sábado, junho 21, 2008

Toró de Parpite nr. 24. Escrevo para...




Toró nr. 24. Caiena-Guiana Francesa, 21 de junho de 2008. Estação da chuva. Nubladão! 26 °C

Escrevo para...

escrevo para me curar. do tédio, das paranóias, da solidão, do egoísmo.
escrevo para me salvar.
escrevo para me centrar. para me amar. para compartilhar.
escrevo para seduzir.
escrevo para acolher e integrar a minha porção "boazinha alternativa", que detesto!
escrevo pra me encontrar.
escrevo pra te encontrar.

Beijo carinhoso,

Patie

* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, sentindo-se solitária num sabadão chuvoso na amazônia francesa. Seu e-mail: patienascimento@hotmail.com

Toró de Parpite nr. 23. A Iluminação e as distrações.



Toró nr. 23. Caiena-Guiana Francesa, 21 de junho de 2008. Estação da chuva. Como chove nessa terra! 27 °C


Confissões íntimas de um infiel resignado
Não é fácil ter uma epifania rodeado por tentações como chocolates franceses e mulheres indianas


Escrevo estas linhas sentado na sala de leituras de um albergue para peregrinos em Haridwar, uma cidade sagrada às margens do rio Ganges, no norte da Índia. Aqui se encontra o túmulo de Anandamayi Ma, uma santa de Bangladesh que viveu no século passado. Ela era uma mulher linda, profundamente iluminada, de gestos e palavras puros e comoventes. Seus milagres inspiraram a vida de milhões de pessoas, inclusive de Mahatma e Indira Ghandi.
Aqui encontro um guru (mestre), Swami Vijayananda, um monge que foi encarregado por Anandamayi Ma de guiar os fiéis estrangeiros. Ele é um velhinho lindo e fascinante, muito amigo, engraçado, inteligente e carinhoso.

Todos os dias, às quatro e meia da tarde, grupos de peregrinos, quase sempre franceses com ar de bonzinhos alternativos, fazem um círculo em torno de Swami Vijayananda para ouvir suas palavras. Mas eu confesso: para mim o maior atrativo desses encontros são os doces deliciosos que a francesada põe na roda. São marrons-glacês, pralines e bombons caríssimos, produzidos por chocolatiers tradicionais de Lyon ou Lille.

Enquanto Vijayananda explica a importância da meditação diária, não paro de rezar para que ele decida abrir novamente a caixa de chocolate e mandar ver uma outra rodada de trufas. Ontem, para combater meu profundo agnosticismo, Vijayananda recomendou que eu fosse ao templo de manhã bem cedo ouvir as preces. Segundo ele, talvez um lugar impregnado pela fé de milhões por tantos anos despertasse em mim uma nova possibilidade espiritual. Tive boa vontade. Fui ao templo, cruzei as pernas, fechei os olhos e comecei a pedir a Deus que viesse a mim. Mas fui distraído por uma irritante coceira no pé. Quando comecei a me concentrar novamente, uma indiana gostosíssima, dessas que param o trânsito e interrompem mantra, entrou no templo e se ajoelhou do meu lado.Daí por diante foi tudo por água abaixo. Em vez de meditar, comecei a sonhar com o curry do almoço e a pensar na dança do Créu. Desisti da epifania e fui checar meus e-mails concluindo pela milésima vez que, apesar dos meus esforços, meu sentimento religioso não vai além de uma pura e simples curiosidade antropológica.


ATEU GRAÇAS A DEUS

Como diria Millôr Fernandes, “graças a Deus, sou ateu”. Adoraria acreditar em santos e milagres, rezar, meditar, levitar, fazer comunhão, ler a Torah, comer hóstia, acender velas e entrar em transe. Talvez me sentisse muito mais livre de minhas prisões e menos aterrorizado com o mundo. Sem conseguir crer, por que não abraçar o racionalismo ateísta tão em voga, encabeçado pelo cientista inglês Richard Dawkins? Mas não é ele uma outra forma de fé, um contrário árido, apoético, tão chato e cego quanto todos os fundamentalismos religiosos?Quero ir a todas as Fátimas, Jerusaléns, Mecas, Vaticanos e Dharamsalas. Quero manter o coração e a cabeça abertos para todos os mistérios. Quero poder achar graça de tudo. Quero dormir um sono delicado e quero acordar continuando a querer. Talvez me baste saber que algumas perguntas não têm resposta.


*Henrique Goldman, 46, cineasta paulistano radicado em Londres, pretende seguir sua busca por iluminação, apesar das eventuais distrações. Seu e-mail é: hgoldman@trip.com.br


Desculpem reproduzir mais um texto do Henrique Goldman mas é que não resisti. Ele parece me conhecer mais do que eu conheço a mim mesma! Impressionante!

E reproduzi esse texto também pra abrir uma porção de Torós onde vou trazer à tona a minha porção "boazinha alternativa". Aguardem!


*Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, também pretende seguir sua busca por iluminação, apesar das eventuais distrações - e que distrações!! Seu e-mail é: patienascimento@hotmail.com

Toró de Parpite nr. 22. Henrique Goldman e eu!




Toró nr. 22. Caiena-Guiana Francesa, 21 de junho de 2008. Estação da chuva. Continua chovendo... 27 °C

Eu é um outro
Essa brincadeira o levou para um exílio longínquo e eterno. Voltando ao Brasil, já não reconhecia sua própria casa

Ele sempre gostou de sonhar ser uma outra pessoa, vivendo uma outra vida em outro lugar que não fosse o seu. Essa outra pessoa por ele imaginada, por poder do sonho, era uma pessoa de verdade – por isso, também ficava sonhando ser outro alguém, que por sua vez sonhava ser ainda outro alguém... e a coisa ia se propagando numa seqüência infinita de sonhos e sonhadores. Essa brincadeira o levou para um exílio longínquo e eterno. Voltando ao Brasil, já não reconhecia sua própria casa. Evitava rostos conhecidos nas ruas de São Paulo, querendo a todo custo negar as evidências de que o tempo passara e que no fundo ele não tinha ido a lugar algum – ficara só ali mesmo onde estava, sonhando com ir, temendo ficar, indo pela metade, fugindo totalmente e ficando até morrer, nem sabia mais onde. Cada vez que ia à sua terra, voltava inspirado. Doía muito notar como Sergio Chapelin tinha envelhecido e estava com o rosto cheio de rugas. Sentiu uma profunda nostalgia ao ver que mudaram as embalagens do chocolate Diamante Negro e inventaram pizzas cujos nomes não entendia (Massarico, JK, Catu-Fran etc.). Recentemente, tinha pirado com a febre de petit gateau quente com sorvete de baunilha e ficou tentando entender por que razão, nesse exato momento histórico, teriam cismado com o petit gateau. Notou tambeém, com muito tesão, como muitas empregadas domésticas agora tinham piercing e tatuagem – gostava de uma gutcha... O Brasil não parava de mudar. Mas o movimento contínuo é estagnante – nega a essência do próprio movimento. Como sempre, só o nível petit gateau mudava no país. Eis o perene Brasilzão do futuro atolado no destino da monocultura da cana-de-açúcar, no sangue e suor dos escravos, cada vez mais podre e idêntico a si mesmo. Eis o país acomodado na brutalidade, fingindo-se chocar-se com ela. Sem ironia, o Brasil era um país muito moderno. Não conseguia voltar nem ficar longe; se cansava de querer muito e repudiar muito ao mesmo tempo, nunca tendo superado o trauma de ter passado mais da metade da vida fora do Brasil – lugar com o qual sonhava todos os dias, mas onde já não podia mais viver. Ainda hoje, está onde sempre esteve – num dos sonhos, sendo outro alguém em outros lugares. E, antes de ir para o traba­lho, se vê todos os dias acendendo uma vela para sua santa padroeira, Carmen Miranda. Pede a ela que lhe dê um pouco de sua luz e graça. E, no meio do trânsito em Boston, Tóquio ou Londres, chora muito ouvindo Zezé de Camargo e Luciano se despedindo da mãe em Minas ou Goiás.

* Henrique Goldman, 45, cineasta, está exilado há quase duas décadas em Londres. Seu e-mail: hgoldman@trip.com.br

Escolhi reproduzir este texto do Henrique Goldman porque eu não poderia escrever nada melhor que isso para expressar a minha relação com o Brasil depois do meu auto-exílio de quatro anos na Europa e India.

* Patricia Nascimento Delorme, jornalista e mãe do Luka, está exilada há quase seis meses na Guiana Francesa sem data pra retornar ao Brasil. Seu e-mail: patienascimento@hotmail.com

sexta-feira, junho 20, 2008

Toró de Parpite nr. 21. Dia da Mulher, 2002



Toró nr. 21. Vicentina-MS, 08 de março de 2002.

Fiz esse discurso em homenagem à minha avó , Air Ortiz, que recebeu o titulo de "cidadã vicentinense" no Dia Internacional da Mulher em 08 de Março de 2002, em Vicentina, MS, Brasil.

"Venho hoje nesta cerimônia falar sobre uma das mulheres aqui homenageadas. A minha avó Air Ortiz do Nascimento, esposa de José Nascimento, mãe de 10 filhos, avó de 20 netos e 02 bisnetos (até agora...), tabeliã e cidadã vicentinense.
Nascida em Dourados no dia 24 de outubro de 1932, muda-se para Campo Grande e torna-se interna no colégio Maria Auxiliadora para completar os estudos.
Aos 15 anos retorna para a casa da família em Rio Brilhante e conhece o cabo do exército José Nascimento. Casam-se e partem para o interior de São Paulo.

Retornam para Itaporã e finalmente, no dia 07 de setembro de 1955, chegam à Vicentina acompanhados dos 3 primeiros filhos, graças ao espírito desbravador de José Nascimento que, ao que parece, influenciou algumas mulheres da família.
Tendo vivido em Vicentina por 47 anos, Air Ortiz do Nascimento contribuiu e contribui para o crescimento e desenvolvimento desta cidade, apoiando o marido José Nascimento nas suas lutas políticas pela criação do município e exercendo o ofício de tabeliã.

Ao assumir o Cartório do Registro Civil numa época em que o país era dominado por homens em todas as áreas e profissões, minha avó se tornou um referencial para mim.

Sua assinatura é valiosa. Validam documentos perante a lei. “O referido é verdade e dou fé” está escrito em todos os documentos onde consta sua assinatura.
Porém, sua rotina de dona de casa não estava completamente alterada. Todos os dias às 10h00 da manhã, ela deixava o cartório nas mãos da auxiliar e voltava para casa e para a sua rotina: preparar o almoço para a família, encaminhar os filhos e a neta para a escola, verificar o serviço da limpeza. Mais uma lição para mim: minha avó demonstrava que era possível unir as tarefas do lar e da profissão.

Assim, nos últimos 38 anos, Dona Air foi testemunha de felicidades, tristezas e conquistas dos homens e mulheres de todas as classes sociais que estiveram no cartório. Terras mudaram de donos pelas suas mãos. Meninos e meninas que nasceram aqui tiveram seus nomes e cidadania registrados nos livros de minha avó, para em seguida, crescerem, casarem-se, terem filhos, e registrá-los nos livros de minha avó. Ano após ano, a lei da vida ia se cumprindo. Casamentos, nascimentos, mortes... E ano após ano, a minha avó ia cumprindo a lei dos homens.

Quando menina, adorava ficar no cartório assistindo ela trabalhar. O que ela fazia parecia importante aos meus olhos infantis. Hoje tenho certeza de que era e é. Entre os trabalhos que ela realizava, o mais emocionante era assistir os casamentos. Na pequena vila Vicentina, cerimônias de casamento eram como ir ao cinema. As noivas chegando com seus vestidos brancos. Algumas muito simples; outras, extravagantes, com babados, bordados, muitos bordados. Algumas rodeadas de muita gente; outras, apenas com alguns poucos familiares. Algumas cobertas de maquiagem; outras, cobertas pelo de pó da estrada. Mas, todas iluminadas pela felicidade do que elas consideravam um sonho realizado.

Leitora assidua da revista Readers Digest, e livros como, "Meu Pé de Laranja Lima"e "Éramos Seis", minha avó deixa até hoje a neta jornalista perplexa com a abrangência do seu conhecimento ao recitar verbos em francês! Mais do que uma simples tabeliã, Dona Air, como era chamada por essa gente simples e sincera, foi e é um exemplo de profissional responsável, de compromisso e carinho. Ela não sabe, mas incutiu em mim valores de busca pelo conhecimento que me fizeram escolher o caminho do jornalismo.

E apesar dos erros que nos fazem tão humanos - minha avó matava galinhas com as próprias mãos para os almoços de domingo, o que visto por uma criança é um erro imperdoável. Ela deve se lembrar da neta ao lado chorando e pedindo para que ela não matasse as bichinhas...
Esse mesmo erro que a tornava cruel perante a minha inocência infantil, é agora motivo de orgulho. A minha avó é hoje para mim, profissional e mulher da modernidade, um exemplo: ela foi exceção nas estruturas e conceitos de uma sociedade machista sem perder o carinho e o sentimento de servir à família e ao marido. Encontrou no caminho do meio o equilíbrio entre profissão e lar, entre mulher e mãe. Por tudo isso eu a agradeço: por ter sido o meu porto seguro, o meu amor incondicional, o meu colo macio. Te amo. "

Sua neta e admiradora,
Patrícia "Patie" Nascimento

Em tempo: Meu carinho à todas as mulheres aqui também homenageadas nesta noite, que fizeram parte da minha infância e que viveram com dignidade o papel de esposa, mãe e dona-de-casa.

* Patricia Nascimento, tinha 30 anos quando escreveu este texto, ja era jornalista, mas não tinha casado e nem tinha filhos. E apesar da admiração pelas donas-de-casa e mães, não sabia se casava, comprava uma bicicleta ou se retornava para a India. Seu e-mail: patienascimento@hotmail.com

Toró de Parpite nr. 20. Dia da Mulher, 2000


"Posto que é chama, que seja eterno enquanto dure..."

Toró nr. 20. Índia, 07.03.2000 Inverno Calor!! 20h10


EDIÇÃO ESPECIAL / DIA DA MULHER

O "causo" é que recebi este texto escrito pela Danusa Leão e fiquei matutando... Não que o texto dela seja ruim. É até engraçado... E eu nem tenho filhos pra discordar muito, mas é que convivi com uma mulher durante 15 anos que me ensinou algumas coisinhas sobre ser mulher, mãe e profissional. E como daqui a pouco é Dia Internacional da Mulher, resolvi “escrevinhar” umas “linhasinhas” sobre o tema:

Danusa escreveu:
" Uma das mentiras que nos contaram: que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mae, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante.
E muito simples: não podemos!
Quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém nascido, que na hora de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, nao consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante.
Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo da fazer - sem esquecer as flores e as velas acesas, claro - e que, com isso o casamento continuará tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos. Ah, quanta mentira! Uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes - aquelas que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro. Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir a hidroginástica, para a massagista tailandesa e acupunturista que a relaxe, tempo para fazer musculação, alongamento, comprar sandália nova de verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda pagar uma excelente empregada - o que tambem custa dinheiro. Felizes são as mulheres que tem 5 minutos - só cinco - para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto e bege, para que tudo combine sem que um minuto seja perdido. Mas tem as outras, com os filhos já crescidos: essas, quando chegam em casa, tem que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender porque elas estão agressivas, porque o rendimento escolar está baixo. E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda tem namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver (segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.) Convenhamos que é dificil ser uma mulher de verdade. Impossível, eu diria."

Aqui vao meus parpites:
Essa ariana com quem convivi vivia um casamento cheio de romance e bom humor, mae, profissional e fazia um peixinho com camarão... pra nao falar das tortas e sei-la-mais-o-quê que só descendente de italiano dá conta. E isso era almoço de semana! Porque final de semana era sagrado: o marido cozinhava!
Concordo que uma massagenzinha e uma hidroginástica fazem milagres no corpo e na alma, mas nas épocas de vacas magras, a tal ariana despencava rua abaixo. Andava seis quilômetros todos os dias curtindo a brisa no rosto às 5 da manhã, porque tinha que trabalhar às 8. Quando nao tinha empregada, passava a roupa ouvindo música e tomando vinho!
Do jeito que a Danuza escreve parece que ser mãe é uma carga tão pesada que assusta a nós, pobres candidatas ao cargo. Eu tenho certeza que esse tal instinto materno segura essa barra e faz com que a gente veja essas tarefas como uma demostração de amor.
Não quero melar o texto da Danuza. É um texto engraçado que retrata com humor o cotidiano mas da um desanimo... Nao se trata de ser mãe, ou profissional, ou mulher, ou amante, ou seja lá o que for. Trata-se de se assumir como ser humano que tem tarefas e limitações. As barreiras existem mas se for possível colocar uma pitadinha de criatividade e boa vontade, a gente vai perceber que a vida não é assim tãããããão difícil.

Um beijo grande pra todos vocês.

Patie


PS: Ano 2008. Passaram-se oito anos desde que escrevi o texto acima. De lá pra cá o casal ai do texto que me inspirava se separou. Ele diz que ela era uma chata. E ela diz que ele nunca foi verdadeiramente parceiro. Enfim, a rapadura é doce mas não é mole...
Apesar das verdades de cada um, deixo meu testemunho de que convivi com pouquissimos casais que soubessem aproveitar tão bem os momento juntos. Então, que seja eterno enquanto dure...

Eu me casei e me tornei "do lar" e mãe e, desde então, minha vida profissional tem sido vivida nas brechas que o Luka me dá quando ele nao está com febre, catapora, diarréia ou quando a creche não está fechada e tenho onde deixá-lo...
Sim, porque empregada e babá são sonhos impossiveis aqui na Guiana Francesa. Além de custarem os dois olhos da cara com as lentes de contato, não é fácil encontrar quem queira fazer esse tipo de trabalho com eficiência. Que saudades da Rosália (a babá competentissima do Luka no Brasil)!

Enfim, apesar de todas as teorias, na prática, a Danusa Leão estava certa...

Patie

* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, sempre surpresa com as voltas que o mundo dá...

Toró de Parpite nr. 19. O amor em primeiro lugar



Toró nr. 19. Caiena-Guiana Francesa, 20 de junho de 2007. Estação da chuva. Chove, Chove, Chove, só Chove! ! ! ! + - 27 °C

O amor em primeiro lugar

„É possível que existam seres destinados ao amor em primeiro lugar. E que com a expressão amorosa de seu mútuo encanto pela humanidade de que são feitos rompam todos os limites a que estamos sujeitos. Mesmo os da morte dessa em vida que experimentamos com a miséria, a falta de interesse, de estímulo, a competição, a banalização. É possível que existam seres destinados ao amor em primeiro lugar. Esses seres se chamariam amantes. E esses seres amantes podem ser pais, filhos, professores, profissionais liberais que amam suas profissões, amigos, até estadistas; mesmos que estes últimos raros. E como Deus, esses seres amantes são organismos que sempre existiram e existirão. Nas células, num aperto de mão ou numa justa lei que fosse promulgada, numa lição, num serviço, num gesto ou numa cama.“

Quando Denise Stoklos terminou essas linhas eu já estava aos prantos. É possível? É realmente possível amar alguém ou algo até as últimas consequências? É possível seguir uma profissão apenas por amor e esquecer todos os valores de dinheiro, fama e poder que a sociedade nos impõe?

A peça „Mary Stuart“, escrita e interpretada por Denise Stoklos, mexeu comigo e com muita gente - ou quase muita! O Palácio Popular da Cultura, tão acostumado com as estrelas globais, estava vazio diante da imensidão do talento da atriz-escritora Stoklos.

E eu lá, „ouvindo“ todas aquelas verdades. Imóvel e maravilhada. Somos tão pequenos! Viemos ao mundo para crescer e desperdiçamos a chance com preocupações vazias, fulgazes e tão pequenas quanto nós mesmos. Matamos os nossos sonhos antes mesmo deles nascerem. Sufocamos a nossa personalidade a troco de quê? De sermos „aceitos“ pela sociedade que não suporta a criatividade, originalidade, a sinceridade e nos aponta o caminho da banalidade, da medíocridade, do igual, do comum. Caminho que seguimos sem questionar, nos distanciando cada vez mais de nós mesmos.

Denise Stoklos enfiou o dedo no meu nariz, na minha ferida e disse: „Faça algo pelos seus sonhos. Pare de escovar os dentes todos os dias pensando no teto do seu apartamento que está com infiltração. Pare de se deitar todas as noites pensando no teto do seu apartamento que está com infiltração. A vida é tão pequena e está acabando, escorrendo, acabando...

Eu não sei quanto às outras pessoas, mas quanto a mim, ficou um vazio depois que a peça terminou. Como se fosse um enorme buraco pra ser preenchido. E preenchido por mim! Meus Deus, que responsabilidade. Definitivamente, é bem mais fácil viver na ignorância. Eu disse mais fácil e, não melhor.

Obrigada Denise, por me brindar com o seu talento e a sua luz.
Patricia Nascimento
Texto publicado no Jornal do Brasil Central, JBC.
Campo Grande, MS, Brasil.
1994
* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, impressionada com a atualidade deste texto... Parece que foi escrito por mim na semana passada!

Toró de Parpite nr. 18. Nodo em Aquário

Toró nr. 18. Caiena-Guiana Francesa, 20 de junho de 2007. Estação da chuva. Chove, Chove, Chove, só Chove! ! ! ! + - 27 °C

Pessoal, quem é da minha idade, com certeza se lembra da banda de rock "Engenheiros do Hawai", certo?

Se em 1987 alguém me dissesse que algum dia eu faria meu mapa astral com o baterista da banda eu iria rolar de rir.

20 anos se passaram... e eis que vivo em Brasilia e vou fazer o mapa astral com um cara chamado Carlos Maltz! E não é que o astrologo é um dos fundadadores da banda e, na época, baterista? Uma figura!


Olha ele ai! é o moço da direita!

Agora, leiam só o que o cara escreveu sobre o meu nodo! E olha que ele não fazia idéia que eu era diretora de uma ONG!!!!!!! hahahahaha.

"NODO LUNAR NORTE EM AQUÁRIO

Do alto da sua torre de orgulho, a condessa avista a turba. Alguma coisa nela se agita e se morde enquanto os simples mortais se dirigem a ela ignorando a sua superioridade e nobreza...Pensa em virar as costas e voltar para a corte...Mas alguma outra coisa nela sabe que aqueles são os seus verdadeiros irmãos, e que sem eles, a sua vida não significa nada...

Lutando contra um ego gigantesco e esfomeado, que ameaça constantemente engoli-la, essa nossa irmã chega ao mundo imbuído de difícil missão: descer de seu pedestal e usar todo o seu poder e sagacidade que no passado estiveram a serviço de seu enriquecimento pessoal, para servir a uma causa coletiva e humanitária. A rainha veio servir o seu povo.

Ainda acostumado às cortes, nossa amiga pode perder algum tempo nessa vida freqüentando rodas “bem freqüentadas”, e escolhendo seus “amigos” pela marca do carro e localização da mansão. Discriminação racial,social, filosófica, religiosa, intelectual , etcetera e tal, e outras coisinhas do gênero ainda podem ser encontradas nos tipos menos evoluídos...

Poder e comando não são novidades para ela. Sabia manipular as pessoas com uma habilidade digna de um sinhozinho Maltz (OPA!!! Malta!!) e o resultado foi que à sua volta, ao invés de amigos e pessoas queridas, se cercou de um bando de bajuladores, esnobes e lobistas, que ela “generosamente” protegia.

Talvez, um ou outro artista ou astrólogo quântico da moda também fizesse parte de seu séqüito...Não que ela se interessasse por esse tipo de coisa, na verdade ela achava tudo isso uma “viadagem”, mas era pras pessoas saberem que ela tinha, além de dinheiro, “verniz”...

Porém, de tanto se preocupar com a fachada, seu palácio foi sendo comido por dentro pelos cupins, e um belo dia, quando voltou de uma temporada em Miami (as pessoas que se prezavam da época, tinham o seu palaciozinho em Miami) só encontrou um montão de serragem, e uma foto sua, abraçado com a Adriana Galisteu....

Mas isso foi há muito tempo...Outras Eras...Hoje ela está em outra “encadernação”, essas coisas são ecos do passado...Voltou como diretora de uma ONG que faz um trabalho bem legal nas cidades satélites...Um montão de gente bem intencionada, com idéias geniais... E sem nenhuma habilidade prática para lidar com dinheiro, pagamentos, investimentos, etc... (hahahaha genial!!!!!!!) E lá no meio, a nossa “condessa”, fazendo das tripas coração, pra conduzir a galera por esses territórios tão seus conhecidos.

Naturalmente, o casamento também não costuma ser uma experiência fácil para os nossos irmãos do Nodo em Leão (e é pra alguém?). O casamento é uma instituição democrática demais.... A gente tem que OUVIR o outro, isso já é demais!!...AHH que saudades dos bons tempos da fogueira...As bruxas viravam carvão...E lá se vai a condessa, sozinha e cheia de razão: “ A culpa foi toda dele”...

Mas o tempo, o velho mestre, sabe o que faz. O tempo não olha pra fachada, só vê o Coração.

Sabe todos, quem somos e a que viemos. E dá a cada um o que é seu. Com a mão firme e o Coração imenso de Pai supremo.

Pela Luz ou pela Dor, nossa ex-sangue azul irá deixando o pedestal para trás e, cada vez mais, se verá como parte da grande unidade que é a humanidade. Por mais excêntricas que possam parecer suas novas idéias (e ela agora não tá “nem aí” para o que os outros pensam), ela caminhará firme na direção daquela grande contribuição que pode dar aos seus irmãos, aprendendo que...” Lutar pela felicidade do próximo é a condição essencial para nos tornarmos felizes."

Amém!
Precisa dizer mais alguma coisa?
O cara foi na essência!

Beijos e até!

Ah! se você quer saber o seu nodo, dê uma passada no site do Carlos Maltz: http://www.maltzonline.com.br/astrologia.htm
Tem uma tabela com datas de nascimento. Descubra o seu nodo e boa sorte!

* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, ainda na lida com o ego de "condessa"...

Toró de Parpite nr. 17. Sete anos!

Toró nr. 17. Caiena-Guiana Francesa, 20 de junho de 2007. Estação da chuva. Chove, Chove, Chove, só Chove! ! ! ! + - 27 °C


Pessoal, voltei!

Depois de umas férias forçadas de 07 anos por pura falta de inspiração, o Toró ressuscita!

Pra resumir a história toda, quando deixei a Suiça em 2001, retornei ao Brasil e fundei uma ONG de jornalismo especializado em direitos da criança e do adolescente no MS, em 2002. Em 2005, deixei a ONG nas mãos do Pai, parti com o amor pra Brasilia e me tornei terapeuta de Reiki. 2006, tive um filho, casei (sim, nesta ordem!) e trabalhei numa ONG que produz um programa de radio especializado em educação. Em 2008, fui me embora do Brasil de novo! Pra Guiana Francesa! Com marido, filho, e só não foi o cachorro e o papagaio porque não tinhamos...

Mas vou colocar umas imagenzinhas pra ilustrar melhor.



Fundação da Girassolidario. Gestei e dei à (a) Luz, mas quem cuida é o Pai e o Stephan Hofmann. Um publicitario suiço que conheci às vespera de embarcar para o Brasil. Ele ia morar na Bahia. Mas quando conheceu o Pantanal se apaixonou e decidiu fundar a ONG comigo!!!! 2001



Logo da Girassolidario. 2002. Pra conhecer o trabalho, va em http://www.girassolidario.org.br/


Evento promovido pela OAB-MS e a Gira como parceira. Ai na foto, estou entrevistando o Zeca do PT, que era candidato à reeleição ao governo do Estado. 2003. Pausa para o cabelo. Sera um Toro à parte! Não perca!



Momento iluminado da minha existência. 2006



Eu e o Luka recebendo os portais do Reiki com a amada mestra Maria Tereza. Brasilia. 2006.



Luka. Lucca. Lux: Luz. Nascido da Luz. Que nasce com a manhã. é o meu filho... 2006


Casorio em Brasilia. Chuva de pétalas depois do "SIM"!!!!!!! 2006



E como nos nos empolgamos, fizemos outra festa de casamento no Mato Grosso do Sul!!!! Como diz a Moema, "isso é que é convicção!" Amei! 2007. Talvez agora role outra festa aqui na Guiana... hehe



Com a equipe do Escola Brasil, programa de radio especializado em educação. Saudades para sempre! Experiencia linda! 2006/2007. Pra conhecer o trabalho, va em http://www.escolabrasil.org.br/



Chegando na Guiana Francesa. Dessa vez com autorização pra ficar e sem medo de batida da policia! afe! 2008.


E voilà! C'est tout!
A bientôt!

Patie

* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, inspiradissima pra ressuscitar o Toró de Parpite!

terça-feira, junho 17, 2008

Toró de Parpite nr. 16. A Suiça começa a se cobrir de verde!






Toró nr. 16. Genebra, 02 de abril de 2001. Primaveeeraa ! ! ! Frio, Sol + - 14 °C

Olá amigas e amigos,

A Suiça começa a se cobrir de verde !
A gente só agüenta o inverno porque sabe que depois vem a primavera…
Ah, a primavera… (lê-se com notinhas musicais, por favor !).

Ontem, andei pelo Salève respirando o ar puro da montanha, com um céu azul de Pantanal e com vista para o Mont Blanc (aquela montanha francesa famosinha). Uma beleza !


Fiz uma prece de feliz aniversário para a Anginha (parabéns pra você…) e mandei vibrações de carinho para todos os amigos. Ah ! Que dia !
Só quem passou pelo inverno pode curtir a primavera aqui. O turista que chega agora até vai achar tudo lindo ! Verde, flores, tudo tão limpinho !
Mas só quem enfrentou 4 meses de cinza, neve e frio ; só quem encarou o amanhecer às 9 e o anoitecer às 4 da tarde é agraciado com essa sensação da vida pulsando nas veias e uma esperança no futuro que contraria a lógica e os fatos.
O título do livro « A insustentável leveza do ser » nunca fez tanto sentido como agora.



JOÃO BOSQUEAR – A platéia suíça e os poucos brasileiros que apareceram no Festival de Cully (uma prévia do Festival de Montreux) foram ao êxtase com o João Bosco. Os brasileiros (minoria, minoria, minoria e jogando fora de casa) tiveram que se contentar com as regras do adversário : nada de corinho quando o João dava a brecha. A única vez que tentamos ouvimos um « sschhhh » estarrecedor ! Parafraseando João, « mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar, meu coração tropical partirá esse gelo e irá com as garrafas de náufragos e as rosas partindo o ar ! » Minha vingança é que eles não entenderam as letras. Quem sabe se entendessem não seriam assim tão castradores… Hahahahaha. « Você com a sua música esqueceu o principal, é que no peito do desafinado também bate um coração. »

REPETECO - Fui assistir Cast Away novamente ! O filme merecia repeteco… Bom, novos insights, nuances e simbologias que não tinha percebido da primeira vez. Este Robert Zemeckis… Acredito que nós contruímos nossa vida a cada decisão tomada – ou não tomada, se for o caso. E assim como a personagem, que não ficou esperando o barco vir salvá-la, acredito que somos responsáveis pela nossa felicidade ou infelicidade na medida em que ouvimos (ou não ouvimos) os sinais que a vida nos dá. A cena dele deixando a ilha ainda foi motivo de lágrimas, muitas lágrimas. Senti-me como quando deixei o Brasil três anos atrás. Sem saber o que ia encontrar do outro lado do oceano. Completamente só mas, nunca desamparada ! Tenho comigo uma crença de que, quando NOS ajudamos, movimentamos forças que vêm em nosso auxílio. Assim, apesar de não saber absolutamente nada sobre o que seria de mim no dia seguinte, continuei sentindo os sinais da vida e seguindo de acordo com esses sinais que me eram apresentados. Minha irmã (oi Erika !) me avisou de uma passeata contra o trabalho infantil em Genebra. Liga dali, escreve daqui, descobre que OIT em inglês é ILO e toca pra Genebra. Um cartão de visitas da Terra dos Homens (obrigada Betô !), recebido durante a passeata se transformou em um convite para trabalhar na Índia e continua a me dar o norte até hoje.
Leonardo Boff costuma dizer que não há ressurreição sem a sexta-feira da paixão. Assino embaixo. Três anos se passaram (simbólico, não ?) e começo a sentir os sinais da ressurreição. Lições aprendidas e provas passadas, começo a sentir a necessidade de retornar para casa e abandonar a ilha em que me meti para aprender a amar.




CAROS AMIGOS – Tcharammmmm ! Saiu a segunda participação da dupla dinâmica Patrícia Nascimento e Eliane Oliveira na revista Caros Amigos. Desta vez o alvo é o Fórum de Davos, na Suíça. Ainda não li, mas recebi uma comunicação da redação da revista confirmando a publicação. Quem quiser ler : Caros Amigos, Edição Especial sobre o Fórum Social Mundial de Porto Alegre. E depois contem o que acharam…

LENDAS – Recebi esta lenda de um amigo muuuuito querido (oi Tão ! – ou será Tao ?)
“Monge e discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora, o bichinho o picou e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente no rio. Foi então a margem tomou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou. Voltou o monge e juntou-se aos discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados. "Mestre, deve estar doendo muito! Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! picou a mão que o salvara! Não merecia sua Compaixão!" O monge ouviu tranqüilamente os comentários e respondeu: "Ele agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a minha." Esta parábola nos faz refletir a forma de melhor compreender e aceita as pessoas com que nos relacionamos. Não podemos e nem temos o direito de mudar o outro, mas podemos melhorar nossas próprias reações e atitudes, sabendo que cada um dá o que tem e o que pode. Devemos fazer a nossa parte com muito amor e respeito ao próximo. Cada qual conforme sua natureza, e não conforme a do outro.”


Obrigada por ter-me enviado a parábola Ton e proponho uma meditação sobre o assunto sob uma outra ótica: Até quando seres humanos criados por Deus, para aprenderem a amar, seguirão pelo mundo picando a todos que se aproximam para amá-los ? Dizendo a todos que foram magoados:
« Desculpe-me, esta é a minha natureza… » ou « Você não devia ter se aproximado, não sabia que podia se machucar? » ou « Não posso mudar… ».
Até quando essas pessoas seguirão confusas, espalhando a confusão por onde quer que passem e nos corações dos que ousaram ver-lhes a beleza e tentaram mostrar-lhes a ternura que existe dentro delas?
Da minha parte, seguirei cumprindo o ensinamento daquele que sabe tudo de natureza humana (Jesus) para que eu não faça parte dos milhares de confusos e egoístas incapazes de abrir o coração ao amor que a tudo alegra e beneficia. Há dois mil anos, o mestre já ensinava que enfrentar a crueldade com armas semelhantes seria perpetuar o ódio. Afirmava que a atitude diante dessas pessoas não é a da indiferença, mas sim, a do bem ativo, enérgico, renovador, VIGILANTE, e operoso.
O nosso lado inferior reclama « olho por olho, dente por dente », Jesus, todavia, nos aconselha o perdão setenta vezes sete DE CADA OFENSA.
Mas o perdão não é esquecer e abrir as portas do seu coração para ser picado novamente. O perdão é conseguir reunir forças para sentir compaixão pelo cego espiritual e ajudá-lo sim, mas tomando as devidas precauções, como o monge que retirou o escorpião do rio com um ramo de árvore, mantendo-se a salvo de nova picada.
Por último, tenho um aviso aos escorpiões de plantão, incluindo simpatizantes e ascendentes : assim como o monge, eu me disponho a cultivar a compaixão por pessoas que ainda tenham a natureza escorpiana e picam a todos que tentam expressar amor por elas. Continuarei dando o melhor de mim para ajudá-las na árdua tarefa de se melhorarem, uma vez que viemos a este planetinha para isso mêss mas, não dividirei meu coração e nem entregarei meus olhos. Assim como, não “romperei com o mundo e nem queimarei meus navios” (oi Chico!) para ajudá-las. Serão dignas de minha compaixão sim, mas, não estarão autorizadas a fazerem parte do círculo de amigas e amigos que partilham e COMpartilham das minhas conquistas e sonhos.
Minha dedicação a essas pessoas irá até onde a percepção de que sou bem-vinda me guiar, acompanhada de um “ramo de árvore”, para manter a distância necessária.

MÚSICA DA VEZ - Como é que vocês sabiam que é uma canção da Noa ?


Angel with a broken wing never leaves the ground
Um Anjo com uma asa quebrada nunca deixa o chão

Angel trying hard to sing, but she can’t make a decent sound
Um Anjo tentando cantar, mas não pode fazer nenhum som

Angel with a broken wing felling so alone
Um Anjo com a asa quebrada e sentindo-se sozinho

Angel, she’s trying everything
Um Anjo que tem tentado tudo

But she can’t find her way back home
Mas não pode achar o caminho de volta pra casa

She looks up to the skies but there’s nothing there but grey
Ela olha para o céu mas não há nada lá além do cinza

She looks down and turns away
Ela olha pra baixo e dá as costas

Angel, look how things turn bad when you are so busy being good
Anjo, olha como as coisas se tornam ruins quando você está tão ocupado sendo bom

Angel feeling so alone
Um Anjo se sentindo só

Angel, she’s trying everything
Um Anjo que tem tentado tudo

But she can’t find her way
Mas não pode achar o seu caminho
Her way back home
Seu caminho de volta pra casa.


Beijins saltitantes
Patie
* Patricia Nascimento, 29, jornalista, despedaçada por um ascendente escorpião que nem casava e nem desocupava a moça. Seu e-mail: patienascimento@hotmail.com

Toró de Parpite nr. 15. Os remos foram abandonados.


depois da tempestade...

a calmaria.

Toró N.15. Genebra, 02 março 2001. Inverno, Frio, Neve, Nublado! 7°C.

RESSURGE - Eis que ressurge, entre dores e vendavais, o Toró de Parpite.
Alguém teria dito que é sina do jornalista escrever melhor quando sofre. Não gostei, mas os fatos provam que sim. Antes assim. Se pra crescer tenho que chorar, que venham as lágrimas. Não suportava a superficialidade nem quando era superficial. E como diz o Gil, « só me rendo pelo brilho de quem vai fundo e mergulha com tudo pra dentro de si. » O resto são passagens…

PERIODICIDADE -Como vocês devem ter observado, o Toró não tem qualquer compromisso com periodicidade, prometendo assim, total fidelidade ao tesão de escrever. Vai um tesão, vem outro…

CAST AWAY – Quem assistiu o filme "O Naufrago" com o Tom Hanks ?
Pois é, quem captou a bela metáfora da vida que o Robert Zemeckis mostrou ?
Já pararam pra perceber o quanto cada um de nós é uma ilha ? Ou o quanto nos fazemos ilhas proibindo as pessoas que amamos de adentrar ? Ou o quanto nos deixamos ficar em ilhas, por medo ou comodismo, imaginando que sejam um porto seguro ?
Já pararam pra perceber como precisamos de amigos, ainda que sejam imaginários, pra ajudar a gente a suportar as tempestades ?
Perceberam o quanto nos desgastamos e nos machucamos ao tentar vencer as « ondas », quando, na verdade, deveríamos conhecê-las e tirar proveito para que as mesmas « ondas » se tornassem momentos de crescimento ?

O filme inteiro é uma bela metáfora desta nossa pequena e frágil lição chamada VIDA. Mas foram 4 os momentos que mais me marcaram :

1. Quando ele estuda o mar e o movimento das ondas, o vento, as chuvas, para poder sair da ilha. Não parece a gente tentando conhecer o mar-vida ?

2. Quando ele encontra o momento certo e, finalmente, se atira no mar. Ignora medos, dúvidas, ansiedades e qualquer outro sentimento contrário a vontade de sobreviver e reencontrar a amada.
Não parece a gente se atirando no mar desconhecido de uma relação, apostando planos, projetos, sonhos, acreditando que o « pra sempre » existe ?
Não parece a gente entendendo que a relação (seja ela qual for) não é um porto seguro ? É uma ilha. Uma ilha tão pequena que não sabemos porque demoramos tanto pra descobrir que não era um porto seguro.

3. Quando a personagem, cansada de lutar, deposita os remos no mar e deita-se na jangada. Atitude derrotista e suicida ? Não vi assim não. Vi uma pessoa que fez tudo que podia para alcançar o objetivo mas, percebe e assume a sua fragilidade perante a grandeza do mar-vida. Nada mais pode ser feito. Seu gesto de depositar os remos no mar é uma completa entrega da sua vida nas mãos da Vida.
Não parece a gente quando percebe os limites e se volta para Deus, Buda, Oxalá, Maomé, Jesus, Tupã, Jeová? Não parece a gente quando entende que os caminhos da VIDA, às vezes, são diferentes dos nossos projetos ? Não parece a gente quando entende o verdadeiro sentindo da resignação e aceita o que a Vida tem para nos ofertar ?

Eu deposito os meus remos no mar-vida neste instante. Vou para onde a Vida me acolher. Para onde as ondas do Amor me levar. Porque será feita sempre a vontade do Pai/Eu Superior em minha vida, e nunca a vontade do Filho/Ego. Assim será. Os remos já foram abandonados.

4. E finalmente, quando ele encontra a amada que já está trilhando um outro caminho e exige dele a lição mais dolorida de uma encarnação : a renúncia.
Renunciar não é só abrir mão de um sonho ou desejo. Renunciar é enfrentar o buraco, o vazio, o escuro, o mar da dúvida a nossa frente. É nos rasgarmos para que a dúvida seja digerida e compreendida. É nos abrirmos em novas dúvidas para que a claridade volte a reinar.

Mas nem tudo são dores. Renunciar é acatar o caminho que DEVE ser trilhado. É retornar para o ponto de onde nos desviamos por descuido, imprudência ou por acreditar que o desvio ERA o caminho.

E como saberemos que estamos no caminho que deve ser trilhado ? Saberemos. É só prestar atenção ao coração, que « precisa de paz pra sorrir. » E a paz vem do dever cumprido.

Por fim, renunciar a um caminho é fazer novas escolhas entre os muitos caminhos que surgirão nas encruzilhadas da Vida. E aí um círculo estará completo para se iniciar um outro. Assim é a vida. De círculo em círculo, de caminho em caminho até a perfeição.

Estes foram os momentos do filme que me fizeram pensar na encruzilhada em que me encontro. Renunciado o antigo caminho, qual deles devo seguir agora ?
Ainda não sei, mas confio de tal forma na Vida que não me permitirei sentir medo ou ilusões. E como disse a personagem do filme: « Agora é continuar respirando ! »

O CUIDADO – Leonardo Boff ataca novamente. « Saber Cuidar » é uma pérola para os que estão à busca do que vem a ser o cuidado.
Do latim Cura, cuidado era a palavra usada num contexto de relações de amor e amizade. Expressava a atitude de cuidado, de desvelo, de preocupação e de mostrar interesse pela pessoa amada ou por objeto de estimação. O cuidado somente surge quando a existência de alguém tem importância para mim. Passo então a dedicar-me a ele, disponho-me a PARTICIPAR DE SEU DESTINO, DE SUAS BUSCAS, DE SEU SOFRIMENTO E DE SEU SUCESSO, enfim, de sua vida.

Se assim não fora, a pessoa não se sentiria envolvida com a outra e mostraria negligência e incúria por sua vida e seu destino. No limite, revelaria indiferença que é a morte do amor e do cuidado.

O fato de carregarmos sempre uma sombra de descuido, não invalida a permanente busca do cuidado essencial. O cuidado não é uma meta a se atingir somente no final da caminhada. É um princípio que acompanha o ser humano em cada passo, em cada momento. Tal atitude gera discreta alegria e confere leveza à gravidade da vida.

ASSINALE X NA SUA OpçÃO DE VIDA :

1. A Negação do Cuidado :Assim como a pior doença é negar sua existência, de forma semelhante, a pior aberração do cuidado é sua negação. O ser humano fecha-se sobre o seu próprio horizonte, tornando-se cruel consigo e com os outros. Recusa relações e afoga sua capacidade de enternecimento e de amar. A partir daí, tudo é possível, até mesmo o impossível.

2. O Cuidado em Excesso : « O excesso de verdade é pior que o erro », dizia Pascal. O excesso de cuidado causa o perfeccionismo imobilizador. Há os que colocam em tudo tanto cuidado que nunca chegam a concluir o que iniciaram. Perdem oportunidades únicas, negócios vantajosos e chances de crescimento. Sentem-se insatisfeitos, acrescentando coisas sobre coisas. No limite, ficam imobilizados.

3. O Cuidado em sua Carência, o Descuido : Normalmente não conseguem ser inteiros no que fazem. Seja porque perderam o seu centro assumindo coisas demais, seja porque não colocaram todo o empenho no que fazem.
Tarefa humana é construir esse equilíbrio com autocontrole e moderação, mas sobretudo com ajuda do Espírito de Vida que nunca falta, porque ele é « a quietude no trabalho, a frescura no calor e o consolo nas lágrimas » : o equilíbrio dinâmico.

Musica da vez - Uma canção do Gil, a Noa de calças. Na verdade, uma versão de Jean e Paulo Garfunkel/Prata.

Gato Gaiato
Pelo que me diz respeito
Eu sou feita de duvidas
O que é torto o qu é direito diante da vida
O que é tido como certo, duvido
Sou fraca, safada, sofrida
E não minto pra mim
Vou montada no meu medo e mesmo que eu caia
Sou cobaia de mim mesma no amor e na raiva
Vira e mexe me complico
Reciclo, to farta, to forte, to viva
E so morro no fim
Lá do alto do telhado pula quem quiser
Só o gato que é gaiato cai de pé
E pra quem anda nos trilhos cuidado com o trem
Eu por mim já descarrilho e não atendo a ninguem
SÓ ME RENDO PELO BRILHO DE QUEM VAI FUNDO
E MERGULHA COM TUDO PRA DENTRO DE SI
E se a gente coincidisse num sonho qualquer
Eu contigo, tu comigo
Os dois, homem e mulher
Sendo a soma e tendo a chance de ser um par de pessoas, na boa
Vivendo felizes

Thats all folks ! Espero que não tenha sido muito densa. Afinal de contas, a mensagem final é « ame e deixe-se amar. »

Beijos mir
Patie
* Patricia Nascimento, 29, jornalista, confiante na vida e no ser humano, apesar de tudo. Seu e-mail: patienascimento@hotmail.com

Toró de Parpite nr. 14. Limpeza da Piscina

Birmensdorf, 24.05.2001 Primavera N.05 Ano II


Limpeza da piscina

A ilha do Brasil, ou ilha de São Brandão, ou ainda Brasil de São Brandão, era uma das inúmeras ilhas que povoavam a imaginação e a cartografia européias da Idade Média, desde o alvorecer do século IX. Também chamada de „Hy Brazil“, essa ilha mitológica, „ressonante de sinos sobre o velho mar“, se „afastava“ no horizonte sempre que os marujos se aproxiamavam dela. Era, portanto, uma ilha „movediça“, o que explicava o fato de sua localização variar tanto de mapa para mapa. Segundo a lenda, Hy Brazil teria sido descoberta e colonizada por São Brandão, um monge irlandês que partiu da Irlanda para o alto-mar no ano de 565. Como São Brandão nasceu em 460, ele teria 105 anos quando iniciou a viagem. O nome „Brazil“ provém do celta bress, que deu origem ao verbo inglês to bless (abençoar). Hy Brazil, portanto, significa „Terra Abençoada“. Desde 1351 até pelo menos 1721 o nome Hy Brazil podia ser visto em mapas e globos europeus, sempre indicando uma ilha localizada no oceano Atlântico. Até 1624, expedições ainda eram enviadas à sua procura.

TERRA A VISTA - Alguém aí tem dicas sobre o que fazer quando a gente se sente um excesso de bagagem com passaporte brasileiro?

Ainda Ricardo Freire: „o corpo humano do turista se divide em cabeça, tronco e malas. Malas são abusadas. Malas empacam. Malas querem ser carregadas.
Existem 3 tipos básicos de malas: a mala grande, a mala de mão e a que você compra de última hora pra caber tudo o que você comprou. hahahaha.

AHHHHHHHHHHH! Que farei com os meus amados, adorados, veneráveis, inseparáveis e assumidos kilos de papéis que juntei nesses 3 anos?

Completing a circleYou always return to where you start from. But of couse you have changed, and so has what you left, and so has your relationshipwith what you left. So you return to a different physical, emotional and psychological space. After you return you can feel that you aremoving backwards, but you need time to integrate your experiences before you can move on again. When is it time to go back? Whenyou can't remember why you left.By Paul Emmerson, English writer and teacher.


MÚSICA DA VEZ - Vida Bela Vida
(Paulo Simões e Guilherme Rondon)

Intenções e orações
aflições
vamos repartir
pensando bem
quantos sonhos deixamos pra trás
outros porém
nós tornamos reais

vida bela linda vida
só quero viver
muito tempo ainda junto com você
vida bela linda vida
porque nao viver
muito tempo ainda
junto com voce?

deve existir
motivo pra continuar
aonde ir
ou pra onde voltar
indecisões
com o tempo só vêm aumentar
as desilusões
sempre tão fatais
nossos corações
quando podem ser felizes
batem muito mais
nossos coracoes
quando podem ser felizes
batem muito mais

vida bela
linda vida
porque nao viver
muito tempo ainda
junto com voce?
vida bela
linda vida
só quero viver
muito tempo ainda
junto com voce?

beijins saltitantes!

Toró de Parpite nr. 13. Gratidão à Suiça.




Birmensdorf, 28.05.2001 Primavera. Calor. Sol. nr. 13


Olá pessoal,

Em novembro do ano passado estive na Embaixada da Suíça, em Brasília, para retirar o visto de estudante. Quando atravessei os portões da Embaixada e pisei em solo suíço (ainda que no Brasil), meu coração entrou em clima de batucada, algo comparável ao que sinto quando uma câmera liga e o cinegrafista diz “valendo“.

Foi muito emocionante...

Fiquei olhando a bandeira vermelha e branca em contraste com o céu cinza (o céu estava cinza em Brasília, só pra combinar com o tempo nos Alpes) e me perguntando que emoção era aquela. Na época, acreditava que iria dividir as emoções e aflições com um suíço - o que me levou a pensar que aquele sentimento tão bom e forte alí, no pátio da Embaixada, viesse dessa certeza de que tinha encontrado um amor.

Hoje, com o lago da mente mais calmo e os contornos das emoções mais definidos, percebo que aquela emoção sentida em Brasília não teve raíz no amor que senti por um suíço mas, no amor que senti e sinto por esta Pátria.

Foi aqui neste país, sob um céu cinza e um clima gelado que iniciei a mais bela viagem da minha vida: a viagem interior.

O que sinto pela Suíça é a mais pura gratidão por ter me acolhido com os braços abertos e por ter me proporcionado a descoberta de tantas belezas.

Aqui com nesta nação que aprendi a lição de que disciplina nada tem a ver com autoritarismo e espontaneadade nada tem a ver com irresponsabilidade.

Foi aqui também que comecei a prestar atenção nas minhas palavras e em como as desperdiçamos com o medo, a superficialidade e a intolerância.

Na Suíça as resoluções amadurecem devagar e as realizações exigem muito tempo. Existe um projeto de um túnel que está em discussão há 12 anos!!!!! Nada é feito „nas coxas“, pra ver no que dá...

Esse cuidado com o planejamento, com os detalhes, me levou a entender e a exercitar um cuidado pela minha vida. Foi aqui que comecei a me perguntar profundamente: „o que estarei fazendo daqui a 10 anos? O que faço agora está me levando para onde quero estar daqui a 10 anos? E, principalmente, o que tenho agora é o suficiente? Vale a pena investir meu tempo e sentimento neste projeto ou pessoa?“

Devo este despertar a Suíça, país que me proporcionou condições para a minha consciência se expandisse e assumisse uma postura mais madura perante mim mesma, meus desejos e perante os outros.

A Suíça está entre os cinco países mais ricos do mundo. E esta riqueza pode ser vivenciada por todos. O transporte público é exemplar. Até quem está aqui ilegal, trabalhando como babá ou faxineira, goza de uma qualidade vida que deixaria a nossa classe média com água na boca. Essa coisa do trem sair pontualmente no horario previsto (às 7h39) ainda me deixa perplexa. Como pode um país ser tão organizado? A Suíça me prova a todo instante que um mundo com menos desigualdades é possível.

É fato que por trás desta riqueza toda tem a receptação do ouro judeu, dinheiro nazista e dos lucros de todo o tipo de porcaria praticada no mundo: desde narcotráfico à corrupção, passando pela fuga de capital estrangeiro.

Tempos atrás, quando o tema corrupção no Brasil era o predileto nas rodinhas das festas que frequentava, um banqueiro parecia deliciado em expôr as feridas do nosso país. No meio do discurso irônico, interrompi-o e disse-lhe que „um país que recebia o dinheiro roubado do povo através da corrupção não podia ser considerado melhor do que o nosso. E o senhor, sendo banqueiro, deve saber melhor do que eu sobre este assunto.“ Depois disso, nos encontramos várias vezes em outras festas mas, ele nunca mais pôs as garrinhas de fora.

Mas nem só de sacanagem é construída a qualidade de vida aqui. Os suíços também pagam pelos serviços que recebem - e caro! Os impostos são altos, certeiros e não tem essa de não pagar, não. Eles conseguiram desenvolver um sistema tão transparente que fica difícil passar a perna. E nem pense que não existe suíço que tenta dar o cano no imposto. Eles existem sim, mas como o sistema funciona bem, fica mais difícil conseguir.

Não existe essa de povo mais ético, ou mais consciente. No fundo, todo mundo quer o mesmo: samba, suor e cerveja. Coloque um suíço safado num país com leis menos rígidas e você vai ver a „ética“ que ele tinha na Suiça onde vai parar...
De qualquer forma, foi aqui na Suiça que as palavras cidadania e igualdade social sairam do papel e fizeram sentido para mim. Foi aqui tambem que fiz a minha viagem interior. Por isso, nao tenho outro sentimento que nao seja gratidão pela Suiça.


MÚSICA DA VEZ - Guilherme Arantes

Eu quero o sol ao desperta
Brincando com a brisa
Por entre as plantas da varanda em nossa casa
Eu quero amar
É lógico que o mundo não me odeia
Hoje eu sou mais romântico
Que a lua cheia
Você mostrou pra mim
Onde encontrar assim
Mais de um milhão de motivos pra sonhar
E é tão gostoso ter os pés no chão e ver
Que o melhor da vida
Vai começar

Beijos e até a proxima!
* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, saudosista que nunca esqueceu a Suiça e é de la que ela vos escreve, apesar de viver fisicamente na Guiana Francesa. Seu e-mail: patienascimento@hotmail.com

Toró de Parpite nr. 12. Caminhos me levem...




Birmensdorf-Suiça, 24.05.2001
Primavera Verde. Calor!! Sol!! 28°C!!! nr. 12

Olá pessoal,

Desde que decidi voltar para o Brasil, esta é a primeira vez que sonho andando pelas ruas de Campo Grande-MS-Brasil, completamente feliz e em paz! Que sonho...

Os versos de Paulo Simões ecoam em mim: "sombras podem ir façam o favor, é mês de maio, a vida tem seu esplendor". As notas da viola do Almir Sater já tem até o cheiro de terra vermelha molhada!
Iupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.






CAMINHOS - Vivo em Birmensdorf, uma cidade da Suiça que fica a 20 minutos de Zurique. Tenho duas possibilidades pra chegar em Zurique:

1. Estar às 07h03 ou 07h33 na parada do ônibus. Entrar no "coletivo" que encosta pontualmente às 07h03 ou 07h33 (hahahahahahaha), descer na próxima parada, entrar na estação e pegar o trem para Zurique que passa pontualmente às 07h13 ou às 07h43.

2. Ir a pé até a estação e pegar o trem para Zurique.

Decidindo pela segunda possibilidade (ir a pé), duas novas escolhas se apresentam:

1. Ir pela calçada da avenida lotada de carros e caminhões.
2. Ir por um caminho que atravessa um jardim-horta-pomar. A estaçao esta do outro lado do jardim.


Sempre que vou a pé até a estação, escolho o caminho do jardim-horta-pomar. É uma belezura acompanhar a natureza mudando de acordo com as estações. No inverno, tudo branquinho, coberto de neve, os galhos secos e retorcidos lembram-me a importância do recolhimento pra se fortalecer.

Na primavera, vixe-maria-do-céu, é tanta beleza, tanta vida, tanto luz traduzida em verde, que chego a ficar entre estado de graça e abestalhamento (existe essa palavra?). As flores chegam tímidas, devagarzinho, uma aqui, outra acolá e, em um único dia, elas explodem diante de você, em cores e quantidade de deixar qualquer um apaixonado pela vida. Então vem o verão. Um calor que vai amadurecendo tudo. É lindo demais perceber que toda essa beleza veio da semente e do cuidado. E no outono, as folhas caindo me faz pensar no cumprimento dos ciclos que devem se fechar sem apegos e o preparo para o próximo inverno que se aproxima. Sem dramas. Ciclo da natureza que, bem entendido, pode ser bem vivenciado sem traumas maiores.

Por dentro desse jardim, passa um riacho. O som da água me faz muito bem. Recordo-me que é preciso me manter flexível e adaptável, como a água, que a tudo preenche, nutre e segue em frente sem esperar por prêmios ou reconhecimentos.

Então, um dia desses, uma pessoa muito querida e eu íamos juntas para a estação. Entrei no caminho do jardim e ela, sob protestos me disse que não gostava daquele brejão e que, da próxima vez, iria pela calçada.

Brejão!!!!!!!!!!!

No segundo dia, fui eu pelo „meu“ jardim e ela pela calçada. Fui matutando nos caminhos que escolhemos e em como é que a gente faz pra trilhar os caminhos da vida com alguém que a gente supõe amar, quando o outro acha o nosso caminho um brejão.

É possível cada um trilhar o seu caminho e continuar junto?

Se é possível cada um trilhar o seu caminho e continuar junto, como fazer para que essa escolha não leve à separação cedo ou tarde?

Qual é a diferença entre perseverança e teimosia?

E, finalmente, qual é o limite entre permacecer afastado por indiferença ou por respeito?

Ao final da caminhada, chegamos as duas, ao mesmo tempo na estação e continuamos a viagem juntas dentro do trem. Cada uma respeitando a necessidade da outra, andando separadas por um tempo pra poder se encontrar lá na frente e dar continuidade ao restante da jornada juntas.

Percebi que é preciso desenvolver uma grande dose de compreensão e respeito pelas necessidades do outro mas, sem perder a confiança de que vale a pena ir pelo SEU caminho, quando o coração aponta nessa direção.

E na pior das hipóteses, ter coragem de renunciar à presença do outro quando ele/ela não respeita as suas escolhas ou quando simplesmente quer outra coisa.

PS 1 (2008): A pessoa queridissima a que faço referência no texto acima agora é casada com um agricultor que planta cerejas na Suiça. Ela cultiva uma horta com batatas, hortaliças e morangos.
Eu me mudei para a amazônia francesa e começo a ver a beleza da estaçao da chuva por aqui.

PS 2 (2012): Agora estou vivendo nos alpes franceses com marido e filho. Vivenciei, na pratica, durante estes 12  anos desde que escrevi este texto,  situaçoes que me levaram a encontrar TODAS as respostas para as perguntas que fiz no texto. Em profunda gratidão pela caminhada que estou fazendo e por toda a ajuda visivel e invisivel que tenho recebido. 

MÚSICA DA VEZ - Mês de Maio / Almir Sater e Paulo Simões

Azul do céu brilhou
O mês de maio enfim chegou
Olhos vão se abrir pra tanta cor
É mês de maio
A vida tem seu esplendor
A luz do sol entrou pela janela
E convidou pra tarde tão bela e sem calor
É mês de maio
Saio e vou ver o sol se pôr
Horizonte de aquarela que ninguém jamais pintou
E o enxame de estrelas diz que o dia terminou
Noite nem se firmou e a lua cheia
Já clareou
Sombras podem ir façam o favor
É mês de maio
É tempo de ser sonhador
Quem não se enamorou no mês de maio
Bem que tentou
E quem não tiver ainda amor
Os solitários
O mês de maio é o protetor
Boa terra velha esfera
Que nos leva aonde for
No futuro, quem nos dera que te dessem mais valor

Um beijo grande pra todos vocês e que o mês de maio abençoe a todos que buscam o significado do amor em suas vidas.



* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka sempre surpresa com as incriveis voltas que o mundo dá!

"Caminhos me levem se meus pés disserem que sim." (Paulo Simões e Almir Sater)
http://youtu.be/rAzA0k_AtaU


PS: 2013 

Caminhos me levem...

Amanhã bem de manhã
Vou sair caminhando ao léu
Só vou seguir na direção
De uma estrela que eu vi no céu
Pra que fingir que não devo ir
Caminhos me levem
Aonde quiserem
Se meus pés disserem que sim
Vejo alguém seguindo além
Eu aceno com meu chapéu
Pois tanto faz de onde ele vem
Pode ser algum menestrel
Que vai e vem, sempre
Sem ninguém
Caminhos te levem, aonde puderem
Se teus pés quiserem assim
Mesmo me afastando de você
Sei que não te deixo me esquecer
Mas tente compreender minhas razões
Já faz um tempo
Em que eu vivi
Feito linha de um carretel
Olhei em volta então me vi
Prisioneiro de um anel
Não resisti
Foi bem melhor partir
Perigos me esperam
Abrigos não quero
Que meus pés decidam
Por mim
Mesmo me afastando de você
Sei que não te deixo me esquecer
Mas é nosso dever fazer canções
Caminhos me levem
Composição: Musica: Almir Sater  Letra: Paulo Simões


Toró de Parpite nr. 11. Em Veneza!





Em Veneza, com minha irmã. Inesquecivel!


Zurique, 11.05. 2001 Primavera. SOL! Calorzinho! Céu azul, azul... n.11

Felicidade, no meu humilde parpite, é perceber as pequenas coisas do dia-a-dia e ser capaz de desfrutá-las, não importa se for tomar um tereré no Rio da Prata, no Pantanal (né Ton?) ou champagne na Praça San Marco, em Veneza (né Erika?). Para mim, não é a ação em si mesma o mais importante mas, como a percebemos e sentimos. Já estive mais conectada à vida em Vicentina, uma pequena vila no Mato Grosso do Sul, do que em Lugano, no sul da Suíça.

Hoje, felicidade é perceber os olhos das pessoas e o que eles me dizem. É poder colocar a palma da mão sobre o peito do outro e sentir o pulsar da vida alí - na palma da sua mão! É poder dizer „eu te amo“ sem medo do futuro.

Felicidade é ouvir Vivaldi e pensar „estou viva“ e que o amor vai se expressar a qualquer momento na sua vida; elevar o coração com a voz do Bocelli e cantar bem alto com o Lulu „eu quero crer no amor numa boa“.

Felicidade é se assumir com todos os desejos, luzes e sombras e se perdoar. É chorar de arrependimento por todas as besteiras que cometeu mas, aprender com elas.

Felicidade é conseguir ver a mãe e o pai com todas as suas luzes e sombras e os perdoar, porque eles também estão aprendendo.

Felicidade é poder confiar em você mesma, saber que está sozinha e que isso não dói mais.

Felicidade é abrir o hotmail e ver a caixa abarrotada. E receber um e-mail de um amigo que não vê há tempos mas que nunca deixou um espaço vazio (né Marcelo?).

Felicidade é perceber os seus medos e o do outro e conseguir sobreviver a tudo isso.

Felicidade é ter coragem de partir quando é necessário.

Felicidade é ter para onde e para quem voltar.

Felicidade é poder chorar de emoção e saudade enquanto escreve para os amigos.


TOSTINES - Sou desgarrada porque não tenho raízes ou não tenho raízes porque sou desgarrada?

TERRA À VISTA - Dicas úteis e inúteis para quem está de malas prontas.
O veneno, digo, conselho está aprovado. Veneza foi „A VIAGEM!“

>Conseguirei fazer tudo que está planejado?

Como saímos de Zurique com hotel reservado e roteiro previamente lido e traçado, o tempo foi super bem aproveitado! Quatro dias pareceram uma semana!

>Conseguirei me divertir (parece que vai chover...)?

O tempo estava espetacular! Céu azul com direito a belíssimo pôr-do-sol no Canal Grande e violinos ao fundo! hahahaha. Que viagem!!!!!!!

>Conseguirei ter coragem de pagar um drinque no famoso (e caríssimo) Harry’s Bar?

Não, não tive. Além de caro, o melhor da festa está fora do Harry’s. O bar é badalado, gente famosa esteve e está lá. Restaurante onde o carpaccio, carne cortada em fatias, servido (normalmente) com rúcola, foi inventado e onde foi criado o drinque "Bellini ", um dos mais famosos do mundo. Quem não quer degustar tudo isso no restaurante que Ernest Hemingway tanto amava? Eu e minha irmã! hahahaha.

Conta a lenda que Hemingway ambientou lá parte da ação do livro Além do Rio e Através das Árvores. E cita o bar em um breve conto que escreveu para os netos. Em O Bom Leão, fala de um leão alado que volta da África para encontrar seu pai, justamente o felino com asas que habita uma coluna da Praça São Marcos e é o símbolo da cidade. Juntos, leão e leãozinho vão fazer uma visita ao velho Cipriani, no Harry´s

Pois isso tem preço - e alto : US$ 80 por dois bellinis e um carpaccio acompanhado por pequena salada verde e singela cesta de pães. Vale a pena? Depende. Nas atuais conjunturas, não. Quem foi diz que o bellini é o drinque dos deuses, os pães perfeitos, a salada crocante e muito bem temperada e o carpaccio é mesmo o melhor do mundo e que no terrível preço já estão embutidos, vista linda, ótimo serviço, pessoas misteriosas e a sensação de estar sentada num dos bares mais famosos do mundo, desfrutando de um momento especial e relaxante. Eu não senti isso não. Senti os garçons atendendo as donas cobertas de jóias que entravam lá para jantar. A turma com guia de turismo e à procura de um „drinquezinho baratinho só pra contar que foi ao Harri’s“ tinha que esperar uma vaga no bar ou tomar o drinque de pé, alí mesmo perto da porta, porque o lugar é minúsculo. Deixamos o bar imediatamente! A propósito, os nomes carpaccio e bellini foram dados em homenagem a dois célebres pintores venezianos, Vittorio Carpaccio e Giovanni Bellini.

Andamos um quarteirão e despencamos na Praça San Marco. Violinos ao fundo, pôr-do-sol, pombos, muitos pombos e gente branca, negra e amarela de todas as partes do mundo. De calça jeans a vestidos de noite, a praça San Marco é o programa mais democrático que existe naquela cidade.

O Bar Quadri, fundado em 1720, teve lorde Byron, Goethe, madame de Stäel - uma respeitável densidade de QI literário por metro quadrado - como fregueses. Consta que Thomas Mann adorava o Florian, o bar em frente ao Quadri. E, de fato, o ambiente parece propício para esse alemão melancólico, filho de brasileira, que escreveu uma novela inesquecível sobre a cidade que amava, "Morte em Veneza". Não é preciso conhecer o livro, ou o filme que Visconti tirou dele, para adivinhar que o enredo não é dos mais amenos. Isso não quer dizer que o Florian ou o Quadri tenham nascido sob o signo de Saturno, irremediavelmente depressivos. Muito pelo contrário, pela metade do preço dos dois bellinis com carpaccio no Harri’s Bar, tomamos champagne sentadas às mesinhas com toalhas impecavelmente brancas do lado de fora do Bar Quadri (com vista para a Basílica, noite estrelada e o Andrea tocando Vivaldi e Insensatez no violino) até voltarmos para o hotel embriagadas, felizes e cantando pelas ruas de Veneza, ouvindo a cada três minutos „Ciao Bellas“.

AH! Veneza é para gente voltar a acreditar que o amor existe!


E A MÚSICA DA VEZ - Vivaldi, Vivaldi e Vivaldi.

Questo è tutto per adesso.
Molti bacci per voi.


* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, com saudades da leveza e poesia de Veneza. Seu e-mail: patienascimento@hotmail.com

Toró de Parpite nr. 10B. Alma pantaneira.


alma pantaneira!





Toró de Parpite
(Brainstorm)

Zurique, 01.05. 2001 Primavera. SOL! Calorzinho! Céu azul, azul. Amém! nr. 10B (Wow!)


O Toró de Parpite comemora um ano. E para celebrar esta minha façanha, que nasceu da necessidade de desabafar quando estive na India, nada melhor do que um Toró de Parpite. Nesta edição resolvi explicar o que vem a ser o nome das minhas cartas coletivas (a pedidos dos amigos que não conhecem a expressão).

TORÓ - Chuva, tempestade

PARPITE - Derivação caipira da palavra "palpite", que significa opinião de pessoa intrometida (hahahaha); pressentimento; intuição de ganho (no jogo), segundo dicionário Aurélio.

Quando eu estava na Inglaterra, escrevi o primeiro "Toró de Parpite" dentro dos metrôs e decidi chamá-lo de "Brainstorm" (Tempestade de Idéias) porque era exatamente isso que eu estava sentindo. As idéias borbulhavam na minha cabeça. Vinham e iam tão rápido que eu andava com um caderninho de anotações para não perdê-las. Mas eu não queria um nome em inglês. E fiquei pensando em como eu iria chamar as minhas cartas coletivas. Até que um dia, li sobre um trabalhador que teria traduzido a expressão „Brainstorm“ como „Toró de Palpite“ para Dorotea Werneck. Pronto! Encontrei a expressão que explicava o conteúdo das cartas e com um toque brasileiro. Mudei o „l“ pelo „r“ para dar o estilo pantaneiro e cheguei ao nome do nosso Toró de Parpite.


EGOCENTRISMO (?) - O conteúdo do Toró é totalmente centrado nas minhas experiências e em como eu vejo o mundo porque eu não conheço nenhuma outra pessoa como eu me conheço. E já que a proposta é dividir com vocês a viagem vertical-interior que está sendo feita paralela à viagem horizontal-exterior, acredito que seja impossível descrever experiências de outras pessoas. De qualquer forma, parpites dos leitores são muito bem vindos e têm meu total apoio para se expressarem.

ASSINANTES - Completamente gratuito e compulsório. hahahaha.

Brincadeirinha... O Toró nada mais é do que o meu universo mastigado e exposto. Uma tentativa de me mostrar sem máscaras. Quem não quiser ter acesso a este mundo, faça como um colega suíço que me escreveu na semana passada pedindo para eu não enviar mais o Toró porque ele anda muito ocupado e não tem tempo de ler.

Vou ficar chocada, vou chamá-lo (a) de insensível, vou fazer um drama, me sentir rejeitada, afinal de contas, o Toró é minha alma interpretada e exposta. Depois, vou entender que não é todo o mundo que está afim de saber da viagem dos outros. E essa coisa de se conhecer incomoda, principalmente a quem quer passar o resto da vida se enganando, fingindo que já sabe tudo sobre si e o outro.

Então resignadamente, vou me abarrotar de compaixão e deletar o seu nome da minha lista de amigos que recebem o Toró de Parpite.

TOSTINES - Amo a Suíça porque não entendo o suíço-alemão ou não entendo o suíço-alemão porque quero continuar amando a Suíça?

TERRA À VISTA - Dicas úteis e inúteis para quem está de malas prontas.

Nunca! Nunca, nunca e nunca outra vez confie que o/a seu/sua parceiro(a) de viagem tem a experiência e informações necessárias para que vocês desfrutem do paraíso escolhido pra passar as tão sonhadas (e quem sabe merecidas) férias. Vocês podem acabar horas procurando um hotel, perdidos numa noite fria e tentando decifrar a escrita Tcheca, ou pior, passar apenas duas (!!!) horas dentro do Alhambra ao invés das 48 horas, tempo que o local exige! Tudo porque vocês tem uma opinião diferente do que seja flexibilidade e aventura.

Se você é como eu, que está aprendendo a maravilhosa arte de viajar na viagem (Ricardo Freire http://www.viajenaviagem.com.br/ ), faça como eu: compre um bom guia (Lonely Planet, Eyewitness ou Time Out) ou cheque na internet (http://www.travlang.com/, www.uol.com.br/viagem) TODAS as informações disponíveis para você curtir cada segundo da sua estada no paraíso e depois, caia na estrada com os seus objetivos conversados e definidos pra não voltar pra casa frustrada e com cara de feliz pra não magoar o/a companheiro(a). Você vai ver que a informação faz a M-A-I-O-R diferença entre estar em um lugar e vivenciar esse lugar.

Atendendo a pedidos da minha irmã: mantenha a cabeça aberta para que o companheiro te leve a locais totalmente inesperados e que você não teria ido se estivesse sozinho! Você vai se agradecer daqui a algum tempo.

Hoje provarei do meu próprio veneno, digo, conselho. Armada de um Lonely Planet, com hotel reservado e muitas dicas colhidas na internet, irei à Veneza me despedir desta temporada na Europa.

Conseguirei fazer tudo que está planejado?
Conseguirei me divertir (parece que vai chover...)?
Conseguirei ter coragem de pagar um drinque no famoso (e caríssimo) Harry’s Bar?

Não perca! Em cartaz no próximo Toró de Parpite.

E A MÚSICA DA VEZ - Tempos Modernos/Lulu Santos

Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isto por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
Que isto valha pra qualquer pessoa
Que realizar
A força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não, não não
Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem sentir
Que não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo o que há pra viver
VAMOS NOS PERMITIR
Eu quero crer... até ...permitir


Tá dado o recado de hoje.

Beijim carinhoso em todos e fiquem com Deus.
Patie


* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, vendo o Luka tomar banho de chuva com um sorriso de uma orelha à outra. Seu e-mail: patienascimento@hotmail.com