terça-feira, dezembro 01, 2009

A Kriptonita

Toró de Parpite nr.62 . Rémire - Guiana Francesa, 14 de dezembro de 2009.

É A SUA KRIPITONITA?
Autor: Yeruda Berg

"Se você tivesse que escolher que as pessoas percebessem você como uma pessoa falida,
mesmo que você fosse um milionário, ou que as pessoas te percebessem como um milionário mesmo que você estivesse falido, qual das duas opções você escolheria?

Neste mês, eu gostaria de falar sobre a verdade, com nós mesmos, com os outros, com o universo.
A verdade é um aspecto muito importante em nosso trabalho espiritual em geral, mas mais importante ainda para os ensinamentos que discutimos com nossos alunos
no Centro de Kabbalah.
Nossos ensinamentos vêm diretamente de Rav Ashlag, e a antiga linhagem a que ele está conectado.
Já estive inúmeras vezes visitando seu túmulo em Jerusalém, e aos túmulos dos incontáveis canais dessa linhagem, e todos eles falaram sobre a verdade. Você sente isso quando os visita.

Não viemos ao trabalho espiritual para ter um passatempo.

Alguns dos trabalhos são difíceis e desafiadores.
È por isso que estamos aqui.
Queremos atingir mais, fazer mais, ter mais na vida.

O único caminho de se conseguir isto é trabalhando, quebrando os padrões, destruindo as limitações, abrindo nossas almas para o impossível. O que pensamos ser impossível, pode realmente acontecer. Existe um passo-a-passo que seguimos na Kabbalah. Usamos os ensinamentos de Rav Ashlag para quebrar estas limitações.

Um dos passos, requer que sejamos verdadeiros.

Pense no Super-Homem e na Kripitonita.
Somos seres do Criador.
Temos o DNA de Deus dentro de nós.

Qual é a nossa Kripitonita?
È a desonestidade com nós mesmos.

Isso reduz o DNA que nos foi dado pelo Criador e nos faz sentir como carne e osso.

È a isso que nos reduzimos, carne e osso e nada mais.
Nada de espírito, nada de alma, nada.
Temos que atingir um nível para alcançarmos a nossa verdade.
Não existe uma fórmula que possamos todos seguir.
Não existe pílula azul ou vermelha.

Para cada pessoa, o caminho até a verdade é diferente.

A pessoa lendo isto perto de você tem uma verdade diferente.
Não pense que o caminho vai ser o mesmo.
Não existe verdade absoluta.
Precisamos ser verdadeiros com nós mesmos e no que queremos atingir com nossos sonhos,
desejos e metas.

A maioria de nós, se olha no espelho e não se vê.
Não estamos olhando para o que queremos ser.

Não consideramos nós mesmos em um caminho do que queremos ser.
Olhamos para nós mesmos, somos nós, mas e nesse momento que nos vemos, vemos também quem queremos ser?
Esta nunca é a pessoa refletida.

Com freqüência, em algum momento da vida, nós nos vendemos.

Fazemos um outro caminho e escolhemos o outro lado.

E com freqüência, procuramos aprovação de outra pessoa.

Começamos a não viver nossas vidas, não viver as nossas verdades, começamos a viver a verdade deles.


Isto é construído pelo nosso DNA Oponente em nós para procurar aprovação em outros.
Ao invés de viver a nossa verdade, vivemos uma realidade que não é a nossa.
Vivemos a verdade do outro em escala, talvez de nossos chefes no trabalho.
Nós satisfazemos estas pessoas.
Pensamos que isso nos trará uma promoção.
Começamos a seguir um caminho diferente do que deveríamos ir.

Não somos mais autênticos.
Nós perdemos Luz.

Acabamos de pegar a Kripitonita.
Isso nos reduz a nada.

A verdade é: existem apenas duas forças no mundo.
Existe o Oponente.
E existe o seu verdadeiro eu – sem aprovação, sem a bajulação, sem fazer coisas por reconhecimento.
Existe uma coisa chamada Síndrome de Estolcomo, quando o capturado tem uma conexão com o que o capturou.
Estamos tão dentro deste pensamento de reconhecimento e aprovação, que pegamos isto até mesmo da pessoa que nos seqüestrou.
È assim que o Oponente trabalha em nossa cabeça.
Talvez, estejamos impressionados pelo Oponente, presos na cadeia.

Ele colocará as pessoas na nossa frente para nos vendermos, para nos sentirmos para baixo, para tirar a nossa essência verdadeira.

Ele sempre nos dará oportunidades para cairmos.

Perguntamos a nós mesmos:
- Quem é você, aonde você está?

Nos olhamos no espelho e não conseguimos nos reconhecer.

Entramos nesses momentos.
È essa desconexão que nos aliena de nós mesmos e da Luz.
Tudo o que o Criador quer de nós é que sejamos nós mesmos.
È tudo que Ele quer. Não parecer ser tão difícil.
A cada dia, a cada parte de nossas hora, não somos nós.
Estamos vivendo as coisas de alguém, a fantasia, o que quer que seja.
Mas, se não vivermos verdadeiramente com nós mesmos, não iremos viver realmente.
Então estamos mortos por dentro.

O que é uma pessoa quando está deprimida?
Ela não tem desejos.

Por que?
Porque estão mortas por dentro.
Existe um vazio dentro.

A semente do vazio vem de estarmos nos sentindo desconectados de nossos sonhos, desconectados de nós mesmos.

Nós temos uma forma de máscara que colocamos.
Todos temos máscaras.
Não existe uma pessoa que não esteja lendo isto que não a tenha.

O que é uma pessoa controladora?
Uma pessoa que está usando a sua fraqueza e insegurança para controlar os outros.

Por que uma pessoa fica com raiva?
Ele ou ela não querem que você fique muito perto.
Esta pessoa está com medo de ficar perto de qualquer pessoa
e criou para si uma concha de raiva.

Todas as pessoas têm uma máscara.
Uma máscara que nos separa da verdade que há dentro.
Não podemos ser felizes, não podemos nos sentir completos até removermos a máscara.

Tire ela assim como fez Darth Vader no “Retorno de Jedi.”
Finalmente, ele removeu a máscara e dessa forma eliminou a negatividade.
Não sei o que George Lucas estava estudando, aprendendo, pois existe muita Kabbalah aí!

Temos uma concha fora de nós que desvia as pessoas.

Esta é a nossa Kripitonita, nosso ingresso para o caos.

No fim do dia, tudo o que temos são máscaras e nada mais.
Existe um vazio que vem depois.

A hora é agora.
É tempo de remover a máscara.
È tempo de arriscarmos este ano e viver a nossa verdade. "





* Patrícia Nascimento Delorme, 37, mãe do Luka, terapeuta de reiki e jornalista. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

domingo, novembro 29, 2009

À luz do Pantanal.

Toró de Parpite nr. 61. Matoury-Guiana Francesa, 29 de novembro de 2009.


Imagens que me falam ao meu coraçao.




Sorriso pantaneiro



Manhã no pantanal




Pra acordar...




Curva pantaneira






"Quando o fundão do mato se amorenou..."

"Fog" pantaneiro


Charme da fazenda da Belkis Rondon. A casa da "Maria Broaca" na novela "Pantanal".



Saudade do cê, da leveza, da viola e do tereré...


Lilique, pioloto e com a alma do pantanal


Forno à lenha no Guilherme Rondon

O poder das aguas




Luz e Paz pantaneira






Stefan se preparando pra "pegar o boi pelo chifre"...


* Patrícia Nascimento Delorme, 37, com saudades do pantanal.

Ramos cortados



Mês de maio é poderoso em minha vida!


Recebi este mesmo trecho da Biblia duas vezes nestes 12 anos de aprendizagem e transformaçao do eu inferior!!!!!!!!!!!

A primeira vez, no dia 31 de maio de 2001, da dirigente do Centro Espirita Maria de Magdala, na Suiça.
E pela segunda vez, através de uma tia que vive na Suiça no dia 30 de janeiro de 2003.
Mas so compreeendi em 2011...
;)))


"E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são.
E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira,
Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.
Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.
Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme.
Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também.
Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.
E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.
Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira! "

ROMANOS 11:16-24

Para nadar em aguas mais profundas, sugiro a leitura do livro "Nao Temas o Mal", da Fundaçao Pathwork.


* Patrícia Nascimento Delorme, em gratidão por toda a ajuda visivel e invisivel que tenho recebido para tornar a raiz santa.


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quarta-feira, agosto 19, 2009

Se Eu Quiser Falar Com Deus.


Foto: Pierre Yves Refalo

Toró nr. 59. Matoury-Guiana Francesa, 18 de agosto de 2009.

Fuçando na internet, encontrei essa belissima participaçao do Gilberto Gil no programa SR. Brasil, do Rolando Boldrin, na TV Cultura. Para ver no Youtube, clique aqui.

Quanto a mim, so posso agradecer a Deus por ter nascido em terras onde se vive tamanha liberdade espiritual e poesia.


SE EU QUISER FALAR COM DEUS
Gilberto Gil
1980

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

Narraçao do Boldrin baseado no texto de Guimaraes Rosa:

"Quanto mais testo, penso e explico é que todo mundo é louco.
Todo mundo é louco. Eu, a senhora, o senhor. Todo mundo é louco.
é por isso que se carece muito de religiao. Pra desdoidar, pra desendoidecer. Reza é que cura da loucura, no geral. Muita religiao, seu moço.
Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de tudo quanto é rio… Uma só, para mim é pouca, talvez não me chegue. Rezo cristão, católico, embrenho a certo; e aceito as preces de compadre meu Quelemém, e a doutrina dele é do Kardec. Mas, quando posso, vou no Mindubim, onde um Matias é crente metodista; a gente se acusa de pecador, lê alto a Bíblia, e ora, ora, cantando hinos belos deles. Tudo isso me aquieta. Tudo isso me sustenta."

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

Curiosidade sobre a cançao escrita pelo Gil:
"O Roberto (Carlos) me pediu uma canção.
Do que eu vou falar? Ele é tão religioso...
E se eu quiser falar de Deus? E se eu quiser falar de falar com Deus?' Com esses pensamentos e inquirições feitas durante uma sesta, dei início a uma exaustiva enumeração: 'Se eu quiser falar com Deus, tenho que isso, que aquilo, que aquilo outro'. E saí. À noite voltei e organizei as frases em três estrofes.
O que chegou a mim como tendo sido a reação dele, Roberto Carlos, foi que ele disse que aquela não era a idéia de Deus que ele tem. 'O Deus desconhecido'. Ali, a configuração não é a de um Deus nítido, com um perfil claro, definido. A canção (mais filosofal, nesse sentido, do que religiosa) não é necessariamente sobre um Deus, mas sobre a realidade última; o vazio de Deus: o vazio-Deus."
Gilberto Gil
http://www.gilbertogil.com.br/sec_discografia_obra.php?id=260


* Patrícia Nascimento Delorme, 37, mãe do Luka, terapeuta de reiki e jornalista, lambendo o chao dos palacios e castelos suntuosos do meu sonho. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

quarta-feira, agosto 05, 2009

“A tua lucidez não te deixa ver…”


Toró nr. 58. Matoury-Guiana Francesa, 05 de agosto de 2009.

Assisti o documentario "Estamira", do genial Marcos Prado, aqui no meu exilio franco-amazonico.
A edição e fotografia são força e poesia. A musica do Décio Rocha é pura emoção.

Depois de chorar uma semana pela Estamira, por mim e pelas Estamiras do mundo, escrevi para o Marcos Prado. Precisava saber como ela estava. E ele me respondeu:

"Oi Patrícia,
Estamira vive numa casa nova que construímos para ela, no mesmo lugar de sempre. Ela recebe uma mesada para a ajuda de custo e não mais freqüenta o Lixão. A saúde dela está bem debilitada, mas a vida segue em frente. Ela ainda toma remédios para os distúrbios mentais e oscila entre a lucidez e a "inlucidesi".
Boa sorte e um abraço,
Marcos Prado"

Chorei por tudo o que Estamira viveu.
Chorei por tudo o que ela nao viveu.
Chorei por sua força e fé.
Chorei pela minha covardia.
Numa cena marcante do filme, Estamira revela: "Tudo que é imaginado tem, existe, é."
Estamira sabe disso.
Eu li isso .
Estamira vive isso.
Eu li isso.

Em outra cena, Estamira desabafa:
"A vida é dura, dura, dura.
Por mais que a gente peleja, que a gente quer bem, que a gente quer O bem.
Mas... fica destraviado."

Estamira sabe disso. E eu também.

O fato é que senti tamanho respeito e amor pela Estamira que me preencheu o coraçao de ternura.
Queria ter o poder de tirar suas dores d'alma e do corpo com a mao.
Queria lavar seus cabelos, pentea-los. Abraça-la.
Até ela se sentir amada e amparada.
Até eu me sentir amada e amparada.

Talvez o amor que eu sinta pela Estamira seja saudades da mãe e da vozinha.
Talvez nao.

* Patrícia Nascimento Delorme, 37, mãe do Luka, terapeuta de reiki e jornalista, aprendendo com a lucidez e a "inlucidesi" da Estamira. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com


"ESTAMIRA é a história de uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais e que durante 20 anos viveu e trabalhou no aterro sanitário de Jardim Gramacho.
Vencedor de 33 prêmios nacionais e internacionais nos principais festivais de cinema, sucesso absoluto de critica e documentário de maior público nos cinemas brasileiros em 2006, ESTAMIRA levanta questões de interesse global como o destino do lixo produzido pelos habitantes de uma metrópole e os subterfúgios que a mente humana encontra para superar uma realidade insuportável de ser vivida.
Dona ESTAMIRA vive em função de sua missão: "revelar e cobrar a verdade dos homens". Do lixo da civilização ela supera sua condição miserável e coloca em questão valores fundamentais, muitas vezes esquecidos pela sociedade.
"A insanidade de Estamira é uma linguagem de defesa diante de um mundo mais louco que ela. A sua loucura e a narração de uma sabedoria torta, de uma anomalia que salva de uma realidade, esta sim, terrivelmente insana" - Arnaldo Jabor, Cineasta e Jornalista

Pra mim, fica claro que Estamira rompeu com Deus criado à imagem e semelhança do homem para seguir solitaria o caminho dos misticos, aquele cheio de Verdade e pedras.

Assim falou Estamira:

"EU SOU A BEIRA DO MUNDO, EU TÔ LÁ, TÔ CÁ, TÔ EM TUDO QUANTO É LUGAR."

"DEUS? QUEM FEZ DEUS FOI OS HOMENS."

"A CULPA E DO HIPÓCRITA, MENTIROSO, ESPERTO AO CONTRÁRIO, QUE JOGA A PEDRA E ESCONDE A MÃO."

BONITO
"Bonito é o que se fez e o que se faz.
Feio é o que se fez e o que se faz."

INOCENTES
“A minha missão é ensinar o que eles não sabem: os inocentes. Aliás, não tem mais inocente. Tem é esperto-ao-contrário. Eu ja tive dó dos escravos. Hoje nao tenho mais não”.

TERRA
"A Terra disse, ela falava, agora que ela já tá morta, ela disse que então ela não seria testemunha de nada. Olha o quê que aconteceu com ela. Eu fiquei de mal com ela uma porção de tempo, e falei pra ela que até que ela provasse o contrário. Ela me provou o contrário, a Terra. Ela me provou o contrário porque ela é indefesa. A Terra é indefesa.
A minha carne, o sangue, é indefesa, como a Terra; mas eu, a minha áurea não é indefesa não. Se queimar os espaço todinho, e eu tô no meio, pode queimar, eu tô no meio, invisível. Se queimar meu sentimento, minha carne, meu sangue, se for pra o bem, se for pra verdade, pra o bem, pela lucidez de todos os seres, pra mim pode ser agora, nesse segundo, e eu agradeço ainda."

DEUS
"Que Deus é esse? Que Jesus é esse, que só fala em guerra e não sei o quê?! Não é ele que é o próprio trocadilo? Só pra otário, pra esperto ao contrário, bobado, bestalhado. Quem já teve medo de dizer a verdade, largou de morrer? Largou? Quem andou com Deus dia e noite, noite e dia na boca ainda mais com os deboches, largou de morrer? Quem fez o que ele mandou, o que o da quadrilha dele manda, largou de morrer? Largou de passar fome? Largou de miséria? Ah, não dá! Nesse Deus eu nao acredito. Pode picar a minha carne todinha que eu nao acredito."

TRABALHO
"Foi combinado alimentai-vos o corpo com o suor do próprio rosto, não foi com sacrifício. Sacrifício é uma coisa, agora, trabalhar é outra coisa. Absoluto. Absoluto. Eu, Estamira, que vos digo ao mundo inteiro, a todos, trabalhar, não sacrificar. Os trabalhadores do lixo são escravos disfarçados de libertos."




Para ver o filme, clique aqui.

Para conhecer o trabalho: http://www.estamira.com.br/

segunda-feira, maio 25, 2009

Amor, eros e a força sexual.

Toró de Parpite nr. 57. Matoury-Guiana Francesa, 24 de maio de 2009.

Segundo o Guia, no livro Criando Uniao, psicografado pela medium judia austriaca, Eva Pierrakos, existem tres forças especificas no universo:

a força do amor;
a força erotica;
a força sexual.

Segundo o Guia, essas forças se interagem assim:

"A força erotica ou eros, sob muitos aspectos assemelha-se ao amor. Traz à tona impulsos que , de outra forma, o ser humano nao sentiria: impulsos de altruismo e afeto que a pessoa, anteriormente, talvez fosse incapaz de ter. Por isso, tantas vezes é confundido com amor.

Eros é a experiencia mais proxima do amor que o espirito nao-desenvolvido pode ter.

Tomada por essa força até a alma mais subdesenvolvida pode se superar. Enquanto dura esse sentimento, o egoista tem impulsos altruistas; os acomodados saem da inercia; o escravo da rotina livra-se dos habitos fixos, a pessoa centrada em si é capaz de fazer sacrificios durante a experiencia de Eros.
A força erotica faz com que a pessoa fique num plano acima da separaçao, mesmo que por um curto periodo, pois essa força tem um momentum e impacto. Ela esta fadada a dissolver-se caso a pessoa nao utilize a experiencia para aprender a amar, cultivando as qualidades despertadas pela força erotica.
So quando se aprende a amar é que a força erotica continua viva. Em si mesma, sem amor, a força erotica se esgota e esse é o problema dos casamentos. Como a maioria das pessoas é incapaz do amor puro, tambem é incapaz de manter a força erotica acesa. Eros proporciona à alma o antegozo da uniao, que a psique passa a desejar. Quanto mais forte é a experiencia de Eros, menos satisfaçao encontra a pessoa na pseudo-segurança da separaçao.
Assim, o amor é o estado de uniao permanente. Eros, é um estado de uniao passageiro.
O amor nao vem e vai, ao acaso. Eros, sim.
O amor necessita de alicerce por meio de desenvolvimento pessoal de cada um. Eros, atinge com força subita, muitas vezes pegando a pessoa desprevinida e até mesmo nao predisposta a passar pela experiencia.

A força sexual é a força criadora em qualquer plano da existencia.
Nas esferas superiores, essa mesma força cria a vida espiritual, as ideias espirituais, os conceitos e os principios espirituais. Nos planos inferiores, a força sexual pura e nao-espiritualizada cria a vida à medida que ela se manifesta nessa esfera em especial; cria a casca exterior, ou o veiculo da entidade destinada a viver naquela esfera.

O sexo puro existe em todas as criaturas: minerais, vegetais e animais. Mas Eros so se manifesta no ser humano. E o amor puro somente nos reinos superiores totalmente harmonizado com as forças do sexo e de eros tornando-se cada vez menos egoistas.

Assim, na parceria amorosa ideal entre duas pessoas é preciso que as tres forças estejam representadas.

Porem, quanto mais imatura for a criatura, espiritualmente falando, mais o sexo esta separado do amor. Por ignorancia, a humanidade acredita que o sexo é pecaminoso. Portanto, ele foi mantido oculto e essa parte da personalidade nao pode crescer. E nada que permaceça oculto pode crescer. portanto, mesmo em muitos adultos o sexo permanece infantil e apartado do amor. E isso levou a humanidade a acreditar que a pessoa espiritualizada deve abster-se dele. é preciso perceber que a força sexual é originaria de Deus como qualquer outra força universal para romper esse circulo vicioso e permitir que essa força se misture às forças do amor e de eros.

Somente em rarissimos casos a força sexual é sublimada de forma construtiva e faz com que essa criatividade se manifeste em outros planos. a verdadeira sublimaçao jamais pode ocorrer quando é motivada pelo medo ou usada como fuga. Evitar a parceria nao é saudavel. é uma fuga, mas a renuncia medrosa é racionalizada como um sacrificio, uma sublimaçao.

Antes de poder verdadeiramente revelar-se a Deus, voce precisa aprender a revelar-se a outro ser humano que voce ame. Ao faze-lo, vc tambem se revela a Deus. Muitas pessoas querem começar revelando-se ao Deus pessoal. Isso nao passa de um subterfugio pois essa revelaçao a Deus é abstrata e remota.
Ao se revelar a outro ser humano, vc realiza muita coisa q nao pode ser realizada por meio da revelaçao a Deus, que de qquer forma ja conhece vc e nao precisa da sua revelaçao.
O amor e o preenchimento pessoais sao o destino da maioria dos homens e mulheres, pois ha muita coisa q so pode ser aprendida por meio do amor pessoal, e nao por algum outro meio.
Formar um relacionamento solido e duravel pelo casamento é a maior vitoria q um ser humano pode conquistar, pois é uma das coisas mais dificeis.
Essa experiência de vida leva a alma para mais perto de Deus do que as boas açoes desinteressadas."
Criando União, Guia e Eva Pierrakos


é...ainda tem chão...


* Patrícia Nascimento Delorme, 37, compreendendo que repressao é diferente de transcender...

sábado, maio 23, 2009

Tenho sorte

Toró de Parpite nr. 56. Matoury-Guiana Francesa, 23 de maio de 2009.

A Internet nos aproxima e nos conecta com pessoas que jamais teriamos a chance de rever ou conhecer. Amo demais!
Hoje tive uma feliz surpresa. A Conceiçao, de Lisboa-Portugal, encontrou o meu blog e me escreveu iniciando uma amizade que no mundo real de carne e osso teria sido dificil, ja que eu teria que ter ido à Lisboa, ou ela, à Caiena.

Dei uma passada no blog que ela escreve e encontrei esse post que gostei muito:
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Tenho sorte

Ser mulher, solteira e caminhar a passos largos para os 30 não é coisa boa em parte nenhuma do mundo, menos ainda em Lisboa, onde o pavimento é tão pouco amigo dos saltos. Não falo por mim, que já estou servida e, à partida, desenrascada para a vida..... no blog a pipoca mais doce.

depois de ler isto realmente acho que sou uma mulher de sorte, deve ser por não usar saltos altos.

Conceiçao
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hehehehe, amei o comentario...

Para conhecer o blog da Conceiçao: blogconceicao.blogspot.com

* Patrícia Nascimento Delorme, 37, acha salto alto superrrrrrrr sexy mas, prefere o conforto do tênis...

sexta-feira, maio 22, 2009

Sobre fidelidade e outras especulaçoes filosoficas...

Toró nr 55. Matoury-Guiana Francesa, 22 de maio de 2009.


"Toda fidelidade tem que ser espontânea. Se for preciso um pingo de esforço para suportá-la, ela deixa de ser fidelidade e se transforma em martírio. "
Edson Marques

Toda mesmo! Além de marido, eu incluo na minha lista, trabalho e pessoas que fazem parte da minha vida.

Quando eu ainda vivia sob a ditadura do meu eguinho inflado, fazia de tudo, até mesmo me martirizar para suportar pessoas e situaçoes insuportaveis. Tudo em nome da iluminaçao espiritual!!!!!!!! Tolinha...hahahahaha.
Eu acreditava (mesmo!) que essa atitude iria me levar a iluminaçao espiritual ou, na pior das hipoteses, eu PARECERIA iluminada aos olhos alheios. O que ja era alguma coisa para o meu mundinho que so via o meu umbiguinho!

Tudo o que consegui foi ficar cheia de raiva, magoa e rancor. E, ao nao estabelecer limites claros CRISTALINOS, permiti que muito abuso emocional e, até mesmo fisico, acontecesse.

Entao, ha algum tempo assumi a postura de estabelecer os limites claramente e, na medida do possivel, com amor.

Mas algumas pessoas nao querem amor. Elas estao tao desequilibradas que so conseguem receber limites com dor.

E sao essas pessoas que gritam: "Sua falsa..."
Sim, eu fui falsa. Falsa ao suportar o insuportavel em troca da imagem de "iluminada".

Interessante perceber como irritamos os que querem viver na inércia quando nos dispomos a mudar. Mesmo que nao tenhamos a intençao de irrita-las!!!

Enfim, escutar esse tipo de coisa é o preço que se paga por desafiar o mundinho das aparências e da hipocrisia...

* Patrícia Nascimento Delorme, 37, mãe do Luka, terapeuta de Reiki e jornalista, na lida com a pequenez alheia, além da minha... Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

Ô, meu rei!

Toró nr 54. Matoury-Guiana Francesa, 22 de maio de 2009. Nubladao...

Ô, meu rei

Ricardo Freire

"O paulistano normalmente leva uma vida tranqüila, sem sobressaltos. Estamos perfeitamente adaptados ao nosso habitat. Sabemos como proceder em todas as situações, desenvolvemos métodos e temos soluções à mão para praticamente todo tipo de imprevisto. Na boa: ser paulistano é conseguir ficar relax mesmo morando numa cidade desse tamanho.

Por isso, quando o paulistano quer realmente se estressar, o que ele faz? Quando o paulistano quer realmente se estressar, o paulistano tira férias.

O fato é que o paulistano não está preparado para o estilo de vida de outros povos – principalmente se esses outros povos falam português e vivem dentro do Brasil. Não é um problema apenas de ritmo ou de qualidade de serviço. Qualquer diferença cultural – do jeito de falar à preferência musical ao tempero da comida – é motivo para o paulistano se estressar.

O pessoal dos outros lugares acha graça, pensando que paulistano é um estressado de nascença. Não é. A verdade é que o paulistado ficou estressado foi naquele momento. De São Paulo ele saiu calmo, que eu vi.

Quer ver o paulistano ficar muito, muito, muito estressado? Basta usar o pronome de tratamento “meu rei” numa situação em que algo deu errado. Quando alguém começa a dar uma explicação ou pedir desculpas com um “Ô, meu rei…”, sai de baixo. Do outro lado da linha tem um paulistano à beira de um ataque de nervos.

Mas por que diabos o paulistano tira férias, se fora de casa tudo para ele é motivo de stress? Porque o paulistano é um idealista e um abnegado. O paulistano tem uma missão nessa vida, que é a de levar a eficiência a todos os cantos do país – aproveitando a mesma viagem para, se possível, varrer o coentro da face da Terra.

Isso que o paulistano fala – “eu vou descansar” – é pura desculpa de missionário. Paulistano não sabe descansar. Não está no seu DNA. O paulistano só se propõe a descansar porque dessa maneira ele vai poder ficar mais estessado – o que facilita a tarefa de mostrar a essa gente como é que as coisas devem ser feitas de um jeito profissional. É assim que tem que ser. E um paulistano, por definição, jamais fugirá das suas responsabilidades, nem que para isso tenha que abdicar por uns dias do seu dia-a-dia resolvido e relaxado.

Ei! Você aí! Quer parar de chiar o “s”? Não vê que eu tô me estressando?"

Ricardo Freire.
Conheça o blog: www.viajenaviagem.com/

* Patrícia Nascimento Delorme, 37, jornalista e mãe do Luka. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

Cozinhando a Vida.

Toró nr. 53. Matoury-Guiana Francesa, 22 de maio de 2009. Nubladao...

Cozinhando a Vida

"Ela via o mundo através de sua cozinha. Cozinhava tudo, suas alegrias, suas incertezas, seus medos e seguia cozinhando.

Suas panelas eram as companheiras que lhe acompanhavam todos esses anos. Elas ouviam suas histórias, sabiam de seus segredos. Nelas podia confiar. O fogo de seu fogão a lenha nunca se apagava, assim era a brasa que lhe queimava por dentro. Que temperos povoavam seu coração?

Gostava de pimenta e alecrim, nunca esquecia do alho e da cebola. Não era a cebola a culpada pelas lágrimas que sempre lhe caiam. Era o todo o resto.

Era estar só com suas panelas, era saber que todo dia cozinhava seus sonhos em banho-maria e por mais que seguisse temperando, sua vida insossa era a mesma, dia a dia, alheia ao fogo que ardia no fogão a lenha."

Miriam

Conheça o blog da Miriam: Todosmeuseus.wordpress.com

* Patrícia Nascimento Delorme, 37, jornalista e mãe do Luka, emocionada com todas as mulheres que seguem cozinhando a vida. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

quarta-feira, maio 20, 2009

A Nobel da Paz e a imortalidade



Toró nr. 52. Matoury-Guiana Francesa, 22 de maio de 2009. Nubladao...

Fixem bem este nome: Suu Kyi.
por Leonídio Paulo Ferreira18 Maio 2009

Mataram-lhe o pai quando tinha dois anos, um dos irmãos morreu afogado em criança, vive sob prisão domiciliária intermitente há 19 anos apesar de ter ganho as eleições, não foi ter com o marido moribundo a Inglaterra porque sabia que não poderia regressar à Birmânia e há anos que não vê os filhos.

Hoje arrisca-se a que um tribunal de Rangum a condene a cinco anos de prisão porque um americano meio louco atravessou a nado o lago junto à sua casa para vê-la, violando a proibição de visitas estrangeiras. Esta tem sido a vida de Aung San Suu Kyi, Nobel da Paz em 1991, o mais parecido com uma heroína que o mundo tem hoje para mostrar. Os birmaneses adoram-na e vêem nela a esperança de pôr fim à ditadura militar. Sabem que esta mulher de 63 anos trocou a pacata vida como professora em Oxford, ao lado de Michael Aris e dos filhos Alexander e Kim, por um destino que se confunde com a história trágica do país, rebaptizado de Myanmar pelos militares.

O julgamento previsto para hoje na prisão de Insein está condenado a ser uma farsa, apesar das pressões internacionais. Suspeita-se que o incidente provocado por John Yettaw, que preparava um livro sobre heroísmo, está a ser aproveitado pela Junta Militar para manter Suu Kyi sob controlo. A sua prisão domiciliária terminava no final do mês e a Nobel preparava-se para apoiar a Liga Nacional para a Democracia a enfrentar as legislativas que os generais vão organizar no próximo ano. Em 1990, numas eleições livres, o partido criado por Suu Kyi obteve uma vitória esmagadora, com 82%. Agora o resultado seria ainda maior. A filha do líder independentista Aung San consegue ser mais popular do que quando regressou em 1998, para visitar a mãe doente, e acabou por assistir aos protestos que forçaram os militares dois anos depois a organizar eleições.

Doente, a recuperar de uma extracção do útero, Suu Kyi exibe um ar frágil e o seu rosto perdeu muita da beleza que impressionou o mundo. A coragem, porém, mantém-se inalterada. E como discursou o seu filho mais velho em Oslo, em 1991, perante a Academia Nobel, "através da sua dedicação e sacrifício pessoal tornou-se um valioso símbolo através do qual a privação de todo o povo da Birmânia pode ser revelada. E ninguém deve subestimar essa privação. A privação daqueles, no campo e nas cidades, que vivem na pobreza; daqueles na prisão, espancados e torturados; a privação dos jovens, a esperança da Birmânia, a morrerem de malária nas selvas para onde fugiram; a dos monges budistas, desonrados". Mas a parte mais aplaudida do discurso foi quando Alexander, então com 18 anos, acrescentou que o combate da mãe "faz parte de uma luta mais vasta, global, pela emancipação do espírito humano da tirania política e da submissão psicológica". Continua a ser verdade. Hoje.

Assine a campanha por sua libertaçao: http://www.avaaz.org/po/free_aung_san_suu_kyi

* Patrícia Nascimento Delorme, 37, jornalista e mãe do Luka, com inveja da imortalidade de Suu Kyi mas sem amor o suficiente para percorrer um caminho com muito menos sacrificio pessoal do que o dela... Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

Nós temos apenas 6 dias

Toró nr. 51. Matoury-Guiana Francesa, 20 maio de de 2009.



Caros amigos(as),
Depois de 13 anos presa, a Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi foi novamente encarcerada, com acusações ilegítimas impostas pela junta militar brutal da Birmânia. Diga para o Secretário Geral da ONU garantir a libertação dela e de todos os presos políticos do país:

Aung San Suu Kyi, líder pró-democracia e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, acabou de receber novas acusações dias antes do fim do cumprimento da sua pena de 13 anos de prisão. Ela e outros milhares de monges e estudantes foram presos por desafiarem pacificamente a ditadura brutal de seu país, a Birmânia (Mianmar).

Mesmo correndo o risco de sofrer uma retaliação dos militares, os ativistas da Birmânia estão organizando um movimento global pela libertação de Aung San Suu Kyi e de todos os prisioneiros políticos do país. Nós temos apenas 6 dias para ajudá-los a conseguir uma quantidade gigantesca de assinaturas, que serão apresentadas para o Secretário Geral da ONU – Ban Ki Moon semana que vem. A petição pede que ele dê prioridade máxima à libertação dos presos, impondo a libertação como condição para qualquer engajamento com a junta militar. Clique no link para assinar e encaminhe este email para seus amigos, só com um grande número de assinaturas poderemos garantir a libertação de Aung San Suu Kyi e de todos os presos políticos da Birmânia:

http://www.avaaz.org/po/free_aung_san_suu_kyi

No dia 14 de maio, Aung San Suu Kyi foi enviada para o presídio acusada de permitir a entrada de um homem norte-americano em sua casa, violando assim sua prisão domiciliar. A acusação é absurda pois a casa é cercada por guardas militares que são justamente os responsáveis pela guarda do local. Está claro que as acusações recentes são um pretexto para mantê-la presa durante as eleições de 2010.

O regime militar da Birmânia é conhecido pela repressão violenta a qualquer ameaça ao controle militar total. Milhares de pessoas estão presas em condições desumanas, onde não há atendimento médico e onde a prática de tortura e outros abusos são freqüentes. Há uma repressão violenta a grupos étnicos e mais de 1 milhão de pessoas já fugiram do país.

Aung San Suu Kyi é a maior ameaça ao poder da junta militar. Ela é a maior líder do movimento pró-democracia e teve uma vitória esmagadora sobre a junta nas eleições de 1990, sendo portanto a candidata mais forte às eleições programadas para o ano que vem. Ela tem sido presa continuamente desde 1988 – e apesar de estar sob prisão domiciliar, ela não tem contato nenhum com o mundo exterior. No presídio Insein onde ela foi levada semana passada não existe atendimento médico o que significa um enorme risco para as suas graves condições de saúde.

Fontes dizem que o movimento global que está emergindo para pressionar a ONU já está intimidando a junta militar. Mais de 160 exilados da Birmânia e grupos de solidariedade em 24 países estão participando desta campanha. O Secretário Geral da ONU e líderes regionais chaves que estão em contato com o regime militar da Birmânia podem influenciar o destino destes presos políticos. Semana passada o Secretário Geral Ban Ki Moon disse: “Aung San Suu Kyi e todos aqueles que podem contribuir para o futuro do país devem ser libertos”. Vamos surpreender o Ban Ki Moon com um chamado global massivo, pedindo que ele aja de acordo com as suas palavras e faça algo para acabar com a brutalidade militar, assine agora a petição:

http://www.avaaz.org/po/free_aung_san_suu_kyi

Assim como a libertação do Nelson Mandela, a liberdade de Aung San Suu Kyi depois de anos de uma detenção injusta, poderá representar um novo começo para a Birmânia, trazendo a esperança da democracia. Esta semana poderá se tornar um momento histórico – vamos mostrar nosso apoio à Suu Kyi e aos corajosos homens e mulheres que lutam pela democracia – demande sua libertação já!

http://www.avaaz.org/po/free_aung_san_suu_kyi

Com esperança,

Alice, Brett, Ricken, Pascal, Graziela, Paula e toda a equipe Avaaz

Para saber mais sobre Aung San Suu Kyi leia:

Prisão onde Suu Kyi é julgada tem apelido de "fossa do inferno":
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1159335-5602,00-PRISAO+ONDE+SUU+KYI+E+JULGADA+TEM+APELIDO+DE+FOSSA+DO+INFERNO.html

Perfil: Aung San Suu Kyi é símbolo de resistência pacífica:
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/05/14/perfil-aung-san-suu-kyi-simbolo-de-resistencia-pacifica-755859903.asp

Ban está alarmado com a acusações contra Suu Kyi em Mianmar:
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jr0GHlT32KuhsqxWbck6Dk4Ug5-w

Líder da Oposição democrática da Birmânia enfrenta julgamento:
http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Lider-da-Oposicao-democratica-da-Birmania-enfrenta-julgamento.rtp&article=220465&visual=3&layout=10&tm=7

Começa julgamento de líder pró-democracia de Mianmar:
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/05/18/comeca-julgamento-de-lider-pro-democracia-de-mianmar-755911485.asp

Suu Kyi já não se fazem heroínas assim:
http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1235851&seccao=Leon%EDdio%20Paulo%20Ferreira&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco


* Patrícia Nascimento Delorme, 37, jornalista e mãe do Luka. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

terça-feira, maio 19, 2009

Zeca Baleiro e Mamae Oxum


Toró de Prpite nr 50. Matoury-Guiana Francesa, 19 de maio de 2009. Sol!


Depois de quatro anos fora do Brasil, cheguei totalmente por fora do que existia de novo na musica brasileira. Foi a amiga Beatriz Diniz (oi Bia!) que me apresentou Zeca Baleiro. Quero dizer, a musica dele! E me presenteou com dois cds do moço. Muito grata, Bia!

Fui totalmente fisgada pelas letras inteligentes, bem-humoradas, ironicas. Melodia deliciosa e a voz... Que voz! Algo entre hipnotica e afrodisiaca... Era realmente o melhor que ja tinha escutado em anos, além da Noa!

Liguei pra uma amiga e perguntei: "você ja ouviu Zeca Baleiro?" E ela me respondeu rindo: "Patricia, foi você quem saiu do Brasil... O Zeca ja esta no terceiro CD!"
Entao, eu perguntei de novo: "Você ja OUVIU Zeca Baleiro?"
Ela pensou um pouco e respondeu: "Nao gosto muito... Acho superficial."

Sacrilegio!
Heresia!
Entao, existia alguém que nao gostava da musica do Baleiro?
hahahaha. Sim, naquela época eu ainda achava que meu gosto resumia o gosto de todas as pessoas que eu conhecia. Um pequeno problema de ego que melhorou dois dedinhos...

Inconformada, respondi: "Ha que se transcender a superficialidade pra compreender o Baleiro".

A partir dai, a musica do Zeca veio a ser minhas preces durante aquele periodo de minha vida. Chegava de manhã no trabalho e tocava a cançao "Mamãe Oxum" pra começar o dia. Os estagiarios nunca reclamaram e até cantavam junto!
Dia desses, uma ex-estagiaria me escreveu que sente falta das manhãs com Mamãe Oxum... hehehe.

O fato é que um dia fiquei com vontade de conhecer um ritual da Umbanda e pedi à amiga que nao gostava do Zeca Baleiro pra ir comigo.
Meus pré-conceitos estavam me deixando apavorada...

Rumamos pro terreiro e nao é que os mediuns iniciaram a sessao cantando... Mamae Oxum!
heehehe.
O medo se dissolveu. Ali, de pé no chao, compreendi o Zeca com a mente e nao somente com o coraçao.

Olhei pra minha amiga e ela, sem me olhar, disse num sussurro: "Ta bom, ta bom, ele nao é superficial!"

Hoje, viajando pela internet, achei umas palavrinhas do Zeca Baleiro sobre o estado do Maranhao. De novo, de superficial o moço nao tem é nada!

Saravá, Zeca Baleiro!


MARANHÃO, ENGENHOSA MENTIRA
Não me espantará que num futuro próximo o Maranhão venha a ser chamado de "Uganda brasileira"
Zeca Baleiro

O Maranhão é um Estado do Meio Norte brasileiro, um preciosismo para nomear a região geograficamente multifacetada que é ponto de interseção entre o Nordeste e a Amazônia. Com área de 330 mil km2, pleno de riquezas naturais, tem fartas agricultura e pecuária, uma culinária rica e diversa e uma cultura popular exuberante. Não obstante tudo isso, pesquisa recente coloca o Estado como o segundo pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País, atrás apenas de Alagoas.

Sou maranhense. Nasci em São Luís, capital do Estado, no ano de 1966, mesmo ano em que o emergente político José Sarney assumiu o governo estadual, sucedendo o reinado soberano do senador Vitorino Freire, tenente pernambucano que se tornou cacique político do Maranhão, a dominar a cena estadual por quase 40 anos. De 1966 até os dias de hoje, são outros 40 anos de domínio político no feudo do Maranhão, este urdido pelo senador eleito pelo Amapá José Sarney e seus correligionários, sucedâneos e súditos, que gerou um império cujo sólido (e sórdido) alicerce é o clientelismo político, sustentado pela cultura de funcionalismo público e currais eleitorais do interior, onde o analfabetismo é alarmante.

O senador José Sarney, recém-empossado presidente do Senado em um jogo de caras barganhas políticas, parecia ter saído da cena política regional para dar lugar a ares mais democráticos, depois de amargar a derrota da filha Roseana na última eleição ao governo do Estado para o pedetista Jackson Lago. Mas eis que volta, por meio de manobras politicamente engenhosas e juridicamente questionáveis, para não dizer suspeitas, orquestrando a cassação do governador eleito, sob a acusação de crime eleitoral, conduzindo a filha outra vez ao trono de seu império. Suprema ironia, uma vez que paira sobre seus triunfos políticos a eterna desconfiança de manipulações eleitoreiras (a propósito, entre os muitos significados da palavra maranhão no dicionário há este: "mentira engenhosa").

Em recente entrevista, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disparou frase cruel: "Não vamos transformar o Brasil num grande Maranhão." A frase, de efeito, aludia a uma provável política de troca de favores praticada pelo Planalto atualmente - segundo acusação do ex-presidente -, baseada em jogo de interesses regionais tacanhos e tráfico de influências. Como alguém nascido no Maranhão, e que torce para que o Estado alcance um lugar digno na história do País (potencial para isso não lhe falta, afinal!), lamento o comentário de FHC, mas entendo a sua ironia, pois o Maranhão tornou-se, infelizmente, ao longo dos tempos, um emblema do que de pior existe na política brasileira. Não é de admirar que divida o ranking dos "piores" com Alagoas, outro Estado dominado por conhecidas dinastias familiares.

Em seus tempos de apogeu literário, São Luís, a capital do Maranhão, tornou-se conhecida como a "Atenas brasileira". Mais recentemente, pela reputação de cidade amante do reggae, ganhou a alcunha de "Jamaica brasileira". Não me espantará que num futuro próximo o Maranhão venha a ser chamado de "Uganda brasileira" ou "Haiti brasileiro". A semelhança com o quadro de absoluta miséria social a que dois célebres ditadores levaram estes países - além do apaixonado apego ao poder, claro - talvez justificasse os epítetos.

[Do cantor e compositor Zeca Baleiro, na coluna Última Palavra, na revista IstoÉ (nº. 2055, 1º. de abril de 2009).

* Patrícia Nascimento Delorme, 37, jornalista e mãe do Luka, transcendendo a superficialidade, sempre! Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

sexta-feira, maio 08, 2009

Toró de Parpite nr. 49. A vida que ninguém vê.

Toró nr 49. Matoury-Guiana Francesa, 07 de maio de 2009. Chuva...


Dando continuidade às reflexoes que iniciei no Toró anterior, encontrei essas palavras de Eliane Brum, jornalista vencedora do Prêmio Jabuti com o livro "A vida que ninguém vê".
Ela consegue traduzir claramente o que sinto em relaçao ao jornalismo.

"...Só faço parte de um grupo de repórteres que continua brigando para fazer matéria pessoalmente, sem a mediação de telefones e e-mails, prestando atenção no que vê, sente, observa - e não apenas no que é dito.
Eu sou basicamente intuitiva, então nunca planejo muito. Para escrever é a mesma coisa. Em geral, fico grávida da matéria, então acho que vai gestando dentro de mim. Acho que a matéria fica se escrevendo dentro de mim. Por isso que quando eu sento, em geral ela sai aparentemente sem pensar. Porque já estava se pensando dentro de mim. Quanto ao estilo, se tenho um deve ser a soma de tudo o que li - e leio – nesta vida. Eu gosto mesmo é de literatura. Não vivo sem livros de ficção. Em geral não suporto muito o mundo. Acho que ser repórter me ajuda a equilibrar essa dor do mundo. A escritora Ana Miranda diz que “nem sempre a vida dói como uma afta”. É uma frase ótima. Pra mim em geral a vida dói como uma afta. Descobri que fazer jornalismo é um jeito de elaborar isso, de ver como as outras pessoas lidam com a dor do mundo (em geral muito melhor do que eu). E transformam dor em criação, às vezes da própria memória. Embora como leitora eu ame ficção (e sonho com um dia escrever ficção), aprendi que a realidade é imbatível. A ficção não alcança a capacidade de invenção e reinvenção da realidade. Por isso sou muito grata por ser repórter.
... Acho que existem vários tipos de matérias. As que eu geralmente faço não vejo como não me envolver com as pessoas. É uma relação de confiança mútua, de entrega mútua. Sinto uma responsabilidade terrível quando alguém aceita contar a sua vida para mim. É maravilhoso e é um peso. Nada pode ser pior do que uma pessoa não se reconhecer numa matéria. Não só não reconhecer suas palavras como seu jeito, seu cheiro. Mesmo que sempre vai ser o meu olhar sobre um outro, o outro tem de se ver no meu olhar ou há alguma coisa errada. E sei o que uma reportagem equivocada pode causar na vida de uma pessoa. Então fico muito tensa, tenho insônia. E vivo aquelas experiências todas. Não tem uma regra, tem bom senso em cada caso. Nem sempre acerto.
Eu vivo cada matéria como se fosse a única. Eu mergulho, submerjo e depois é preciso emergir, o que só acontece depois de publicar. Isso cria algumas dificuldades extras. Porque são raros os editores que entendem que você não entra e sai de matéria como se fosse uma linha de montagem. Não é disso que se trata. É preciso de um tempo que, em geral, a gente tem cada vez menos. Não estamos “produzindo”, nosso trabalho não se mede em quantidade. Se essa for a medida, há algo de muito errado com a imprensa. Quando volto de uma viagem dessas, seja uma viagem literal ou não, fico muda, não consigo falar, preciso de uns dias dentro de mim. Eu ando, como, falo coisas corriqueiras, mas de verdade não estou. Estou elaborando dentro de mim porque foram coisas que mexeram muito comigo, que me transtornaram. Ao mesmo tempo que é um privilégio entrar nessas realidades que de outro jeito não teríamos acesso, é um preço alto, um custo pessoal alto. Não me canso de dizer que ninguém entra na vida do outro impunemente. Se nada se passou, eu acho, é porque apenas passou pela realidade, pela vida, mas não entrou."

Entrevista na integra, aqui.

* Patrícia Nascimento Delorme, 37, jornalista e mãe do Luka, na saida do casulo. Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

sexta-feira, maio 01, 2009

Toró de Parpite nr 48. Diane Arbus, os marginais e a dor.


Diane Arbus, fotografa judia americana , retratada pelo marido em 1949.

Toró nr 48. Matoury-Guiana Francesa, 30 de abril de 2009.

Ha dezessete anos tenho o mesmo sonho de vez em quando. Estou lavando as lentes de contato que sao do tamanho de minhas maos. Dobro-as em muitas partes, amasso e tento enfia-las nos olhos. A agonia de nao enxergar o mundo, a mim mesma, aos outros e a propria lente me atordoa. Estou em meio à nevoa desfocada tipica que envolve os miopes. Quando termino de dobrar minhas lentes e tento coloca-las à força dentro dos olhos, elas se abrem como um guarda-chuva e saltam para fora dos meus olhos me deixando na névoa desfocada e sem rumo.

Nesses dezessete anos, apenas uma unica vez sonhei que as lentes eram do tamanho que cabiam nos meus olhos. Eu as colocava sem problemas e voltava a enxergar: quando trabalhei como fotografa no secretariado da Marcha Global Contra o Trabalho Infantil, na India.

O psiquiatra suiço Carl Jung escreveu que a sombra designa "o outro lado" do ser humano, aquele em que vige a escuridao, tudo em nos que desconhecemos. Normalmente; destacamos a sombra negativa. Mas é preciso ter claro que existem as sombras positivas: nossos potenciais e talentos ainda nao expressados ou descobertos. Em meio a essa escuridao da vida inconsciente existemuita riqueza e sabedoria ainda nao explorados.Os sonhos, segundo Jung, sao portas para ir ao encontro das nossas sombras, positivas e negativas.

Seis anos atras, contei este sonho a um médico homeopata que me deu umas gotinhas pra que eu percebesse o que meu inconsciente estava gritando atraves deste sonho. Apesar de ser tao obvio eu ainda tinha duvidas... Duas noites depois das gotinhas, eu sonhei com um homem me explicando o sonho. Ao fotografar, eu deveria me aproximar do sujeito-objeto fotografado. Adentrar seu universo. Retirar os muros e mascaras que construi pra me proteger da dor. A Fotografia teria o poder de me fazer ver o mundo como ele é e nao como eu gostaria que fosse.

Hoje assisiti o filme "A Pele", de Steven Shainberg. Uma ficçao baseada na vida da fotografa judia americana Diane Arbus. O impacto emocional foi o mesmo do sonho que tenho ha dezessete anos.



Diane Arbus era assistente do marido, fotografo de moda. Nasceu numa familia judia rica e proprietaria de uma industria de casacos de pele em Nova Iorque. Segundo os biografos, na infancia nao conheceu a miseria, mas a mae sofria de depressao e era presa a codigos rigidos de conveniências e aparências da aristocracia. O que pode ter levado Diane a se interessar pelo "outro lado": a historia dos marginais, das prostitutas, dos deficientes fisicos, travestis e todo tipo de pessoa considerada "anormal" pela sociedade americana dos anos 50.

Assim como o principe Sidharta, na India, Diane Arbus rompeu com todos os laços da segurança, saiu dos muros aristocraticos de Upper West Side, em Nova Iorque, e teve a coragem de enxergar aqueles que ninguem queria ver. Diane ganhou prêmios e correu o mundo por fotografar pessoas nas condições mais incômodas e estranhas e por tentar ressaltar a beleza do que pode ser considerado abominável para a maior parte das pessoas. Em 1972, seu catalogo tornou-se um dos mais influentes livros de fotografia. Desde então, foi reimpresso 12 vezes e vendeu mais de 100 mil cópias. A exposição do MoMa viajou por todo o país e foi vista por 7 milhões de pessoas. No mesmo ano, Arbus tornou-se a primeira fotógrafa americana a ser escolhida para a Bienal de Veneza.

Sidharta, segundo os narradores da historia, teria alcançado a iluminaçao ao romper com tudo o que o ancorava. Diane se suicidou tomando um calhamaço de barbitúricos e cortando os pulsos aos 48 anos, em 1971, dois anos depois de se separar do marido que nao suportou suas escolhas.

Entao, fico aqui pensado com meus botoes... Qual é o limite para romper com tudo e nao se perder na trilha? Quando é que transcendemos a dor e a transformamos em luz para si e para os outros? Como entar em contato com as proprias sombras negativas sem ser engolida por elas? A dor na alma ja existe quando rompemos com o que nos ancorava e piora com tudo o que se vê diante das escolhas na sua caminhada pessoal ou ela nasce com a falta de firmeza diante das miserias humanas?


Diane com uma das filhas em auto-retrato.

No livro "Escutando Sentimentos", de Ermance Dufaux e Wanderley Oliveira, pagina 208, tem um paragrafo revelador sobre pessoas como Diane e Cazuza, por exemplo. "A tarja de obsidiados tem sido utilizada para quantos decidem por caminhos diferentes. Sao desbravadores obstinados de novas formas de caminhar, corajosos desafiantes que honram em si mesmos a diversidade. Diversidade essa que ainda nao aprendemos a respeitar. Peregrinam por outras sendas de aprendizado nas quais, possivelmente, a maioria de nos nao teria siso para trilhar. Garantem-se com suas intençoes. Sobre alguns deles, inclusive, assentam-se os mais elevados interesses do Plano Maior."

Susan Sontag, escritora americana e retratada por Diane, acusou Arbus de niilismo, total e absoluto espírito destrutivo em relação ao mundo circundante e ao próprio eu e que, exatatamente por isso, ela se escondia na dor dos marginais fotografados por ela pra nao lidar com a sua propria depressao.

Diane Arbus rebateu: " Pra mim, o sujeito da fotografia é sempre mais importante que a fotografia. Fotografei muito as pessoas "anormais", o bizarro. "Foi o primeiro tema que eu fotografei e eu tinha muito interesse por eles. Existe algo de fascinante sobre os "anormais". A maioria das pessoas segue pela vida tentando esconder suas deficiências. Os "anormais" nasceram com suas deficiências expostas. Eles passaram na prova final da vida. Eles sao verdadeiramente nobres. "

Sera que os que nasceram com suas deficiências expostas passaram na prova final da vida e sao verdadeiramente nobres? Nao creio.

Para mim, a nobreza nao esta no sofrimento, mas no que fazemos para deixar de sofrer. O caminho que Sidharta percorreu o levou à iluminação.

Essa consciência e a coragem pra ir ao encontro de suas sombras e romper com os codigos rigidos de conveniências e aparências hipocritas nao impediu Diane de se matar.

A consciência de que preciso sair do casulo em que me enfiei nao me impede de resistir às mudanças com todas as minhas forças com um imenso medo de me separar das mascaras que utilizo para amortecer a dor e de me perder na trilha, assim como Diane. Ainda sigo com medo de ver o mundo e de me enxergar. Minha maquina fotografica segue ainda escondida no armario, assim como algumas das minhas sombras.

Pra ver fotos de Diane Arbus, clique aqui.


* Patrícia Nascimento Delorme, 37, na lida com "o outro lado" do meu proprio ser e ao encontro das minhas sombras positivas e negativas.

PS: Escrevi esse texto em 2009, quando a maquina fotografica seguia escondida no armario. Em 2011, assaltantes entraram em casa e levaram a minha Canon 40D, tao sonhada. No inicio, senti uma especie de libertaçao, como se eles tivessem levado, juntamente com a camera, parte do meu eu idealizado. Depois, veio a constataçao de que as nossas  criaçoes negativas se manifestam sem piedade e certeira.

segunda-feira, abril 13, 2009

Toró de Parpite nr 47. A palavra

Toró nr 47. Matoury-Guiana Francesa, 13 de abril de 2009. Chuva, chuva e chuva!

CONVERSAR

A palavra é um fio de sons carregado por nossos sentimentos; em razão disso aquilo que sentimos é o remoinho vibratório que nos conduzirá a palavra ao lugar certo que nos propomos atingir.
Quando falamos, cada qual de nós apresenta o próprio retrato espiritual passado a limpo.
Conversando, dialogamos; dialogando, aprendemos.
Quem condena atira uma pedra que voltará sempre ao ponto de origem.

As artes são canais de expressão derivados do verbo: a escultura é a palavra coagulada, a pintura é a palavra colorida, a dança é a palavra em movimento, a música é a palavra em harmonia; mas a palavra, em si, é a própria vida.


Quando haja de reclamar isso ou aquilo, espere que as emoções se mostrem pacificadas; um grito de cólera, muitas vezes, tem a força de um punhal.
Sempre que possa e quanto possa abstenha-se de comentar o mal; a palavra cria a imagem e a imagem atrai a influência que lhe diz respeito.
Você falou, começou a fazer.
Não fale na treva para que a treva não comece a caminhar por sua conta.
Abençoadas serão as suas palavras sempre que você fale situando-se na posição dos ausentes ou no lugar dos que lhe ouvem a voz.

Do livro: Resposta da Vida
Pelo Espírito: André Luiz
Psicografia de: Francisco Cândido Xavier

* Patrícia Nascimento Delorme, 37, jornalista e mãe do Luka, ainda na lida pra aprender a usar a palavra com sabedoria .Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Toró de Parpite nr 46. Carão da Rede Globo.

Toró nr 46. Matoury-Guiana Francesa, 19 de novembro de 2009. Sol!




Haahahaaha
estou amando a Globo passar por este carão!!!!!!!!!!!!!!!!
vamos levantar nossas vozes e pedir a cabeça do bossal diretor de jornalismo Ali Kamel!!!!!!!!!
Estou exagerando? ok... entao a cabeça do redator-chefe. Quem é ele mesmo?
Tambem nao da? Pô, entao, demite o estagiario. hahahahaha

Por favor, senhores e senhoras professores dos cursos de comunicaçao, não percam esta chance de debater a irresponsabilidade e parcialidade da midia brasileira!
E como escreve o professor doutor de Ciência da Comunicação, na USP, Manuel Chaparro:
"A Ética, vinculada a valores e princípios civilizatórios (o principal deles, para nós, jornalistas, é o direito à informação), funciona no processo como fonte de razões e critérios para o agir jornalístico; a Técnica, como garantia do rigor e da veracidade dos conteúdos, qualidades das quais dependem a competência e a eficácia do relato jornalístico; e a Estética se manifesta em combinações criativas de forma-conteúdo, definindo e dando vigor convincente às marcas constantes do “belo” jornalístico: o caráter asseverativo da linguagem e a vitalidade transformadora dos conflitos. Embora cada uma das três vertentes possa ser explicada ou desconstruída isoladamente, o que existe, na fundamentação do jornalismo, é essa tríade de colunas mestras, amarradas pela energia da interdependência e da honestidade. Sem as razões da Ética, fundidas às Técnicas do “fazer”, será impossível alcançar o “belo” do jornalismo – a Estética do relato verdadeiro das ações humanas. Se o que se noticia não é verdadeiro, o que existe não é a notícia, mas a fraude da notícia. E no “caso Paula Oliveira”, caro Paul, e minha amiga Safira, o que aconteceu foi uma gigantesca fraude. Fraude em todos os momentos do processo. "
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Título original "A barriga da Globo quase compromete o Brasil"
Reproduzido do Direto da Redação
Por Rui Martins, de Berna (Suíça) em 13/2/2009

Abro parênteses. Vale ressaltar que Rui Martins é brasileiro, jornalista, vive na Suiça e é criador do Movimento dos Brasileiros Apátridas que fez o Brasil restituir a nacionalidade brasileira aos filhos de brasileiros nascidos no Exterior. (pra saber mais: http://www.brasileirinhosapatridas.org/ ). Fecho parênteses.

"A moça brasileira tinha seus problemas e provavelmente se autoflagelou. É triste.
Mais triste é o quadro da nossa imprensa irresponsável que mobilizou o país, levou o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim a criticar um país amigo e o presidente Lula a quase criar um caso diplomático. É hora de denunciar a nossa grande imprensa sem deontologia, sem investigação, que afirma e desafirma sem qualquer cuidado e sem checar as notícias.
A agressão racista contra Paula Oliveira não foi um noticiário iniciado em Zurique, local da suposta agressão. Estourou no Brasil, detonada por um pai – e isso é muito compreensível – preocupado com sua filha distante. E a maior rede de televisão do Brasil, a Globo, vista por mais de uma centena de milhões de brasileiros, não teve dúvidas em transformar o caso na grande manchete do dia, fazendo com que outros milhões de brasileiros, no exterior, já acuados pela Diretiva do Retorno, se solidarizassem e imaginassem passeatas e manifestações.
Essa é a maior "barriga" da história do nosso jornalismo, que revela o descalabro a que chegamos em termos de informação ou desinformação. Equivale ao conto do vigário de Bernard Madoff, ou das subprimes do mercado imobiliário americano. Só que o Madoff está preso, mesmo sendo prisão domiciliar e vivemos uma crise econômica, em consequência dos desmandos dos bancos americanos. Mas o que vai acontecer com a TV Globo e todos quantos foram atrás ? Nada, vai ficar por isso mesmo.
Nacionalismo ofendido
Como um órgão de imprensa de tanta penetração pode se permitir divulgar com estardalhaço um noticiário de muitos minutos, reproduzido online, repicado por jornais, rádios e copiado por outras televisões sem primeiro checar no local? Que jornalismo é esse que se faz sem qualquer investigação, sem se ouvir as partes envolvidas? Sem deslocar antes um repórter para Zurique e entrevistar também o policial responsável pela ocorrência? Sem ouvir a própria envolvida, fiando-se apenas no relato de um pai desesperado? Sem pedir a opinião de um especialista em ferimentos e escoriações?
Quem vai pagar o dano moral causado a essa jovem, que sem querer se tornou primeira página nos jornais? Quem vai desfazer o ridículo ao que se submeteu o nosso ministro Celso Amorim, que, baseado num noticiário de "foca" em jornalismo, sem ouvir acusação e acusado, ofendeu um país amigo exigindo que prestasse contas em Brasília por um noticiário tipo cheque sem fundo? Quem assume o fato de quase levar nosso presidente a ficar vermelho de vergonha por se basear em noticiário sem crédito, com o mesmo valor de uma ação do banco Lehmann?
E mais – o dano sofrido pela Suíça, em termos de imagem, justamente quando seu povo tinha justamente votado em favor dos imigrantes, quem vai reparar?
Essa "barriga" da Globo, secundada pela grande imprensa, é prova do se vem dizendo há algum tempo – não há credibilidade nessa mídia. Publica-se, transmite-se qualquer coisa, e quanto mais sensacionalista melhor. Não há responsabilidade no caso de erros, de noticiário mentiroso: vale tudo, o papel aceita tudo, a televisão transmite qualquer coisa, desde que dê Ibope – e existe melhor coisa que nacionalismo ofendido? É o que os franceses chamam de presse de boulevard, mentirosa, tendenciosa, com a opinião ao sabor das publicidades que se publicam. Sem jornalismo investigativo, sem confirmar as fontes, sem ouvir as opiniões divergentes.
Para a história
Vão pedir a cabeça do redator-chefe? Não, assim que se recuperarem da "barriga", da irresponsabilidade cometida, da vergonha diante dos colegas, vão jogar tudo em cima da pobre jovem, que deve ter seus problemas e que a nós não compete saber, isso é vida privada, não é Big Brother.
É essa mesma imprensa marrom, que induz nossos dirigentes ao erro, que também publica qualquer coisa contra o que chamam de "assassino desalmado" Cesare Battisti. A irresponsabilidade de imprensa é o pior inimigo da liberdade de imprensa, porque pode provocar reações legislativas limitando os descalabros cometidos.
Escrever num jornal, falar numa rádio ou numa televisão e mesmo manter um blog constitui uma responsabilidade social. Não se pode valer dessa posição para se difundir boatos, nem inverdades, nem ouvir-dizer; é preciso ir checar, levantar o fato, mencionar ou desfazer as dúvidas e suspeitas existentes. É também preciso se garantir o direito de ser mencionada a versão da parte acusada para evitar a notícia tendenciosa.
A "barriga" da Globo vai ficar na história do nosso jornalismo, será sempre lembrada nos cursos de comunicações, tornou-se antológica, e nela estão entalhadas, por autoflagelação, as palavras que a norteiam – sensacionalismo, irresponsabilidade e abuso do seu poder.
Existem, sim, problemas contra nossos emigrantes em diversos países, principalmente depois da criação da Diretiva do Retorno pelo italiano Silvio Berlusconi. Diariamente brasileiros são presos e mandados de volta na Espanha, mas isso não mobiliza a nossa imprensa, não dá Ibope. "
Publicada em:18/02/2009


A ELITE BRANCA: RICA E INTOCÁVEL
Berna (Suiça) - Vocês podem me contar quantas mulheres negras, mulatas, mestiças, pobres (são palavras quase sinônimas) são assassinadas por ano no Brasil ? Quantas mulheres brasileiras voluntariamente ou enganadas deixam o Brasil para viverem da prostituição no estrangeiro, sofrendo violências e mesmo sendo assassinadas por cafetões, fechadas sem documentos em bordéis, sujeitas a todas as humilhações ?

E quantas mulheres brasileiras estão, neste momento, fechadas num aeroporto europeu, Madri, Lisboa, Roma, por exemplo, impedidas de desembarcar mesmo se cumpriram com as exigências legais, mas consideradas pelos policiais como possíveis prostitutas ? Ou quantas mulheres brasileiras, indocumentadas, emigrantes clandestinas grávidas ou com bebês vivem um pesadêlo inimaginável neste rigoroso inverno europeu ?

Quantas mulheres emigrantes no Japão, despedidas de seus empregos nestas últimas semanas com seus maridos, estão comendo uma sopa por dia num dos refugios criados por entidades assistenciais geralmente religiosas, depois de terem deixado tudo que possuíam num apartamento que não podem mais pagar ?

Quantas meninas ainda nem moças satisfazem o turismo sexual em muitas áreas turísticas brasileiras ?

Alguém se lembra delas quando aparecem mortas no Bois de Boulogne em Paris, enforcadas ou apunhaladas num bordel do Ticino na Suíça ou drogadas e jogadas numa rua de Roma ? Será que só o fotógrafo Sebastião Salgado vê que, no Brasil, em meio à indiferença geral existe uma outra população pobre, negra, mulata, mestiça ?

Já imaginaram se a imprensa e povo sul-africanos, durante o apartheid, se revoltassem se uma branca da melhor sociedade boer fosse agredida numa rua de Londres ? Se isso ocorresse, seria um caso da chamada Síndrome de Estocolmo, quando o sequestrado chega até a se apaixonar por seu sequestrador.

Teria sido a Síndrome de Estocolmo que levou nossa população mestiça a se inflamar contra a Suíça, sem perceber a farsa da pobre menina rica, como diria Celso Lyra, que não é negra e nem mulata ?

Por que ato racista se ela tem tudo de uma branca européia ? Porque ela falava português ? Ora, o português é uma das línguas da União Européia. A mentira era grande demais, mas foi aceita e a maior televisão brasileira, a Globo, com o apoio de um blogueiro irresponsável levou o delírio adiante.

Nossa sociedade de apartheid econômico e social chegou a essa perfeição – ignora as humilhações de que são vítimas a grande maioria da população e se levanta de dedo em riste quando uma representante da elite branca e rica alega ter sofrido uma agressão. E o ministro dos Direitos Humanos fala até em holocausto ! Mas vamos com calma, o Brasil, mesmo se melhorou nestes últimos anos, vive ainda o holocausto. Não temos o maior número de assassinatos por ano quase igual ao dos mortos no Iraque ?

E o ministo Celso Amorim, que viveu tantos anos em Genebra, conhecedor da Suíça entra no show da Globo e arrasta consigo o presidente, na farsa que virou o fiasco do ano ? Nós emigrantes esperávamos uma tal reação em Lisboa, na Espanha, na Itália. Não veio e nem virá. A munição foi gasta e mal gasta para defender a farsa das intocáveis, que têm pai rico, pai influente, amigo de blogueiro, amigo de políticos. É isso que vale.

E como se não bastasse vem aquela afirmação de que o Brasil dará tratamento de VIP e apoio jurídico à brasileira Paula Oliveira se for necessário. E para as outras, que não mentiram, mas que sofrem e são humilhadas, só que são pé de chinelo ? Nada ? Que vergonha!

Ricardo Noblat pediu desculpas ? A Globo fez seu mea culpa ?

O que eu posso fazer ? Onde está a esquerda ? O que fizeram dos nossos sonhos ? Ficaram todos cegos, se acostumaram com nosso apartheid, mudaram de campo, mudaram de time ?


http://www.diretodaredacao.com/


* Patrícia Nascimento Delorme, 37, jornalista e mãe do Luka, ainda em estado de delicia com o carão da Rede Globo e em choque com a falta de responsabilidade da midia brasileira em geral .Seu e-mail: patiedelorme@gmail.com