil para as autoridades chinesas, de ganhar o coração do povo tibetano. A fim de assegurar a legitimidade do domínio chinês no Tibete, foram adoptadas medidas para mudar as mentalidades das pessoas, que incluem a proibição da posse de fotografias do Dalai Lama, e da bandeira nacional tibetana na qual, referindo ao Dalai Lama, se lê: "O líder do Tibete, o país das neves, o grande protector, tesouro de tudo, possa-ele viver até ao fim do universo."
A polícia confisca todo o material impresso, audio e vídeo contendo ensinamentos do Dalai Lama, e os que possuem tal material, às vezes encaram tratamento abusivo, incluindo pancada e detenção. Não somente as fotografias do Dalai Lama são proibidas na RAT, como noutras regiões, mas também as festividades muito populares do seu aniversário, no dia 6 de Junho, têm sido alvo de constrangimento há anos, argumentando que as celebrações do aniversário do Dalai Lama são essencialmente uma ferramenta política do Dalai Lama, e que as festividades poderiam afetar a estabilidade social.
Provas de como perigoso pode ser para os tibetanos de trazer consigo algumas fotografias e livros do Dalai Lama para uso pessoal, foram dadas em vários relatos de refugiados. Em 2005, o TCHRD recebeu um relato de Jigme Gyantso, um jovem monge tibetano, originário do mosteiro de Bhashing, em Amdo. Após uma estadia para estudos no mosteiro de Sera no Sul da Índia, ele quis voltar com o seu irmão, um monge, para a sua aldeia natal no Tibete. Eles tinham toda a documentação necessária incluindo visas para várias entradas no Tibete. Depois de Dram, na fronteira tibeto-nepalesa, eles decidiram viajar num veículo alugado, juntamente com outro monge de Chamdo, Ten Nam, que também estava de volta para o Tibete."Depois de uma paragem para gasolina, os nossos papéis foram inspecionados e encontrados em ordem. Mas parece que o condutor do carro, informou os oficiais da PSB que eles eram exilados de regresso. No espaço de minutos, tivemos que parar e ficamos cercados por cinco PSB de pistola. Enquanto revistavam as nossas bagagens, encontraram várias fotografias do Dalai Lama e livros por ele escritos, que foram confiscados. Em Julho de 2001, fomos os três mantidos num quarto durante três dias, e electrocutados com vários ustensilos eléctricos, para o gado até ficarmos inconscientes. Fomos espancados com cintos e placas de madeira, enquanto os oficiais nos interrogavam sobre a razão de possuirmos esses livros, e sobre a organização que estava por detrás. Os três monges foram acusados de incitar elementos contra o estado, entre as massas, e outros crimes que não comunicaram. No centro de detenção, foram torturados e alimentados com restos de comida. Eles receberam diferentes tempos de cadeia, que eles tiveram de cumprir na prisão de Drapchi, em Lhasa, famosa pelos seus particularmente crueis métodos de tortura. A memorização dos livros do partido sobre política e história tornou-se vital para a sobrevivência dos monges: Ali, foram-nos dados livros sobre educação patriótica que tínhamos de memorizar. Se falhássemos em memorizar os livros, não nos dariam comida. A dieta era pobre e o inverno muito frio, o que causou severos problemas de úlceras. Como remédio deram-nos medicamentos fora de prazo. Jigme Gyamtso e o seu irmão Tsedor foram libertados no dia 3 de Julho de 2005 e Ten Nam a 18 de Julho. Jigme Gyantso não foi autorizado a voltar para o mosteiro e está proibido de entrar em instituições e organizações governamentais. Depois de ter ficado na sua vila e ter estudado inglês durante quatro meses, ele conseguiu fugir para a Índia e planeja entrar num mosteiro no exílio.
Conclusão
Uma avaliação da situação do direito da liberdade de culto no Tibete, no ano 2005, forçosamente leva à conclusão, de que o nível de repressão religiosa atingiu um patamar sutil de manipulação, que coloca em perigo a continuação da essência das tradições tibetanas. Numa entrevista em Dezembro de 2005 com a Reuters, o Dalai Lama salientou que o Panchen Lama apontado pelos chineses, "obviamente tem de dizer o que os seus superiores querem", indicando que, em contradição com as declarações do Panchen Lama chinês sobre uma cultura religiosa livre no Tibete, os abusos dos direitos humanos são ainda uma norma no Tibete.
O prêmio Nobel da Paz disse que estava triste pelos relatos de que monges eram mortos e torturados pelas autoridades chinesas, por recusarem denunciá-lo como um "separatista" empenhado em causar danos à China, e também salientando a repercursão traumática da forçada campanha de "reeducação patriótica":"Eu tinha salientado que se eles tinham que me denunciar, então que por favor, me denunciassem, não há problema nenhum. A segurança deles é mais importante. Por favor, denunciem-me."
Falando em termos similares na inauguração do mosteiro Dolma Ling para monjas em Dharamshala, o Dalai Lama deu ênfase à importância da religião, exprimindo a esperança que o assunto tibetano pudesse ser resolvido, com base na não-violência, que é um princípio professado pelo Budismo tibetano e outras religiões do mundo.O número de pessoas que aderem ao Budismo e ao Cristianismo na China e na Rússia, que durante décadas forçaram as pessoas a pensar que a religião era um veneno, está a aumentar.
O Budismo pode realmente ajudar-nos a desenvolver um sentido de não violência e de mente de compaixão, tornando-nos ainda mais capaz de resolver a nossa situação amigavelmente.
Fonte: "Anual Report 2005", the Tibetan Centre for Human Rights and Democracy.
http://asianuxx.blogspot.com/2007/07/acerca-do-dalai-lama.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
Esta foi a primeira foto do Dalai Lama que vi na vida. 1989. Uma pequena nota na revista "Veja" anunciando o vencedor do Prêmio Nobel da Paz daquele ano. Não sabia nada sobre o Dalai Lama e nem o Tibete. Mas o meu coração vibrou ao ver a sua imagem nas montanhas ao norte da India.
Dez anos depois, fui morar nessas montanhas e me tornei um coração solidário à causa tibetana.
As voltas que o mundo dá...
Acerca do Dalai Lama
"As vezes turistas vêm cá e trazem fotografias do Dalai Lama. Eu digo-lhes para não trazer tais imagens. Não é porque não quero ver sua santidade, porque nós o temos nos nossos corações. Eu digo aos turistas, se vocês querem mesmo fazer algo, ajudem-nos a preservar a nossa herança espiritual." Autor desconhecido
O Dalai Lama, sendo o único religioso como também o líder sécular dos tibetanos, goza de uma grande popularidade no mundo inteiro, devido à sua vasta sabedoria e à sua atitude exemplar em relação ao confrontamento da fatalidade do seu país, que ele espera resolver através de um diálogo constructivo com as autoridades chinesas, baseado no respeito pelos direitos humanos e o princípio gandhiano da não-violência.
Apesar desta atitude positiva, as autoridades chinesas têm recusado durante anos de entrar em diálogo com o Dalai Lama, a quem eles chamam obstinadamente, o "cabecilha dos separatistas" e um "inimigo da China".
O golpe em direção a uma política que coloca todas as cartas, desacreditando o líder do Tibete cujo país foi invadido, surgiu no final dos anos oitenta, quando a China viu-se a si própria, levada a suprimir os movimentos pro-independência no Tibete a seguir a um breve período revivalista dos assuntos religiosos. É verdade que a personalidade do Dalai Lama representa um símbolo unificador para o povo tibetano, e as autoridades chinesas encararam este facto como uma boa razão para tentar retirá-lo dos corações, e substituí-lo por uma lealdade forçada à unificada terra-mãe chinesa.
O Dalai Lama é receado pelo governo chinês por causa da sua habilidade para "internacionalizar" o assunto tibetano, o qual a China vê como um assunto doméstico. Em cada uma das suas viagens fora da Índia, o governo chinês mantém o olho posto na sua agenda, e expressa a sua desaprovação cada vez que o pode.
Até um período de liberalização que começou no fim dos anos 70, a autoridade do Dalai Lama era mais ou menos aceite até ao terceiro fórum, no qual o Dalai Lama foi acusado de violar a doutrina budista, e de usar a religião para encorajar tensões sociais. O Dalai Lama, assim, tornou-se no culpado de qualquer recusa ou distúrbio incitado pelas políticas chinesas dentro do Tibete, retratando-o ao Ocidente como o líder das actividades anti-chinesas. Os grupos de suporte do Tibete costumam ser referidos pelos oficiais chineses como a "clique do Dalai".
Mas o Dalai Lama é mais do que um líder religioso ou secular para os tibetanos ou os seguidores do budismo tibetano. Segundo o budismo tibetano, as reincarnações do Dalai Lama são consideradas as encarnações de Avalokiteshvara, o Buda da compaixão. Este buda é venerado por budistas sem número do mundo inteiro, não apenas por budistas tibetanos, mas também por Mongois e nas repúblicas russas. Nas suas práticas espirituais, os budistas tibetanos estabelecem uma relação muito próxima, muito pessoal com o Buda da compaixão e o seu principal professor que, para muito deles, é o Dalai Lama. Assim, é muito natural, para muitos practicantes do budismo tibetano, de seguir os comentários eruditos do Dalai Lama sobre os tratados budistas, e de estudar os seus escritos a fim de obter concelho espiritual, e para obter uma maior visão interior sobre os complexos assuntos da filosofia budista.
O principal objectivo do partido parece ser de diminuir o papel do Dalai Lama e por consequência, o de qualquer alto lama religioso. E existem planos para um controle sistemático futuro sobre todas as reincarnações importantes dentro do budismo tibetano: O governador da TAR (Tibetan Autonomous Region - Região Autónoma Tibetana), Qiangba Puncog, anunciou que Beijing escolherá o próximo Dalai Lama, um exemplo crítico da interferência flagrante com crenças e práticas religiosas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Dado o papel chave do Dalai Lama e de outros lamas de alto nível, tem sido difícil para as autoridades chinesas, de ganhar o coração do povo tibetano. A fim de assegurar a legitimidade do domínio chinês no Tibete, foram adoptadas medidas para mudar as mentalidades das pessoas, que incluem a proibição da posse de fotografias do Dalai Lama, e da bandeira nacional tibetana na qual, referindo ao Dalai Lama, se lê: "O líder do Tibete, o país das neves, o grande protector, tesouro de tudo, possa-ele viver até ao fim do universo."
A polícia confisca todo o material impresso, audio e vídeo contendo ensinamentos do Dalai Lama, e os que possuem tal material, às vezes encaram tratamento abusivo, incluindo pancada e detenção. Não somente as fotografias do Dalai Lama são proibidas na RAT, como noutras regiões, mas também as festividades muito populares do seu aniversário, no dia 6 de Junho, têm sido alvo de constrangimento há anos, argumentando que as celebrações do aniversário do Dalai Lama são essencialmente uma ferramenta política do Dalai Lama, e que as festividades poderiam afetar a estabilidade social.
Provas de como perigoso pode ser para os tibetanos de trazer consigo algumas fotografias e livros do Dalai Lama para uso pessoal, foram dadas em vários relatos de refugiados. Em 2005, o TCHRD recebeu um relato de Jigme Gyantso, um jovem monge tibetano, originário do mosteiro de Bhashing, em Amdo. Após uma estadia para estudos no mosteiro de Sera no Sul da Índia, ele quis voltar com o seu irmão, um monge, para a sua aldeia natal no Tibete. Eles tinham toda a documentação necessária incluindo visas para várias entradas no Tibete. Depois de Dram, na fronteira tibeto-nepalesa, eles decidiram viajar num veículo alugado, juntamente com outro monge de Chamdo, Ten Nam, que também estava de volta para o Tibete."Depois de uma paragem para gasolina, os nossos papéis foram inspecionados e encontrados em ordem. Mas parece que o condutor do carro, informou os oficiais da PSB que eles eram exilados de regresso. No espaço de minutos, tivemos que parar e ficamos cercados por cinco PSB de pistola. Enquanto revistavam as nossas bagagens, encontraram várias fotografias do Dalai Lama e livros por ele escritos, que foram confiscados. Em Julho de 2001, fomos os três mantidos num quarto durante três dias, e electrocutados com vários ustensilos eléctricos, para o gado até ficarmos inconscientes. Fomos espancados com cintos e placas de madeira, enquanto os oficiais nos interrogavam sobre a razão de possuirmos esses livros, e sobre a organização que estava por detrás. Os três monges foram acusados de incitar elementos contra o estado, entre as massas, e outros crimes que não comunicaram. No centro de detenção, foram torturados e alimentados com restos de comida. Eles receberam diferentes tempos de cadeia, que eles tiveram de cumprir na prisão de Drapchi, em Lhasa, famosa pelos seus particularmente crueis métodos de tortura. A memorização dos livros do partido sobre política e história tornou-se vital para a sobrevivência dos monges: Ali, foram-nos dados livros sobre educação patriótica que tínhamos de memorizar. Se falhássemos em memorizar os livros, não nos dariam comida. A dieta era pobre e o inverno muito frio, o que causou severos problemas de úlceras. Como remédio deram-nos medicamentos fora de prazo. Jigme Gyamtso e o seu irmão Tsedor foram libertados no dia 3 de Julho de 2005 e Ten Nam a 18 de Julho. Jigme Gyantso não foi autorizado a voltar para o mosteiro e está proibido de entrar em instituições e organizações governamentais. Depois de ter ficado na sua vila e ter estudado inglês durante quatro meses, ele conseguiu fugir para a Índia e planeja entrar num mosteiro no exílio.
Conclusão
Uma avaliação da situação do direito da liberdade de culto no Tibete, no ano 2005, forçosamente leva à conclusão, de que o nível de repressão religiosa atingiu um patamar sutil de manipulação, que coloca em perigo a continuação da essência das tradições tibetanas. Numa entrevista em Dezembro de 2005 com a Reuters, o Dalai Lama salientou que o Panchen Lama apontado pelos chineses, "obviamente tem de dizer o que os seus superiores querem", indicando que, em contradição com as declarações do Panchen Lama chinês sobre uma cultura religiosa livre no Tibete, os abusos dos direitos humanos são ainda uma norma no Tibete.
O prêmio Nobel da Paz disse que estava triste pelos relatos de que monges eram mortos e torturados pelas autoridades chinesas, por recusarem denunciá-lo como um "separatista" empenhado em causar danos à China, e também salientando a repercursão traumática da forçada campanha de "reeducação patriótica":"Eu tinha salientado que se eles tinham que me denunciar, então que por favor, me denunciassem, não há problema nenhum. A segurança deles é mais importante. Por favor, denunciem-me."
Falando em termos similares na inauguração do mosteiro Dolma Ling para monjas em Dharamshala, o Dalai Lama deu ênfase à importância da religião, exprimindo a esperança que o assunto tibetano pudesse ser resolvido, com base na não-violência, que é um princípio professado pelo Budismo tibetano e outras religiões do mundo.O número de pessoas que aderem ao Budismo e ao Cristianismo na China e na Rússia, que durante décadas forçaram as pessoas a pensar que a religião era um veneno, está a aumentar.
O Budismo pode realmente ajudar-nos a desenvolver um sentido de não violência e de mente de compaixão, tornando-nos ainda mais capaz de resolver a nossa situação amigavelmente.
Fonte: "Anual Report 2005", the Tibetan Centre for Human Rights and Democracy.
http://asianuxx.blogspot.com/2007/07/acerca-do-dalai-lama.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
terça-feira, agosto 19, 2008
Toró de Parpite nr. 38. Roda de preces.
Toró nr 38. Matoury-Guiana Francesa, 19 de agosto de 2008. 12° dia das Olimpíadas de Pekim.
“Desde o dia 10 de março – aniversário do revolta tibetana contra os chineses, quando milhares de tibetanos foram massacrados em 1959 – já rezamos 2 milhões de mantras aqui em Katmandu. Mandamos esses números para Dharamsala, sede do governo tibetano em exílio, na Índia.” Quando pergunto a Ngawang se apenas as rezas podem resolver essa situação política complexa, ela responde: “Talvez não possamos ver resultados tangíveis, mas a base do budismo é acumular méritos e buscar a felicidade para todos os seres, incluindo o povo chinês. Rezamos também para que nossos irmãos e irmãs no Tibete sofram menos.”
O som dos mantras é intenso. Dentro do salão, a ala do fundo está repleta de monjas. Algumas mais idosas, além de pronunciar as frases, também fazem girar suas rodas de preces. Dentro delas, existem milhares de orações escritas em papel. Segundo os budistas, cada vez que a roda dá uma volta completa uma prece é executada.
Texto e foto:
Haroldo Castro
http://www.viajologia.globolog.com.br/archive_2008_04_05_32.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
“Desde o dia 10 de março – aniversário do revolta tibetana contra os chineses, quando milhares de tibetanos foram massacrados em 1959 – já rezamos 2 milhões de mantras aqui em Katmandu. Mandamos esses números para Dharamsala, sede do governo tibetano em exílio, na Índia.” Quando pergunto a Ngawang se apenas as rezas podem resolver essa situação política complexa, ela responde: “Talvez não possamos ver resultados tangíveis, mas a base do budismo é acumular méritos e buscar a felicidade para todos os seres, incluindo o povo chinês. Rezamos também para que nossos irmãos e irmãs no Tibete sofram menos.”
O som dos mantras é intenso. Dentro do salão, a ala do fundo está repleta de monjas. Algumas mais idosas, além de pronunciar as frases, também fazem girar suas rodas de preces. Dentro delas, existem milhares de orações escritas em papel. Segundo os budistas, cada vez que a roda dá uma volta completa uma prece é executada.
Texto e foto:
Haroldo Castro
http://www.viajologia.globolog.com.br/archive_2008_04_05_32.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
Toró de Parpite nr. 37. Ore pelo Tibete!
Toró nr 37. Matoury-Guiana Francesa, 18 de agosto de 2008. 11° dia das Olimpíadas de Pekim.
Foto: Manuel Bauer
ORE PELO TIBETE! AJA PELO TIBETE!
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
Foto: Manuel Bauer
ORE PELO TIBETE! AJA PELO TIBETE!
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
domingo, agosto 17, 2008
Toró de Parpite nr. 36. Controle chinês pós-natal.
Toró nr 36. Matoury-Guiana Francesa, 17 de agosto de 2008. 10° dia das Olimpíadas de Pekim.
A China está trocando os seus velhos métodos de execução por fusilamento, a famosa bala na nuca, por algo mais "civilizado e mais limpo", a morte por injeção. Com a intenção de melhorar a sua imagem internacional politicamente e empresarialmente, e a fim de evitar ferir sensibilidades no mundo dos negócios, a China se propôs a mudar a sua maneira de matar os seus condenados à morte. Num esforço para mudar a sua reputação de desrespeitadora dos direitos humanos e civis dos seus cidadões, optou pela injeção letal em furgões especialmente preparados e transformados em salas de execução.
A execução por fuzilamento faz-se com o preso colocado de joelhos, as mãos atadas nas costas, e abatido de uma bala na nuca (paga pela familia do condenado), às vezes, em locais públicos que podem albergar um grande número de espectadores, como estádios, de maneira a dar o exemplo e criar terror nas mentalidades populares.
Os furgões são ônibus de 24 lugares convertidos, sendo a câmara de execução na parte de trás, onde o preso está amarrado a uma cama de metal e onde recebe um coctail de drogas letais, que não leva mais de 60 segundos a produzir o seu efeito mortífero.
Receia-se que as execuções por injeção sejam também uma maneira de alimentar o conhecido negócio implementado, mas sempre negado por parte de Pequim, do tráfico de órgãos humanos, que chegou de forma subterrânea a muitos países ricos, inclusive os Estados Unidos.
Quem morou por lá me garante que as execuções são também um controle pós-natal. A China tem 1,3 bilhão de habitantes pra alimentar, vestir, empregar... Assassinar quem "pisa no tomate" diminui um pouco esse contingente. Assim, mata-se literalmente dois coelhos com uma cajadada: diminui a população carcerária e consequentemente, a população chinesa. "Engenhoso" como o método de "transformar" homossexuais masculinos em hetero. Trancam-se as criaturas em um quartel com profissionais do sexo feminino que vão ajuda-los a voltar o normal. "Mas, infelizmente, não estava dando certo... " E isso foi dito seriamente aos agentes da organizaço Médicos Sem Fronteira!!!!!!!!!!!!!! hahahahaha. Cômico se não fosse trágico!
No mesmo dia em que os furgões chegaram à província do Yunnan, segundo atesta o jornal Beijing Today, dois agricultores de 21 e 25 anos, culpados de tráfico de drogas, foram executados com injeções letais. Apesar da rapidez do julgamento, o presidente do Tribunal Superior Provincial do Yunnan, Zhao Shijie, elogiou o "novo" sistema e declarou: "O uso de injeções letais mostra que o sistema de pena de morte chinês está mais civilizado e humano".
Matar mosca com bomba nuclear... Esperemos, pelo menos, que os jovens não sejam inocentes, rezo aqui do outro lado do mundo...
A campanha "Golpear Duro".
Em 1983, a China iniciou uma campanha de repressão contra a criminalidade, intitulada "Golpear Duro" (Strike Hard), o que levou a um aumento significativo do número de execuções que, em tempos normais, poderiam se ter traduzidas em penas mais leves de prisão. A partir dessa data, a campanha foi retomada várias vezes a fim de reduzir o crime.
As campanhas são lançadas durante vários meses a fio e depois suspensas. Podem dirigir-se contra o crime, a corrupção administrativa, para manter a estabilidade e a ordem, como também para reprimir excessos independentistas, como acontece no Xinjiang e no Tibete.
A China possui o recorde do maior número de execuções capitais, e segundo a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, foram levadas a cabo sob ordens e directivas oficiais. Quase 100 por cento dos acusados de por o estado em perigo, foram dissidentes, pessoas que pediam mais liberdade, direitos individuais e democracia. Nesses casos, a pessoa é julgada e acusada de pôr a segurança nacional em perigo, sem que esses conceitos sejam desenvolvidos, por medo de entrar em contradições, como é muito provavel que aconteça, e também sem grande precisão no que diz respeito ao quando e como "a estabilidade e segurança nacional" foram postas em questão. Os julgamentos que se inserem nessa categoria, são geralmente feitos a portas fechadas, sem que haja alguma transparência, e ao acusado é-lhe negado qualquer representação legal. Uma vez acabado o julgamento, o condenado é rapidamente executado.
As sucessivas campanhas do "Golpear Duro" foram também usadas contra minorias étnicas sob a desculpa de manter a ordem pública, sem que nenhum verdadeiro crime de sangue tivesse sido cometido, sendo muitas das vezes, dirigidas contra manifestações de carater pacífico. O Tibete foi atingido duramente, em 1996, pela campanha enquanto no Xingjiang foi no ano de 2001. O último relançamento foi em Agosto de 2006 em Lhasa, durante o 40º aniversário da Região Autonoma do Tibete.
A campanha "Golpear Duro" ganhou uma notória fama de ser desumana e brutal. Características da campanha são detenção prolongada, tortura, confessões forçadas e maus tratos em custódia, julgamentos rápidos e execuções rápidas. As vezes, execuções sumárias foram levadas a cabo, e exitem inúmeros casos de mortes extra-judiciais. A Anistia Internacional afirma que a atual estimativa de execuções ultrapassou as oficiais de estado. A China não fornece números atuais por considerar a pena de morte um segredo de estado.
O escritor médico, Kurt Samson testemunhou:
"Prisioneiros na China que são acusados de crimes que dificilmente teriam sentenças de prisão no Ocidente, são executados a fim que os órgãos, córneas e pele sejam colhidos e vendidos para um mercado lucrativo de tranplante. O sub-Comitê das Relações Internacionais e Direito Humanos ouviu relatos na primeira pessoa, de órgãos e pele sendo retirada, às vezes enquanto os prisioneiros ainda mostravam sinais de vida, e vendidos para o benefício de militares e de alguma elite chinesa.
Algumas das execuções foram retransmitidas pela televisão. As autoridades chinesas descreveram-nas como um meio para impedir as pessoas de cometer crimes no futuro. Em muitos dos casos era compulsório para grandes números de pessoas de se reunir e assistir às execuções. As autoridades referiam às execuções de prisioneiros em frente a grandes agrupamentos de pessoas como "matar galinhas para assustar os macacos". A Anistia Internacional registou uma execução que foi assistida por 1.800.000 espectadores.
Fonte : "Death Penalty in China", Tibetan Centre for Human Rights and Democracy
http://asianuxx.blogspot.com/2007/07/os-forges-de-execuo.html
Para saber mais sobre pena de morte e China :
« …Ao contrário da China, que testou seus protocolos de execução por injeção letal em seres humanos e agora dispõem de furgões tripulados por especialistas ultra-eficientes em execuções, que viajam pelas províncias do país executando sentenças de morte, o governo federal dos Estados Unidos nunca estabeleceu um painel para estudar os aspectos práticos da execução de sentenciados a morte. Como resultado, a questão termina sempre encaminhada aos tribunais. »
Fonte : The New York Times Magazine (Na integra) : http://noticias.terra.com.br/interna/0,,OI1401031-EI8248,00.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, tentando compreender os irmãos chineses, como ensina o Dalai Lama. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
A China está trocando os seus velhos métodos de execução por fusilamento, a famosa bala na nuca, por algo mais "civilizado e mais limpo", a morte por injeção. Com a intenção de melhorar a sua imagem internacional politicamente e empresarialmente, e a fim de evitar ferir sensibilidades no mundo dos negócios, a China se propôs a mudar a sua maneira de matar os seus condenados à morte. Num esforço para mudar a sua reputação de desrespeitadora dos direitos humanos e civis dos seus cidadões, optou pela injeção letal em furgões especialmente preparados e transformados em salas de execução.
A execução por fuzilamento faz-se com o preso colocado de joelhos, as mãos atadas nas costas, e abatido de uma bala na nuca (paga pela familia do condenado), às vezes, em locais públicos que podem albergar um grande número de espectadores, como estádios, de maneira a dar o exemplo e criar terror nas mentalidades populares.
Os furgões são ônibus de 24 lugares convertidos, sendo a câmara de execução na parte de trás, onde o preso está amarrado a uma cama de metal e onde recebe um coctail de drogas letais, que não leva mais de 60 segundos a produzir o seu efeito mortífero.
Receia-se que as execuções por injeção sejam também uma maneira de alimentar o conhecido negócio implementado, mas sempre negado por parte de Pequim, do tráfico de órgãos humanos, que chegou de forma subterrânea a muitos países ricos, inclusive os Estados Unidos.
Quem morou por lá me garante que as execuções são também um controle pós-natal. A China tem 1,3 bilhão de habitantes pra alimentar, vestir, empregar... Assassinar quem "pisa no tomate" diminui um pouco esse contingente. Assim, mata-se literalmente dois coelhos com uma cajadada: diminui a população carcerária e consequentemente, a população chinesa. "Engenhoso" como o método de "transformar" homossexuais masculinos em hetero. Trancam-se as criaturas em um quartel com profissionais do sexo feminino que vão ajuda-los a voltar o normal. "Mas, infelizmente, não estava dando certo... " E isso foi dito seriamente aos agentes da organizaço Médicos Sem Fronteira!!!!!!!!!!!!!! hahahahaha. Cômico se não fosse trágico!
No mesmo dia em que os furgões chegaram à província do Yunnan, segundo atesta o jornal Beijing Today, dois agricultores de 21 e 25 anos, culpados de tráfico de drogas, foram executados com injeções letais. Apesar da rapidez do julgamento, o presidente do Tribunal Superior Provincial do Yunnan, Zhao Shijie, elogiou o "novo" sistema e declarou: "O uso de injeções letais mostra que o sistema de pena de morte chinês está mais civilizado e humano".
Matar mosca com bomba nuclear... Esperemos, pelo menos, que os jovens não sejam inocentes, rezo aqui do outro lado do mundo...
A campanha "Golpear Duro".
Em 1983, a China iniciou uma campanha de repressão contra a criminalidade, intitulada "Golpear Duro" (Strike Hard), o que levou a um aumento significativo do número de execuções que, em tempos normais, poderiam se ter traduzidas em penas mais leves de prisão. A partir dessa data, a campanha foi retomada várias vezes a fim de reduzir o crime.
As campanhas são lançadas durante vários meses a fio e depois suspensas. Podem dirigir-se contra o crime, a corrupção administrativa, para manter a estabilidade e a ordem, como também para reprimir excessos independentistas, como acontece no Xinjiang e no Tibete.
A China possui o recorde do maior número de execuções capitais, e segundo a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, foram levadas a cabo sob ordens e directivas oficiais. Quase 100 por cento dos acusados de por o estado em perigo, foram dissidentes, pessoas que pediam mais liberdade, direitos individuais e democracia. Nesses casos, a pessoa é julgada e acusada de pôr a segurança nacional em perigo, sem que esses conceitos sejam desenvolvidos, por medo de entrar em contradições, como é muito provavel que aconteça, e também sem grande precisão no que diz respeito ao quando e como "a estabilidade e segurança nacional" foram postas em questão. Os julgamentos que se inserem nessa categoria, são geralmente feitos a portas fechadas, sem que haja alguma transparência, e ao acusado é-lhe negado qualquer representação legal. Uma vez acabado o julgamento, o condenado é rapidamente executado.
As sucessivas campanhas do "Golpear Duro" foram também usadas contra minorias étnicas sob a desculpa de manter a ordem pública, sem que nenhum verdadeiro crime de sangue tivesse sido cometido, sendo muitas das vezes, dirigidas contra manifestações de carater pacífico. O Tibete foi atingido duramente, em 1996, pela campanha enquanto no Xingjiang foi no ano de 2001. O último relançamento foi em Agosto de 2006 em Lhasa, durante o 40º aniversário da Região Autonoma do Tibete.
A campanha "Golpear Duro" ganhou uma notória fama de ser desumana e brutal. Características da campanha são detenção prolongada, tortura, confessões forçadas e maus tratos em custódia, julgamentos rápidos e execuções rápidas. As vezes, execuções sumárias foram levadas a cabo, e exitem inúmeros casos de mortes extra-judiciais. A Anistia Internacional afirma que a atual estimativa de execuções ultrapassou as oficiais de estado. A China não fornece números atuais por considerar a pena de morte um segredo de estado.
O escritor médico, Kurt Samson testemunhou:
"Prisioneiros na China que são acusados de crimes que dificilmente teriam sentenças de prisão no Ocidente, são executados a fim que os órgãos, córneas e pele sejam colhidos e vendidos para um mercado lucrativo de tranplante. O sub-Comitê das Relações Internacionais e Direito Humanos ouviu relatos na primeira pessoa, de órgãos e pele sendo retirada, às vezes enquanto os prisioneiros ainda mostravam sinais de vida, e vendidos para o benefício de militares e de alguma elite chinesa.
Algumas das execuções foram retransmitidas pela televisão. As autoridades chinesas descreveram-nas como um meio para impedir as pessoas de cometer crimes no futuro. Em muitos dos casos era compulsório para grandes números de pessoas de se reunir e assistir às execuções. As autoridades referiam às execuções de prisioneiros em frente a grandes agrupamentos de pessoas como "matar galinhas para assustar os macacos". A Anistia Internacional registou uma execução que foi assistida por 1.800.000 espectadores.
Fonte : "Death Penalty in China", Tibetan Centre for Human Rights and Democracy
http://asianuxx.blogspot.com/2007/07/os-forges-de-execuo.html
Para saber mais sobre pena de morte e China :
« …Ao contrário da China, que testou seus protocolos de execução por injeção letal em seres humanos e agora dispõem de furgões tripulados por especialistas ultra-eficientes em execuções, que viajam pelas províncias do país executando sentenças de morte, o governo federal dos Estados Unidos nunca estabeleceu um painel para estudar os aspectos práticos da execução de sentenciados a morte. Como resultado, a questão termina sempre encaminhada aos tribunais. »
Fonte : The New York Times Magazine (Na integra) : http://noticias.terra.com.br/interna/0,,OI1401031-EI8248,00.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, tentando compreender os irmãos chineses, como ensina o Dalai Lama. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
sábado, agosto 16, 2008
Toró de Parpite nr. 35. Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia.
Toró nr 35. Matoury-Guiana Francesa, 16 de agosto de 2008. 9° dia das Olimpíadas de Pekim.
Relatório Anual do Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia TCHRD - 2005
Relatório Anual do Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia TCHRD - 2005
Pico Iyer, celebrado viajante escritor escreve: " o Tibete vive principalmente em cantos e sombras hoje em dia, abaixo da sua magnitude e temos de o procurar. Presentemente o Tibete está de certa maneira melhor em termos de abastecimentos do que antigamente, mesmo assim parece-se cada vez menos consigo próprio. O Tibete, hoje em dia, é essencialmente dois países diferentes vivendo em cima, à volta e mesmo dentro um do outro: um amuleto de usar tibetano dentro de uma caixa chinesa de gosto duvidoso".
Contrariamente aos sinais, declarações e demonstrações de progresso, o Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia (Tibetan Centre for Human Rights and Democracy - TCHRD) está alarmado com o aumento de queixas de violações de direitos humanos no Tibete em 2005. Tibetanos no Tibete testemunharam o aumento de medidas restritivas sobre religião, segurança e controle ideológico, limites sobre liberdade de expressão, opinião e consciência e falta de poder de lei. Uma "cultura do medo" e um "palpável sensação de medo e de censura de si próprio" prevalesce no Tibete. Existe um bem assente e largamente divulgado nível de tolerância zero para com todas as actividades ou pontos de vista que são suspeitos de desafiar o controle do Partido Comunista sobre aspectos da sociedade que ele considera crucial. Em Dezembro 2005, estimaram-se 2.524 refugiados tibetanos de terem fugido do Tibete através dos Himalayas e para a Índia, queixando-se de repressão e procurando liberdade no exílio. De acordo com informação recebida e pesquisada pelo TCHRD em 2005, ficou claro que repressão severa nas regiões do Leste do Tibete como a província do Sichuan nos últimos anos deslocou-se outra vez para áreas dentro da TAR (Tibetan Autonomous Region - Região Autónoma Tibetana).
liberdades civis e políticas
As autoridades chinesas consideram o "extremismo religioso" como uma das "três forças malignas" juntamente com o "separatismo" e o "terrorismo" na Região Autónoma Uighur do Xinjiang e no Tibete, disse a Anistia Internacional no seu primeiro relatório sobre a China que focou especialmente sobre defensores dos direitos humanos.
Campanhas anti-separatistas como a campanha "verão ataca duro" e as campanhas "reeducação patriótica" foram elaboradas a fim de purgar atividades dissidentes e para impingir ideologia "apropriada", e lealdade para com o "separatista" Dalai Lama sob qualquer forma tornou-se o principal alvo da repressão.
As ambíguas acusações de "pôr em perigo a segurança do estado" e previsões anti-terroristas na Lei de Procedimento Criminal da China são largamente utilizadas para criminalisar actividades "separatistas" nas regiões políticamente desobedientes como o Tibete ou o Xinjiang.
Em 2005, o CTDHD registou 20 casos confirmados e conhecidos de tibetanos que foram detidos pelos suas opiniões políticas e posse de artigos denominados "reacionários" pelos chineses com a fotografia do Dalai Lama, a bandeira nacional banida do Tibete e literaturas do exílio. Acerca de Dezembro de 2005, o CTDHD registou 132 prisioneiros políticos esquecidos em várias prisões e centros de detenções do Tibete.
Existe também um crescente mal uso de detenção administrativa, falta de julgamentos justos, tortura e maltratamento de prisioneiros, e de confessões forçadas. O Relatório Especial sobre a Tortura da ONU sublinhou o sistema existente de "reeducação pelo trabalho" como séria violação dos direitos humanos que precisa de abolição.
informação
Contrariamente aos sinais, declarações e demonstrações de progresso, o Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia (Tibetan Centre for Human Rights and Democracy - TCHRD) está alarmado com o aumento de queixas de violações de direitos humanos no Tibete em 2005. Tibetanos no Tibete testemunharam o aumento de medidas restritivas sobre religião, segurança e controle ideológico, limites sobre liberdade de expressão, opinião e consciência e falta de poder de lei. Uma "cultura do medo" e um "palpável sensação de medo e de censura de si próprio" prevalesce no Tibete. Existe um bem assente e largamente divulgado nível de tolerância zero para com todas as actividades ou pontos de vista que são suspeitos de desafiar o controle do Partido Comunista sobre aspectos da sociedade que ele considera crucial. Em Dezembro 2005, estimaram-se 2.524 refugiados tibetanos de terem fugido do Tibete através dos Himalayas e para a Índia, queixando-se de repressão e procurando liberdade no exílio. De acordo com informação recebida e pesquisada pelo TCHRD em 2005, ficou claro que repressão severa nas regiões do Leste do Tibete como a província do Sichuan nos últimos anos deslocou-se outra vez para áreas dentro da TAR (Tibetan Autonomous Region - Região Autónoma Tibetana).
liberdades civis e políticas
As autoridades chinesas consideram o "extremismo religioso" como uma das "três forças malignas" juntamente com o "separatismo" e o "terrorismo" na Região Autónoma Uighur do Xinjiang e no Tibete, disse a Anistia Internacional no seu primeiro relatório sobre a China que focou especialmente sobre defensores dos direitos humanos.
Campanhas anti-separatistas como a campanha "verão ataca duro" e as campanhas "reeducação patriótica" foram elaboradas a fim de purgar atividades dissidentes e para impingir ideologia "apropriada", e lealdade para com o "separatista" Dalai Lama sob qualquer forma tornou-se o principal alvo da repressão.
As ambíguas acusações de "pôr em perigo a segurança do estado" e previsões anti-terroristas na Lei de Procedimento Criminal da China são largamente utilizadas para criminalisar actividades "separatistas" nas regiões políticamente desobedientes como o Tibete ou o Xinjiang.
Em 2005, o CTDHD registou 20 casos confirmados e conhecidos de tibetanos que foram detidos pelos suas opiniões políticas e posse de artigos denominados "reacionários" pelos chineses com a fotografia do Dalai Lama, a bandeira nacional banida do Tibete e literaturas do exílio. Acerca de Dezembro de 2005, o CTDHD registou 132 prisioneiros políticos esquecidos em várias prisões e centros de detenções do Tibete.
Existe também um crescente mal uso de detenção administrativa, falta de julgamentos justos, tortura e maltratamento de prisioneiros, e de confessões forçadas. O Relatório Especial sobre a Tortura da ONU sublinhou o sistema existente de "reeducação pelo trabalho" como séria violação dos direitos humanos que precisa de abolição.
informação
Controle, censura e vigilância das midias e da livre circulação de informação são práticas correntes no Tibete. Devido a preocupações sobre regiões sensíveis como o Tibete e o Xinjiang, condicionado pelas preocupações de Pequim pela estabilidade e a imagem internacional, o fluxo de informação para dentro e para fora do Tibete tem sido severamente condicionado. Considerando a tremenda falta de transparência e caráter secreto no qual as autoridades chinesas trabalham, monotorizar e e avaliar as violações de direitos humanos no Tibete continuou a ser um desafio.
O governo chinês espera dos websites e internet cafés a limitaçao do que os clientes vêem e fazem "online". Empresas americanas que proporcionam sites na web para os chineses não são isentas. A Yahoo por exemplo, filtra os seus resultados de procura de tal maneira que para uma pesquisa para "Free Tibet" en chinês apresenta zero páginas. Google não censura as suas pesquisas, mas o sistema do governo chinês bloqueia muitos dos sites aos quais Google faz o "link". A Microsoft para os usuários de procurar por palavras como democracia, liberdade, direitos humanos ou demonstrações. A China também baniu um jogo de computador chamado "Soccer Manager 2005" porque qualifica Taiwan, Hong Kong, Macau e o Tibete como países.
As midias chinesas são posse do governo e estritamente controlados por ele, resultando daí na negação do direito público de saber e o direito das midias de fornecer informação sobre acontecimentos atuais dentro e fora da China. As emissões de radio como a "Voice of Tibet" (VOT), "Voice of America" (VOA), e "Radio Free America" (RFA) foram a maior parte do tempo bloquedas e "parasitadas".
religião
De todas as violações dos direitos humanos sobre tibetanos, o aumento dramático de repressão religiosa foi o mais preocupante em 2005. Como no passado, a suspição de ligação entre o budismo tibetano e o nacionalismo tibetano levou à políticas mais duras e mais estritas sobre a religião. As novas regulamentações chinesas sobre os Assuntos Religiosos, que se tornaram efectivas em Maio de 2005, e os subsequentes encontros sobre religião só ajudaram a limitar e amputar a liberdade religiosa no Tibete. Numa tentativa de adaptar a religião ao estilo de vida socialista e a fim de exercer controle de estado, as autoridades de Beijing recorreram à intensivas campanhas de "reeducação patrióticas", campanhas anti-Dalai Lama, controle imposto sobre currículo monástico, prática e estudo do budismo tibetano e persecutaram figuras religiosas populares levando à contínua degredação da essência do budismo tibetano. O mosteiro de Drepung esteve em foco em 2005 devido a uma morte, várias expulsões e protestos "sentados" (sit-in) de monges acerca da denunciação do Dalai Lama sob a bandeira da campanha da "reeducação patriótica".
As midias chinesas são posse do governo e estritamente controlados por ele, resultando daí na negação do direito público de saber e o direito das midias de fornecer informação sobre acontecimentos atuais dentro e fora da China. As emissões de radio como a "Voice of Tibet" (VOT), "Voice of America" (VOA), e "Radio Free America" (RFA) foram a maior parte do tempo bloquedas e "parasitadas".
religião
De todas as violações dos direitos humanos sobre tibetanos, o aumento dramático de repressão religiosa foi o mais preocupante em 2005. Como no passado, a suspição de ligação entre o budismo tibetano e o nacionalismo tibetano levou à políticas mais duras e mais estritas sobre a religião. As novas regulamentações chinesas sobre os Assuntos Religiosos, que se tornaram efectivas em Maio de 2005, e os subsequentes encontros sobre religião só ajudaram a limitar e amputar a liberdade religiosa no Tibete. Numa tentativa de adaptar a religião ao estilo de vida socialista e a fim de exercer controle de estado, as autoridades de Beijing recorreram à intensivas campanhas de "reeducação patrióticas", campanhas anti-Dalai Lama, controle imposto sobre currículo monástico, prática e estudo do budismo tibetano e persecutaram figuras religiosas populares levando à contínua degredação da essência do budismo tibetano. O mosteiro de Drepung esteve em foco em 2005 devido a uma morte, várias expulsões e protestos "sentados" (sit-in) de monges acerca da denunciação do Dalai Lama sob a bandeira da campanha da "reeducação patriótica".
2005 foi o décimo ano do aniversário do desaparecimento de Gedhun Choeky Nyima, o XIº Panchen Lama do Tibete, a ausência total de informação adicional sobre o seu paradeiro e saúde é uma causa de grande preocupação. Entretanto, Beijing não deixa de promover vigorosamente Gyaltsen Norbu, o "falso Panchen", como sendo o verdadeiro Panchen. O serviço de notícias Xinhuanet relatou a volta através de dúzias de regiões do Tibete e citado dizendo como "ele levaria para a frente as tradições patrióticas vindas dos seus predecessores e que faria do seu melhor para promover a reunificação do país, a unidade dos vários grupos étnicos, e o desenvolvimento social e econômico."
O enviado especial do Dalai Lama Lodi Gyari disse, "Não se trata de jovem rapaz, um jovem prisioneiro, mas sim do assunto da reincarnação. Quando um bom comunista diz que quer ter a última palavra em reincarnação, isto é um assunto do qual um bom comunista deveria ficar de fora."
desenvolvimento
O tema recorrente no discurso de Pequim sobre o Tibete foi o seu papel "desenvolvedor" e "benéfico" no Tibete. A RPC deu ênfase ao "direito de viver e desenvolver" como o pedido "mais urgente do povo chinês", e mais à frente considera o "direito à subsistência como o mais importante de todos os direitos humanos, sem o qual outros direitos estão fora de questão.
Contrastando com os relatórios oficiais de rápido crescimento económico e de subsistência melhorada, de direitos de desenvolvimento e de investimentos estatais, a condição actual dos tibetanos conta uma história diferente, ficando o Tibete a unidade administrativa mais pobre da China. Qualquer que seja a medida, os tibetanos são pobre, com baixos níveis de Índex de Desenvolvimento Humano, com evidências de sistemáticas exclusões, deprivações, discrimainação e marginalisação em todas as áreas da vida. 80 por cento da população tibetana são nómadas e camponeses residindo em áreas rurais, e por isso marginalisados do crescimento económico. As Nações Unidas avisaram, que a crescente diferença de riquezas entre áreas rurais e urbanas na China, que está entre as mais altas do mundo, poderia ameaçar a estabilidade da nação comunista apesar do seu governo se esforçar para travar a maré crescente.
Apesar da China ter sido capaz de tirar 250 milhões de pessoas da pobreza durante os últimos 25 anos, a inegualidade no rendimento duplicou, de acordo com um relatório publicado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP). Isto foi ainda salientado pelo presidente do Banco Mundial, que afirmou em 18 de Outubro de 2005 que a China tem 150 milhões de pessoas a viver em extrema pobreza apesar do seu impressionante crescimento económico nas duas décadas passadas.
educação
Baseado em relatórios e testemunhas surgidos do Tibete, o TCHRD (Tibetan Centre for Human Rights and Democracy) encontrou nenhuma prova de melhoramentos e progresso no campo da educação. A situação não é igual em todas as regiões devido a diferenças em "saberes locais". Como foi o padrão para os muitos anos passados, a educação no Tibete não ajudou no sentido de mais livre e mais fundo desenvolvimento das crianças. Apesar de Pequim informar aumento de investimentos na educação no Tibete, a qualidade e acessibilidade a educação alargada ainda permanece um sonho distante na maioria das áreas rurais do Tibete.
O conteúdo ideológico do aspecto educacional foi reforçado em 2005 como o prova a decisão do Departamneto de Educação de "reforçar e melhorar a ideologia e a educação étnica para estudantes de escolas primárias e secundária, e ideologia e educação política para estudantes universitários. O uso extensivo e quase exclusivo da língua chinesa no comércio e administração relegou o tibetano para uma língua de segundo nível. Mais flagrante ainda, representações distorcidas da história, propinas exorbitantes e falta de pessoal qualificado em áreas rurais para transmitir saber são ainda fatores de preocupação.
preocupações internacionais
A falta, ou mesmo, a ausência de direitos humanos e de liberdade democrática da China figurou predominantemente em relatórios e declarações de muitos governos, representantes da ONU e organizações de direitos humanos. A Human Rights Watch descreveu a situação dos direitos humanos da China como "calamitosa" e "miserável". A China foi severamente condenada no relatório do Departamento de Estado dos EUA intitulado "Supporting Human Rights and Democracy" editado em Março de 2005.
O Alto Comissário para os Direitos Humanos das NU levantou o problema do desaparecimento do Panchen Lama e apelou para a ratificação do Acordo Internacional sobre Direitos Civis e Políticos durante a sua visita à China.
O Comentador Especial sobre Tortura, o Sr. Manfred Nowak, depois da sua investigação de duas semanas de prisões chinesas e estabelecimentos de detenção em 2005, notou algum progresso na redução de violência contra prisioneiros, desde que a China assinou a Convenção Contra a Tortura (CAT) em 1988. No entanto, o investigador das NU condenou o uso alargado de tortura, de "obter confissões" e de lutar contra "comportamentos desviantes" de serem os objectivos centrais do sistema de justiça criminal. Ele sofreu várias tentativas de "obstrução ou restrição" da sua investigação. A China negou mais tarde relatórios sobre tortura e disse que o critério da visita foi inteiramente respeitado.
Durante a examinação de um relatório sobre a China, o presidente do Comitê das Naçoes Unidas sobre os Direitos da Criança, Jacob Egbert Doek, apelou para que uma pessoa independente verificasse o paradeiro de Gedhun Choekyi Nyima, XIº Panchen Lama do Tibete. Enquanto o embaixador de Pequim para as NU em Geneva, Sha Zhukhang, disse ao comitê que a criança e a sua família "não desejava ser incomodada por visitantes estrangeiros porque poderia ter efeitos negativos". Gedhun era uma criança tibetana como qualquer outra, que estava numa escola secúndaria e que obtinha bons resultados, disse a delegação chinesa.
conclusão
A violação dos direitos humanos dos tibetanos em direitos civis ou políticos assim como em direitos econômicos, sociais e culturais está directamente ligada à negação do direito à auto-determinação dos tibetanos dentro do Tibete e à falta de implementação e abuso de lei. Através das suas políticas e propaganda, garantias constitucionais e cláusulas legais internacionais às quais se comprometeu, Pequim afirma prover todos os direitos e liberdades aos seus cidadões.
Apelos incessantes para direitos humanos e liberdade por parte de bravos tibetanos na brumas de uma atmosfera repressiva, relatórios desassossegados de abusos de direitos humanos em todos os sectores da vida, e o êxodo de refugiados tibetanos todos os anos claramente confirma a ausência de autonomia significativa gozada pelos tibetanos no Tibete.
O Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia (Tibetan Centre for Human Rights and Democracy - TCHRD) acredita que um resultado positivo em termos de auto-governo genuino ou de autonomia significativa surgido dos contactos das pre-negociações entre Dharamshala e Pequim poderiam significar mais direitos fundamentais e liberdade para o povo do Tibete.
O enviado especial do Dalai Lama Lodi Gyari disse, "Não se trata de jovem rapaz, um jovem prisioneiro, mas sim do assunto da reincarnação. Quando um bom comunista diz que quer ter a última palavra em reincarnação, isto é um assunto do qual um bom comunista deveria ficar de fora."
desenvolvimento
O tema recorrente no discurso de Pequim sobre o Tibete foi o seu papel "desenvolvedor" e "benéfico" no Tibete. A RPC deu ênfase ao "direito de viver e desenvolver" como o pedido "mais urgente do povo chinês", e mais à frente considera o "direito à subsistência como o mais importante de todos os direitos humanos, sem o qual outros direitos estão fora de questão.
Contrastando com os relatórios oficiais de rápido crescimento económico e de subsistência melhorada, de direitos de desenvolvimento e de investimentos estatais, a condição actual dos tibetanos conta uma história diferente, ficando o Tibete a unidade administrativa mais pobre da China. Qualquer que seja a medida, os tibetanos são pobre, com baixos níveis de Índex de Desenvolvimento Humano, com evidências de sistemáticas exclusões, deprivações, discrimainação e marginalisação em todas as áreas da vida. 80 por cento da população tibetana são nómadas e camponeses residindo em áreas rurais, e por isso marginalisados do crescimento económico. As Nações Unidas avisaram, que a crescente diferença de riquezas entre áreas rurais e urbanas na China, que está entre as mais altas do mundo, poderia ameaçar a estabilidade da nação comunista apesar do seu governo se esforçar para travar a maré crescente.
Apesar da China ter sido capaz de tirar 250 milhões de pessoas da pobreza durante os últimos 25 anos, a inegualidade no rendimento duplicou, de acordo com um relatório publicado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP). Isto foi ainda salientado pelo presidente do Banco Mundial, que afirmou em 18 de Outubro de 2005 que a China tem 150 milhões de pessoas a viver em extrema pobreza apesar do seu impressionante crescimento económico nas duas décadas passadas.
educação
Baseado em relatórios e testemunhas surgidos do Tibete, o TCHRD (Tibetan Centre for Human Rights and Democracy) encontrou nenhuma prova de melhoramentos e progresso no campo da educação. A situação não é igual em todas as regiões devido a diferenças em "saberes locais". Como foi o padrão para os muitos anos passados, a educação no Tibete não ajudou no sentido de mais livre e mais fundo desenvolvimento das crianças. Apesar de Pequim informar aumento de investimentos na educação no Tibete, a qualidade e acessibilidade a educação alargada ainda permanece um sonho distante na maioria das áreas rurais do Tibete.
O conteúdo ideológico do aspecto educacional foi reforçado em 2005 como o prova a decisão do Departamneto de Educação de "reforçar e melhorar a ideologia e a educação étnica para estudantes de escolas primárias e secundária, e ideologia e educação política para estudantes universitários. O uso extensivo e quase exclusivo da língua chinesa no comércio e administração relegou o tibetano para uma língua de segundo nível. Mais flagrante ainda, representações distorcidas da história, propinas exorbitantes e falta de pessoal qualificado em áreas rurais para transmitir saber são ainda fatores de preocupação.
preocupações internacionais
A falta, ou mesmo, a ausência de direitos humanos e de liberdade democrática da China figurou predominantemente em relatórios e declarações de muitos governos, representantes da ONU e organizações de direitos humanos. A Human Rights Watch descreveu a situação dos direitos humanos da China como "calamitosa" e "miserável". A China foi severamente condenada no relatório do Departamento de Estado dos EUA intitulado "Supporting Human Rights and Democracy" editado em Março de 2005.
O Alto Comissário para os Direitos Humanos das NU levantou o problema do desaparecimento do Panchen Lama e apelou para a ratificação do Acordo Internacional sobre Direitos Civis e Políticos durante a sua visita à China.
O Comentador Especial sobre Tortura, o Sr. Manfred Nowak, depois da sua investigação de duas semanas de prisões chinesas e estabelecimentos de detenção em 2005, notou algum progresso na redução de violência contra prisioneiros, desde que a China assinou a Convenção Contra a Tortura (CAT) em 1988. No entanto, o investigador das NU condenou o uso alargado de tortura, de "obter confissões" e de lutar contra "comportamentos desviantes" de serem os objectivos centrais do sistema de justiça criminal. Ele sofreu várias tentativas de "obstrução ou restrição" da sua investigação. A China negou mais tarde relatórios sobre tortura e disse que o critério da visita foi inteiramente respeitado.
Durante a examinação de um relatório sobre a China, o presidente do Comitê das Naçoes Unidas sobre os Direitos da Criança, Jacob Egbert Doek, apelou para que uma pessoa independente verificasse o paradeiro de Gedhun Choekyi Nyima, XIº Panchen Lama do Tibete. Enquanto o embaixador de Pequim para as NU em Geneva, Sha Zhukhang, disse ao comitê que a criança e a sua família "não desejava ser incomodada por visitantes estrangeiros porque poderia ter efeitos negativos". Gedhun era uma criança tibetana como qualquer outra, que estava numa escola secúndaria e que obtinha bons resultados, disse a delegação chinesa.
conclusão
A violação dos direitos humanos dos tibetanos em direitos civis ou políticos assim como em direitos econômicos, sociais e culturais está directamente ligada à negação do direito à auto-determinação dos tibetanos dentro do Tibete e à falta de implementação e abuso de lei. Através das suas políticas e propaganda, garantias constitucionais e cláusulas legais internacionais às quais se comprometeu, Pequim afirma prover todos os direitos e liberdades aos seus cidadões.
Apelos incessantes para direitos humanos e liberdade por parte de bravos tibetanos na brumas de uma atmosfera repressiva, relatórios desassossegados de abusos de direitos humanos em todos os sectores da vida, e o êxodo de refugiados tibetanos todos os anos claramente confirma a ausência de autonomia significativa gozada pelos tibetanos no Tibete.
O Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia (Tibetan Centre for Human Rights and Democracy - TCHRD) acredita que um resultado positivo em termos de auto-governo genuino ou de autonomia significativa surgido dos contactos das pre-negociações entre Dharamshala e Pequim poderiam significar mais direitos fundamentais e liberdade para o povo do Tibete.
O CTDHD também sublinha a importância de abertura, transparência, reponsabilidade, liberdade e respeito para a aplicação da lei. Em caso contrário, nenhuma quantidade de mudança cosmética, nenhum uso de slogans vazios, nenhum imposição de lei e formulação de políticas trará algum progresso real na situação dos direitos humanos na China. Com a ameaça da perda da identidade tibetana, é tempo que o governo de Pequim percebe que o Dalai Lama "não é o problema, mas a chave para a resolução dos problemas do Tibete" assim como a concretização da estabilidade do Tibete a longo termo.
Fonte : "Relatório Anual do Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia TCHRD - 2005" : http://asianuxx.blogspot.com/2007/07/12-aniversrio-do-desparecimento-do-xi.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
Fonte : "Relatório Anual do Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia TCHRD - 2005" : http://asianuxx.blogspot.com/2007/07/12-aniversrio-do-desparecimento-do-xi.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
sexta-feira, agosto 15, 2008
Toró de Parpite nr. 34. Onde está o Panchen-Lama?
Toró nr 34. Matoury-Guiana Francesa, 15 de agosto de 2008. 8° dia das Olimpíadas de Pekim.
Este garotinho fofinho da foto é considerado o prisioneiro político mais jovem do mundo. Em 1995, quando o Dalai Lama o reconheceu como a 11ª reencarnação do Panchen-Lama, a segunda maior autoridade espiritual do Tibete, o governo chinês o prendeu e há 13 anos nao se tem noticias dele.
Esta é a única fotografia existente tirada aos seis anos de idade. Em abril de 2008, se ele estiver vivo, terá completado 19 anos. Mas ninguém sabe onde ele está ou se ao menos está vivo!
Para se ter uma idéia da importância do 11º Panchen-Lama dentro da religiosidade tibetana, ele é um dos responsáveis pelo reconhecimento do próximo Dalai Lama quando este morrer! Ter esse menino sob controle e dentro de uma educação de lavagem cerebral pelo governo chinês pode comprometer a continuidade dessa cultura que há 600 anos tem o Dalai Lama como o centro de tudo.
Participe das campanhas pela libertação do Panchen-Lama:
http://www.freepanchenlama.org/
http://www.rangzen.org/new/campaign.php
Abaixo, o texto do jornalista brasileiro Haroldo Castro que retratou o drama tibetano com altíssima qualidade de textos e fotos para a revista Época! Parabéns Haroldo Castro. Parabéns Revista Época!
Onde está o Panchen-Lama?
Haroldo Castro, de Lhasa
Época - Edição nº 504
"O monastério de Shigatse, que alberga dezenas de moradias e templos, assemelha-se a um vilarejo fortificado. Fiéis tibetanos e visitantes chineses fazem fila para entrar em uma das inúmeras capelas do monastério Tashilhunpo, ... antiga morada do Panchen Lama, a segunda autoridade espiritual do Tibete, depois do Dalai-Lama.
Em março de 1959, o atual 14º Dalai-Lama, prevendo que poderia cair nas mãos dos chineses, foi para a Índia, onde vive em exílio até hoje em Dharamsala.
A partir de 1959, o 10º Panchen-Lama, que anteriormente era simpatizante do regime chinês, resolveu ter uma atitude mais firme em prol da liberdade tibetana. Em 1964 foi preso e permaneceu 14 anos encarcerado. Faleceu - alguns alegam por envenenamento - em 1989.
Um novo Panchen-Lama precisava ser encontrado. Em maio de 1995, o Dalai-Lama reconheceu o menino de 6 anos, Gedun Choekyi Nyima, como a 11ª reencarnação do Panchen-Lama. O governo de Pequim não aceitou (o menino sumiu) e obrigou os monges de Tashilhunpo a encontrar um outro Panchen-Lama. Os chineses escolheram como novo Panchen-Lama, o filho de um membro tibetano do Partido Comunista, Gyaltsen Norbu. Hoje, esse jovem de 18 anos estuda na capital chinesa e está sob controle do governo.
Várias perguntas continuam sem respostas.
Onde estará o 11º Panchen-Lama reconhecido inicialmente pelo Dalai Lama?
Deverá o Panchen-Lama escolhido pela China agir como uma marionete do regime?
Segundo a tradição tibetana, o Panchen-Lama participa da escolha do próximo Dalai-Lama, quando o atual - um baluarte dos direitos humanos - falecer. Escolherá ele um Dalai-Lama também pró-China? "
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81073-5856-504,00.html
Conheça o blog do Haroldo Castro:
http://www.viajologia.globolog.com.br/archive_2008_04_05_32.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
Este garotinho fofinho da foto é considerado o prisioneiro político mais jovem do mundo. Em 1995, quando o Dalai Lama o reconheceu como a 11ª reencarnação do Panchen-Lama, a segunda maior autoridade espiritual do Tibete, o governo chinês o prendeu e há 13 anos nao se tem noticias dele.
Esta é a única fotografia existente tirada aos seis anos de idade. Em abril de 2008, se ele estiver vivo, terá completado 19 anos. Mas ninguém sabe onde ele está ou se ao menos está vivo!
Para se ter uma idéia da importância do 11º Panchen-Lama dentro da religiosidade tibetana, ele é um dos responsáveis pelo reconhecimento do próximo Dalai Lama quando este morrer! Ter esse menino sob controle e dentro de uma educação de lavagem cerebral pelo governo chinês pode comprometer a continuidade dessa cultura que há 600 anos tem o Dalai Lama como o centro de tudo.
Participe das campanhas pela libertação do Panchen-Lama:
http://www.freepanchenlama.org/
http://www.rangzen.org/new/campaign.php
Abaixo, o texto do jornalista brasileiro Haroldo Castro que retratou o drama tibetano com altíssima qualidade de textos e fotos para a revista Época! Parabéns Haroldo Castro. Parabéns Revista Época!
Onde está o Panchen-Lama?
Haroldo Castro, de Lhasa
Época - Edição nº 504
"O monastério de Shigatse, que alberga dezenas de moradias e templos, assemelha-se a um vilarejo fortificado. Fiéis tibetanos e visitantes chineses fazem fila para entrar em uma das inúmeras capelas do monastério Tashilhunpo, ... antiga morada do Panchen Lama, a segunda autoridade espiritual do Tibete, depois do Dalai-Lama.
Em março de 1959, o atual 14º Dalai-Lama, prevendo que poderia cair nas mãos dos chineses, foi para a Índia, onde vive em exílio até hoje em Dharamsala.
A partir de 1959, o 10º Panchen-Lama, que anteriormente era simpatizante do regime chinês, resolveu ter uma atitude mais firme em prol da liberdade tibetana. Em 1964 foi preso e permaneceu 14 anos encarcerado. Faleceu - alguns alegam por envenenamento - em 1989.
Um novo Panchen-Lama precisava ser encontrado. Em maio de 1995, o Dalai-Lama reconheceu o menino de 6 anos, Gedun Choekyi Nyima, como a 11ª reencarnação do Panchen-Lama. O governo de Pequim não aceitou (o menino sumiu) e obrigou os monges de Tashilhunpo a encontrar um outro Panchen-Lama. Os chineses escolheram como novo Panchen-Lama, o filho de um membro tibetano do Partido Comunista, Gyaltsen Norbu. Hoje, esse jovem de 18 anos estuda na capital chinesa e está sob controle do governo.
Várias perguntas continuam sem respostas.
Onde estará o 11º Panchen-Lama reconhecido inicialmente pelo Dalai Lama?
Deverá o Panchen-Lama escolhido pela China agir como uma marionete do regime?
Segundo a tradição tibetana, o Panchen-Lama participa da escolha do próximo Dalai-Lama, quando o atual - um baluarte dos direitos humanos - falecer. Escolherá ele um Dalai-Lama também pró-China? "
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG81073-5856-504,00.html
Conheça o blog do Haroldo Castro:
http://www.viajologia.globolog.com.br/archive_2008_04_05_32.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, em vigília pelo Tibete no Toró de Parpite durante as Olimpíadas de Pekim. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
quinta-feira, agosto 14, 2008
Toró de Parpite nr. 33. Minha amada Suíça e o Tibete.
Toró nr 33. Matoury-Guiana Francesa, 14 de agosto de 2008. 7° dia das Olimpíadas de Pekim.
Montanhas suiças onde vivem os tibetanos em exílio . Ao fundo, o monastério tibetano de Rikon. Fotos: Manuel Bauer.
Cavalo de vento (Lung Ta) ou bandeira de prece é o nome dado a uma bandeira com preces. Não apresentam imagens, apenas textos tibetanos. Acima, os cavalos de vento nos bosques suíços.
Mais de 3 MIL TIBETANOS NA SUÍÇA
Minha amadíssima (apesar do histórico de lavar dinheiro sujo de republiquetas corruptas e do narcotráfico)segunda pátria, a Suíça, estava entre os primeiros países a reconhecer a República Popular da China. Pra compensar o estrago, numa boa política do morde-assopra, foi também a primeira a acolher refugiados desde o início da diáspora tibetana em 1959/1960.
A comunidade em exílio na Suíça, com mais de 3 mil pessoas atualmente foi, durante muito tempo, a maior fora do continente asiático. Os tibetanos encontraram na Suíça condições para se integrarem e, ao mesmo tempo, preservarem suas tradições. Eles vivem essencialmente na Suíça alemã, em Winterthur e arredores.
Aniversário do Dalai Lama no monastério. Bandeira tibetana e suíça juntinhas.
O monastério de Rikon é um Instituto de Altos Estudos Tibetanos e tem uma biblioteca e cursos de filosofia e de religião com alta reputação.
Abaixo, a análise da jornalista francesa Claude Levenson, autora de vários livros sobre o Tibete, inclusive a biografia do Dalai Lama http://www.claudelevenson.net/ . Levenson apóia a causa tibetana há muitos anos, e, assim como eu, acredita que a palavra tem poder e a utiliza como arma pra lutar pelo Tibete e seu povo.
Claude Levenson com o Dalai Lama.
« Quando o Tibete desafia o regime chinês
A ocupação de Lhassa pelas forças chinesas faz ressurgir as lembranças da Praça Tien'an-men. Como num cenário ruim, os mestres da Cidade Proibida são confrontados ao que eles sem dúvida mais temiam, o desafio tibetano. A reação à expressão de uma frustração profunda, que eles mesmo alimentaram durante decênios de ocupação, atesta, aos olhos do mundo, a fragilidade da reinvindicação sobre um país vizinho ocupado pela força das armas faz meio século.
De fato, o significado dos movimentos de protesto, inicialmente pacíficos e que degeneraram em razão da brutalidade da repressão - reação de medo e de insegurança - é a ilegitimidade da presença chinesa no Tibete.
Nem a ocupação militar, nem o consumismo intensivo lançado no início do século pelo "programa de desenvolvimento do Oeste" bastaram para apagar o sentimento nacional dos tibetanos nem o gosto pela liberdade.
Essa afirmação identitária, notadamente pela presença visível de bandeiras tibetanas - proibidas e objeto de severas penas de prisão a seus portadores - demonstra que os tibetanos querem preservar sua alteridade sobre seu solo ancestral frente à ameaça real de sinização acelerada imposta por uma política deliberada.
Para as autoridades chinesas, a questão é importante. Ao afirmarem que a ocupação é destinada a levar "a civilização a um povo atrasado e bárbaro", elas revelam uma atitude colonialista que pareciam fora de moda.
Urânio, madeira, petróleo....
Sem falar que o afluxo descontrolado de colonos provoca uma exploração das riquezas naturais - elas são valiosas nos planaltos tibetanos, da água ao urânio passando pela madeira e pelo petróleo - em benefício de uma metrópole distante e sedenta de alimentar sua máquina econômica aquecida.
Ao ver agora a ocupação militar em Lhassa e em localidades habitualmente bem tranqüilas e fora da região dita autônoma, as lembranças de Tien'an-men ressurgem fatalmente, embassando assim a bela vitrina que o regime tenta limpar para sua grande glória.
De repente, os atletas se questionam e os governos democráticos estão visivelmente embaraçados: apelar gentilmente pela "moderação" um regime ditatorial não é entrar no jogo ao invés de defender dignamente seus próprios princípios?
Claro, ouve-se a réplica imediata: "e os interesses econômicos?". Justamente, os laços econômicos nada têm a ganhar do respeito dos direitos fundamentais daqueles que são vítimas do "milagre" chinês?
O Dalaï-Lama é contra o boicote
Se a idéia de um boicote é novamente abordada - houve precedentes como os JO de Moscou, devido a invasão do Afeganistão, e os JO de Atlanta - isso não é obrigatoriamente a solução de um problema negligenciado durante muito tempo.
O Dalaï-Lama é contra o boicote. Segundo ele, é importante verificar se os compromissos de respeitar os direitos humanos assumidos pelos dirigentes chineses serão respeitados.
Ao solicitar uma enquete independente sobre o que ocorre no Tibete, doravante fechado e proibido aos estrangeiros, especialmente aos jornalistas, o líder tibetano exilado demonstra à comunidade internacional sua vontade persistente de diálogo.
Berlim 1936
Não ouvi-lo traria lembranças ainda mais sinistras que os de Moscou ou Atlanta: os de Berlim em 1936. Ora, se a história tem alguma coisa a ensinar, é justamente que ao querer fazer onda que se provoca o naufrágio do navio.
O destino dos tibetanos e de seu país é menos exótico e mais terra-a-terra do que alguns têm tendência a crer: depois dos JO, o assunto não é somente da esfera de Pequim, mas interessa o resto do mundo no qual não existe mais um país totalmente independente. »
Fonte: Swissinfo, Claude B. Levenson
http://www.swissinfo.org/por/capa/Quando_o_Tibete_desafia_o_regime_chines.html?siteSect=105&sid=8876866&cKey=1211788065000&ty=st
Para saber mais sobre a Suíça e os tibetanos :
http://www.swissinfo.org/por/capa/Das_montanhas_do_Himalaia_ao_altiplano_helvetico.html?siteSect=105&sid=5972635&cKey=1124120168000&ty=st
Para ver as fotos do monastério tibetano na Suíça.
http://www.manuelbauer.ch/index.php/imagecatalogue/image/list/218/0/
Website do Instituto Tibetano em Rikon, Suíça:
http://www.tibet-institut.ch/
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, crê na reencarnação e acredita já ter sido tibetana e suíça em outras passagens pelo planeta Terra. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
Montanhas suiças onde vivem os tibetanos em exílio . Ao fundo, o monastério tibetano de Rikon. Fotos: Manuel Bauer.
Cavalo de vento (Lung Ta) ou bandeira de prece é o nome dado a uma bandeira com preces. Não apresentam imagens, apenas textos tibetanos. Acima, os cavalos de vento nos bosques suíços.
Mais de 3 MIL TIBETANOS NA SUÍÇA
Minha amadíssima (apesar do histórico de lavar dinheiro sujo de republiquetas corruptas e do narcotráfico)segunda pátria, a Suíça, estava entre os primeiros países a reconhecer a República Popular da China. Pra compensar o estrago, numa boa política do morde-assopra, foi também a primeira a acolher refugiados desde o início da diáspora tibetana em 1959/1960.
A comunidade em exílio na Suíça, com mais de 3 mil pessoas atualmente foi, durante muito tempo, a maior fora do continente asiático. Os tibetanos encontraram na Suíça condições para se integrarem e, ao mesmo tempo, preservarem suas tradições. Eles vivem essencialmente na Suíça alemã, em Winterthur e arredores.
Aniversário do Dalai Lama no monastério. Bandeira tibetana e suíça juntinhas.
O monastério de Rikon é um Instituto de Altos Estudos Tibetanos e tem uma biblioteca e cursos de filosofia e de religião com alta reputação.
Abaixo, a análise da jornalista francesa Claude Levenson, autora de vários livros sobre o Tibete, inclusive a biografia do Dalai Lama http://www.claudelevenson.net/ . Levenson apóia a causa tibetana há muitos anos, e, assim como eu, acredita que a palavra tem poder e a utiliza como arma pra lutar pelo Tibete e seu povo.
Claude Levenson com o Dalai Lama.
« Quando o Tibete desafia o regime chinês
A ocupação de Lhassa pelas forças chinesas faz ressurgir as lembranças da Praça Tien'an-men. Como num cenário ruim, os mestres da Cidade Proibida são confrontados ao que eles sem dúvida mais temiam, o desafio tibetano. A reação à expressão de uma frustração profunda, que eles mesmo alimentaram durante decênios de ocupação, atesta, aos olhos do mundo, a fragilidade da reinvindicação sobre um país vizinho ocupado pela força das armas faz meio século.
De fato, o significado dos movimentos de protesto, inicialmente pacíficos e que degeneraram em razão da brutalidade da repressão - reação de medo e de insegurança - é a ilegitimidade da presença chinesa no Tibete.
Nem a ocupação militar, nem o consumismo intensivo lançado no início do século pelo "programa de desenvolvimento do Oeste" bastaram para apagar o sentimento nacional dos tibetanos nem o gosto pela liberdade.
Essa afirmação identitária, notadamente pela presença visível de bandeiras tibetanas - proibidas e objeto de severas penas de prisão a seus portadores - demonstra que os tibetanos querem preservar sua alteridade sobre seu solo ancestral frente à ameaça real de sinização acelerada imposta por uma política deliberada.
Para as autoridades chinesas, a questão é importante. Ao afirmarem que a ocupação é destinada a levar "a civilização a um povo atrasado e bárbaro", elas revelam uma atitude colonialista que pareciam fora de moda.
Urânio, madeira, petróleo....
Sem falar que o afluxo descontrolado de colonos provoca uma exploração das riquezas naturais - elas são valiosas nos planaltos tibetanos, da água ao urânio passando pela madeira e pelo petróleo - em benefício de uma metrópole distante e sedenta de alimentar sua máquina econômica aquecida.
Ao ver agora a ocupação militar em Lhassa e em localidades habitualmente bem tranqüilas e fora da região dita autônoma, as lembranças de Tien'an-men ressurgem fatalmente, embassando assim a bela vitrina que o regime tenta limpar para sua grande glória.
De repente, os atletas se questionam e os governos democráticos estão visivelmente embaraçados: apelar gentilmente pela "moderação" um regime ditatorial não é entrar no jogo ao invés de defender dignamente seus próprios princípios?
Claro, ouve-se a réplica imediata: "e os interesses econômicos?". Justamente, os laços econômicos nada têm a ganhar do respeito dos direitos fundamentais daqueles que são vítimas do "milagre" chinês?
O Dalaï-Lama é contra o boicote
Se a idéia de um boicote é novamente abordada - houve precedentes como os JO de Moscou, devido a invasão do Afeganistão, e os JO de Atlanta - isso não é obrigatoriamente a solução de um problema negligenciado durante muito tempo.
O Dalaï-Lama é contra o boicote. Segundo ele, é importante verificar se os compromissos de respeitar os direitos humanos assumidos pelos dirigentes chineses serão respeitados.
Ao solicitar uma enquete independente sobre o que ocorre no Tibete, doravante fechado e proibido aos estrangeiros, especialmente aos jornalistas, o líder tibetano exilado demonstra à comunidade internacional sua vontade persistente de diálogo.
Berlim 1936
Não ouvi-lo traria lembranças ainda mais sinistras que os de Moscou ou Atlanta: os de Berlim em 1936. Ora, se a história tem alguma coisa a ensinar, é justamente que ao querer fazer onda que se provoca o naufrágio do navio.
O destino dos tibetanos e de seu país é menos exótico e mais terra-a-terra do que alguns têm tendência a crer: depois dos JO, o assunto não é somente da esfera de Pequim, mas interessa o resto do mundo no qual não existe mais um país totalmente independente. »
Fonte: Swissinfo, Claude B. Levenson
http://www.swissinfo.org/por/capa/Quando_o_Tibete_desafia_o_regime_chines.html?siteSect=105&sid=8876866&cKey=1211788065000&ty=st
Para saber mais sobre a Suíça e os tibetanos :
http://www.swissinfo.org/por/capa/Das_montanhas_do_Himalaia_ao_altiplano_helvetico.html?siteSect=105&sid=5972635&cKey=1124120168000&ty=st
Para ver as fotos do monastério tibetano na Suíça.
http://www.manuelbauer.ch/index.php/imagecatalogue/image/list/218/0/
Website do Instituto Tibetano em Rikon, Suíça:
http://www.tibet-institut.ch/
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, crê na reencarnação e acredita já ter sido tibetana e suíça em outras passagens pelo planeta Terra. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
quarta-feira, agosto 13, 2008
Toró de Parpite nr. 32. O xadrez mundial e o Tibete.
Toró nr 32. Matoury-Guiana Francesa, 13 de agosto de 2008. 6° dia das Olimpíadas de Pekim.
O xadrez mundial e o Tibete.
O que o Tibete tem a ver com o entrevero entre a Rússia e a Geórgia?
Encontrei esse texto ótimo no site do jornalista Luiz Carlos Azenha, que por sua vez, encontrou um texto ótimo do jornalista americano Steve LeVine:
"(Luiz Carlos Azenha) As regiões separatistas da Geórgia, a Ossétia do Sul e a Abkhazia, são o motivo do conflito com a Rússia. A Rússia exerce o seu poder regional através do controle de fornecimento de gás e petróleo. Já usou isso contra a Ucrânia e a própria Geórgia. Como sei que a mídia brasileira é muito ruim de política internacional, aqui vai uma contribuição de um jornalista americano que viveu na região:
Geórgia, Rússia e Repensando a China
Steve LeVine, jornalista americano, ex-correspondente na Ásia Central
Anos depois de ser nocauteado de forma humilhante por Muhammad Ali, o boxeador George Foreman retornou ao ringue para uma série de triunfos e conquistar o título mundial já quarentão. Foi mais marketing do que esporte. Quando perguntado sobre sua escolha de adversário, Foreman disse que não lutava com ninguém em quem a mãe dele não pudesse bater. É uma forma de olhar para a anexação que a Rússia fez da Ossétia do Sul e da Abkhazia nas últimas 24 horas. Com desculpas aos meus amigos georgianos, a Geórgia não é um ator militar sério; com exceção dos chechenos e armênios, nenhum dos povos do Cáucaso é (o que explica o que levou os moradores da Ossétia e da Abkhazia a depender dos russos para suas guerras).Foreman foi inteligente em não voltar ao ringue contra Ali. Quinze anos de quase ser desmembrada por forças apoiadas pela Rússia, no entanto, a Geórgia não foi tão inteligente. Não significa um retorno a 1993, que causou literalmente uma década negra, quando a Geórgia não tinha nem mesmo eletricidade para se iluminar. Mas a demonstração militar da Rússia demonstra que a Geórgia não é um ator independente no momento.
Vladimir Putin (agora está claro quem realmente manda em Moscou) demonstrou que a Rússia não pretende deixar a Geórgia entrar na OTAN. E a OTAN demonstrou que não tem vontade ou inclinação para enfrentar a Rússia. A questão para os Estados Unidos e o Ocidente com um todo é fundamental e nos leva ao objetivo original do corredor de energia pretendido pelo Ocidente: como os leitores sabem, o pensamento de Washington não era apenas de mandar um milhão de barris de petróleo para o Ocidente, mas transformar o Cáucaso dominado pela Rússia e a Ásia Central em uma região financeiramente independente e pró-ocidental.A Geórgia é um componente chave desta estratégia, como um ponto de passagem do oleoduto Baku-Ceyhan, o gasoduto que o acompanha e o oleoduto menor de Baku-Supsa. A absorção da Geórgia pela OTAN não tem futuro. Mas isso significa o fim do desafio do Ocidente ao poder regional energético da Rússia? A resposta simples é não - todos as linhas de fornecimento vão continuar a operar. A Rússia não vai interferir com elas. Por que? Porque sua estratégia política e econômica para a Europa depende de não assustar os europeus, que poderiam se sentir encorajados a construir outros gasodutos e oleodutos não-russos, diminuindo assim o poder de barganha de Moscou.(Acabo de receber confirmação de que, ao contrário do que diz a Geórgia, a Rússia não bombardeou o oleoduto Baku-Ceyhan. Bombas foram jogadas perto da linha Baku-Supsa, que leva ao Mar Negro na Geórgia, sem causar danos. A linha Supsa passa perto da Ossétia do Sul, pode ter sido um engano típico de guerra).E assim a Rússia vai permitir que os oleodutos existentes continuem a existir. Mas parece que a expansão deles - os oleodutos e gasodutos trans-Cáspio e a ligação com a Europa batizada de Nabucco -- morrerá. Nenhum presidente do Cáspio jogará seu futuro abraçando um projeto destes e é assim que eles vão calibrar seu comportamento.O Ocidente tem poucas ferramentas para pressionar a Rússia.
Mas existe um e é a China. Uma vez que a política ocidental visa dar independência energética aos países do Cáucaso e da Ásia Central, por que todo o petróleo e o gás natural deve abastecer o Ocidente?A China está construindo oleodutos e gasodutos do Turcomenistão e Casaquistão para Xinjiang e além. Washington silenciosamente apóia esses projetos, agora talvez seja inteligente aumentar o volume e oferecer ajuda na construção.
O próximo presidente dos Estados Unidos pode incluir essa mudança de posição como parte de uma nova estratégia para a China. A Rússia odiaria um acordo energético Estados Unidos-China, mas esse tipo de acordo é o que conta na região."
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/georgia-russia-e-china/
Patrícia Nascimento Delorme: Entendeu agora porque a China "pulou" em cima do Tibete depois da segunda guerra mundial? Além de possuir a maior reserva à escala mundial de urânio, o Tibete têm ferro, ouro e é estratégico para açoes militares da China na região fronteira com India, Nepal, Casaquistão, Paquistão e todos os países de nome terminado em "ão" daquele canto do mundo. "A China está construindo oleodutos e gasodutos do Turcomenistão e Casaquistão para Xinjiang e além. Washington silenciosamente apóia esses projetos, agora talvez seja inteligente aumentar o volume e oferecer ajuda na construção ", revela o jornalista americano LeVine.
É o xadrez internacional sendo jogado pelos senhores da guerra enquanto nós participamos de passeatas e acendemos velinhas em todo o mundo pelo Tibete!!!!!!!! Santa ingenuidade, Batman!
Daí o porquê do Dalai Lama já ter desistido, há muito tempo, de reivindicar a independência tibetana. Atualmente, ele afirma que defende uma maior autonomia para a região, ou seja, a liberdade de culto religioso e a educação em língua tibetana (atualmente em chinês!!!!!!!!!). Pequim recusa negociar, temendo que a mínima concessão possa incentivar o separatismo entre as outras tantas minorias étnicas de que é formada a China. Seria a queda da torre. Ou seja, o Tibete serve de boi de piranha na China pra dar o exemplo às outras minorias.
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, prefere manter a ingenuidade e as esperanças de que o Tibete ainda joga contra o Brasil numa copa do mundo. Ainda que os fatos apontem pra outra direção. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
O xadrez mundial e o Tibete.
O que o Tibete tem a ver com o entrevero entre a Rússia e a Geórgia?
Encontrei esse texto ótimo no site do jornalista Luiz Carlos Azenha, que por sua vez, encontrou um texto ótimo do jornalista americano Steve LeVine:
"(Luiz Carlos Azenha) As regiões separatistas da Geórgia, a Ossétia do Sul e a Abkhazia, são o motivo do conflito com a Rússia. A Rússia exerce o seu poder regional através do controle de fornecimento de gás e petróleo. Já usou isso contra a Ucrânia e a própria Geórgia. Como sei que a mídia brasileira é muito ruim de política internacional, aqui vai uma contribuição de um jornalista americano que viveu na região:
Geórgia, Rússia e Repensando a China
Steve LeVine, jornalista americano, ex-correspondente na Ásia Central
Anos depois de ser nocauteado de forma humilhante por Muhammad Ali, o boxeador George Foreman retornou ao ringue para uma série de triunfos e conquistar o título mundial já quarentão. Foi mais marketing do que esporte. Quando perguntado sobre sua escolha de adversário, Foreman disse que não lutava com ninguém em quem a mãe dele não pudesse bater. É uma forma de olhar para a anexação que a Rússia fez da Ossétia do Sul e da Abkhazia nas últimas 24 horas. Com desculpas aos meus amigos georgianos, a Geórgia não é um ator militar sério; com exceção dos chechenos e armênios, nenhum dos povos do Cáucaso é (o que explica o que levou os moradores da Ossétia e da Abkhazia a depender dos russos para suas guerras).Foreman foi inteligente em não voltar ao ringue contra Ali. Quinze anos de quase ser desmembrada por forças apoiadas pela Rússia, no entanto, a Geórgia não foi tão inteligente. Não significa um retorno a 1993, que causou literalmente uma década negra, quando a Geórgia não tinha nem mesmo eletricidade para se iluminar. Mas a demonstração militar da Rússia demonstra que a Geórgia não é um ator independente no momento.
Vladimir Putin (agora está claro quem realmente manda em Moscou) demonstrou que a Rússia não pretende deixar a Geórgia entrar na OTAN. E a OTAN demonstrou que não tem vontade ou inclinação para enfrentar a Rússia. A questão para os Estados Unidos e o Ocidente com um todo é fundamental e nos leva ao objetivo original do corredor de energia pretendido pelo Ocidente: como os leitores sabem, o pensamento de Washington não era apenas de mandar um milhão de barris de petróleo para o Ocidente, mas transformar o Cáucaso dominado pela Rússia e a Ásia Central em uma região financeiramente independente e pró-ocidental.A Geórgia é um componente chave desta estratégia, como um ponto de passagem do oleoduto Baku-Ceyhan, o gasoduto que o acompanha e o oleoduto menor de Baku-Supsa. A absorção da Geórgia pela OTAN não tem futuro. Mas isso significa o fim do desafio do Ocidente ao poder regional energético da Rússia? A resposta simples é não - todos as linhas de fornecimento vão continuar a operar. A Rússia não vai interferir com elas. Por que? Porque sua estratégia política e econômica para a Europa depende de não assustar os europeus, que poderiam se sentir encorajados a construir outros gasodutos e oleodutos não-russos, diminuindo assim o poder de barganha de Moscou.(Acabo de receber confirmação de que, ao contrário do que diz a Geórgia, a Rússia não bombardeou o oleoduto Baku-Ceyhan. Bombas foram jogadas perto da linha Baku-Supsa, que leva ao Mar Negro na Geórgia, sem causar danos. A linha Supsa passa perto da Ossétia do Sul, pode ter sido um engano típico de guerra).E assim a Rússia vai permitir que os oleodutos existentes continuem a existir. Mas parece que a expansão deles - os oleodutos e gasodutos trans-Cáspio e a ligação com a Europa batizada de Nabucco -- morrerá. Nenhum presidente do Cáspio jogará seu futuro abraçando um projeto destes e é assim que eles vão calibrar seu comportamento.O Ocidente tem poucas ferramentas para pressionar a Rússia.
Mas existe um e é a China. Uma vez que a política ocidental visa dar independência energética aos países do Cáucaso e da Ásia Central, por que todo o petróleo e o gás natural deve abastecer o Ocidente?A China está construindo oleodutos e gasodutos do Turcomenistão e Casaquistão para Xinjiang e além. Washington silenciosamente apóia esses projetos, agora talvez seja inteligente aumentar o volume e oferecer ajuda na construção.
O próximo presidente dos Estados Unidos pode incluir essa mudança de posição como parte de uma nova estratégia para a China. A Rússia odiaria um acordo energético Estados Unidos-China, mas esse tipo de acordo é o que conta na região."
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/georgia-russia-e-china/
Patrícia Nascimento Delorme: Entendeu agora porque a China "pulou" em cima do Tibete depois da segunda guerra mundial? Além de possuir a maior reserva à escala mundial de urânio, o Tibete têm ferro, ouro e é estratégico para açoes militares da China na região fronteira com India, Nepal, Casaquistão, Paquistão e todos os países de nome terminado em "ão" daquele canto do mundo. "A China está construindo oleodutos e gasodutos do Turcomenistão e Casaquistão para Xinjiang e além. Washington silenciosamente apóia esses projetos, agora talvez seja inteligente aumentar o volume e oferecer ajuda na construção ", revela o jornalista americano LeVine.
É o xadrez internacional sendo jogado pelos senhores da guerra enquanto nós participamos de passeatas e acendemos velinhas em todo o mundo pelo Tibete!!!!!!!! Santa ingenuidade, Batman!
Daí o porquê do Dalai Lama já ter desistido, há muito tempo, de reivindicar a independência tibetana. Atualmente, ele afirma que defende uma maior autonomia para a região, ou seja, a liberdade de culto religioso e a educação em língua tibetana (atualmente em chinês!!!!!!!!!). Pequim recusa negociar, temendo que a mínima concessão possa incentivar o separatismo entre as outras tantas minorias étnicas de que é formada a China. Seria a queda da torre. Ou seja, o Tibete serve de boi de piranha na China pra dar o exemplo às outras minorias.
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, prefere manter a ingenuidade e as esperanças de que o Tibete ainda joga contra o Brasil numa copa do mundo. Ainda que os fatos apontem pra outra direção. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
terça-feira, agosto 12, 2008
Toró de Parpite nr. 31. Dalai Lama e seus comparsas.
Com um editorial desses, não quero a assinatura nem de graça!
Toró nr 31. Matoury-Guiana Francesa, 12 de agosto de 2008. 5° dia das Olimpíadas de Pekim.
Olá amigas e amigos,
Vejam a "pérola" brasileira que eu encontrei no editorial do jornal "Brasil de Fato, uma visão popular do Brasil e do mundo"!
Na íntegra:
O Dalai Lama e os seus comparsas do Repórteres Sem Fronteiras, financiados pela NED, dedicam-se a boicotar as Olimpíadas de Pequim
26/03/2008
Editorial Brasil de Fato (ed. 265)
Editor-Chefe: Nilton Viana (nilton@brasildefato.com.br)
Editor da Agência Brasil de Fato: Jorge Pereira Filho (jorge@brasildefato.com.br)
Assim como a Colômbia do narco-presidente Álvaro Uribe é uma questão estratégica para a geopolítica dos predadores internacionais do senhor George W. Bush na América Latina, o Tibete cumpre semelhante papel na Ásia, do mesmo modo que o 14º dalai-lama é (nos perdoem os budistas sérios e dignos) apenas um senhor Uribe que consegue chegar ao Nirvana sem necessitar de coca.
Com cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados e por volta de 2,2 milhões de habitantes (censo 1990), o Tibete – desde 1951 – é uma Província Autônoma da República Popular da China, situada no sudoeste do país. Tem fronteiras com Myamar (a antiga Birmânia), Butão, Sikkim, Nepal e Índia. Já antes da tomada do poder pelos comunistas chineses (1949), o Tibete – desde sempre uma região em disputa pela sua localização estratégica – era uma jurisdição de Pequim, organizando-se enquanto sociedade feudal, baseada na escravidão e subordinada a uma teocracia, regida pela aliança entre o clero budista e a aristocracia (que somavam 5% da população).
Com a criação da República Popular, a decisão do novo regime foi o de fazer reformas pacíficas da velha estrutura tibetana. Assim, em 1954, seu 14º dalai-lama foi convidado a participar da primeira Assembléia Nacional Popular da China, que elaborou a Constituição da recém fundada Repúbica, sendo eleito um dos vice-presidentes do Comitê Permanente desse organismo.
Tudo parecia correr bem, com o teocrata rasgando sedas para o novo regime, até que tiveram início as primeiras reformas democráticas dessa Região Autônoma: instituição do Estado laico, abolição da servidão camponesa (95% da população constituía-se de servos) e uma reforma agrária redistribuindo as terras. Nada tão socialista, reforminhas básicas – republicanas e democráticas – das quais já haviam dado conta a Revolução Burguesa na França, em 1789, e a Independência dos Estados Unidos àquela mesma época (1776), secundada pela Guerra de Secessão poucos anos mais tarde. Nada tão radical que não se assemelhasse às Reformas de Base propostas pelo Governo do presidente João Goulart em 13 de março de 1964, que acelerariam o processo golpista em curso, acabando por depor o Governo dias depois, em 31 de março. Enfim essas coisas que as classes privilegiadas não suportam – no Brasil, por exemplo, até uma singela política de assitência social de distribuição de bolsas é motivo de gritas, por uma elite que já se apropriou até mesmo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Em 1959 (10 de março), os teocratas e aristocratas à paisana se levantam, incendeiam prédios, assassinam funcionários e outros partidários das reformas, partem para a baderna e a violência – métodos típicos dessas classes perigosas em todo o Mundo. Estavam rompidos todos os acordos e compromissos com Pequim. Para por fim à onda de violências desencadedas pelo pacífico dalai e seus asseclas, tropas chinesas ocuparam as ruas de Lhasa, a capital, e diversos pontos da Província Autônoma.
A partir daí, nenhum acordo mais seria possível. O dalai se exila na Índia, onde se estabelece cercado por uma côrte de 120 mil tibetanos, e firma seu conúbio promíscuo com a CIA e com as forças armadas de Nova Delhi.
É um tempo em que, enquanto o cardeal Wojtyla agia na Polônia, seu colega dalai conspirava na Índia, dando continuidade à sua carreira de senhor da guerra, da defesa dos privilégios e da exploração, embora o capital, logo depois da Queda do Muro e em pleno processo de desmonte do bloco socialista, lhe descole um Nobel da Paz em 1989. Seu colega Wojtyla não teve tanta sorte: apenas conseguiu ser indicado para a mesma láurea do Nobel. No entanto, foi coroado papa e logrou fazer seu sucessor o cardeal Ratzinger, que garante a continuidade do desmanche das conquistas alcançadas pelos católicos progressistas e de esquerda durante os pontificados de João 23 e Paulo 6º.
Vários nomes fantasia camuflaram, ao longo dos anos, a societas sceleris constituída entre o dalai e a agência estadunidense: Exército de Defesa da Religião, Sociedade Americana por uma Ásia Livre e, por fim, hoje, receber ajuda através da National Endowment for Democracy (NED), a mesma patrocinadora dos Repórteres Sem Fronteira, cujo presidente foi condecorado cavaleiro da Legião de Honra, pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy.
Em 2003, o Nobel da Paz e Senhor da Guerra, passou 18 dias nos EUA, onde encontrou com seu colega George W. Bush, incorporando-se, ao que tudo indica – como seu colega colombiano, senhor Uribe – à política de “guerras preventivas”. Na ocasião, declarou que que era “muito cedo para dizer se a guerra do Iraque foi um erro” acrescentando em seguida que é necessário “reprimir o terrorismo”.
Agora, financiados pela mesma fonte, o dalai e os seus comparsas do Repórteres Sem Fronteiras, financiados pela NED, dedicam-se a boicotar as Olimpíadas de Pequim.
Apenas isto.
http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/analise/o-dalai-lama-a-cia-a-geopolitica-e-um-pouco-mais-do-mesmo-de-sempre/?searchterm=dalai%20lama
Opiniao dos leitores:
Enviado por Eymard Vasconcelos em 27/03/2008 11:48
Um jornal, que coloca como Editorial um texto tão tendencioso e tão unilateral, fica desmoralizado. Parece os antigos jornais de esquerda, no tempo em que o Partido Comunista Soviético dominava o pensamento oficial de esquerda. Uma coisa é um artigo assumido por um jornalista. Outra coisa é um editorial, que é uma posição oficial do jornal. Fiquei decepcionado.
Enviado por João Paulo em 27/03/2008 11:04
Desculpem, mas essa paranóia de conspiração o tempo todo, Dalai Lama e CIA?? Cara, para começar, a organização religiosa no Tibet é absolutamente aberta no sentido da liberdade do indivíduo se identificar ou não com este modo de vida. No Tibet, seus moradores em esmagadora maioria são contra o engessamento político e cultural impelido pela China. A idéia de genocídio cultural prega justamente a ausência de liberdade no ato de suas escolhas enquanto prática cotidiana de cultura e religião. Ficar toda hora ouvindo no "Brasil de Fato" analfabetos à teria marxista que louvam Cuba, China e ex-URSS (verdadeiros capitalismos de Estado) e nada sabem "de fato" as proposições desta teoria que, por fim, almeja a ausência de um Estado forte por um substituto de equilíbrio social regido pelo povo.
Enviado por Norbert em 27/03/2008 10:42
vou parar ler o "Brasil de Fato" - este texto pseudo-intellectual e demagógico me lembra dos tempos mais oscuros que vivenciei como cidadão da antigua Alemanha Oriental
Enviado por Vinicius s. alves em 26/03/2008 17:46
Triste! totalmente infeliz essa reportagem. O jornalista devia se informar mais sobro o Tibet antes de ter escrito essas asneiras. Viva a resistencia do povo Tibetano!
alberto
uau - vivendo e aprendendo. Nao imaginava que a essa altura do campeonato, no Brasil, existiam pessoas com o ponto de vista como o autor desse texto. A proxima reportagem do autor sera algo como "Pol Pot, o heroi injusticado" ou "Stalin: vitima dos historiadores inescrupulosos da CIA?"
"Para por fim à onda de violências desencadedas pelo pacífico dalai e seus asseclas, tropas chinesas ocuparam as ruas de Lhasa..."
Eu nao estive la, pelo menos nessa encarnacao, mas isso me parece um revisionismo da pior categoria... uma coisa e' ser marxista, outra e' fechar os olhos e enfeitar as atrocidades que os regimes comunistas fizeram em nome do bem comum. Isso seria o mesmo que os catolicos justificarem a santa Inquisicao, afinal, ela buscava a fidelidade a palavra de Jesus...
eu li "etica para um novo milenio" e achei um livro muito apropriado/positivo, e acessivel a qualquer publico... o discurso do dalai lama e' inteligente, ele conduz o leitor a uma religiosidade sem falar de religiao.
Nao tem como comparar esse livro ao enlatado "The Secret", por exemplo. Um conduz a reflexao, o outro a ilusao. (com o perdao da palavra, caso algum seguidor do titulo frequente a comunidade).
Acredito que o Dalai Lama tem grau e capacidade para escrever livros cascudos de budismo, como o Trungpa, mas segue por um caminho universalista e acessivel por opcao.
Enviado por Licurgo em 27/03/2008 10:40
"(...)até que tiveram início as primeiras reformas democráticas dessa Região Autônoma". É evidente que o governo estadunidense vai capitalisar pra si, assim como fizeram no Afeganistão, durante a invasão soviética. Agora "reformas democráticas" na China, é subestimar os leitores desse jornal. Por favor!
E mais, se o Tibet era um estado teocrático e precisava mudar, essa decisão cabia exclusivamente ao povo tibetano e não ao governo chinês. Aí aparece outra contradição gritante: os "nossos" podem, os outros não. A China fez a mesma coisa que os Estados Unidos tem feito, com o Iraque, com o Vietnam.
Então, menos paixão ajuda na hora de defender o programa.
Enviado por Diogenes de Sousa em 27/03/2008 07:12
Primeiramente é bom lembrar que o próprio Dalai Lama não mais reivindica a indepedência do Estado tibetano e sim uma maior autonomia política. E mesmo se essa for uma bandeira ilegítima (que nem é o caso que está em discussão), nenhum protesto pacífico deve ser reprimido com violência brutal. Seja num Estado "Socialista" (aproveito e perguntaria se a China é lá exemplo disso) ou num Capitalista, o direito dos indivíduos se organizarem e protestarem sem terem sua vida colocada em risco devem estar plenamente assegurados. Abaixo à repressão, abaixo a ditadura, seja ela de esquerda, seja de direita, seja capitalista, seja socialista!
"... a China está no centro da economia globalizada — e, no entanto, trata-se de uma ditadura feroz, em certa medida irreproduzível em qualquer país ocidental, mas isso não quer dizer que não sirva de inspiração.
Sempre que a China exalta o amor de alguém pela democracia, é bom você guardar um dinheiro para pagar aquela bala que pode estourar os seus miolos. Quando o PC chinês fala em “não-intervenção em assuntos internos”, está dizendo o seguinte: “Nós matamos os nossos chineses; cada governo mata o seu povo à vontade, sem ingerência externa”.
Vai ver é isso que Marco Aurélio Top Top Garcia chama de fortalecimento do "estado nacional". Trata-se de um mundo em que cada um pode ser bárbaro à sua maneira."
Rafael
China????
Aquilo lá reúne o pior do comunismo com o pior do capitalismo selvagem (com sua permissão, Rei). Definitivamente não é um modelo econômico e político a ser admirado.
Eu costumo dizer que o dia em que estourar uma guerra entre os Estados Unidos e China e eu tiver que me alistar em um dos lados, vou para o U. S. Army. Sabem por quê? Porque acho os Estados Unidos uma merda. Mas pelo menos EU POSSO DIZER ISSO LÁ. O que não acontece na China.
http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2007/09/ditadura-exemplar-sada-o-pt.html
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, ainda em estado de choque com o editorial do "Brasil de Fato". Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
segunda-feira, agosto 11, 2008
Toró de Parpite nr. 30. O Senhor do Dharma
Toró nr 30. Matoury-Guiana Francesa, 11 de agosto de 2008. 4° dia das Olimpíadas de Pekim.
"Quando este cachorro velho estava vivendo na solidão
Depois de ouvir as palavras do fidedigno Protetor do Mundo,
Sentiu o desejo de falar da mesma maneira.
Quando encontrei pela primeira vez meu mestre supremo,
Tive a sensação de ter encontrado o que queria,
Como um mercador que encontra uma ilha de ouro —
Esse é o significado de uma pessoa se empenhar
Nos inúmeros assuntos e na investigação deles.
Quando, mais tarde, encontrei meu mestre supremo,
Tive a sensação de estar havendo perigo para mim,
Como um criminoso diante do juiz —
Esse é o significado de levar uma bela repreensão.
Se encontro agora meu mestre supremo,
Tenho a sensação de encontrar um igual,
Como os pombos que dormem num templo —
Esse é o significado de se guardar distância.
Quando recebi instruções pela primeira vez,
Tive a sensação de querer transformá-las imediatamente em ação,
Como um faminto se atira sobre a comida —
Esse é o significado de fazer daquilo uma experiência.
Quando, mais tarde, ouvi as instruções,
Tive uma sensação enorme de incerteza,
Como palavras pronunciadas muito longe —
Esse é o resultado de eu não ter me livrado dos conceitos.
Agora, quando ouço instruções,
Tenho uma sensação de enjôo,
Como alguém obrigado a comer outra vez o que vomitou —
Esse é o significado de não ter vontade de fazer perguntas.
Quando fiquei solitário pela primeira vez,
Tive a sensação de estar com a mente à vontade,
Como um viajante voltando para casa —
Esse é o significado de apreciar a própria estada.
Quando, mais tarde, fiquei solitário,
Tive a sensação de não ser capaz de ficar,
Como uma moça bonita morando sozinha —
Esse é o significado de ir e vir com freqüência.
Agora, quando vou para um retiro solitário,
Tenho a sensação de lá ser um lugar agradável para ficar,
Como um cachorro velho e agonizante debaixo de algum abrigo —
Esse é o significado de amarrar um cadáver para desembaraçar-se dele.
…
Quando pensei na meditação pela primeira vez,
Tive a sensação de delícia na alegria e na felicidade que ela trouxe,
Como o encontro de um homem e uma mulher de temperamentos semelhantes —
Esse é o significado de degustar a própria essência da meditação.
Quando, mais tarde, pensei na meditação,
Tive a sensação de estar esgotado e cansado,
Como uma pessoa fraca esmagada por uma carga pesada —
Esse é o significado da meditação curta.
Agora, quando penso na meditação,
Tenho a sensação de ela não durar nem um instante,
Como uma agulha equilibrada numa pedra —
Esse é o significado de não ter qualquer desejo de meditar.
…
Quando fiz uma palestra pela primeira vez
Tive a sensação de ser inteligente e importante,
Como moças bonitas desfilando no mercado —
Esse é o significado de desejar fazer palestras.
Quando, mais tarde, fiz palestras,
Tive a sensação de conhecer bem qualquer assunto,
Como um velho contando histórias velhas pela milésima vez —
Esse é o significado de ser tagarela.
Agora, quando faço uma palestra,
Tenho a sensação de estar ultrapassando meus limites,
Como um mau espírito importunado por palavras mágicas —
Esse é o significado de ficar embaraçado.
Quando participei de um debate pela primeira vez,
Tive a sensação de estar formando uma reputação para mim,
Como alguém instituindo uma ação legal contra um adversário antipático —
Esse é o significado de dar vazão a uma indignação justa.
Quando, mais tarde, participei de debates,
Tive a sensação de estar em busca do significado definitivo,
Como um juiz probo olhando para um testemunha honesta —
Esse é o significado de concentrar a própria capacidade.
Agora, quando participo de debates,
Tenho a sensação de que qualquer coisa que é dita serve,
Como um mentiroso errando pelos campos:
Esse é o significado de tudo estar muito bem.
Quando escrevi tratados pela primeira vez,
Tive a sensação de que as palavras surgiam espontaneamente,
Como um siddha compondo versos —
Esse é o significado de naturalidade.
Quando, mais tarde, escrevi tratados,
Tive a sensação de estar forçando as palavras a ficar juntas,
Como uma pessoa habilidosa aprimorando seus poemas —
Esse é o significado de expressar muito bem as coisas.
Hoje, quando escrevo tratados,
Tenho a sensação de futilidade,
Como uma pessoa inexperiente desenhando um mapa rodoviário —
Esse é o significado de não desperdiçar tinta e papel.
Quando me reuni com amigos íntimos pela primeira vez
Tive a sensação de competitividade,
Como rapazes reunidos para um concurso de arco e flecha —
Esse é o significado de amar e detestar.
Quando, mais tarde, me reuni com amigos íntimos,
Tive a sensação de estar de acordo com todos,
Como prostitutas que foram a uma feira —
Esse é o significado de ter muitos amigos.
Hoje, quando me reuno com amigos íntimos,
Tenho a sensação de não me enquadrar no rebanho humano,
Como um leproso que se aventurou na multidão —
Esse é o significado de ficar sozinho.…
Quando vieram discípulos pela primeira vez,
Tive a sensação de ser importante
Como um empregado que ocupou a cadeira do patrão —
Esse é o significado de um trabalho bem feito.
Quando, mais tarde, vieram discípulos,tive a sensação de que minha mente e meus pensamentos tinham alguma finalidade,
Como um hóspede para o qual foi reservado o lugar de honra —
Esse é o significado de fazer o que é bom.
Agora, quando vêm discípulos,
Tenho a sensação de ter que fazer cara feia para eles,
Como demônios que surgem do deserto —
Esse é o significado de afugentá-los com pedras."
...
"Em todas as nossas vidas sucessivas, possamos nunca ser influenciados por quaisquer amigos maus.
Em todas as nossas vidas sucessivas, possamos nunca violar nem mesmo um único fio de cabelo dos outros.
Em todas as nossas vidas sucessivas, possamos nunca estar separados da luz do Dharma. [Seguido por um verso das escrituras:]
Para quem quer que receba estes ensinamentos de mim e
Até mesmo quem me veja, me ouça, que pense em mim ou se relacione comigo em conversas —
Possa a porta de seu renascimento nos reinos inferiores ser selada
E possa renascer na suprema terra pura de Potala."
Autor: Patrül Rinpoche (1808-1887), Orgyen Jigme Chökyi Wangpo, é a emanação da fala de Jigme Lingpa. Foi um dos grandes professores e escritores nyingmapas, cuja vida e ensinamentos são citados até mesmo por eruditos de outras escolas. Apesar de ter sido um dos maiores eruditos e adeptos da escola Nyingma, Patrül Rinpoche viveu como um eremita muito humilde e simples. Falava diretamente e em voz alta, mas cada palavra sua era a palavra da verdade, da sabedoria e do cuidado.
Fonte: http://khyentse.dharmanet.com.br/biopatrul.htm
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, atualmente entre a sensação enorme de incerteza e de enjôo, resultado de não ter se livrado dos conceitos, como ensina Patrül Rinpoche, no segundo parágrafo… Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
domingo, agosto 10, 2008
Toró de Parpite nr. 29. Não procure o Budismo.
Toró nr 29. Matoury-Guiana Francesa, 10 de agosto de 2008. 3° dia das Olimpíadas de Pekim.
Desfazendo Equívocos
Reverenda Yvonette Silva Gonçalves
Se você quer milagres, não procure o Budismo.
O supremo milagre para o Budismo é você lavar seu prato depois de comer.
Se você quer curar seu corpo físico, não procure o Budismo.
O Budismo só cura os males de sua mente: ignorância, cólera e desejos desenfreados.
Se você quiser arranjar emprego ou melhorar sua situação financeira, não procure o Budismo.
Você se decepcionará, pois ele vai lhe falar sobre desapego em relação aos bens materiais.Não confunda, porém, desapego com renúncia.
Se você quer poderes sobrenaturais, não procure o Budismo.
Para o Budismo, o maior poder sobrenatural é o triunfo sobre o egoísmo.
Se você quer triunfar sobre seus inimigos, não procure o Budismo.
Para o Budismo, o único triunfo que conta é o do homem sobre si mesmo.
Se você quer a vida eterna em um paraíso de delícias, não procure o Budismo,pois ele matará seu ego aqui e agora.
Se você quer massagear seu ego com poder, fama, elogios e outras vantagens, não procure o Budismo.
A casa de Buda não é a casa da inflação dos egos.
Se você quer a proteção divina, não procure o Budismo.
Ele lhe ensinará que você só pode contar consigo mesmo.
Se você quer um caminho para Deus, não procure o Budismo.
Ele o lançará no vazio.
Se você quer alguém que perdoe suas falhas, deixando-o livre para errar de novo, não procure o Budismo, pois ele lhe ensinará a implacável Lei de Causa e Efeito e a necessidade de uma autocrítica consciente e profunda.
Se você quer respostas cômodas e fáceis para suas indagações existenciais, não procure o Budismo.
Ele aumentará suas dúvidas.
Se você quer uma crença cega, não procure o Budismo.
Ele o ensinará a pensar com sua própria cabeça.
Se você é dos que acham que a verdade está nas escrituras, não procure o Budismo.
Ele lhe dirá que o papel é muito útil para limpar o lixo acumulado no intelecto.
Se você quer saber a verdade sobre os discos voadores ou sobre a civilização de Atlântida, não procure o Budismo.
Ele só revelará a verdade sobre você mesmo.
Se você quer se comunicar com espíritos, não procure o Budismo.
Ele só pode ensinar você a se comunicar com seu verdadeiro eu.
Se você quer conhecer suas encarnações passadas, não procure o Budismo.
Ele só pode lhe mostrar sua miséria presente.
Se você quer conhecer o futuro, não procure o Budismo.
Ele só vai lhe mandar prestar atenção a seus pés, enquanto você anda.
Se você quer ouvir palavras bonitas, não procure o Budismo.
Ele só tem o silêncio a lhe oferecer.
Se você quer ser sério e austero, não procure o Budismo.
Ele vai ensiná-lo a brincar e a se divertir.
Se você quer brincar e se divertir, não procure o Budismo.
Ele o ensinará a ser sério e austero.
Se você quer viver, não procure o Budismo, pois ele o ensinará a morrer.
Se você quer morrer, não procure o Budismo, pois ele o ensinará a viver.
Fonte : http://amitabha.dharmanet.com.br/equivocos.htm
Desfazendo Equívocos
Reverenda Yvonette Silva Gonçalves
Se você quer milagres, não procure o Budismo.
O supremo milagre para o Budismo é você lavar seu prato depois de comer.
Se você quer curar seu corpo físico, não procure o Budismo.
O Budismo só cura os males de sua mente: ignorância, cólera e desejos desenfreados.
Se você quiser arranjar emprego ou melhorar sua situação financeira, não procure o Budismo.
Você se decepcionará, pois ele vai lhe falar sobre desapego em relação aos bens materiais.Não confunda, porém, desapego com renúncia.
Se você quer poderes sobrenaturais, não procure o Budismo.
Para o Budismo, o maior poder sobrenatural é o triunfo sobre o egoísmo.
Se você quer triunfar sobre seus inimigos, não procure o Budismo.
Para o Budismo, o único triunfo que conta é o do homem sobre si mesmo.
Se você quer a vida eterna em um paraíso de delícias, não procure o Budismo,pois ele matará seu ego aqui e agora.
Se você quer massagear seu ego com poder, fama, elogios e outras vantagens, não procure o Budismo.
A casa de Buda não é a casa da inflação dos egos.
Se você quer a proteção divina, não procure o Budismo.
Ele lhe ensinará que você só pode contar consigo mesmo.
Se você quer um caminho para Deus, não procure o Budismo.
Ele o lançará no vazio.
Se você quer alguém que perdoe suas falhas, deixando-o livre para errar de novo, não procure o Budismo, pois ele lhe ensinará a implacável Lei de Causa e Efeito e a necessidade de uma autocrítica consciente e profunda.
Se você quer respostas cômodas e fáceis para suas indagações existenciais, não procure o Budismo.
Ele aumentará suas dúvidas.
Se você quer uma crença cega, não procure o Budismo.
Ele o ensinará a pensar com sua própria cabeça.
Se você é dos que acham que a verdade está nas escrituras, não procure o Budismo.
Ele lhe dirá que o papel é muito útil para limpar o lixo acumulado no intelecto.
Se você quer saber a verdade sobre os discos voadores ou sobre a civilização de Atlântida, não procure o Budismo.
Ele só revelará a verdade sobre você mesmo.
Se você quer se comunicar com espíritos, não procure o Budismo.
Ele só pode ensinar você a se comunicar com seu verdadeiro eu.
Se você quer conhecer suas encarnações passadas, não procure o Budismo.
Ele só pode lhe mostrar sua miséria presente.
Se você quer conhecer o futuro, não procure o Budismo.
Ele só vai lhe mandar prestar atenção a seus pés, enquanto você anda.
Se você quer ouvir palavras bonitas, não procure o Budismo.
Ele só tem o silêncio a lhe oferecer.
Se você quer ser sério e austero, não procure o Budismo.
Ele vai ensiná-lo a brincar e a se divertir.
Se você quer brincar e se divertir, não procure o Budismo.
Ele o ensinará a ser sério e austero.
Se você quer viver, não procure o Budismo, pois ele o ensinará a morrer.
Se você quer morrer, não procure o Budismo, pois ele o ensinará a viver.
Fonte : http://amitabha.dharmanet.com.br/equivocos.htm
* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, cada vez mais em busca da autocrítica consciente e profunda e percebendo o movimento da implacável (e justa !) Lei de Causa e Efeito. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com
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