terça-feira, junho 17, 2008

2000 - Biografia.

Zurique, 26 de janeiro de 2000. Inverno. Neva. Muito frio! Meu aniversário!!!!!!

Olá pessoal,

Aqui vai a minha biografia revisada e alterada.
Para quem já leu, tem fofoca nova. Para quem não leu, "senta que lá vem história!"


Pelo Mundo

"Amigos a gente encontra. O mundo não é só aqui. Repare naquela estrada que distância nos levará? As coisas que eu tenho aqui, na certa terei por lá. Quem me levará sou eu, quem regressará sou eu. Repare a multidão precisa de alguém mais alto a lhe guiar." (Dominguinhos/Manduka)

Depois de torrar os neurônios na UFMS para aprender a profissão de "separar o joio do trigo e publicar o joio" (Adlai Stevenson - político americano), tornei-me jornalista em 1997.
Após acompanhar a cobertura da primeira e última eleição em que trabalhei como repórter, cheguei a pensar em dedicar minha vida a uma causa mais útil à humanidade, como por exemplo, plantar batatas. Assim, abandonei os preparativos para a festa de formatura e, seguindo o instinto (ou será o faro?), me mandei para a Suíça ouvindo Dominguinhos. Deixei a "confortável" posição de apresentadora e repórter do SBT e segui rumo aos Alpes.


Descobri que aprender alemão é quase tão "fácil" quanto esquiar numa montanha íngrime sem nunca ter tido aulas. Sem entender uma palavra de alemão e clandestina no país, passei a fazer parte dos milhões de analfabetos e surdo-mudos do planeta e a desfilar no bloco dos sem-tela e sem-página.






Encarei emprego de baby-sitter, faxineira, assistente de cinegrafista, dublê de mulata-samba-brasil , bailarina de dança do ventre, e finalmente, cantora de casamentos. Comecei a gostar da idéia e tome bossa-nova nos casórios.










Nesse meio tempo, viagens, viagens e viagens. Em Rotterdam, revi Joel Pizzini (cineasta sul-matogrosensse) durante Festival Internacional de Cinema. De carona na equipe do Joel, fui para Amsterdam e descobri a emoção de fazer amigos na linguagem de sinais. No quarto do albergue, uma indiana, uma israelense e uma canadense, além da brasileira que vos escreve.




Paris e Roma comportadíssima, dormindo cedo e pensando na vida.






Decidi sair do roteiro turístico e investi na Croácia. Virei atração. Fui a primeira brasileira que eles viram ao vivo e em cores. Faltando um mês para a copa do mundo, só se falava em Ronaldinho. No hotel, ensinei a sambar e como preparar caipirinha. Falta de conhecimento sobre o país e domínio da língua dificultaram uma maior percepção do lugar, mas deu pra notar o anseio dos jovens. A maioria mora em aldeias e vem para o litoral em busca de trabalho. Um sonho? Morar em um país ensolarado!!!!!!!!!!!!!!!


De volta para os Alpes tive a emoção de ver o Gil cantando "Deus fará absurdos contanto que a vida seja um altar onde a gente celebre tudo o que Ele consentir". E em Montreaux! De quebra: Marisa Monte, Alceu Valença e Banda Eva. Só pra dar uma ponta de saudade, como diz um mineiro muito querido (oi Marco Paulo).








Grécia... Ahhhhhhhhhh que viagem! Respirei história da humanidade e disse "sim" para um grande amor que durou um ano (e eu jurava que ia durar a vida toda...). Cantei "Girl from Ipanema" em um navio a caminho da ilha de Santorini. Deixei Kreta para trás, assim como Ícaro, com as duas asas que Deus nos deu - o amor e a razão. E assim como Ícaro, despenquei dos céus porque “o amor, o sorriso e a flor se transformam depressa demais“ e, eu não acompanhei as mudanças.








"Descobri" Franz Kafka em Praga. Muito frio, cinza e neblina. Mas tenho a impressão de que Praga não seria tão charmosa com sol. Foi emocionante reconhecer ruas e prédios vistos em fotografias que registram a "Primavera de Praga".


Em Genebra, um professor de Salsa me disse que era padre. Pensei com os meus botões: "o que a igreja não está fazendo..." e deixei escapar a pergunta (arg!): "de que igreja?"; e ele, atônito, "no, yo tengo un niño". Ops! esse portunhol...


Um ano e meio nestas terras, "barquinho vai, barquinho vem", já estava preparando revoada triunfal para o Brasil quando surge a possibilidade de ocupar uma posição mais interessante que o de alegrar "o dia mais feliz" das noivitas européias.


Papai do Céu resolveu me tirar do do banco de reserva. Fui escalada pra fazer parte do Comitê da Marcha Global contra o Trabalho Infantil.
Em Genebra, trabalhei como assistente na assessoria de imprensa da Marcha e fui interpréte das crianças portuguesas (porque o Brasil não mandou nenhuma). Falei, ainda que reles 3 minutos, sobre a situação do Brasil para o FHC de saias aqui da Suíça, Ruth Dreifuss. Com direito a foto e beijinho!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

E conheci a France Menetrèy, coordenadora da Marcha na Suiça. Uma amiga que se tornou minha irmã.






Também foi em Genebra que essa caçadora de joio e trigo descobriu que está a anos-luz do que considera ideal para retornar ao Brasil e o jogo termina 1x1, com prorrogação.
Soa o apito e os "souvenirs" para os amigos do "país tropical" foram para o banco de reserva. Para substituir, mais jaquetas e meias, e toca o campeonato que a próxima batalha, ops, jogo será em Londres, com Noeli Martins de técnico, ao som de Noa. Quem conhece? Uma cantora israelense que arrebatou o meu coração. Além do ritmo oriental, uma voz maravilhosa e letras de "gente grande".





Em Londres, curso de inglês para jornalistas. Tive a oportunidade de conviver com profissionais de outros países e descobri que bossais e anti-éticos existem em todo o mundo. Encontrei Paulo Ricardo, do finado RPM, "walking round and round, nowhere to go". Tirei foto e tudo no maior estilo fã histérica, acompanhada da Noeli (amiga e jornalista lá do Pantanal - ê saudade...).


Mas bom mesmo foi encontrar o Gilberto Gil uma hora antes do show no Royal Albert Hall. ENTREVISTA EXCLUSIVA para um curso de documentários que eu estava fazendo. Quando a câmera ligou, a saudade explodiu. Vai ser muito bom voltar para a frente das câmeras um dia. Só que agora (espero) com alguma coisa para dizer.


Também foi em Londres que descolei um bico de mulata-samba-brasil em Singapura.
Desce para a linha do Equador e tome samba nos asiáticos. Duas semanas de folga do frio, gelo e cinza europeu. Já tinha até esquecido a sensação gostosa de andar nas ruas três horas da manhã vestindo camiseta ou sentir a chuva cair no cabelo, no rosto, no corpo. Na europa, não dá pra fazer isso nem no meio do verão.


De volta para a Suíça, virei o ano (para os não-radicais, o milênio) colando cílio postiço. Hahahahahahahahaha. É verdade. Estava animando uma festa em um hotel na montanha, na beira de um lago belíssimo. E o cílio caiu! Corre para o banheiro colar cílio postiço e deu meia-noite. C'est la vie...




Mas é isso o que eu mais amo na minha vida. Os imprevistos. Não passei o Ano Novo no Brasil, com amigos, em uma praia... Mas quem é que já virou ano colando cílio em um hotel, numa montanha cheia de neve nos Alpes Suiços? Como diz o Gil, "o melhor lugar do mundo é aqui e agora". E se a gente souber aproveitar os imprevistos, eles se tornam ótimas oportunidades de aprendizagem, e por que não, de curtição?


O último "imprevisto" que Deus me preparou foi um convite para trabalhar no Comitê Internacional da Marcha Global contra o Trabalho Infantil, na India.
Então, a partir do dia 24.01.00, estarei em Nova Deli para um novo ciclo da minha vida.
Depois de tantos giros, estou entendendo que, o caminho deve reencontrar o ponto de partida e descobrir que no próprio caminhar tudo se modifica.





Assim, já escolhi a música que vai me acompanhar de volta para o Brasil (só não sei quando).

"Quem vai querer voltar pro ninho e redescobrir seu lugar?
Pra retornar e enfrentar o dia-a-dia. Reaprender a sonhar. Você verá que é mesmo assim. Que a história não tem fim. Continua sempre e você responde SIM à sua imaginação. A arte de sorrir cada vez que o mundo diz NãO. E eu desejo amar a todos que eu cruzar pelo meu caminho. Como sou feliz, eu quero ver feliz, quem andar comigo. Vem. Agora é brincar de viver." (Guilherme Arantes)

Um beijo grande da caçadora de joio e trigo porque, afinal de contas, o que seria do trigo sem o joio?

U.N.I (Noa)

How does my north connect to my south?
Como conectar o meu norte com o meu sul?
How does my heart connect to my mouth?
Como conectar meu coração à minha boca?
How does my skin connect to my soul?
Como conectar minha pele à minha alma?
How does my song connect to my name?
Como conectar minha canção ao meu nome?
Can they be ever one and the same?
Podem, um dia, serem a mesma coisa?
I am talking to you
Eu estou falando com você
You will understand
Você vai entender que
The universe begins with you and I (UNI)
O universo começa com você e eu.

Patricia "Patie Neon" Nascimento

6 comentários:

  1. Caio d´Arcanchy:
    Óh!, Good!!! Que incrível você de... Como é o nome daquele tipo de fantasia? Sei lá, esqueci! Só sei que está incrível! Não tinha visto essas fotos durante os 12 meses em que convivemos no Escola. Gente... Tô chocado! Você é cameleoa! Vários rostos. Abadia (o traficante) deve morrer de inveja. (ahahahahahahaha) Brincadeira. Vem cá... Não entendi. Só agora você está publicando a história das suas andanças? Como (e onde) conseguiu guardar isso tudo? Beijo! mande notícias.

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  2. Jefferson Notaro:
    ô Patrícia, q ORGULHO de ser seu amigo, q lindo é o seu trabalho! Q ILUMINADA que é vc, e pra acabar com tudo, que LINDA está vc e seu filhao! Meus olhos quase, mas quase choraram de emoçao e saudade, lembrei do último abraço que te dei... Parabéns, vc é uma fonte de inspiraçao para mim... bjs muitos bjs...
    e quando vc for fazer essas vibraçoes nao se esqueça de mim!! :)

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  3. Querida Patie,

    Algumas coincidências tem nos cercado, você faz aniversário no mesmo dia que minha mãe! E no mesmo mês queu, janerão. Sou do dia 02, só num sô aquariano no signo, mas sô no ascendente! Tá vendo?! Lá em Cuiabá um dia, pensei no cê durante o dia, quando chego em casa tava lá uma carta sua. Tá vendo! Hoje pensava em te passar um mail aqui do trabai, quando chego aqui tá sua cartinha. Viu só!
    Que Deus lhe abençõe no seu aniversário, assim como você deseja e pede. É muito bom ver uma pessoa assim, como você está se fazendo, procurando acertar no caminho da paz com a consciência tranqüila e de resto, com o coração limpo. Também é bonito vê-la assim morena, amando o Brasil, “querendo mudar o mundo”. Gosto de sabê-la junto à alegria e à ternura. Alegro-me sabê-la menina acrescida do fruto da mulher, “flor do seu carinho”. Bom sabê-la me gostando na mesma medida em que tem se gostado, conhecendo-se mais profundamente, sem medo, disposta a recomeçar todo dia com força e fé, e a primeira costuma nascer da segunda. É bom sabê-la disposta e com a saúde que aprendeu com a vida.
    Além da oração em “letra”, lhe desejo luz e amor nesse ano de sua vida e em todos os dias que o seguirão.
    Vem cá me visitar na minha casa nova, quando voltar pro Brasil, vem conhecer (mais) Brasília, me ver, passear sob o céu desse chapadão. Minha casa e meu coração estão abertos para recebê-la. Meu endereço de casa é. Meus amigos na Espanha, Alejandro Alcantud Rubio e Ana Sanchez Samelez, moram em Pitres, próximo a Granada uns 50 Km, uma região linda chamada las Apujarras, último reduto árabe a ser curvar para o ocidente na península. Vale a pena conhecê-los e de resto a região. Vamos nos falando, aguardo o seu retorno, Um abração do mesmo tamanhão, recíproco. Marco

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  4. Patrícia, Patie... pra mim Xú !
    Não sei por quê... acho que gosto da forma do som "Xú" .. se repararem é forte profundo, até mesmo escuro, mas carinhoso... Somos assim, conhecemos o lado forte uma da outra, mas o que nos une, é que sabemos o que de pior tem a outra, conhecemos o lado negro, podre mesmo uma da outra, e isso ao invés de despertar repulsa ou o nosso lado que adora se aproveitar da fraqueza dos outros pra esconder a nossa, nos deixa " Nua" ... onde venho parar no terceiro item o carinho.. acho que aquí ele fala mais que o amor, pois ele expressa!
    Xú, decidi fazer essa declaração de amor com escrita, por que seria muito fácil cantar pra você... e você merece todo meu esforço, merece o meu suor, merece a minha vida. Queria que todas as pessoas no mundo tivessem a oportunidade de conhecer por alguém, algo parecido com nosso amor.

    A menina consegue ver e expressar através da escrita, que é sua alma., seu dom,seu grito.... Eu me calo, por que sua beleza é tão clara e tão forte que é impossível dizer mais....
    SILÊNCIO!!!!! A Patrícia está escrendo!!!!!!

    Lidiane Duailibi

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  5. Danielle Naves:
    olhe, estou acompanhando atentamente todas as edições do toro. No fundo, estou mesmo eh muito emocionada pelas tuas experiências. coisa de gente corajosa, que teima em nao aceitar o mundo do jeito que é. Eh preciso fazer algo para mudá-lo, mesmo que essa tentativa signifique uma parcela muito humilde no meio de tantos poderosos do globo.
    Eu aqui, só olhando, relutando em sair do meu caramujo. Bela lição voce me dá.
    No mais, também estou com saudades de voce. Daquela Patrícia alucinada com a câmera fotográfica. Eu lembro da sua pentax k-1000, toda envenanada, digo, cheia de apetrechos. Certamente, voce já deve ter uma camera bem mais moderna, mas aquela eh que me faz lembrar sempre de voce. O seu jeito desenraizado deixa sementes por aqui.

    Um beijo e boa sorte pelos caminhos da terra redonda,
    Salut cherie,
    Danielle

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  6. Oi, Patrícia! A-do-rei este seu seu "diário". Deu até vontade de largar tudo e sair pelo mundo... Admiro a sua versatibilidade, coragem, bom humor. Ah, eu só havia ouvido alguns comentários sobre esse seu talento para o samba, mas com as fotos... Tá uma verdadeira "mulata" do Pantanal (rs)! Agora eu acredito!!! Beijossss!!

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