quarta-feira, agosto 13, 2008

Toró de Parpite nr. 32. O xadrez mundial e o Tibete.

Toró nr 32. Matoury-Guiana Francesa, 13 de agosto de 2008. 6° dia das Olimpíadas de Pekim.



O xadrez mundial e o Tibete.

O que o Tibete tem a ver com o entrevero entre a Rússia e a Geórgia?
Encontrei esse texto ótimo no site do jornalista Luiz Carlos Azenha, que por sua vez, encontrou um texto ótimo do jornalista americano Steve LeVine:

"(Luiz Carlos Azenha) As regiões separatistas da Geórgia, a Ossétia do Sul e a Abkhazia, são o motivo do conflito com a Rússia. A Rússia exerce o seu poder regional através do controle de fornecimento de gás e petróleo. Já usou isso contra a Ucrânia e a própria Geórgia. Como sei que a mídia brasileira é muito ruim de política internacional, aqui vai uma contribuição de um jornalista americano que viveu na região:

Geórgia, Rússia e Repensando a China
Steve LeVine, jornalista americano, ex-correspondente na Ásia Central

Anos depois de ser nocauteado de forma humilhante por Muhammad Ali, o boxeador George Foreman retornou ao ringue para uma série de triunfos e conquistar o título mundial já quarentão. Foi mais marketing do que esporte. Quando perguntado sobre sua escolha de adversário, Foreman disse que não lutava com ninguém em quem a mãe dele não pudesse bater. É uma forma de olhar para a anexação que a Rússia fez da Ossétia do Sul e da Abkhazia nas últimas 24 horas. Com desculpas aos meus amigos georgianos, a Geórgia não é um ator militar sério; com exceção dos chechenos e armênios, nenhum dos povos do Cáucaso é (o que explica o que levou os moradores da Ossétia e da Abkhazia a depender dos russos para suas guerras).Foreman foi inteligente em não voltar ao ringue contra Ali. Quinze anos de quase ser desmembrada por forças apoiadas pela Rússia, no entanto, a Geórgia não foi tão inteligente. Não significa um retorno a 1993, que causou literalmente uma década negra, quando a Geórgia não tinha nem mesmo eletricidade para se iluminar. Mas a demonstração militar da Rússia demonstra que a Geórgia não é um ator independente no momento.
Vladimir Putin (agora está claro quem realmente manda em Moscou) demonstrou que a Rússia não pretende deixar a Geórgia entrar na OTAN. E a OTAN demonstrou que não tem vontade ou inclinação para enfrentar a Rússia. A questão para os Estados Unidos e o Ocidente com um todo é fundamental e nos leva ao objetivo original do corredor de energia pretendido pelo Ocidente: como os leitores sabem, o pensamento de Washington não era apenas de mandar um milhão de barris de petróleo para o Ocidente, mas transformar o Cáucaso dominado pela Rússia e a Ásia Central em uma região financeiramente independente e pró-ocidental.A Geórgia é um componente chave desta estratégia, como um ponto de passagem do oleoduto Baku-Ceyhan, o gasoduto que o acompanha e o oleoduto menor de Baku-Supsa. A absorção da Geórgia pela OTAN não tem futuro. Mas isso significa o fim do desafio do Ocidente ao poder regional energético da Rússia? A resposta simples é não - todos as linhas de fornecimento vão continuar a operar. A Rússia não vai interferir com elas. Por que? Porque sua estratégia política e econômica para a Europa depende de não assustar os europeus, que poderiam se sentir encorajados a construir outros gasodutos e oleodutos não-russos, diminuindo assim o poder de barganha de Moscou.(Acabo de receber confirmação de que, ao contrário do que diz a Geórgia, a Rússia não bombardeou o oleoduto Baku-Ceyhan. Bombas foram jogadas perto da linha Baku-Supsa, que leva ao Mar Negro na Geórgia, sem causar danos. A linha Supsa passa perto da Ossétia do Sul, pode ter sido um engano típico de guerra).E assim a Rússia vai permitir que os oleodutos existentes continuem a existir. Mas parece que a expansão deles - os oleodutos e gasodutos trans-Cáspio e a ligação com a Europa batizada de Nabucco -- morrerá. Nenhum presidente do Cáspio jogará seu futuro abraçando um projeto destes e é assim que eles vão calibrar seu comportamento.O Ocidente tem poucas ferramentas para pressionar a Rússia.
Mas existe um e é a China. Uma vez que a política ocidental visa dar independência energética aos países do Cáucaso e da Ásia Central, por que todo o petróleo e o gás natural deve abastecer o Ocidente?A China está construindo oleodutos e gasodutos do Turcomenistão e Casaquistão para Xinjiang e além. Washington silenciosamente apóia esses projetos, agora talvez seja inteligente aumentar o volume e oferecer ajuda na construção.
O próximo presidente dos Estados Unidos pode incluir essa mudança de posição como parte de uma nova estratégia para a China. A Rússia odiaria um acordo energético Estados Unidos-China, mas esse tipo de acordo é o que conta na região."
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/georgia-russia-e-china/

Patrícia Nascimento Delorme: Entendeu agora porque a China "pulou" em cima do Tibete depois da segunda guerra mundial? Além de possuir a maior reserva à escala mundial de urânio, o Tibete têm ferro, ouro e é estratégico para açoes militares da China na região fronteira com India, Nepal, Casaquistão, Paquistão e todos os países de nome terminado em "ão" daquele canto do mundo. "A China está construindo oleodutos e gasodutos do Turcomenistão e Casaquistão para Xinjiang e além. Washington silenciosamente apóia esses projetos, agora talvez seja inteligente aumentar o volume e oferecer ajuda na construção ", revela o jornalista americano LeVine.

É o xadrez internacional sendo jogado pelos senhores da guerra enquanto nós participamos de passeatas e acendemos velinhas em todo o mundo pelo Tibete!!!!!!!! Santa ingenuidade, Batman!

Daí o porquê do Dalai Lama já ter desistido, há muito tempo, de reivindicar a independência tibetana. Atualmente, ele afirma que defende uma maior autonomia para a região, ou seja, a liberdade de culto religioso e a educação em língua tibetana (atualmente em chinês!!!!!!!!!). Pequim recusa negociar, temendo que a mínima concessão possa incentivar o separatismo entre as outras tantas minorias étnicas de que é formada a China. Seria a queda da torre. Ou seja, o Tibete serve de boi de piranha na China pra dar o exemplo às outras minorias.

* Patrícia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, prefere manter a ingenuidade e as esperanças de que o Tibete ainda joga contra o Brasil numa copa do mundo. Ainda que os fatos apontem pra outra direção. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

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