terça-feira, junho 17, 2008

Toró de Parpite nr. 12. Caminhos me levem...




Birmensdorf-Suiça, 24.05.2001
Primavera Verde. Calor!! Sol!! 28°C!!! nr. 12

Olá pessoal,

Desde que decidi voltar para o Brasil, esta é a primeira vez que sonho andando pelas ruas de Campo Grande-MS-Brasil, completamente feliz e em paz! Que sonho...

Os versos de Paulo Simões ecoam em mim: "sombras podem ir façam o favor, é mês de maio, a vida tem seu esplendor". As notas da viola do Almir Sater já tem até o cheiro de terra vermelha molhada!
Iupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.






CAMINHOS - Vivo em Birmensdorf, uma cidade da Suiça que fica a 20 minutos de Zurique. Tenho duas possibilidades pra chegar em Zurique:

1. Estar às 07h03 ou 07h33 na parada do ônibus. Entrar no "coletivo" que encosta pontualmente às 07h03 ou 07h33 (hahahahahahaha), descer na próxima parada, entrar na estação e pegar o trem para Zurique que passa pontualmente às 07h13 ou às 07h43.

2. Ir a pé até a estação e pegar o trem para Zurique.

Decidindo pela segunda possibilidade (ir a pé), duas novas escolhas se apresentam:

1. Ir pela calçada da avenida lotada de carros e caminhões.
2. Ir por um caminho que atravessa um jardim-horta-pomar. A estaçao esta do outro lado do jardim.


Sempre que vou a pé até a estação, escolho o caminho do jardim-horta-pomar. É uma belezura acompanhar a natureza mudando de acordo com as estações. No inverno, tudo branquinho, coberto de neve, os galhos secos e retorcidos lembram-me a importância do recolhimento pra se fortalecer.

Na primavera, vixe-maria-do-céu, é tanta beleza, tanta vida, tanto luz traduzida em verde, que chego a ficar entre estado de graça e abestalhamento (existe essa palavra?). As flores chegam tímidas, devagarzinho, uma aqui, outra acolá e, em um único dia, elas explodem diante de você, em cores e quantidade de deixar qualquer um apaixonado pela vida. Então vem o verão. Um calor que vai amadurecendo tudo. É lindo demais perceber que toda essa beleza veio da semente e do cuidado. E no outono, as folhas caindo me faz pensar no cumprimento dos ciclos que devem se fechar sem apegos e o preparo para o próximo inverno que se aproxima. Sem dramas. Ciclo da natureza que, bem entendido, pode ser bem vivenciado sem traumas maiores.

Por dentro desse jardim, passa um riacho. O som da água me faz muito bem. Recordo-me que é preciso me manter flexível e adaptável, como a água, que a tudo preenche, nutre e segue em frente sem esperar por prêmios ou reconhecimentos.

Então, um dia desses, uma pessoa muito querida e eu íamos juntas para a estação. Entrei no caminho do jardim e ela, sob protestos me disse que não gostava daquele brejão e que, da próxima vez, iria pela calçada.

Brejão!!!!!!!!!!!

No segundo dia, fui eu pelo „meu“ jardim e ela pela calçada. Fui matutando nos caminhos que escolhemos e em como é que a gente faz pra trilhar os caminhos da vida com alguém que a gente supõe amar, quando o outro acha o nosso caminho um brejão.

É possível cada um trilhar o seu caminho e continuar junto?

Se é possível cada um trilhar o seu caminho e continuar junto, como fazer para que essa escolha não leve à separação cedo ou tarde?

Qual é a diferença entre perseverança e teimosia?

E, finalmente, qual é o limite entre permacecer afastado por indiferença ou por respeito?

Ao final da caminhada, chegamos as duas, ao mesmo tempo na estação e continuamos a viagem juntas dentro do trem. Cada uma respeitando a necessidade da outra, andando separadas por um tempo pra poder se encontrar lá na frente e dar continuidade ao restante da jornada juntas.

Percebi que é preciso desenvolver uma grande dose de compreensão e respeito pelas necessidades do outro mas, sem perder a confiança de que vale a pena ir pelo SEU caminho, quando o coração aponta nessa direção.

E na pior das hipóteses, ter coragem de renunciar à presença do outro quando ele/ela não respeita as suas escolhas ou quando simplesmente quer outra coisa.

PS 1 (2008): A pessoa queridissima a que faço referência no texto acima agora é casada com um agricultor que planta cerejas na Suiça. Ela cultiva uma horta com batatas, hortaliças e morangos.
Eu me mudei para a amazônia francesa e começo a ver a beleza da estaçao da chuva por aqui.

PS 2 (2012): Agora estou vivendo nos alpes franceses com marido e filho. Vivenciei, na pratica, durante estes 12  anos desde que escrevi este texto,  situaçoes que me levaram a encontrar TODAS as respostas para as perguntas que fiz no texto. Em profunda gratidão pela caminhada que estou fazendo e por toda a ajuda visivel e invisivel que tenho recebido. 

MÚSICA DA VEZ - Mês de Maio / Almir Sater e Paulo Simões

Azul do céu brilhou
O mês de maio enfim chegou
Olhos vão se abrir pra tanta cor
É mês de maio
A vida tem seu esplendor
A luz do sol entrou pela janela
E convidou pra tarde tão bela e sem calor
É mês de maio
Saio e vou ver o sol se pôr
Horizonte de aquarela que ninguém jamais pintou
E o enxame de estrelas diz que o dia terminou
Noite nem se firmou e a lua cheia
Já clareou
Sombras podem ir façam o favor
É mês de maio
É tempo de ser sonhador
Quem não se enamorou no mês de maio
Bem que tentou
E quem não tiver ainda amor
Os solitários
O mês de maio é o protetor
Boa terra velha esfera
Que nos leva aonde for
No futuro, quem nos dera que te dessem mais valor

Um beijo grande pra todos vocês e que o mês de maio abençoe a todos que buscam o significado do amor em suas vidas.



* Patricia Nascimento Delorme, 36, jornalista e mãe do Luka sempre surpresa com as incriveis voltas que o mundo dá!

"Caminhos me levem se meus pés disserem que sim." (Paulo Simões e Almir Sater)
http://youtu.be/rAzA0k_AtaU


PS: 2013 

Caminhos me levem...

Amanhã bem de manhã
Vou sair caminhando ao léu
Só vou seguir na direção
De uma estrela que eu vi no céu
Pra que fingir que não devo ir
Caminhos me levem
Aonde quiserem
Se meus pés disserem que sim
Vejo alguém seguindo além
Eu aceno com meu chapéu
Pois tanto faz de onde ele vem
Pode ser algum menestrel
Que vai e vem, sempre
Sem ninguém
Caminhos te levem, aonde puderem
Se teus pés quiserem assim
Mesmo me afastando de você
Sei que não te deixo me esquecer
Mas tente compreender minhas razões
Já faz um tempo
Em que eu vivi
Feito linha de um carretel
Olhei em volta então me vi
Prisioneiro de um anel
Não resisti
Foi bem melhor partir
Perigos me esperam
Abrigos não quero
Que meus pés decidam
Por mim
Mesmo me afastando de você
Sei que não te deixo me esquecer
Mas é nosso dever fazer canções
Caminhos me levem
Composição: Musica: Almir Sater  Letra: Paulo Simões


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