sexta-feira, junho 20, 2008

Toró de Parpite nr. 20. Dia da Mulher, 2000


"Posto que é chama, que seja eterno enquanto dure..."

Toró nr. 20. Índia, 07.03.2000 Inverno Calor!! 20h10


EDIÇÃO ESPECIAL / DIA DA MULHER

O "causo" é que recebi este texto escrito pela Danusa Leão e fiquei matutando... Não que o texto dela seja ruim. É até engraçado... E eu nem tenho filhos pra discordar muito, mas é que convivi com uma mulher durante 15 anos que me ensinou algumas coisinhas sobre ser mulher, mãe e profissional. E como daqui a pouco é Dia Internacional da Mulher, resolvi “escrevinhar” umas “linhasinhas” sobre o tema:

Danusa escreveu:
" Uma das mentiras que nos contaram: que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mae, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante.
E muito simples: não podemos!
Quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém nascido, que na hora de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, nao consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante.
Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo da fazer - sem esquecer as flores e as velas acesas, claro - e que, com isso o casamento continuará tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos. Ah, quanta mentira! Uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes - aquelas que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro. Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir a hidroginástica, para a massagista tailandesa e acupunturista que a relaxe, tempo para fazer musculação, alongamento, comprar sandália nova de verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda pagar uma excelente empregada - o que tambem custa dinheiro. Felizes são as mulheres que tem 5 minutos - só cinco - para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto e bege, para que tudo combine sem que um minuto seja perdido. Mas tem as outras, com os filhos já crescidos: essas, quando chegam em casa, tem que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender porque elas estão agressivas, porque o rendimento escolar está baixo. E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda tem namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver (segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.) Convenhamos que é dificil ser uma mulher de verdade. Impossível, eu diria."

Aqui vao meus parpites:
Essa ariana com quem convivi vivia um casamento cheio de romance e bom humor, mae, profissional e fazia um peixinho com camarão... pra nao falar das tortas e sei-la-mais-o-quê que só descendente de italiano dá conta. E isso era almoço de semana! Porque final de semana era sagrado: o marido cozinhava!
Concordo que uma massagenzinha e uma hidroginástica fazem milagres no corpo e na alma, mas nas épocas de vacas magras, a tal ariana despencava rua abaixo. Andava seis quilômetros todos os dias curtindo a brisa no rosto às 5 da manhã, porque tinha que trabalhar às 8. Quando nao tinha empregada, passava a roupa ouvindo música e tomando vinho!
Do jeito que a Danuza escreve parece que ser mãe é uma carga tão pesada que assusta a nós, pobres candidatas ao cargo. Eu tenho certeza que esse tal instinto materno segura essa barra e faz com que a gente veja essas tarefas como uma demostração de amor.
Não quero melar o texto da Danuza. É um texto engraçado que retrata com humor o cotidiano mas da um desanimo... Nao se trata de ser mãe, ou profissional, ou mulher, ou amante, ou seja lá o que for. Trata-se de se assumir como ser humano que tem tarefas e limitações. As barreiras existem mas se for possível colocar uma pitadinha de criatividade e boa vontade, a gente vai perceber que a vida não é assim tãããããão difícil.

Um beijo grande pra todos vocês.

Patie


PS: Ano 2008. Passaram-se oito anos desde que escrevi o texto acima. De lá pra cá o casal ai do texto que me inspirava se separou. Ele diz que ela era uma chata. E ela diz que ele nunca foi verdadeiramente parceiro. Enfim, a rapadura é doce mas não é mole...
Apesar das verdades de cada um, deixo meu testemunho de que convivi com pouquissimos casais que soubessem aproveitar tão bem os momento juntos. Então, que seja eterno enquanto dure...

Eu me casei e me tornei "do lar" e mãe e, desde então, minha vida profissional tem sido vivida nas brechas que o Luka me dá quando ele nao está com febre, catapora, diarréia ou quando a creche não está fechada e tenho onde deixá-lo...
Sim, porque empregada e babá são sonhos impossiveis aqui na Guiana Francesa. Além de custarem os dois olhos da cara com as lentes de contato, não é fácil encontrar quem queira fazer esse tipo de trabalho com eficiência. Que saudades da Rosália (a babá competentissima do Luka no Brasil)!

Enfim, apesar de todas as teorias, na prática, a Danusa Leão estava certa...

Patie

* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka, sempre surpresa com as voltas que o mundo dá...

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